quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Tchau Agosto


Não é novidade pra ninguém o quanto eu odeio esse mês. Se fosse bom, não teria o apelido de " mês do cachorro louco ". Voltando das férias, quem não gostaria de alguns feriados, para entrar no ritmo gradativamente... ? Pois bem, Agosto não tem feriados. São aulas e mais aulas, sem descanso algum. Tudo piora quando vemos os meses seguintes, cheios de feriados. Ou seja: já mandam tudo em Agosto, já que não teremos temo de ver tudo de maneira homogênea em Agosto.
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Pra ajudar, meu Agosto foi horrível. Finais de história, arrependimentos, confusões, pensamentos ruins. E eu sozinho de vez, novamente.
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Prefiro ficar com o que houve de bom. A faculdade segue espetacular, com ótimas pessoas e a certeza de que meus sonhos, desde criança, não foram em vão. Mas, com tantas coisas ruins, é difícil se apegar ao que há de bom, mesmo tentando.
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Que venha Setembro ! Que venham coisas boas, energias melhores e uma vibe nova.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Duas brasileiras

Cabelos castanhos, estatura média, sorrisos após o final dos atos que a deixaram marcadas na história. Uma por conquistar uma glória inédita para o atletismo e para o esporte brasileiro; a outra por livrar-se de acusações comprovadas com vídeos e sem chances de resposta em mais um daqueles casos que só a política brasileira explica.
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Pela manhã, Fabiana Murer, enfim, conseguiu colocar seu nome na história do atletismo brasileiro. Ela bateu todas as suas concorrentes ( incluindo a outrora imbatível russa Yelena Isinbayeva ) e ficou com o ouro no salto com vara no mundial de atletismo, saltando 4,85m e batendo a alemã Martina Strutz, que ficou com a prata, e a atual campeã mundial, a polonesa Anna Rogowska. De quebra, ainda repetiu o recorde sul-americano, de autoria da mesma.
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Vale ressaltar que Fabiana foi vítima dum caso até hoje mal-explicado no Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. A campineira teve todas as suas varas deslocadas para um lugar desconhecido, mexendo com o psicológico da atleta, o que minou totalmente suas chances de tornar-se medalhista olímpica, que era grandes. Hoje ela enterrou de vez esse trauma, e, de quebra, colocou seu nome num hall que, ao menos por enquanto, só a tem.
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A outra brasileira, essa desonrada, é Jaqueline Roriz, deputada que apareceu rebendo dinheiro no episódio conhecido como " mensalão do DEM ", no Distrito Federal. Seu marido, Joaquim Roriz, foi cassado enquanto era governador do DF, graças ao mesmo episódio.
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A Câmara, ilustríssima casa, deu duas desculpas para a não-cassação: voto secreto e, na época da gravação do vídeo, em 2006, não exercia cargo público. A partir do momento que os deputados precisarem de voto aberto para precisarem mostrar-se como pessoas sérias e éticas, representando os eleitores, creio que há algo errado, e muito errado, muito maior que as diversas coisas absurdas que vemos no noticiário político por aí.
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Além disso, e daí que a deputada não era política em 2006 ? Isso suscita um debate muito interessante, aliás. Concordo que o passado não deve se sobrepor ao presente, que devemos dar chances e abolir preconceitos contra presidiários, sobretudo. Mas com políticos é diferente. Para tornar-se político, a pessoa deve ter uma índole exemplar, para representar e melhorar o país no Congresso. Certo que a culpa é também de quem coloca essas figuras manchadas no cenário político, mas não cassa-lá pelo fato dela não ter cargos públicos é absurdo. Os deputados perderam uma ótima chance de colocar o bom-senso no primeiro plano, e, mais do que isso, colocaram-se, novamente sob suspeita em todos os quesitos.
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Óbvio que, amanhã, todos estarão discutindo a brasileira desonrada, não sei se com razão ou não. Mas, por favor, lembremos também da tupiniquim que fez nosso hino tocar pela glória, e não pela vergonha.

Minha dor não sai no jornal ~ Nilton Claudino, na revista Piauí

" Eu era fotógrafo de O Dia, em 2008, quando fui morar numa favela para fazer uma reportagem sobre as milícias. Fui descoberto, torturado e humilhado. Perdi minha mulher, meus filhos, os amigos, a casa, o Rio, o sol, a praia, o futebol, tudo

Não sou bandido, mas tenho medo de polícia. Ando disfarçado por ruas de uma cidade distante de minhas raízes porque acho que estou sob ameaça de morte. Vivo ansioso e tenho dificuldade para dormir. Num laudo médico, minha psicóloga descreveu meu estado desta maneira: “Agitação neurossensorial e fixação mental em imagens que não conseguem se desprender e tomam de assalto a mente.”

Muitas vezes choro sozinho. Tenho pesadelos. Lembro-me de que um dos meus torturadores, quando eu estava ajoelhado, vendado e de mãos atadas, dizia no meu ouvido: “Sua vida nunca mais será a mesma.” Ele tinha razão.

Volta e meia, ainda ouço com clareza, como se estivesse sendo repetida de fato, a música angelical que os bandidos tocaram no cativeiro. O som me lança de volta àquela escuridão – estava encapuzado e ainda não imaginava o que aconteceria depois. Ouvia aquela música, criada para ser agradável aos ouvidos, vinda de um aparelho de som portátil, a poucos metros de distância. Eram sons de flauta, suaves e tranquilos, que a liturgia religiosa associa aos anjos. Uma voz de pastor, no entanto, pregava de forma aterrorizante: “Este homem que está com a faca em seu pescoço vai matá-lo. Entregue sua alma a Deus e arrependa-se dos seus pecados.”

A mensagem durava poucos minutos. Havia um intervalo de silêncio e a gravação recomeçava – de novo a flauta e a fala do pastor, como se fosse um CD em modo de repetição automática. Esta era a parte branda dos suplícios que viria a sofrer. Três anos depois, em muitas madrugadas, ainda acordo sobressaltado, com essa melodia na cabeça.

Aproximei-me do jornalismo, em 1977, ao começar a trabalhar como mensageiro da sucursal carioca da revista Veja. Depois, fui promovido a produtor da revista, com tarefas que incluíam pesquisas e envio do material dos fotógrafos para a sede, em São Paulo. Transferi-me mais tarde para a Placar. Passava horas no laboratório, onde aprendi todas as técnicas possíveis. Prestava muita atenção, especialmente no trabalho de Ricardo Chaves, Rodolfo Machado e J. B. Scalco, este último um dos melhores repórteres fotográficos de esportes que conheci.

Num final de semana, sem outro fotógrafo disponível, empunhei a câmera profissional pela primeira vez, para registrar um jogo do Campeonato Brasileiro. Assim ingressei na profissão que abraçaria pelo resto da vida. É engraçado que o futebol tenha me levado a ser fotógrafo. Sonhava ser jogador e cheguei a atuar no Madureira quando muito jovem.

Frequentei a casa de Arthur Antunes de Coimbra, o Zico, em Quintino, na Zona Norte, depois de peladas em chão de terra batida que alimentaram a esperança de seguir os passos do craque já famoso – o maior jogador de futebol que vi atuar. Uma contusão no joelho haveria de interromper minha trajetória, sempre difícil desde que deixei o Pantanal mato-grossense, onde cresci entre dez irmãos, para tentar a sorte no Rio de Janeiro. Nasci em Corumbá, entre o Natal e o Réveillon de 1958, estudei em colégio de padres e achei que seguiria a carreira religiosa. De certo modo, ser repórter fotográfico exigiu uma profissão de fé.

Em 1990, comecei a trabalhar no Jornal do Brasil, no qual conquistei reconhecimento profissional e prêmios internacionais. Em 1992, transferi-me para o jornal O Dia, onde fui editor de fotografia por seis anos. Ganhei uma menção honrosa do Prêmio Vladimir Herzog com a foto Na Mira da Lei, depois de morar, com o repórter Aloísio Freire, por duas semanas na favela da Maré, investigando denúncias sobre o chamado Comando Azul, um grupo de policiais militares metidos a justiceiros que cometiam atrocidades contra moradores e outros bandidos.

O jornalismo me levaria a outra situação de risco, em Capitán Bado, no Paraguai. Acompanhado de um guia, chegara a uma grande plantação de maconha e começara a fotografar com uma minicâmera quando percebi a aproximação de traficantes. Escondi a máquina na cueca e peguei uma abóbora enorme. Disse que estava roubando para comer. Sob a ameaça de fuzis AR-15, eu e o guia, que falava guarani, levamos um tempão negociando a liberdade. Foi um susto que não me impediu de assumir outra pauta arriscada: passei 28 dias viajando em uma investigação sobre o tráfico de cocaína para o Brasil, a partir do Peru e da Bolívia. O que mais me impressionou ali foi a miséria e o trabalho escravo de crianças nas plantações de coca.

O incentivo para o jornalismo investigativo veio do amigo Tim Lopes, repórter com quem trabalhei na Placar, no JB, n’O Dia e na Rede Globo. Tim foi chacinado em 2002 por traficantes do Complexo do Alemão ao fazer uma reportagem sobre venda de drogas a céu aberto numa favela, e apurava a realização de bailes funks com exploração sexual de menores de idade.

Eu e os repórteres Alexandre Medeiros e Marcos Tristão tínhamos começado a pedir ajuda nas favelas, em busca de uma pista que levasse ao paradeiro do Tim. Um dia, fui abordado por uma pessoa que se aproximou por trás e não se deixou ver: “Sobe o Complexo do Alemão, vai até um lugar chamado Pedra do Sapo e manda cavar na sombra do bambuzal. O corpo está lá”, disse. Não pude voltar meu rosto em sua direção. Se o fizesse, poderia morrer.

O coronel Venâncio Moura, então comandante do Bope, a tropa de elite da Polícia Militar do Rio, investigou a informação. Entrei mato adentro com os policiais, ao lado da repórter Albeniza Garcia. Os bombeiros fizeram a escavação. No segundo movimento da enxada, começaram a aparecer ossos e a plaqueta de controle de patrimônio da câmera da Globo. Foi muito duro, mas eu tinha que fotografar. Começamos todos a chorar. Era a ossada do amigo Tim Lopes. Tenho sempre comigo no bolso um livro de Salmos e comecei a ler o de número 23, para tentar amenizar o desespero: “O Senhor é meu pastor; nada me faltará.”

No começo de 2008, fui chamado pelo diretor de redação de O Dia, Alexandre Freeland, para uma pauta que tinha que ser cumprida sigilosamente: investigar um grupo de milicianos (policiais militares e civis, bombeiros, funcionários do sistema penitenciário) que atuava no Jardim Batan, uma favela encravada em Realengo, na Zona Oeste.

O Batan foi uma grande fazenda, onde havia criação de gado. Seu nome se origina de árvore típica, o ubatã ou chibatã. Foi local de muitos confrontos violentos entre facções criminosas, que procuravam controlar o tráfico de drogas por lá. Em 2007, milicianos se juntaram e expulsaram os traficantes, assumindo negócios como a venda de gás e a tevê a cabo pirata, o transporte de vans, e cobrando “taxa de segurança” dos moradores.

Para investigar essa realidade, eu, uma repórter de O Dia e um motorista do jornal nos mudamos para o Batan, onde conseguimos alugar uma casa. Chegamos lá no dia 1º de maio de 2008, pela manhã. Fomos direto até a padaria das imediações, que era do proprietário da casa que alugamos. Tomamos café da manhã ali, pegamos a chave de onde íamos morar e fomos nos instalar.

Era uma casa de três andares. Ficamos no terceiro. Descobrimos que não havia nada dentro. Começamos contatos com moradores para que nos ajudassem a mobiliá-la. O vizinho do 1º andar nos apresentou a outros da comunidade, quando tivemos a oportunidade de arrematar uma televisão usada. No comércio de Bangu, compramos colchonetes e comida.

Para me apresentar aos moradores, eu dizia ser do Pantanal, e que aguardava ser chamado para trabalhar em Macaé, numa prestadora de serviço da Petrobras. Aproximei-me das pessoas com esse discurso porque os milicianos não querem por perto os que chamam de “vagabundos”: desempregado não é tolerado. Fui ganhando confiança dos vizinhos. Fiquei amigo do morador do 1º andar, que havia sido criado nas proximidades, onde também crescera o motorista que trabalhava para o jornal. Fiz churrasco na esquina de casa, como forma de ampliar nosso relacionamento.

Fingia ser marido da repórter. Dizia que ela era evangélica, tinha vindo de Minas Gerais e que o casamento me livrara do alcoolismo. Ela começou a frequentar uma igreja próxima de casa. Fomos vivendo desta forma: eu era um cara em busca de recuperação, ela arrumou um emprego de cozinheira. Todos acreditaram, o que nos permitiu começar a recolher informações, discretamente.

Todo dia passávamos um boletim para a redação do jornal, por e-mail, enviado de uma lan house. Poucas pessoas do jornal sabiam que estávamos nessa pauta. Para que ninguém desconfiasse, dissemos na redação que estávamos em férias.

Tudo parecia correr perfeitamente bem. O Dia das Mães caiu em 11 de maio. Fizemos um almoço comemorativo para umas dez pessoas próximas. Minha “mulher mineira” fez feijão-tropeiro. Cozinhei talharim e dei rosas para as mães em homenagem à data. A cada dia tínhamos mais amigos, e um deles nos deu um sofá de presente. Pessoas comuns, realmente do bem.

Sou muito cristão. Oro todos os dias. Comecei a sentir que meu anjo da guarda queria me avisar de alguma coisa. Eu disse para a repórter que tinha tido visões de que seríamos descobertos. Lia muito as páginas de Habacuque, um dos profetas do Velho Testamento. Tinha tido a visão de que os milicianos arrombavam nossa porta. “Que nada, está tudo bem”, ela me respondia.

Havia feito fotos importantes, como as que mostravam o castigo que a milícia impunha a usuários de drogas. “Maconheiros” eram pintados de branco e mandados capinar e desfilar pelas ruas, para ficarem marcados pela comunidade. Outros tinham de ficar sentados por horas sobre tijolos quentes. O chefe da milícia, que todos chamavam de 01 (Zero Um), usava um caibro, que chamava de Madalena. Os moradores tinham muito medo da Madalena, usada em surras públicas. Outro cassetete era jocosamente apelidado de “Direitos Humanos”.

Havia guardas penitenciários e muita polícia pelas ruas, o tempo todo. Polícia com farda e sem farda. Eles bebiam com o carro da polícia na porta do botequim. Fotografei isso também. Nunca vira, como vi lá, uma integrante da tropa feminina da Polícia Militar atuar como miliciana. A PM loura do Batan, que andava com desenvoltura entre tantos outros fardados, foi uma das surpresas naquela apuração.

Já havia combinado com um motorista de Kombi que servia à comunidade para que me levasse no dia seguinte até a rodoviária. Achava que o trabalho estava acabando. Todo o material que fotografava eu levava para a casa da mãe do motorista, que ficava do outro lado da avenida Brasil. Não havia nenhum material jornalístico onde morávamos. Nunca usei flash. Eram fotos de luz natural, tiradas com velocidade baixa e modo de alta sensibilidade para ter boas imagens. Havia fotografado muito: a movimentação pelas ruas, PMs bêbados, castigos, punições, carcaças de carros roubados acumuladas dentro de um terreno do Exército, o depósito clandestino de gás.

Às 21h30 da quarta-feira, dia 14, falamos com o diretor de redação. Eu sempre me reportava a ele. A possibilidade de envolvimento de um deputado e um vereador com a milícia fez com que decidíssemos estender nosso período por lá. Queríamos provas indesmentíveis.

Quinze minutos depois desse telefonema, fui pego em frente à pizzaria vizinha da nossa casa. Já comecei apanhando muito. Gritavam que sabiam que eu era jornalista. Mandaram trazer a repórter, que estava no 3º andar. Ela resistiu, e eles a agrediram fortemente, forçando-a a descer a escada aos tapas e pontapés. Eu era quem mais apanhava, porque chegara a beber cerveja com os milicianos, em busca de informação. Demonstravam ódio por terem sido enganados durante catorze dias.

Fomos algemados, encapuzados com toucas pretas e enfiados no banco traseiro de um carro. Rodamos alguns minutos atrás da chave de onde seria nosso cativeiro. Para evitar a avenida Brasil, nossos sequestradores entraram em uma estrada vicinal com muitos quebra-molas. No caminho, apanhamos mais. Um deles brincava de roleta russa com o revólver na minha cabeça. Eu tinha certeza de que seríamos mortos. Ao chegarmos, notei que a casa que serviu de cativeiro parecia estar em construção. Havia brita espalhada pelo chão. Eles falavam: vai morrer, vai morrer!

O chefe, o chamado 01, sentou na minha frente. Tentei negociar. Disse: “Tenho moral no jornal. Vamos esquecer as porradas todas. Você libera a gente, e não falamos mais disso. Não se mata jornalista. Veja o caso do Tim Lopes. Era meu irmão, era um amigo muito ligado.”

“Então parece que o problema é com a família”, respondeu 01. “Você vai morrer e precisa saber que foi alcaguetado por amigos de dentro do jornal. Vou provar: você tem na sua baia de trabalho as fotos de um de seus dois filhos tocando guitarra. Seus filhos são lindos. Você mora na Zona Sul”, disse, completando em seguida com meu endereço exato.

Gelei, e ele continuou: “Vocês são uns bundões. Foram alcaguetados por seus amigos. Temos informantes em tudo o que é jornal e televisão.”

Ele então deu uma ordem: “Chama o cinegrafista.” Nossa tortura foi filmada. Alguém, um dia, vai obter essa fita da tortura que sofremos. O que passamos lá, eles fizeram questão de gravar.

Fiquei encapuzado a maior parte do tempo. Mas sabia que havia em volta muitos policiais. Sentia os chutes vindos de coturnos. O Zero Um saiu. À distância, bois mugiam. E começou o som da flauta e a voz de pastor pregando: “Este homem que está com a faca em seu pescoço vai matá-lo. Entregue sua alma a Deus e arrependa-se dos seus pecados.” Teatralmente, um homem colocava a faca em meu pescoço cada vez que tocava a gravação.

Entre as sessões de torturas, havíamos passado por cinco “tribunais”, as ocasiões em que os milicianos se reuniam e julgavam qual seria o nosso destino. Nos cinco, anunciaram nossa sentença de morte. Pretendiam nos levar para a favela do Fumacê, ali do lado, queimar nossos corpos e dizer que haviam sido os traficantes que nos mataram. Discutiram também convocar moradores do Batan para que fôssemos apedrejados em praça pública, como traidores. Não tenho dúvida de que, se mandassem, os moradores, tiranizados por eles, poderiam nos apedrejar.

Aí chegou aquele que todos chamavam de “Coronel”. Pegaram as senhas de meu e-mail e do da repórter. Leram todos os relatórios que passáramos para o jornal. Eu falava das fotos que tinha tirado, descrevia-as com detalhes; a repórter contextualizava as informações que recolhera. A par de tudo, o Coronel decidiu que iríamos sobreviver. Mas tomamos mais porradas. Os milicianos ainda se referiam a outro chefe, a quem chamavam de “Comandante”.

Durante a tortura, estávamos lado a lado, eu, a repórter e o motorista. Num quarto escuro, só iluminado por telas de celulares, que usavam para que pudéssemos assistir uns aos outros serem subjugados. O motorista pedia para que eu afastasse escorpiões que subiam por suas costas. Não podia ajudá-lo. Ouvíamos passos de muitos PMs. Tiraram nossos capuzes e substituíram por sacos plásticos, parecidos com os de supermercados. Com eles, produziam asfixiamentos temporários. Mas dava para ver as fardas quando olhava por baixo do plástico.

A repórter reconheceu a voz de um vereador, filho de um deputado estadual. E ele a reconheceu. Recomeçou a porradaria. Esse político me batia muito. Perguntava o que eu tinha ido fazer na Zona Oeste. Questionava se eu não amava meus filhos. Os agressores estavam com toucas do tipo ninja. Houve um momento em que achei que tinha morrido. Senti como se estivesse subindo para o céu, mas não era minha vez. Tive que voltar para contar. Deus fez que eu voltasse.

Cada vez chegavam mais camburões. Depois que apanhamos muito, levaram-nos para a sessão de choque. Era um instrumento que tinha o formato de uma pizza com um cano no meio. Tiraram minha roupa e me davam choques na região baixa e nos pés. Não posso, não devo, não quero entrar nos detalhes das brutalidades e das humilhações que sofremos.

Fomos levados para a casa dos pais do motorista, para que os milicianos pudessem pegar os cartões de memória e a máquina fotográfica. Não havia deixado a máquina dentro da comunidade em nenhum momento. Usava escondido e guardava em área vizinha para que não nos comprometesse a segurança. Chegamos em comboio, durante a madrugada.

Os pais do motorista saíram de casa assustados. Os milicianos pediram para que eu os ensinasse a fotografar. Eles nos retrataram. Ensinei a mudar a ASA da máquina (aumentar ou diminuir a sensibilidade à luz). Fotografaram-me como a imprensa policial faz com os bandidos, forçando-nos a levantar o queixo com as mãos. Eles têm nossas fotos como prêmio. Por isso, não posso voltar para o Rio até hoje.

Fomos soltos às quatro e meia da madrugada, na avenida Brasil, depois de mais de sete horas de tortura e sevícias. O pai do motorista dirigiu o carro que nos tirou da favela. Eu queria ir para um quartel do Exército. Mas queria falar primeiro com a direção do jornal.

Quando estávamos na altura da Estação Leopoldina, logo após a saída da avenida Brasil, entramos numa grande discussão. A repórter revelou que os torturadores a chamaram por um apelido pelo qual ela só era conhecida na redação. A certeza da traição nos deixou inseguros. Fomos para minha casa. Minha mulher disse: “Não falei que isso iria acontecer?” Abracei meu filho, que acabara de acordar. Eram quase seis horas. Estávamos descalços, feridos, destruídos. Tomamos banho na minha casa. Meu filho foi para a escola. Começou a pior tortura: a família conviver com o medo, para o resto da vida.


Chegaram à casa o diretor de redação e uma editora-executiva. Ligaram para a dona do jornal, a Gigi Carvalho, filha do antigo dono de O Dia, Ary Carvalho. Um ano e meio depois, ela venderia o jornal para um grupo português. Eles falaram com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

Naquela manhã, depois de liberados pelos sequestradores, estranhamente, não me levaram para fazer exame de corpo de delito. Fui para o Hospital Copa D’Or, onde, mais estranho ainda, fui instruído a falar que havia caído do cavalo. Não podia contar que tinha sido torturado. Em casa, vi que havia uns caras na porta, com jeito de policiais. Estávamos sendo vigiados.

Começou a nossa fuga. Eu, meus filhos e minha mulher fomos primeiro para a serra fluminense. Na edição de domingo, 1º de junho, duas semanas depois de cairmos nas mãos da milícia, o jornal enfim trouxe o caso a público. “Tortura – milícia da Zona Oeste sequestra e espanca repórter, fotógrafo e motorista de O Dia”, era o enunciado.

Nessa altura, eu estava num quartel dos fuzileiros navais, longe de tudo. Recebi um telefonema dizendo que havia fuzileiros navais entre os milicianos do Rio, e que minha vida estava em risco. Não sei como me acharam lá.

Foi quando minha sobrinha, uma adolescente, foi vítima de uma tentativa de sequestro. Tentaram pegá-la na saída da escola e só não conseguiram porque um senhor de 70 anos conseguiu tirá-la das mãos dos sequestradores. Só Deus sabe onde ele arrumou forças para tal. Minha sobrinha está traumatizada até hoje. Ligaram para a mãe dela e disseram que era “muita coincidência” ter ocorrido a minha fuga e a tentativa de sequestro da sobrinha no mesmo momento. Falaram que não me deixariam em paz. Afirmaram que me matariam.

O Brasil não era seguro para mim. Decidi fugir para a Bolívia. Escondi-me numa cidade de 20 mil habitantes na região de Santa Cruz. Passadas as primeiras semanas, sentia saudade de minha família, que estava em uma cidade praiana no sul do Brasil. Fui encontrá-los num hotel de frente para o mar.

Minha mulher e meus filhos não falavam comigo. Ver o sofrimento deles foi a dor maior que senti. Tive vontade de me matar, de me jogar do 20º andar do hotel. Aquilo foi me consumindo. O único que me entendia e me dava carinho era Sávio, meu cachorro. Como se não bastasse tudo que passara, Sávio morreu.

Abandonei minha família. Fiquei quinze dias sumido. Voltei para pegar minhas coisas e anunciar que os deixaria viver em paz, o que não seria possível comigo por perto.

Mudei para uma cidade distante onde vivo hoje. Sofro sozinho. Meus amigos do Rio não podem falar comigo, nunca mais os vi. Com a possibilidade de ter sido traído por algum companheiro de trabalho, não posso falar com ninguém da redação d’O Dia. O ministro da Justiça chegou a propor que uma nova identidade me fosse fornecida, o que nunca ocorreu.

No Rio, correu o inquérito. Descobriu-se quem eram os líderes dos milicianos. Zero Um era o policial civil Odinei Fernando da Silva, também chefe de um grupo paramilitar denominado Águia. Zero Dois era Davi Liberato de Araújo, um presidiário que vivia fora da cadeia graças ao envolvimento de guardas penitenciários com a milícia. Os dois foram sentenciados pela Justiça a 31 anos de prisão, mas recentemente a pena foi reduzida para vinte anos. No Batan, criou-se uma Unidade de Polícia Pacificadora.

E não aconteceu nada com o vereador e o deputado estadual cujas vozes minha companheira repórter reconheceu no cativeiro. Eles negaram envolvimento com a milícia e nunca foram punidos. Agora mesmo, em julho passado, o deputado apareceu ao lado do governador do Rio numa foto de inauguração, não muito longe de onde fomos torturados.

Alguns dos bandidos estão na cadeia, mas parece que o bandido sou eu. Imagino que, a cada dia deles na prisão, mais me odeiem. Imagino quantos milicianos perderam dinheiro quando a quadrilha do Batan foi desmantelada, e quantos querem minha morte por isso, até hoje.


Retomar a vida é difícil. Faço tratamento psicológico e psiquiátrico, tomo uma dúzia de remédios. Quase não vejo meus filhos, que estão crescendo longe de mim. Tenho agora um neto que mal conheço. Não soube mais nada da repórter e do motorista, sumiram. Esqueci dos amigos. Preciso de fotos para me lembrar do rosto de quem gosto. Mas me lembro nitidamente dos que me torturaram.

Valeu a pena? Foi a profissão que escolhi. Mas o que mais dói é que fomos delatados por colegas da redação. Eu achava que nunca tinha tido inimigos.

Não fotografei durante o período que fugia. Voltei a tirar fotos não faz muito tempo. Antes, eu mandava ajuda para algumas crianças da favela da Rocinha. Uma família com nove meninos. Nas festas de Nossa Senhora Aparecida, no Pantanal, também dava presentes para crianças. Uma vez por mês, participava da distribuição de sopa para quem vive nas ruas.

Hoje não faço mais nada disso. Também perdi o Rio, a praia, o sol, o futebol e a cervejinha com os amigos. De vez em quando, alguém me diz que tudo já acabou. Acabou para quem? Para mim, não. A tortura continua. Tudo culpa daqueles filhos da puta.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pontuando tudo - e nem ligando pro que vão dizer

Recebi uma inbox no facebook hoje que me lembrou: o meu passado precisa ser tirado a limpo com algumas pessoas. Eu preciso falar de fato o que eu penso e o que eu sinto, já que a poeira abaixou, eu já refleti e tá claro pra mim os erros de cada um - e eu, como sempre, prefiro me culpar por tudo. A diferença é que eu não tenho culpa sozinho.
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Eu até hoje não consigo engolir o nosso fim. A maneira como você falou comigo ao longo das minhas férias enquanto eu queria te ajudar e ficar do seu lado, o jeito que você me deixou tão distante de você ( a ponto de ficarmos unidos por um tênue status de relacionamento ), e, sobretudo, o fato de você simplesmente me tratar como me tratou, não querendo me ouvir e me ignorando. Você me tratou como um cachorro, e, cachorro que era, eu tentava resolver tudo e buscar algum entendimento, prontamente recusado por você. Isso sim foi o fim, pra mim. Mas, pra você, o fim foi bem antes.
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Eu tenho essa imensa mágoa, mas nada que com uma conversa não se resolva. Sei que a parte de você que quer me ver bem longe e distante ( e eu sei que essa parte existe, pois, se não existisse, ainda estaríamos juntos ) é grande, mas, pra falar a verdade, eu nunca te esqueci. Como te disse, fiquei com uma amiga nesse tempo solteiro, mas isso foi bem depois de você falar que " eu tô livre pra fazer o que quiser " e que " não quer nem conversar comigo porque, na primeira vez, tentou resolver tudo da melhor maneira, mas agora nem liga mais ", ao contrário do que aquele misterioso e-mail tentava dizer. Eu não te traí e jamais sequer cheguei perto de fazer isso.
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Mas parece que você preferiu acreditar mais nos outros do que em mim. Você não me deu chance de resposta, eu fiquei sabendo que te ligavam misteriosamente bem depois de nós terminarmos e bem depois de eu ter tempo hábil pra correr átras.
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Com você eu aprendi que até a perfeição tem defeitos. Não ache que isso é ruim, muito pelo contrário. Eu não esqueço o quanto agonizava quando você tava mexida e monossilábica, mas também lembro da minha felicidade após conversar contigo, sobre qualquer coisa. Me lembro do quanto me entristecia quando não conseguíamos nos ver, mas também me lembro do quanto nossos encontros podiam ser miados e nos mesmos lugares, mas sempre me faziam sorrir até a próxima vez que nos víamos. Não esqueço de perder meu dia vago pra ir ter ver na FOC, do gosto do café da sua mãe... eu não me esqueço de nada. Eu não me esqueço de você, e não nego que a sua falta me deixou sem rumo.
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Me diz como eu poderia trair quem eu corri átras no começo do ano, e, até pouco tempo átras, corri novamente até você me empurrar pra longe e você decidir viver sua vida sem mim ? Acho que só você pensou que eu tava de saco cheio, que eu não te queria mais, que eu te traí e esse tipo de coisa. Em quinze meses você foi a minha vida, e eu adorava minha vida, você e o jeito como tudo estava. Quem quis e quem tinha motivos pra terminar ( e terminou ) foi você, não me meta nisso.
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Eu me privei de falar com a minha então amiga por vocês tornarem-se desafetas, me privava de sair com os meus amigos pra falar contigo à noite, ficava em casa enquanto você saía, sempre tentava saber o que te deixava mexida e quase nunca sabia, eu passei um mês das minhas férias deitado numa cama nume stado deplorável, semi-depressivo... Como eu estava de saco cheio ? Como eu não te queria mais ?
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Sim, sei que esse texto parece muito mais condizente com o fim do que com o durante. Mas... não dá. Eu não sou de negar sentimento pra ninguém ( muito menos pra mim ), e eu não esqueço das nossas músicas, dos nossos dias, dos nossos encontros, das nossas datas. Eu não esqueço de cada sorriso, cada risada, cada palavra, cada beijo, cada abraço, cada vez que ficamos de mãos dadas. Posso não esquecer das nossas brigas, das nossas grosserias e dos nossos momentos ruins, mas, quando lembro deles, penso apenas no quão boa foi a nossa reconciliação. Eu não te esqueço, não esqueço de cada plano feito, do quanto eu sempre deixei tudo tão às claras com você ou do quanto nossas famílias nos apoiavam, cada qual da sua maneira. O que guardo de ruim eu não esqueço, mas o inesquecível, de fato, é o que vivemos de bom, a imensa maioria de tudo que juntos fizemos.
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Encare isso daqui como quiser.

Clássicos

Por pior que seja o jogo, por mais feio que seja o gol, clássico é clássico e vice-versa, diria o poeta boleiro Jardel. O centroavante ficaria fascinado, pois, com a última rodada do primeiro turno do Brasileirão, que coroou seu título simbólico com uma derrota para o maior rival.
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Mesmo perdendo de 2x1 pro Palmeiras no derby ( com direito a um belo gol de virada, de Fernandão ), o Corinthians venceu o primeiro turno do nacional, o que lhe dá o troféu Osmar Santos, dado pelo Lance. Os times que poderiam tirar a taça do Corinthians ficaram no empate. Dois deles, Vasco e Flamengo, ficaram no 0x0 no Clássico dos Milhões marcado pelo acidente vascular encefálico de Ricardo Gomes, técnico cruzmaltino que passou por cirurgia e, segundo os médicos, passa bem. Já o São Paulo até saiu na frente do SanSão com um golaço de Lucas, mas viu Ganso, em outro belo gol, fazer 1x1 na baixada santista.
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O GreNal foi até certo ponto surpreendente, com vitória do desesperado Grêmio ante o Internacional, por 2x1. Outro time que estava mal e venceu o maior inimigo foi o Avaí, que, num jogaço, fez 3x2 no Figueirense em pleno Orlando Scarpelli. No clássico que não teve vitória do time da rabeira, Montillo fez os dois gols do Cruzeiro no 2x1 ante o Atlético Mineiro, com a Arena do Jacaré só com atleticanos. No único jogo que não era clássico estadual, o Ceará passou fácil pelo Bahia: 3x0.
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O Rio Branco venceu o Águia, na série C, e botou fogo no grupo A da competição. Agora ambos os times tem 10 pontos contra 11 do líder Paysandu, que fez 1x0 no Luverdense. Na chave D, também equilibrada, a Chapecoense assumiu a liderança após vencer o Brasil de Pelotas por 1x0, no Bento Freitas. O antigo ponteiro, o Joinville, perdeu em casa para o Caxias, por 4x2.
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No duelo dos Santa Cruz, empate de 0x0 entre o pernambucano e o potiguar. O do Rio Grande do Norte é o líder do grupo 3, enquanto a Coral é vice. O Mirassol assumiu a liderança do grupo 7 ao fazer 1x0 no Cerâmica em Gravataí, deixando o CENE, que folgou na rodada, para trás.
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O Bayern de Munique consolidou-se como um dos líderes da Bundesliga graças ao empate do Hannover 96 ante o Mainz, por 1x1. Os visitantes saíram na frente, mas o artilheiro Abdellaoue empatou. Além de Bayern e Werder Bremen, temos o Schalke 04 com nove pontos. O time de Gelsenkirchen ganhou do surpreendentemente bom Borussia Monchengladbach em Gelsenkirchen por 1x0, gol de Raúl;
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Uma história foi escrita hoje na Premier League. O Manchester United passou como quis pelo Arsenal, fazendo humilhantes 8x2 no rival. Rooney, com três gols, e Young, com dois, foram os destaques. Confirmando a boa fase dos times de Manchester ( e a péssima dos times londrinos ), o Mnachester City foi até a zona norte da capital inglesa e fez 5x1 no Tottenham, com quatro gols de Dzeko e três assistências de Nasri.
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Apesar dos resultados normais, a Scottish Premier League segue com uma surpresa na classificação. Celtic e Rangers venceram por 2x0 ( os primeiros fora de casa contra o St. Mirren; os Gers contra o Aberdeen, em casa ). Mas os times da Old Firm não contavam com o Motherwell, segundo colocado na competição ( à frente do Celtic ), que fez 4x2 fora de casa no Dunferline.
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Na primeira rodada da Liga espanhola, um gigante estreiou como se esperava. Na Romareda, o Zaragoza sofreu nas mãos de Real Madrid: 6x0, com um hat-trick de Cristiano Ronaldo e um gol de Kaká. Dos times médios, apenas o Sevilla venceu, fazendo 2x1 no Málaga, com dois gols de Álvaro Negredo. O Atlético de Madrid ficou no 0x0 contra o Osasuna, na capital, e o Athletic Bilbao empatou com o caçula Rayo Vallecano, no país basco.
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Os favoritos já vão se consolidando na Eredivisie holandesa. O Twente aparece com 100% de aproveitamento após golear o VVV Venlo por 4x1. O Ajax é o vice-líder, e o PSV, em outra goleada da rodada ( 6x1 no Excelsio, com direito a hat-trick de Ola Toivonen ) é o terceiro. Campeão nacional, recentemente, o AZ é o quarto colocado, após fazer 3x0 no Gronigen. O único clube com mais expressão que perdeu pontos foi o Feyernoord. Em Roterdã, o Stadionclub ficou no 2x2 contra o Heerenveen
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A Liga Premier russa tem novo líder. É o Zenit, que massacrou o Krasnodar por 5x0, em São Petersburgo. O antigo líder, CSKA Moscou, empatou um clássico emocionante contra o Spartak, no estádio Luzhniki. O 3x3 teve duas viradas, gol brasileiro de Wellinton, para o Spartak, abrindo o placar, dois gols de Doumbia pro CSKA e várias falhas do goleiro Akinfeev, do antigo líder. Também tivemos gol brasileiro no jogo do terceiro colocado, o Dynamo de Moscou, que venceu o Spartak Nalchik por 2x0. O placar foi aberto por Kevin Kuranyi. No empate entre Rostov e Anzhi, a estréia de Samuel Eto'o pelo time de Makachkala, empatando em 1x1 para os visitantes.
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Vários times perderam a chance de tornarem-se líderes da Ligue 1. O primeiro foi o Saint-Ettiene, que perdeu para o Sochaux por 2x1. Depois foi o Toulouse, que começou na frente do Paris Saint-Germain, mas viu Pastore numa atuação de gala, dando três assistências e resolvendo a partida num 3x1. A liderança ficou co o Montpellier, que jogou no sábado. Em grande jogo, o Lille fez 3x2 no Olympique de Marseille, em jogo com duas viradas e grande atuação da dupla de ouro dos vencedores, Moussa Sow e Eden Hazard.
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A liderança mudou de mãos na Premyer Liga ucraniana. O Shaktar Donetsk ficou no 2x2 ante o Chornomorets, com gols de Jádson e Mikhtaryan, com os mandantes respondendo com Burdujan. O novo ponteiro é o Dynamo de Kiev, que foi até Dnipropetrovsk e fez fáceis 4x0 no Dnipro, decepção do campeonato ucraniano. O terceiro colocado, também com um time que pode brigar, é o Metalist Kharkiv, que, em Lviv, fez 2x1 no Karpaty, com o placar sendo inaugurado por Cleiton Xavier.
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No clássico da rodada da Categoria A, nem a pressão da Bombonera fez o 0x0 sair do placar entre Boca Juniors e San Lorenzo. Dois times tradicionais que também não marcaram gols foram Argentinos Juniors e Independiente, jogando no subúrbio de Buenos Aires. O Vélez Sarsfield, no Fortín, perdeu para o All Boys por 1x0.
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Na Primeira do Equador, segue o domínio absoluto do Deportivo Quito. O time fez 1x0 no terceiro colocado Emelec e abriu incríveis nove pontos de vantagem em oito jogos para o vice-líder Barcelona, que fez 1x0 no Manta em Guayaquil. A LDU perdeu para o Deportivo Cuenca por 2x1.
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A seleção brasileira chegou invicta na final da Liga Mundial, como no ano passado. Mas, tal qual em 2010, perdeu a última partida e ficou com o vice-campeonato. Esse ano, a seleção parou nos Estados Unidos, bicampeãs da competição. Por 3-0, com parciais de 26-24, 25-20 e 25-21, as norte-americanas contaram com uma grande atuação da ponteira Logan Tom, enquanto o time brasileiro como um todo jogou mal.
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Pra variar um pouco, Sebastian Vettel venceu o GP da Fórmula 1, realizado na Bélgica, no querido circuito de Spa-Francochamps. Praticamente de ponta a ponta, o alemão viu pelo retrovisor corridas fantásticas de recuperação de Michael Schumacher ( que largou em último e foi o quinto ) e de Jenson Button ( que saiu em décimo terceiro e foi pro pódio, em terceiro ). Os brasileiros, também pra variar, decepcionaram. Felipe massa largou em quarto e ficou em oitavo ( após ver seu pneu furar ); Bruno Senna, após um surpreendente sétimo tempo na classificação bateu em Alguersuari ( que saiu da corrida ) e ficou em décimo terceiro; e Rubens Barrichello ficou na décima sexta colocação. A diferença na classificação entre Vettel e Webber, o segundo colocado da corrida e da temporada, chega a impressionantes 92 pontos, o equivalente a quatro corridas.
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Rei dos circuitos de rua da Fórmula Indy, Will Power, da Penske, venceu o GP de Sonoma com tranquilidade. Para comprovar a superioridade da equipe, o brasileiro Hélio Castroneves ficou na segunda colocação e Ryan Briscoe, da mesma escuderia, fechou o pódio. O vencedor disse que, para seguir com boas chances na luta pelo título, seu principal adversário na luta pelo campeonato, Dario Franchitti, não deveria ir tão bem. O escocês ficou na quarta colocação, animando Power. Bia Figueiredo ficou na décima terceira colocação, Vitor Meira em vigésimo segundo e Tony Kanaan teve problemas mecânicos que o impediram de terminar a prova.

domingo, 28 de agosto de 2011

Final de turno

Numa competição longa e exaustiva, chegar a metade da disputa é um feito, quanto mais na liderança. Amanhã, quatro times disputarão o simbólico título de inverno, ou do primeiro turno, da série A. Já na série B, o campeão já está definido, numa rodada de tirar o fôlego.
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Na série A, dois clássicos. No clássico Vovô, o mais velho do futebol brasileiro e o quarto mais antigo da América do Sul, o Fluminense saiu na frente com Fred, mas viu Lucas e Elkeson virarem pro Botafogo. No AtleTiba, o Atlético Paranaense seguiu sua ascenção contra o arquirrival Coritiba, no Couto Pereira, empatando por 1x1. No único não-clássico da rodada, o Atlético Goianiense confirmou a boa fase ao virar pra cima do América Mineiro, em Sete Lagoas: 2x1.
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A Portuguesa tentou, mas não conseguiu perder o título do primeiro turno da série B. A Lusa empatou em São Paulo contra o Icasa, 3x3, e só ficou com o simbólico caneco porque a Ponte Preta ficou também no 3x3 contra o Náutico, em partida marcada pelos golaçoes de Rogélio e Elicarlos, por parte dos visitantes. Em partidas vencidas por times que estão no meio da tabela, o Barueri foi até o Pernambuco e goleou o Salgueiro por 4x1, enquanto o Vitória fez magros 1x0 no ASA. Em resultado surpreendente, o Bragantino bateu o Paraná por 2x1.
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Um grupo praticamente decidido na série C. É a chave C, que com as vitórias do Ipatinga ante o Macaé, por 4x2, e do Madureira contra o Marília, por 1x0, está muito próximo de garantir Ipatinga e Brasiliense classificados á próxima fase e de confirmar o rebaixamento do Macaé. Já no grupo B, o equilíbrio é imenso. Fortaleza e Campinense, lutando contra o rebaixamento, ficaram no 1x1 - com destaque para o gol do time cearense, anotado por Carlinhos Paraíba. Na parte de cima do grupo, América de Natal e Guarany de Sobral ficaram no mesmo 1x1.
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Outro grupo praticamente definido, esse na série D, é o 8. Mesmo sem jogar, o Cianorte foi muito favorecido pelos resultados ( vitória de Brusque e Juventude ante Cruzeiro e Metropolitano, por 1x0 e 4x2, respectivamente ), que também coloca o Juventude próximo da segunda fase. Classificado de verdade está o Villa Nova, de Nova Lima, que selou a excelente campanha com uma vitória ante o Audax, por 2x1, pelo grupo 7. O Coruripe recebeu o líder do rupo 4, o Treze, e venceu por 1x0, chegandoaos mesmos 12 pontos do Galo da Borborema. A surpresa foi a derrota do oeste, em Itápolis, para o Operário de Ponta Grossa, por 1x0.
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Na Categoria A da Argentina, os favoritos decepcionaram em casa. O Lanús, na Fortaleza, ficou no 0x0 ante o Tigre. O Vélez Sarsfield, atual campeão argentino, fez pior: perdeu para o All Boys, por 1x0. O dia ainda teve a vitória do Atlético Rafaela contra o Olimpo de Bahía Blanca, por 3x1.
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O confronto entre os atuais campeões e vice da Bundesliga foi movimentado, mas não teve gols. Bayer e Borussia Dortmund ficaram no 0x0 na BayArena, apesar das diversas chances do gol e das duas expulsões, incluindo dum irreconhecivelmente Mario Gotze. Quem agradeceu os resultados foi o Bayern de Munique, que assumiu a liderança ao bater o Kaiserslautern por 3x0, fora de casa. O Hamburgo segue sua péssima fase ao perder um jogo incrível contra o Colônia em casa, que teve duas viradas de placar, por 4x3.
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A Jupiler League segue equilibrada, derrubando favoritos. O Genk, na fase de grupos, é apenas o décimo, ao empatar por 0x0 contra um dos líderes, o Mechelen, em casa. A liderança é repartida também entre o Gent, que fez 1x0 no Lierse, e entre o Cercle Brugge, que visitou o Westerlo e ganhou por 3x1.
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Na primeira rodada da Liga Espanhola, os favoritos fizeram valer seu maior nome e venceram. A Real Sociedade foi até as Astúrias para vencer o Sporting de Gijón, por 2x1. Num jogo impressionante, o Valencia suou muito para vencer o Racing Santander, no Mestalla, por 4x3. Voltando à primeira divisão, o Bétis fez 1x0 fora de casa no também caçula Granada.
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Na Ligue 1, caiu o líder. O Montpellier visitou o Lyon no Gerland e perdeu por 2x1, mesmo placar da vitória do Bordeaux, que enfim parece começar a se recuperar, contra o fraquíssimo Valenciennes. Destaque também para a goleada do Auxerre contra o Ajaccio, por 4x1, e a vitória do surpreendente Lorient ante o Nancy, por 2x1.
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Apesar dos placares iguais, Chelsea e Liverpool fizeram jogos bem diferentes hoje. O time londrino sofreu para vencer o Norwich, enquanto o time do norte da Inglaterra passou como quis pelo Bolton.
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Surpresa na Primera de México. O líder Chivas Guadalajara perdeu para o San Luis, que disputava na parte de baixo da tabela, por 2x0. Quem agradece o resultado é o Tigres, que venceu o Atlas fora de casa por 1x0 e chegou aos mesmos treze pontos do Chivas. Destaque também para a vitória do lanterninha Atlante sobre o Estudiantes Tecos, 2x1.
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A seleção feminina de vôlei do Brasil exorcizou um fantasma que rondava todo o esporte nacional. Ano passado, na decisão do Grand Prix, o time brasileiro parou na Rússia da gigante Gamova. Esse ano, na final da Liga Mundial, nova derrota para a Rússia. Na madrugada de ontem, porém, as meninas de José Roberto Guimarães deram show e não deram chances para as eslavas, fazendo 3-0. Na final do Grand Prix, em Macau, o time tupiniquim enfrenta os Estados Unidos, que passaram pela Sérvia também por 3x0. Na primeira fase, as duas seleções já se enfrentaram, com vitória brasileira.

sábado, 27 de agosto de 2011

No caminho errado

Justin Bieber é midiático, sua música é questionável e não fala nada mais que dramas adolescentes. Seu filme, Never Say Never, é bem feito e mostra o lado humano do popstar, mas, em suma, também é a síntese perfeita de tudo o que ele representa: um menino pelo qual as teens dariam a vida - e nada mais.
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O filme é muito bom ao mostrar o lado humano de Justin. Sua paixão por esportes é grande, tanto que ele jogou futebol e baseball; é, até hoje, exímio jogador de basquete e é torcedor fanático do Toronto Maple Leafs, time da NHL - tanto que o emblema do time é seu papel de parede no quarto. Interessante ver também que desde pequeno ele gosta de música, sobretudo guitarra e percussão - bateria, aliás, é seu instrumento favorito, no qual ele se arrisca, satisfatoriamente, até hoje. Mas duas cenas, em especla, me chamaram a atenção. A primeira é ele chegando em casa como um qualquer após um show e indo dormir no seu quarto, como qualquer adolescente, ouvindo a mãe falar-lhe algo. Outra é um reencontro com suas origens. A primeira aparição pública de Bieber de sucesso foi nas escadas de um restaurante, tocando violão. No local, num dia qualquer, uma menina tocava violino, tentando ter o mesmo destino. Justin aparece, a menina fica chocada e ele diz que começou sua carreira lá, incentivando-a. Muito bonito da parte dele. O filme tamém não deixa de lado a preocupação do garoto com seu sabelo, mostrando-o secando dum jeito peculiar e, em certo ponto, até tratando de suas madeixas com algum tom de ironia. Tudo isso sem esquecer da família, sempre destacando o quanto Justin é próximo do avô.
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Falando do músico Justin Bieber, destaque para o quanto ele divulgou seu primeiro single, One Time. Foi a vários rádios, diversos programas de TV e fez propaganda aonde podia para todos ouvirem sua música. Também é destacável e curioso ( mas pouco elogiável ) suas influências: ele não aparece com nada relacionado a Beatles, Madonna ou Michael Jackson, mas aparece cantando músicas de Ne-Yo e com Miley Cyrus, Willow Smith, Usher e Snoop Dogg. No mínimo questionável as opções do canadense. O filme também mostra mulheres de todas as idades falando sobre o quão são tietes de JB, mostrando o quanto seu corpo de fãs é imenso e fiel.
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O filme culmina no show de Justin Bieber no Maddison Square Garden, templo nova-iorquino da música. Conforme o show chega, pode ser sentido certo tom de apreensão no filme, para dar ares dramáticos e épicos ao show. O filme mostra a repercussão antes desse show ( até a família Obama falou sobre isso ) e algumas músicas do show em si. O final do filme é tedioso, mostrando o concerto xoxo e de músicas sem profundidade nenhuma do cantor. Fica a lembrança dum filme que tem efeitos especiais na medida certa e muito bem feito pela MTV Films, que deu vida a um artista amado e contestado na mesma intensidade - e o show mostra porque as críticas existem em demasia, com certa razão.
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O filme, no final das contas, é a síntese perfeita de Bieber: midiático, bem produzido e bem feito, mas sem tanta profundidade. Para Bieber não falta talento, mas falta cultura musical. Quem lamenta é a música.

Decepções

Por mais que, na Liga Europa, a facilidade dos clubes de maior expressão sejam bem mais comuns que as derrotas, são sempre as tragédias que marcam mais. Nesse caso, algumas eliminações inesperadas ocorreram, deixando todos atônitos
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Um dos primeiros times a se classificara para a fase de grupos da Liga Europa foi o Légia Varsóvia, da Polônia. Até aí nada demais, o problema é que o time fez 3x2 de viada no Spartak, em Moscou, franco favorito para o confronto. O Rosenborg, eterno campeão norueguês, perdeu para o desconhecido AEK Larnaca por 2x1 no Chipre e teve o mesmo destino, mesmo placar da derrota do Maccabi Tel Aviv, que, mesmo assim, eliminou o Panathinaikos. Também por 2x1 o Partizan foi despachado em plena Belgrado, ao perder para o Shamrock Rovers, da Irlanda. O Sparta Praga, famoso em competições européias, foi eliminado mesmo vencendo por 1x0 para o Vaslui, da Romênia. Os dois gigantes de Glasgow também estão fora de competições continentais, já que o Rangers ficou no 1x1 com o Maribor em Glasgow e o Celtic foi até a Suíça e foi batido pelo Sion por 3x1. Se considerarmos como surpresa a eliminação de um time espanhol ante um alemão, inclua aqui o 1x1 entre Sevilla e Hannover, que classificou os tedescos. Porém, a eliminação mais incrível foi a da Roma. Em casa, a Loba ficou no 1x1 com o Slovan Bratislava, e não está mais na Liga Europa já que perdeu na Eslovênia.
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Entre as partidas que ficaram nos conformes, o Rennes fez 4x0 no Crvena Zvezda; o PSV goleou o Ried por 5x0; o Lokomotiv segurou o 1x1 contra o Spartak, em Trnava; o Dínamo de Kiev fez magros 1x0 no Litex Lovech; o Braga empatou por 2x2 ante o Young Boys na Suíça; o Schalke destroçou o HJK por 6x1 na Veltins-Arena; o Atlético de Madrid foi até Guimarãesm em, clássico ibérico, e fez 4x0 no Vitória; o Fulham classificou-se mesmo perdendo para o Dnipro, na Ucrânia, por 1x0; a Lazio, sem muito esforço, fez 3x1 no Rabotnicki, na Macedônia; o Stoke fez 4x1 no Thun, na Inglaterra; o AZ Alkmaar, impiedosamente, sapecou 6x0 no Aalesund; o novo rico europeu Paris Saint-Germain, em ritmo de treino, fez 2x0 no Differdange, de Luxemburgo; após ganhar de 5x0 na Escócia, o Tottenham se poupou e ficou no 0x0 com o Hearts e o Sporting, com algum sufocom fez 2x1 nos dinamarqueses do Nordsjaelland.
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Na série B, nada de novo. O Duque de Caxias, dos piores times da história da nova série B, que existe desde 2006, foi até Varginha e foi superador por 2x0 pelo Boa. O São Caetano, fora de casa, empatou mais um jogo na competição ao ficar no 1x1 com o Criciúma. No duelo mais equilibrado da noite, Fumagalli marcou e o Americana venceu o ABC por 2x1, entrando no G4.
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Na Copa Sul-Americana, dois jogos fecharam a semana. O Palmeiras, na véspera do seu aniversário, venceu o Vasco por 3x1, mas o gol fora de casa colocou os cruzmaltinos na próxima fase - já que venceram a partida no Rio de Janeiro por 2x0. Em outro confronto, o La Equidad, da Colômbia, venceu pela segunda vez o Juan Aurich, do Peru, por 2x1.
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Um jogo pela Bundesliga, que marcou o reencontro do Hertha Berlim com as vitórias na primeira divisão. No fim do jogo, o brasileiro Rafael marcou o único gol do 1x0 da partida ante o Sttutgart, que fez o time berlinense sair momentaneamente da zona de rebaixamento.
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Os favoritos decepcionaram hoje na Categoria A Argentina. Desapontando mais uma vez sua torcida, o Estudiantes saiu vencendo por 2x0, mas cedeu o empate por 2x2 para o San Martín, em La Plata. Já no Cilindro de Avellaneda, Racing e Arsenal de Sarandí não saíram do 0x0. A única vitória foi a do Godoy Cruz, que venceu o Banfield por 1x0.
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Na quarta rodada da Eredivisie, felicidades para o maior campeão holandês. Em grande partida de Sigthorsson, o Ajax goleou o Vitesse na Amsterdam Arena: 4x1.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Grupos da Champions e da Liga Europa

Nesse louco mundo do futebol globalizado, qualquer evento torna-se, além de midiático, de fundamental importância. Após quatro séries de eliminatórias, os grupos da Champions League e da Liga Europa foram sorteados, para deleite dos aficcionados pelo esporte bretão. Até o começo dos jogo pelas competições continentais, tudo não passa de mera especulação. Mas, como bons palpiteiros e loucos por futebol, faremos isso, palpitando, grupo a grupo, cada uma das chaves das competições. Apenas lembrando que tudo isso não passa de mera opinião e que, na Champions League, o terceiro colocado dos grupos tem como prêmio de consolação uma vaga nas fases mata-mata da Liga Europa.
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CHAMPIONS LEAGUE
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Grupo A: Bayern de Munique, Villarreal, Manchester City e Napoli.
De cara, o grupo da morte. Se não é tão equilibrado quanto o G ou de tanta tradição como o H, é o que mais chamou a atenção. Primeiro por reunir times das quatro maiores ligas européias, segundo por ter times que podem brigar pelo título ou, ao menos, podem beliscar boas posições nas condições de zebras. Favorito não só para o grupo mas também para a competição é o Bayern de Munique, que deve ser o primeiro colocado. A briga pela outra vaga deve ser ferrenha entre ingleses e italianos, e eu coloco o Submarino Amarelo uns bons patamares abaixo desses todos.
Avançam: Bayern de Munique e Manchester City
Vai pra Liga Europa: Napoli
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Grupo B: Internazionale, CSKA Moscou, Lille e Trabzonspor.
A favorita destacada do grupo é a Inter, campeã recentemente da competição e time de maior tradição no grupo. Entretanto, a Beneamata não terá descanso, já que tem dois times que podem representar algum perigo: o CSKA, com um bom elenco; e o Lille, se mantiver o futebol ofensivo e eficiente da temporada passada, que fez dos Dogues campeões franceses. O Trabzonspor, que fora eliminado da competição pelo Benfica mas voltou graças a punição da UEFA ante o Fenerbahçe graças a escândalos de corrupção envolvendo os campeões turcos, deve fazer uma tremenda figuração.
Avançam: Internazionale e Lille
Vai pra Liga Europa: CSKA Moscou
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Grupo C: Manchester United, Benfica, Basel e Otelul Galati
Junto com o grupo H, é o grupo que já tem praticamente definidos seus classificados. O Manchester parece ter time para brigar pelo título europeu com um time não tão letárgico e o Benfica tem tradição e um time entrosado, com Nolito em grande fase. Embora o Basel possa incomodar, principalmente na Suíça, não deve segurar os dois times vermelhos. Os romenos do Otelul devem fazer parte daquele incômodo grupo dos piores da Champions.
Avançam: Manchester United e Benfica
Vai pra Liga Europa: Basel
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Grupo D: Real Madrid, Lyon, Ajax e Dínamo Zagreb
Muitos comentaram que esse grupo foi fácil para o Real. Não concordo. O time emrengue já foi eliminado pelo Lyon na Champions League, na temporada 2009-2010, e, embora esteja enfraquecido e dependente demais de Lisandro López, incomoda o time de Chamartín. Já o Ajax aposta num trabalho renovado, capitaneado por Cruyff e Frank de Boer, que rendeu o até certo ponto inesperado título holandês. Na Croácia o Dínamo Zagreb pode arrancar alguns pontinhos, mas nem de longe será páreo para as três forças do grupo
Avançam: Real Madrid e Ajax
Vai pra Liga Europa: Lyon
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Grupo E: Chelsea, Valencia, Bayer Leverkusen e Genk
Esse grupo talvez seja o mais curioso. O cabeça-de-chave foi o Chelsea, que, embora tenha elenco, vive dando sustos em sua partida e parece ter perdido a mão após o título inglês de 2010. O Valencia é um dos times que mais sentiu os efeitos da crise econômica ( que também assolou o futebol ) vivida na Espanha, não tendo patrocinador, vendendo Mata e, ainda por cima, com dinheiro dividido entre o time e o Nou Mestalla, futuro estádio dos Ches. O Leverkusen, apesar de um time razoável, sofre com a pecha de amarelão. E o Genk, campeão belga, é um time com um coletivo fortíssimo e os ótimos Vossen, Ogunjimi, Buffel e Limbombe. Aposto numa grande surpresa aqui.
Avançam: Chelsea e Bayer Leverkusen
Vai pra Liga Europa: Genk
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Grupo F: Arsenal, Olympique de Marseille, Olympiacos e Borussia Dortmund
Quem me conhece sabe o quanto eu estou descrente com o atual time do Arsenal. Esse é aquele grupo que, se o favorito não se cuidar, fica de fora da competição. A principal ameaça é o Borussia Dortmund, time que surpreendeu e revolucionou a maneira como os times europeus devem tratar seus garotos. Embora não seja tão forte como no início dos anos 90, não deve-se ignorar o time mais popular da França, com Lucho González, Remy, Gignac, Ayew e outros. O Olympiacos está como a Grécia: em crise e frágil.
Avançam: Borussia Dortmund e Arsenal
Vai pra Liga Europa: Olympique de Marseille
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Grupo G: Porto, Shaktar Donetsk, Zenit e APOEL Nicósia
É, de longe, o grupo que promete os jogos mais disputados. Os três primeiros times se equivalem, já que a força do Porto foi reduzida com as perdas de André Villas-Boas e Falcão García. O Shaktar, além de muito bom, é entrosadíssimo - prova disso foi sua campanha na Champions passada, quando só foi parado pelo campeão nas quartas-de-final. O Zenit, time abastecido com o dinheiro da estatal de gás russa Gazpromm, tem um ótimo time e muita força em São Petersburgo. Embora conte com uma torcida ensandecida, o APOEL Nicósia não tem time para bater de frente com os três.
Avançam: Shaktar Donetsk e Porto
Vai pra Liga Europa: Zenit
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Grupo H: Barcelona, Milan, BATE Borisov e Viktoria Plzen
É o grupo mais díspare dessa fase. Barcelona e Milan, juntos, tem onze títulos europeus, enquanto bielorrussos e tchecos tem, somados, três participações na Champions. Os dois confrontos entre Barcelona e Milan serão jogaços, enquanto os entre BATE e Plzen devem ter um nível técnico abaixo da crítica. Atual campeão, o time da Catalunha é favorito pro grupo e pra Champions, mesmo com o novo Milan de Allegri, com três atacantes espetaculares - mesmo um tanto quanto irregular. Acostumado a, nas últimas temporadas, fazer bons papéis fora de seu país, o time da Bielorrússia deve ficar com o prêmio de consolação da chave, deixando aos tchecos a lembrança de que o time da cidade onde surgiu a cerveja ( Plzen, aportuguesado, nada mais é que Pilsen ) andou pela UCL.
Avançam: Barcelona e Milan
Vai pra Liga Europa: BATE Borisov
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LIGA EUROPA
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Grupo A: Tottenham, Rubin Kazan, PAOK e Shamrock
Como boa parte dos grupos da competição, temos um time de uma liga mais visada, um time de boa expressão de uma liga emergente, um médio ou pequeno de uma liga de segundo escalão e uma zebra. Esse grupo é um exemplo crasso dessa regra. O Tottenham já disse que não gosta de jogar a Liga Europa, o que pode dar chance para o Rubin Kazan, de futebol pragmático ao extremo, assumir a ponta da classificação. O PAOK, empurrado pela fanática torcida de Tessalônica, deverá fazer da Tumba um verdadeiro caldeirão, custando alguns pontos dos dois principais times da chave. Já os irlandeses do Shamrock Rovers devem se dar por satisfeitos pelo simples fato de alcançarem a fase de grupos duma competição européia - pra se ter uma idéia, é a primeira vez que um time irlandês vai pruma fase de grupos desde quando a Champions League ganhou o formato atual, em 1992.
Avançam: Tottenham e Rubin Kazan
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Grupo B: Kopenhagen, Standard Liége, Hannover 96 e Vorskla Poltava
Certamente é um desprazer pro Kopenhagen jogar a Liga Europa. O time, que foi oitavo-finalista da Champions League passada, na maior surpresa da competição, perdeu a vaga para o Viktoria Plzen na principal competição européia. De quebra, ainda caiu num grupo forte para seus padrões, no qual o Hannover deve ter ligeira vantagem sobre os dinamarqueses e o Standard Liége. Cabe aos jogadores da terra do chocolate rivalizar com os belgas de Liége pela segunda vaga - na qual eles, se tudo der certo e se não ocorrer outra surpresa, devme ter vantagem. O Vorskla Poltava, da Ucrânia, é mais temido pelo frio que pela qualidade de seu time.
Avançam: Hannover 96 e Kopenhagen.
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Grupo C: PSV Eindhoven, Hapoel Tel Aviv, Rapid Viena e Légia Varsóvia
A eliminação do Spartak Moscou ante o Légia facilitou demais a missão do time de Eindhoven no grupo C. É até difícil ver quem fica com a segunda vaga do grupo diante da imensa superioridade que os holandeses devem ter na chave. Aposto nos israelenses graças ao seu desempenho na liga nacional.
Avançam: PSV Eindhoven e Hapoel Tel Aviv
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Grupo D: Sporting, Lazio, Zurich e Vaslui
Dois pesos-pesados no grupo. O Sporting vem de fôlego novo com o técnico Domingos Paciência, que fez do Braga finalista da Liga Europa passada, enquanto a Lazio, que já tinha Hernanes, Rocchi, Zárate e Mauri ficou ainda mais forte com Klose e Cissé no ataque. O Zurich, time ajeitado da Suíça, pode roubar pontos dos dois grandes, que devem abrir o olho ( sobretudo os portugueses ). O Vaslui deve ser o sparren.
Avançam: Lazio e Sporting
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Grupo E: Dynamo de Kiev, Besiktas, Stoke City e Maccabi Tel Aviv
Chave sem muita grife, mas bem equilibrada. O Dynamo de Kiev, que conta com Shevchenko prestes a encerrar a carreira, é muito forte na Ucrânia, mesmo tendo dificuldades defensivas notáveis há muito tempo. O Besiktas, vencedor da última Copa da Turquia, entregou a taça graças a federação graças aos diversos escândalos que assolam o futebol local, mas conta com um bom time repleto de lusófonos, que, se engrenar, pode resultar num ótimo time. O Stoke City, time famoso pelos laterais batidos por Delap, é um verdadeiro ferrolho, chato de ser enfrentado, sobretudo no Britannia Stadium. O Maccabi... bem, o Maccabi não sai dessa fase.
Avançam: Stoke City e Besiktas
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Grupo F: Paris Saint-Germain, Athletic Bilbao, Red Bull Salzburg e Slovan Bratislava
Antes de mais nada, que fique bem claro: o Slovan está nessa fase por pura incompetência da Roma, que conseguiu ser eliminada pelos eslovacos na fase anterior. Pois bem, o grupo conta com dois times de ligas fortes, incluindo um novo rico do futebol europeu, que contratou Pastore e Gameiro para fazer companhia a Giuly e Nenê, resultando num time a ser observado; e outro que tem tradições fortíssimas, que só aceita jogadores bascos em seus elencos e conta com Llorente, Iraola, Susaeta, Gabilondo e Gurpegi, formando uma bela espinha dorsal. Aposto que quem conseguir tirar pontos do RB Salzburg na Áustria consegue a classificação, já que o time da marca de energéticos é organizado e já há algum tempo merece ser visto pela sua disposição tática.
Avançam: Paris Saint-Germain e Athletic Bilbao
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Grupo G: Az Alkmaar, Metalist Kharkiv, Austria Viena e Malmo
Sem tanto alarde, mais um grupo interessante na competição. Campeão holandês recentemente, o AZ Alkmaar é o favorito, ainda mais com a contratação do norte-americano Jozy Altidore, que vem fazendo ótimas partidas. Em segundo plano aparece o Metalist, time que conta com investimentos do governo local e conta, entre outros, com Cleiton Xavier, Taison, Cristaldo e Yeremenko. Ao contrário dos demais grupos, os dois restantes merecem destaque, já que o Áustria Viena é conhecido por crescer em momentos decisivos e o Malmo ( que já foi vice-campeão europeu ) deixou a classificação para a Champions League escorrer pelas mãos contra o Dínamo Zagreb. Apesar do favoritismo para o AZ e para o Metalist, os demais merecem muito respeito e atenção.
Avançam: AZ Alkmaar e Metalist Kharkiv
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Grupo H: Braga, Club Brugge, Birmingham e Maribor
Nessa temporada, o Birmingham é o único time que não disputa a primeira divisão local a disputar uma competição européia ( foi rebaixado ano passado da Premier League, mesmo tendo vencido a Copa da Liga Inglesa ). É um time bretão, o que por si só o faz ter mais dinheiro que boa parte dos demais participantes do torneio, mas vem com um time enfraquecido. O time deve brigar com o Brugge pela segunda vaga, já que o Braga mostrou suas garras ano passado ( quando foi vice-campeão da Liga Europa ) e tem um plano coletivo notável; e o Maribor fará figuração.
Avançam: Braga e Club Brugge
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Grupo I: Atlético de Madrid, Udinese, Rennes e Sion
De longe, o grupo da morte. Pobre Sion, que até tem um time organizado, mas não vai fazer frente ante os demais. A Udinese parte como favorita, com um futebol de encher os olhos e ainda mais reforçada na sua área defensiva, com a contratação de Danilo - sem falar de Di Natale, Pinzi e Isla. Mesmo com Forlán e Falcão García, fico curioso para ver o desempenho do Atlético de Madrid, que vive dificuldades financeiras. O Rennes deve brigar pau a pau com os colchoneros, mas talvez falte experiência e técnica ao time de Pitroipa.
Avançam: Udinese e Atlético de Madrid
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Grupo J: Schalke 04, Steua Bucareste, Maccabi Haifa e AEK Larnaca
Grupo fácil para o Schalke 04, que, mesmo com suas derrotas estranhíssimas e vitórias igualmente estranhas, deve dar de braçadas. É difícil apontar outro time a se classificar, já que o Steua, mais tarimbado em competições continentais, está mal no campeonato romeno, o Maccabi Haifa, assim como todos os times israelenses, sempre aparece em fases mais agudas das competições européias, mas fazem pouco barulho, e o futebol cipriota, ainda que com uma evolução notável ( vide o APOEL na fase de grupo da Champions ), ainda não comporta dois times em estágios avançados de torneios européias.
Avançam: Schalke 04 e Steua Bucareste
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Grupo K: Twente, Fulham, Odense e Wisla Cracóvia
O Odense deixou a classificação escapar pelas mãos contra o Villarreal, num segundo tempo desastroso no Madrigal. O Wisla não tem tradição européia e não tem time suficiente para ir muito além dessa fase de grupos. Grupo tranquilo para Twente e Fulham, que vão decidir entre si quem será o primeiro colocado- este que vos fala aposta no Twente, que vem sistematicamente brigando pelo título holandês. Vale a lembrança que o Fulham está na LE graças ao Fair Play da Liga Inglesa - as três ligas com jogo mais limpo recebem da UEFA uma vaga extra no certame.
Avançam: Twente e Fulham
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Grupo L: Anderlecht, AEK, Lokomotiv Moscou e Sturm Graz
Há vida sem Lukaku ? O belga, destaque do Anderlecht, foi para o Chelsea e piorou demais a equipe do subúrbio de Bruxelas, deixando o desempenho do time com um imenso ponto de interrogação. O favorito dessa chava é o Lokomotiv Moscou, que, após muito tempo, pode brigar por vôos mais altos no campeonato russo - que, aliás, encontra-se muito equilibrado. O AEK, bem como todos os times gregos, são uma incógnita, e o Sturm Graz, após vencer o campeonato austríaco na temporada passada, caiu demais de rendimento, encontrando-se apenas na sétima posição no campeonato nacional.
Avançam: Lokomotiv Moscou e AEK.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Rituais de passagem

Na propaganda da Vivo, Bia sai do casamento e muda o status, o cabelo e começa a curtir a vida como nunca antes. Em Grey's Anatomy, Lexie deixa a morenice de lado ao terminar pela primeira vez com Sloan para assumir um cabelo oxigenado. Já eu... tirei a barba.
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Os três atos tem algo em comum: superar o fim de um relacionamento ( ou de relacionamentos ) e seguir em frente. Não com a ferida totalmente fechada nem devidamente cicatrizada ( isso é algo que demora pra acontecer com um, imagine com mais de um ), mas, ao menos, pra você demonstrar pra quem quiser ver que você está diferente, que algo mudou, pra notarem algo que saia da monotonia e que fazem as pessoas te notarem nem que seja pra perceber algo novo.
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A vida segue, certo ? É sempre assim, diz quem tenta consolar alguém. Ela até segue, mas eu realmente acho que ela ficaria melhor se certas coisas não mudassem. Mas... eu mudei. Minha barba mudou, minha cara mudou - ainda que quem veja cara não veja coração. E esse ainda não mudou, talvez não mude e não deixe de sentir saudades.

Os maiores, enfim, juntos

O grande show que conhecemos pelo nome de Champions League, antes de sua fase de grupos, tem quatro fases eliminatórias, entre times não tão conhecidos do grande público. No play-off, derradeira dessas fases, já é possível ver times de tradição jogando - e fazendo bons jogos.
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O play-off é dividido em dois grupos, de cinco jogos cada: o dos campeões e o dos não-campeões nacionais. Pelo fato dos campeões nacionais das ligas mais conhecidas já terem vaga direta na fase de grupos, é na fase dos não-vencedores que os times de maior tradição se degladiam. Caso, por exemplo, de Arsenal x Udinese. Após vencer suadamente em Londres, o Arsenal tomou um gol de Di Natale, mas soube virar com Van Persie e Walcott, 2x1, e classificou-se. O tetracampeão europeu Bayern de Munique, em marcha lenta, fez 1x0 no Zurich e também passou. Sem grandes sustos, o bicampeão europeu Benfica passou como quis pelo Twente, 3x1 no Estádio da Luz. Em duelo equilibrado, Rubin Kazan e Lyon empataram em 1x1 na Rússia, resultado que classificou os lioneses pela vitória na partida de ida. Dos times de ligas tradicionais, quem mais sofreu foi o Villarreal, que perdeu na Dinamarca para o Odense e só deslanchou no segundo tempo da segunda partida, quando fez 3x0.
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No lado dos campeões, houve de tudo. A surpresa foi a eliminação do Kopenhagen, oitavo-finalista da Champions League passadae eliminado precocemente pelo Viktoria Plzen com duas derrotas, a segunda por 2x1, na República Tcheca. Houve muita emoção na classificação do APOEL Nicósia, já que o gol da classificação, o terceiro dos 3x1, marcado pelo brasileiro Aílton, veio só aos 42 do segundo tempo. Também houve pênaltis, entre Genk e Maccabi Haifa, após duas vitórias dos mandantes por 2x1. Nas cobranças, fáceis 4x1 pros belgas do Genk. E também houve a confirmação do favoritismo na segunda partida, com vitória do BATE Borisov ante o Sturm Graz, fora de casa, por 2x0.
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Dois jogos abriram a rodada da série B. Neles, dois grandes times, com história na série A, venceram em casa. O Sport entrou no G4 ao bater o Vila Nova, por 2x0, gols de Willians e Naldinho. Já o Goiás fez o clássico placar de 3x0 no Guarani, gols de Wellington, Felipe Amorim e Elivelton.
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O eixo Rio-São Paulo, força econômica motriz do Brasil, fez-se presente na Copa Sul-Americana. Todas as quatro vagas na fase internacional da competição ficaram com esses times. Após novamente vencer seu freguês Atlético Mineiro por 1x0, numa arbitragem tenebrosa de Wilson Luiz Senemem que marcou um pênalti duvidoso e deixou de marcar lances para o Galo, o Botafogo eliminou o time das Alterosas. Longe de casa, o Flamengo venceu o Atlético Paranaense por 1x0 e despachou o time do Sul. O São Paulo conseguiu reverter a vantagem que o Ceará construiu no Nordeste num segundo tempo excelente da equipe tricolor, finalizando a partida com um confortável 3x0. Como o último confronto, amanhã, é entre Vasco x Palmeiras, cariocas e paulistas repartilharão entre si as vagas nacionais. Em fases anteriores da Copa Sul-Americana ( o confronto entre brasileiros já é pela segunda fase ), o Santa Fé venceu a Universidad Cesar Vallejo, do Peru, por 2x0, levando a vaga para a Colômbia, para enfrentar o Deportivo Cali.
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Em partida isolada pelo Brasileirão, adiada graças a campanha do tricampeonato na Libertadores, o Santos venceu o Fluminense, na Vila Belmiro, por 2x1. Borges, novamente artilheiro do campeonato, fez os dois gols do Peixe, enquanto Rafael Moura descontou para o time das Laranjeiras.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bruno Mars ~ Grenade

A música, por si só, é muito boa. Ritmo legal, Bruno Mars com um bom trabalho vocálico e um coral discreto no refrão me chamam a atenção. Mas, ao ver a tradução da música, esses dias, ela me chamou ainda mais a atenção por mostrar um eu-lírico que sofre e continue desejando quem o fez sofrer. Eu só tiraria as acusações, mas... é por aí.
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" Easy come, easy go
That's just how you live, oh
Take, take, take it all
But you never give

Should've known you was trouble
From the first kiss
Had your eyes wide open
Why were they open?


Gave you all I had
And you tossed it in the trash
You tossed it in the trash, you did

To give me all your love
Is all I ever asked 'cause
What you don't understand is

I'd catch a grenade for ya
Throw my hand on a blade for ya
I'd jump in front of a train for ya
You know I'd do anything for ya

Oh oh, I would go through all of this pain
Take a bullet straight through my brain
Yes, I would die for you, baby
But you won't do the same

No, no no

Black, black, black and blue
Beat me 'til I'm numb
Tell the devil I said "hey"
When you get back to where you're from

Mad woman, bad woman
That's just what you are
Yeah, you'll smile in my face
Then rip the brakes out my car

Gave you all I had
And you tossed it in the trash
You tossed it in the trash, yes you did!

To give me all your love
Is all I ever asked, 'cause
What you don't understand is

I'd catch a grenade for ya
Throw my hand on a blade for ya
I'd jump in front of a train for ya
You know I'd do anything for ya

Oh oh, I would go through all of this pain
Take a bullet straight through my brain
Yes, I would die for you, baby
But you won't do the same

If my body was on fire
Oh, you'd watch me burn down in flames
You said you loved me, you're a liar
'Cause you never, ever, ever did baby

But darling, I'd still catch a grenade for ya
Throw my hand on a blade for ya
I'd jump in front of a train for ya
You know I'd do anything for ya

Oh oh, I would go through all of this pain
Take a bullet straight through my brain
Yes, I would die for ya, baby
But you won't do the same

No, you won't do the same
You wouldn't do the same
Oh, you'd never do the same
Oh, no no no

Alguém especial ~ Ivan Martins, para a revista Época

" “Ficar com muita gente é fácil”, diz um amigo meu, com pouco mais de 25 anos. “Difícil é achar alguém especial”.

Faz algum tempo que tivemos essa conversa. Ele tentava me explicar por que, em meio a tantas garotas bonitas, a tantas baladas e viagens, ele não se decidia a namorar.

Ele não disse que estava sobrando mulher. Não disse que seria um desperdício escolher apenas uma. Não falou em aproveitar a juventude ou o momento e nem alegou que teria dificuldade em escolher. Disse apenas que é difícil achar alguém especial.

Na hora, parado com ele na porta do elevador, aquilo me pareceu apenas uma desculpa para quem, afinal, está curtindo a abundância. Foi depois que eu vim a pensar que existe mesmo gente especial, e que é difícil topar com uma delas.


Claro, o mundo está cheio de gente bonita. Também há pessoas disponíveis para quase tudo, de sexo a asa delta. Para encontrar gente animada, basta ir ao bar, descobrir a balada, chegar na festa quando estiver bombando. Se você não for muito feio ou muito chato, vai se dar bem. Se você for jovem e bonita, vai ter possibilidade de escolher. Pode-se viver assim por muito tempo, experimentando, trocando de gente sem muita dor e quase sem culpa, descobrindo prazeres e sensações que, no passado, estariam proibidos, especialmente às mulheres.

Mas talvez isso tudo não seja suficiente.

Talvez seja preciso, para sentir-se realmente vivo, um tipo de sensação que não se obtém apenas trocando de parceiro ou de parceira toda semana. Talvez seja preciso, depois de algum tempo na farra, ficar apaixonado. Na verdade, ficar apaixonado pode ser aquilo que nós procuramos o tempo inteiro – mas isso, diria o meu jovem amigo, exige alguém especial.

Desde que ele usou essa fatídica expressão, eu fiquei pensando, mesmo contra a minha vontade, sobre o que seria alguém especial, e ainda não encontrei uma resposta satisfatória. Provavelmente porque ela não existe.

Você certamente já passou pela sensação engraçada de ouvir um amigo explicando, incansavelmente, por que aquela garota por quem ele está apaixonado é a mulher mais linda e mais encantadora do mundo – sem que você perceba, nela, nada de especial. OK, a garota é bonitinha. OK, o sotaque dela é charmoso. Mas, quem ouvisse ele falando, acharia que está namorando a irmã gêmea da Mila Kunis. Para ele ela é única e quase sobrenatural, e isso basta.

Disso se deduz, eu acho, que a pessoa especial é aquela que nos faz sentir especial.

Tenho uma amiga que anda apaixonada por um sujeito que eu, com a melhor boa vontade, só consigo achar um coxinha. Mas o tal rapaz, que parece que nasceu no cartório, faz com que ela se sinta a mulher mais sensual e mais arrebatada do planeta. É uma química aparentemente inexplicável entre um furacão e um copo de água mineral sem gás, mas que parece funcionar maravilhosamente. Ela, linda e selvagem como um puma da montanha, escolheu o cara que toma banho engravatado, entre tantos outros que se ofereciam, por que ele a faz sentir-se de um modo que ninguém mais faz. E isso basta.

É preciso admitir que há gente que parece especial para todo mundo. Não estou falando de atores e atrizes ou qualquer dessas celebridades que colonizam as nossas fantasias sexuais como cupins. Falo de gente normal extremamente sedutora. Isso existe, entre homens e entre mulheres. São aquelas pessoas com quem todo mundo quer ficar. Aquelas por quem um número desproporcional de seres humanos é apaixonado. Essas pessoas existem, estão em toda parte, circulam entre nós provocando suspiros e viradas de pescoço, mas não acho que sejam a resposta aos desejos de cada um de nós. Claro, todo mundo quer uma chance de ficar com uma pessoa dessas. Mas, quando acontece, não é exatamente aquilo que se imaginava. Você pode descobrir que a pessoa que todo mundo acha especial não é especial para você.

Da minha parte, tendo pensado um pouco, acho que a pessoa especial é aquele que enche a minha vida. Ela é a resposta às minhas ansiedades. Ela me dá aquilo que eu nem sei que eu preciso – às vezes é paz, outras vezes confusão. Eu tenho certeza que ela é linda por que não consigo deixar de olhá-la. Tenho certeza que é a pessoa mais sensual do mundo, uma vez que eu não consigo tirar as mãos dela. Certamente é brilhante, já que ela fala e eu babo. E, claro, a mulher mais engraçada do mundo, pois me faz rir o tempo inteiro. Tem também um senso de humor inteligentíssimo, visto que adora as minhas piadas. Com ela eu viajo, durmo, como, transo e até brigo bem. Ela extrai o melhor e o pior de mim, faz com que eu me sinta inteiro.

Deve ser isso que o meu amigo tinha em mente quando se referia a alguém especial. Se for isso vale a pena. As pessoas que passam na nossa vida são importantes, mas, de vez em quando, alguém tem de cavar um buraco bem fundo e ficar. Essas são especiais e não são fáceis de achar. "