quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sobrevivi !


Calma, este blog não morreu. Sei que são poucos os que o veem, mas este humilde endereço eletrônico ainda não se exauriu - apesar da incessante lutra contra essa entidade tão devastadora e abstrata que é o tempo. Sempre disse que ele seria o único bem capaz de me deter, e ele tenta isso todo dia, mas não conseguiu - e nem conseguirá, um dia.
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Mas a situação anda difícil por aqui. Não, ao contrário do que a oração anterior pareceu dizer, eu vou muito bem, obrigado. A pessoa que eu mais amo no mundo e eu vamos muito bem, não há novidades ruins de destaque, venho conseguindo um dinheiro extra graças a um freelancer na área de jornalismo esportivo, meu estágio segue sua rotina de imprevistos previstos... nada de ruim ou de inesperado que me cause algo absurdo. 
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A semana que vai se encerrando, no entanto, foi complicada. Desde o começo do semestre sabia que ela seria corrida e me preparei para isso, mas ela foi ainda pior que o esperado. Duas das provas mais difíceis vieram - e nem o alívio graças às boas notas obtidas em trabalhos anteriores me deixaram em paz; a entrega do meu Projeto Integrado, que vale boa parte da minha nota do meu semestre, também me tirou do sério. Por fim, o sempre desgastante (longe de ser ruim) trabalho.
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 O importante é que eu e esse blog continuamos aqui, e em breve voltaremos às nossa rotina. 

domingo, 20 de maio de 2012

Tabelão dos estaduais

No começo do ano o fã de futebol já sabe: antes do nacional, os estaduais dão sua cara. Hoje maltratados, eles deram a cara do futebol brasileiro e ainda são importantes, mesmo necessitando urgentemente de modificações em suas fórmulas e datas. Vamos especificar cada campeonato:
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PAULISTÃO
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A cara do estadual mais forte do país foi definida desde cedo. Os 4 grandes mais Ponte Preta, Guarani, Bragantino e o surpreendente Mogi-Mirim íam pra próxima fase; a dupla Come-Fogo, XV de Piracicaba, Catanduvense e a surpresa negativa do Paulistão, a Portuguesa, estavam sempre ameaçados. Os demais lutavam pelo Troféu do Interior, se é que isso é motivo de alguma briga que se preze. A surpresa veio no final da chatíssima primeira fase, com o rebaixamento da Lusa. Nas quartas-de-final, o Corinthians sucumbiu em casa ante a Ponte Preta e o Palmeiras perdeu para um espetacular Guarani em Campinas. Nos dois clássicos das semifinais, Bugre e Peixe deram um sacode em Ponte e São Paulo, respectivamente, e fizeram uma inédita final estadual. Com Neymar, Ganso, Arouca e cia., ficou fácil pro Santos vencer o coletivo bugrino, digno de muito respeito após um 2011 difícil. Tricampeonato santista com todo o mérito.
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Campeão: Santos (20° título)
Vice: Guarani
Campeão do Interior: Mogi-Mirim
Rebaixados: Portuguesa, Guaratinguetá, Catanduvense e Comercial. 
Classificados para a série D: Mogi-Mirim e Mirassol
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CARIOCA
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Não há muito o que dizer, como sempre. O estadual mais charmoso do Brasil há muito sustenta-se apenas por sua fórmula de disputa repleta de finais e jogos decisivos. Mas, como sempre, os 4 grandes estaduais deram de braçadas. Nem mesmo o Bangu, que tirou o campeão Fluminense da Taça Rio, deu graça ao frio campeonato. No final das contas, o Flamengo decepcionou demais e o Fluminense mostrou que tem o melhor time do Rio de Janeiro, com alguma sobra. Também devemos destacar o ótimo trabalho do técnico botafoguense Oswaldo de Oliveira, que deu uma cara pragmática ao Botafogo e foi longe, mantendo uma grande invencibilidade mesmo com um time inferior aos seus grandes rivais. Mas, na final, prevaleceu o melhor.
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Campeão da Taça Guanabara: Fluminense 
Campeão da Taça Rio: Botafogo
Campeão: Fluminense (31° título)
Campeão do Troféu Edilson Silva: Nova Iguaçu
Campeão do Troféu Luiz Penido: Fluminense
Rebaixados: Americano e Bonsucesso.
Classificados para a série D: Friburguense (via Copa Rio) e Resende
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MINEIRO
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Quando eu comecei a ver futebol, no final dos anos 90, o campeonato mineiro era demais. Além de Cruzeiro e Atlético, o América vivia surpreendendo e ainda tínhamos o Villa Nova de Nova Lima, conhecida pedra no sapato dos grandes. Com o tempo, América e Atlético tornaram-se sombras do Cruzeiro. Times movidos por dinheiro externo, como Boa Esporte e Tupi, surgiram, mas não conseguiam ser páreo para a equipe celeste. O Ipatinga chegou a ganhar um estadual, mas não teve continuidade - hoje está no Módulo II, segundo divisão estadual. Após a final da Libertadores de 2009, em que o Cruzeiro tomou a virada e perdeu o tri continental para o Estudiantes de La Plata, a Raposa perdue força. O golpe veio após a eliminação na Libertadores de 2011 para o Once Caldas, após ser o melhor time da primeira fase da competição. Desde então, o Cruzeiro perdeu força. O estadual sentiu isso na edição de 2012. Sem nenhum time com potencial, ganhou o menos pior. O Galo nem foi tudo isso, mas venceu o aguerrido América, que tirou o Cruzeiro nas semifinais. Destaque também para o Nacional de Nova Serrana, que disputou pela primeira vez a primeira divisão, quase foi para a smeifinal (foi vencido pelo Tupi na disputa) e vai para a série D de 2012. Pelo bem da tradição do futebol mineiro, o Villa Nova, ameaçado desde o começo da competição, ficou. O Galo tornou-se ainda mais hegemônico em Minas Gerais, mas o que fica do estadual de 2012 é o péssimo nível técnico. 
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Campeão: Atlético (41°título)
Vice: América
Rebaixados: Democrata e Uberaba
Classificados para a série D: Nacional e Guarani
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GAUCHÃO
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Retomando o mineiro: o campeonato das Alterosas ficou um tempo considerável com um time hegemônico. É isso que anda acontecendo no extremo sul do país. Com a queda vertiginosa de qualidade do Grêmio nos últimos tempos, o Internacional tornou-se o grande papão gaúcho de títulos - não só dentro como fora do estado. Esse ano isso ficou ainda mais evidente ao vermos que a final do Gauchão foi Inter e Caxias. O Bepe venceu uma improvável final da Taça Piratini ante o Novo Hamburgo, após o time de Caxias do Sul eliminar o Grêmio, que havia tirado o colorado nas quartas-de-final. Na Taça Farroupilha tudo voltou ao normal: Gre-Nal na final e vitória vermelha na decisão. Na finalíssima o Caxias assustou demais o Inter, mas o time colorado, muito superior, prevaleceu. 
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Campeão da Taça Piratini: Caxias
Campeão da Taça Farroupilha: Internacional
Campeão: Internacional (41° título)
Campeão do Interior: Veranópolis
Rebaixados: Avenida e Ypiranga
Classificados para a série D: Juventude (via Copa Dra. Laci Ughini) e Cerâmica.
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CATARINENSE
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As federações estaduais parecem querer acabar com seus campeonatos país afora, mas a Federação Catarinense está de parabéns por conseguir levar com sobras o troféu de campeonato mais ridículo do país - e olha que os concorrentes eram fortes. O Figueirense venceu os dois turnos do campeonato e mesmo assim teve que disputar uma bizarra segunda fase, sem critério algum, contra o Joinville. A final foi contra o Avaí e, pasmem, o Figueira perdeu as duas partidas e foi vice-campeão estadual após dar de braçadas na primeira fase. Ridículo.
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Campeão: Avaí (16° título)
Vice: Figueirense
Rebaixados: Marcílio Dias e Brusque
Classificados para a série D: Metropolitano e Marcílio Dias (via Copa Santa Catarina)
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PARANAENSE
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Dois turnos, o campeão do primeiro e o campeão do segundo enfrentado-se na final. Simples, mas chato demais. E a final, como é rotineiro no Paraná, deu-se entre Atlético e Coritiba. Nas finais, dois empates: 2x2 na Vila Capanema (adotada como casa do Furacão graças ao término das reformas da Arena da Baixada para a Copa do Mundo) e 0x0 no Couto Pereira. Nos pênaltis, Guerrón perdeu e o Coxa foi campeão. Destaque para as ótimas campanhas de Cianorte e do tradicional Londrina, e a surpresa Arapongas, que venceu o campeonato do interior. Faltou o Paraná na disputa, que disputa a série Prata do paranaense.
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Campeão: Coritiba (36° título)
Vice: Atlético
Campeão do Interior: Arapongas
Rebaixados: Roma Apucarana e Iraty.
Classificados para a série D: Arapongas e Cianorte
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GOIANÃO
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Fica cada vez mais nítido o quanto Goiás e Atlético Goianiense são reis de Goiás. As duas equipes colocaram 16 e 15 pontos, respectivamente, sobre os outros dois melhores times da primeira fase, CRAC e Vila Nova - que, aliás, está em queda livre, infelizmente. O campeonato, porém, tem suas doses de equilíbrio: do terceiro até o sexto, apenas três pontos de diferença. Do sétimo ao nono (que seria rebaixado), apenas dois. Falando em rebaixamento, é triste ver a situação da Anapolina, que foi lanterninha e está na segunda divisão estadual. A Xata de Goiás, que já foi um grande incômodo a níveis nacionais, também segue ladeira abaixo, tal qual o Vila, que perdeu as duas partidas para o arquirrival Goiás no Derby do Cerrado semifinal. Na outra perna, destaque para os incríveis 8x0 do Dragão no CRAC, após um já sonoro 4x1 na primeira partida. Nas finais, dois empates: 1x1 e 2x2, respectivamente. Por ter a melhor campanha na primeira fase, o Goiás levou a melhor sobre o Atlético, impedindo o tricampeonato do Dragão. 
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Campeão: Goiás (23° título)
Vice: Atlético
Rebaixados: Morrinhos e Anapolina
Classificados para a série D: CRAC e Aparecidense
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BAIANÃO
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Mais um estadual que tornou-se sem graça graças à supremacia dos grandes. Ou melhor, a supremacia de um dos grandes. O Bahia foi um dos times mais sensacionais do país, com 57 gols marcados em 22 jogos e um aproveitamento de pontos incrível de quase 79% dos pontos. O Vitória também foi bem, mas foi engolido pelo Tricolor de Paulo Roberto Falcão. Nas semifinais, dois sustos para os gigantes: Vitória da Conquista e Feirense venceram a dupla BaVi, respectivamente. Nos segundos jogos, 1x0 e 3x2 e a classificação dos grandes, muito suada. Nos clássicos finais, dois empates em 0x0 e um espetacular 3x3 deram o título pro segundo maior campeão estadual do país. Destaque também para o maior artilheiro dos estaduais Brasil afora: Neto Baiano, do vice-campeão Vitória, com incríveis 27 gols.
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Campeão: Bahia (44° título)
Vice: Vitória
Rebaixados: Camaçari e Itabuna
Classificados para a série D: Feirense e Vitória da Conquista (via Copa Estado da Bahia)
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ALAGOANO
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Dois times mais fortes do estado atualmente, CRB e ASA decidiram o estadual e deixaram o gigante CSA de fora - que foi até a final do segundo turno, mas foi batido pelo time de Arapiraca. Um dos estaduais que mais sofreu com a derrocada dos times grandes (de 2000 até 2011 os grandes venceram apenas duas vezes), Alagoas viu uma classe média de times muito forte surgir. ASA (conhecido nacionalmente após eliminar o Palmeiras da Copa do Brasil de 2002), Murici e Corinthians são campeões surgidos dessa nova leva. Outro dessa classe que surgiu e decepcionou demais esse ano foi o Coruripe, rebaixado para a segunda divisão. 
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Campeão: CRB (26° título)
Vice: ASA
Rebaixados: Coruripe e Penedense
Classificado para a série D: CSA
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PERNAMBUCANO
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Pernambuco tem dois times na série A do Brasileirão, Sport e Náutico. Pois bem, quem venceu o estadual ? Sim, o Santa Cruz, da série C nacional. Com um dos campeonatos de maior peso no país, o estado viu um campeonato sem muitas emoções, mas com alguns destaques. O Náutico chegou a ficar 6 partidas sem vitória, uma enormidade num campeonato com um nível técnico tão deficiente. O destaque negativo fica por conta do tradicional América, 6 vezes campeão estadual e que ficou um bom tempo na série A2. No ano de seu retorno para a primeira divisão, rebaixamento. O Sport dominou a primeira fase, como é comum. Santa Cruz e o sempre surpreendente Salgueiro se degladiavam pela segunda colocação, que ficou com a cobra coral. O Náutico até chegou a correr algum risco, mas ficou com a quarta vaga. Como era de se esperar, o Timbu não foi páreo para o Leão, bem como o Santa passou pelo Salgueiro. Na reedição da final do ano passado (que tirou o inédito hexacampeonato rubro-negro), o Santa Cruz foi até a temida Ilha do Retiro e fez 3x2 no Sport, ganhando um bicampeonato que não vinha desde 1989 - quando o venceu derrotando o mesmo Sport. Destaque para Dênis Marques, artilheiro do estadual com 15 gols, um ídolo instantâneo coral.
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Campeão: Santa Cruz (26° título)
Vice: Sport
Rebaixados: Araripina e América
Classificados para a série D: Petrolina e Ypiranga
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PARAIBANO
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Campeonato pouco falado, mas bem disputado. A maior surpresa aconteceu nas semifinais, onde o Sousa eliminou o Treze, dos maiores times da Paraíba. Na final, porém, o pequeno não foi páreo para o Campinense, de peso bem maior. O equilíbrio foi a marca do estadual, com os cinco primeiros separados apenas por três pontos. 
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Campeão: Campinense (19° título)
Vice: Sousa
Rebaixados: Esporte e Flamengo
Classificado para a série D: Sousa
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POTIGUAR
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Simples e rápido, como todo estadual deveria ser. Dois turnos (que poderiam ser menores, mas enfim), semifinais e finais de cada um, os dois vencedores se enfrentam na final estadual. Dessa vez, os dois gigantes do Rio Grande do Norte se sobrepuseram aos demais: o ABC no primeiro turno e o América no segundo. Na final, duas vitórias do Mecão sobre o arquirrival, maior vencedor de estaduais do país. 
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Campeão: América (34° título)
Vice: ABC
Rebaixado: Caicó
Classificado para a série D: Baraúnas
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CEARENSE
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Longos 24 jogos até acontecer o que todo mundo já sabia: Clássico-Rei na final. Em nenhum momento Ceará e Fortaleza foram barrados pelos pequenos, que sequer chegaram a assustar. Nem mesmo tiems de maior peso como Ferroviário, Icasa e Guarany de Sobral assustaram esse ano. Na final, os dois empates por 0x0 e 1x1 deram o caneco para o Vôzão, de melhor campanha na primeira fase.
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Campeão: Ceará (41° título)
Vice: Fortaleza
Campeão da Taça Padre Cícero: Horizonte
Rebaixados: Trairiense, Cratéus e Itapipoca
Classificado para a série D: Horizonte
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PARAENSE
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Por fim, um dos estaduais com um dos regulamentos mais escrotos que eu conheço. O primeiro turno, chamado de Taça ACLEP, tem 8 times do segundo escalão. Essa fase, quase preliminar, dá duas vagas diretas na segunda divisão e duas vagas para o restante do campeonato. A Taça Cidade de Belém dava uma vaga na finalíssima, obtida pelo Cametá, após final contra o Águia de Marabá. Nessa fase, ninguém foi rebaixado. Já na Taça Estado do Pará, que teve o Remo como campeão em novo vice-campeonato do Águia de Marabá, um time cairia, e a vítima foi o tradicionalíssimo Tuna Luso, mesmo tendo campanha melhor que o São Raimundo e idêntica ao Independente. Você entendeu ? Pois bem, nem eu. No final das contas, o Cametá passou pelo Remo e, de maneira inédita e surpreendente, venceu o Parazão. 
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Campeão: Cametá (1° título)
Vice: Remo
Rebaixados: Tuna Luso, Ananindeua e Sport Belém
Classificado para a série D: Remo.
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DEMAIS ESTADUAIS
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CAPIXABA: Campeão -> Aracruz (1°título)
SUL-MATOGROSSENSE: Campeão -> CENE (4° título)
MATOGROSSENSE: Campeão -> Luverdense (2° título)
BRASILIENSE: Campeão -> Ceilãndia (2° título)
MARANHENSE: Campeão -> Sampaio Corrêa (30° título)
SERGIPANO: Campeão -> Itabaiana (10° título)
TOCANTINENSE: Campeão -> Gurupi (5° título)
AMAZONENSE: Campeão -> Penarol (2°título)
Os demais estaduais ainda não terminaram. Pasmem, alguns sequer começaram, ainda. Apesar disso, os estaduais não podem morrer. Devem sim ser (muito) modificados, mas a paixão brasileira por futebol começou aqui, bem como diversas rivalidades aqui se mantém. É história e tradição demais para acabar melancolicamente.

Blue is the color. So... the game is unfair ?


Prólogo: após o título conquistado ontem, os torcedores do Chelsea começaram a cantar "Blue is the color, football is the game". Modificado, o canto transformou-se em título dessa postagem.
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Pelo bem do futebol, a final da Champions League da temporada 2011-2012 sós erá lembrada a partir dos 37 minutos do segundo tempo. Não é exagero nenhum falar que o jogo começou de verdade após o gol de Thomas Muller, já que antes disso o que se viu era um jogo frio e sem muita graça nem grandes emoções.

Quando Muller cabeceou, a muralha Petr Cech (que vinha fazendo uma partidaça e depois se recuperaria com sobras, como vocês verão a seguir) falhou e o Bayern fez 1x0, muito se pensou. Pensaram que o time que procurou o gol merecia, que o Chelsea era amarelão, que o Bayern tinha muito mais camisa que os Blues e que Muller (que não jogou nada a temporada inteira, não vinha jogando muito bem na final mas que ia anotando o gol do pentacampaeonato) tinha estrela. Disso tudo, concordo apenas com a última afirmação. Muller não anda jogando muito bem depois da Copa, mas adora jogos importantes. Sobre as outras afirmações, o próprio jogo as anulariam.
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Algum tempo depois, o Chelsea teria o seu primeiro escanteio no jogo, a menos de cinco minutos para a final acabar. Drogba completou o cruzamento com uma finalização de cabeça que mais parecia um tiro de tão forte. Neuer também falhou, e, como eu disse anteriormente, ninguém mais pensava o tipo de baboseira que eu citei.
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A prorrogação, como em um belo manual de anti-clímax, teve seu melhor momento logo no comecinho: Drogba, autor do gol do Chelsea, calçou Ribery por trás. Pênalti que Robben bateu e fez Cech se redimir. Penalidade muito mal batida por um jogador com histórico de erros em pênaltis, como a que praticamente deu o bicampeonato alemão para o Borussia Dortmund, nessa temporada. E Drogba foi de herói para anti-herói em um lance, e no seguinte tornou-se herói novamente. 
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Nos pênaltis, Mata perdeu para o Chelsea e, pouco depois, o terrível Olic desperdiçou para os alemães. Na última cobrança do Bayern, Schweinsteiger. um dos melhores jogadores alemães da atualidade, chutou na trave. Pressentindo o pior, ele voltou para o meio campo chorando feito criança. A decisão, novamente, estava sob responsabilidade de Drogba. Como homem decisivo, o marfinense colocou a bola no canto direito de Neuer, selando um inédito título do Chelsea. Épico, conquistado na casa de um adversário mais forte após tirar um dos melhores times da história do futebol nas semifinais.
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Isso tudo dentro de campo. Entre conhecidos e amigos, ouvi, principalmente, três queixas: a falta de tradição do time inglês, o supertime londrino financiado às custas de um homem que tornou-se bilionário às custas de um sistema corrupto, aproveitando-se de brechas da lei e o futebol feio dos Blues.
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Antes de tudo, concordo com tudo o que foi dito. Mas não me queixo.
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O Chelsea está longe de ser um papa-títulos europeu ou inglês. Diga-se de passagem, é, no melhor dos muntos, o terceiro time em tradição da cidade de Londres. E daí ? Ontem eles tornaram-se os primeiros a ganhar a Champions da capital inglesa. Na era Abramovich, aliás, o time tem números respeitáveis na Champions. Antes de seu título e já com o russo no comando, os Blues chegaram a uma final, quatro semifinais, uma quartas-de-final e duas oitavas-de-final.Com tanta experiência adquirida, era óbvio que o título viria, cedo ou tarde. 
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Outro aspecto importante: Petr Cech, Ashley Cole, John Terry, Frank Lampard e Didier Drogba estão no time há muito tempo. Um em cada posição, formando a espinha dorsal do time, decisiva. Ontem, os quatro principais jogadores alemães (Robben, Ribbery, Schweinsteiger e Neuer) falharam em lances decisivos, enquanto os do Chelses mataram o jogo, literalmente, nessas horas. 
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Me irrita a tradição de muitos brasileiros de afirmar que um título só tem valor quando é conquistado com lances plásticos e um futebol bonito. O vencedor é quem leva a taça pra casa. Pode não ser o melhor, mas eu quero ser campeão, sempre, seja melhor ou pior. Ontem, o time treinado por Di Matteo fez um sistema defensivo exemplar, intransponível na imensa maioria do tempo. Com muita eficiência, bloqueando o Bayern nos pontos certos, o time venceu um adversário superior. E superar-se é um dos maiores méritos que um time de futebol pode ter. Aceitar que é inferior, jogar feio e saber o que fazer a cada segundo é uma imensa virtude. 
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De fato o dinheiro de Abramovich tem uma origem escusa. Mas, vendo a torcida azul em polvorosa como nunca antes, o que podemos fazer ? Ninguém os comprou para fazer festa, eles seguem o time desde quando o time de Londres tinha como maior clássico o do oeste de Londres, contra o Fulham. Hoje, o Chelsea subiu vários patamares e faz clássicos mundiais. Enquanto não tivermos leis no futebol mundial para afastar aventureiros como Abramovich, sofreremos com um futebol sujo. Sujo, mas bonito pela alegria dos torcedores. E eu espero que os torcedores orgulhem-se da história dos Blues, e não só do presente. 
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Parabéns ao Chelsea, um dos campeões mais improváveis da história da Champions. Mas saibam que improvável não é o mesmo que ser desmerecido.

sábado, 19 de maio de 2012

Faculdades vermelhas


Sempre tive a impressão que, historicamente, faculdades e universidades eram redutos de pensamentos que não eram colocados em práticas pela sociedade moderna. Isso na política, nas artes, na cultura, no cotidiano e assim vai. A veia política desse meu achismo foi confirmada, ratificada e cresceu muito aqui na América Latina conforme as ditaduras militares iam ascendendo ao poder. As faculdades tornaram-se, então, antros socialistas na região. Aqui no Brasil não foi diferente.
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A USP sofreu com o governo militar o que jamais outra instituição educacional no país sentiu na pele. O caso de Vladimir Herzog, jornalista preso pelo DOPS e que foi assassinado (enquanto os milicos diziam que ele havia se suicidado e forjaram a cena da morte de maneira risível) ilustra bem isso. Desde então, quase todas as faculdades do país com alguma veia política aderiram ao socialismo. 
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Não digo que acho isso ruim nem bom, não é essa a minha intenção aqui. Inclusive, acho que o debate puro entre correligionários de duas formas de governo é superficial e bem chato. Mas fica a minha percepção e, porque não, sugestão: as faculdades deveriam abrir suas portas ao pensamento neoliberal. 
Estou longe de ser neoliberal, muito longe mesmo. Mas sou romântico ao ponto de enxergar a faculdade como a casa do saber. Um saber amplo e de toda e qualquer forma, sem distinção ou censura alguma. Centralizar seus pensamentos políticos em apenas uma forma de governar, por mais utópica que ela seja, é um erro. 

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Hoje, tudo o que é considerado "de direita" em muitas faculdades é visto como o diabo. Não são poucos os que torcem o nariz e recusam-se até mesmo a discutir a viabilidade de uma discussão contemporânea entre socialismo e capitalismo. Todos perdem com isso. 
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Todas as faculdades ensinam Marx, Engels, Webber e Hegel. Todas, sem exceção. Acho esses nomes, como vários outros de tendência esquerdista, muito importantes para o desenvolvimento intelectual de qualquer pessoa - falei sobre isso aqui. Mas quantas faculdades lecionam Adam Smith, John Locke e David Hume ? Quantas vezes já ouviu-se falar da Escola Austríaca, de Ludwig von Mises, de Friedrich Hayek ou de Carl Menger ? Contrapondo duas visões tão distintas, os alunos sairiam muito mais críticos e poderiam ter uma visão bem mais ampla do que estão discutindo, o que abriria mentes e criaria ótimos debates acadêmicos, lições que seriam levadas por toda a vida. 

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Aqui, há uma exceção, mas da pior maneira possível. Mais que ensinar vários autores neoliberais, o Mackenzie fecha as portas para os pensadores e alunos de tendência socialista. Isso cria alienados e universitários que não sabem discutir, outro desserviço para a sociedade. Vale ressaltar que o Mackenzie é, até hoje, reduto de jovens reacionários, os mesmos que apoiavam a ditadura e todas as agruras que ela fez o Brasil enfrentar. 
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Ainda sonho ver faculdades que sejam, de fato, a casa do livre pensamento. Mais do que isso: quero ver faculdades onde todo e qualquer pensamento seja aceito e discutido. 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

As duas frases da SMS de Cândido Vaccarezza

O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi flagrado por um repórter cinematográfico do SBT enviando uma SMS para o governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB-RJ) acerca de sua convocação (ou não) para a CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira. A íntegra da SMS é a seguinte:
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"A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso, e nós somos teu (sic)."
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Essa imagem foi uma das mais incríveis da imprensa nacional nos últimos tempos, e uma das gafes mais absurdas que já vi de um político braisleiro - e olha que já foram muitas. Mas... que tal dissecá-la e tentar jogá-la em seus respectivos contextos ?
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"A relação com o PMDB vai azedar na CPI."
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Vindo de um petista influente como é Vaccarezza, essa frase significa muito. Desde o início do governo de Dilma Rousseff o PT sofre com a pressão dos partidos da base aliada, que querem mais cargos políticos de importância. O PMDB não é só um aliado ou um parceiro importante: é o maior parceiro do PT no atual governo. Um partido que no centro-sul nacional tem pouco destaque (com exceção de RJ e RS), mas que no norte-nordeste é fortíssimo. Como o deputado fala para um peemedebista, tão simplesmente, que a relação entre os dois partidos vaia zedar ? Isso é quase um assassinato da aliança entre as duas legendas. E essa primeira frase pouco repercutiu na impressão.
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Como será que os caciques do PMDB reagirão a essa frase do petista ? Só o tempo dirá. Mas aposto muito que isso não ficará assim, e que a relação já azedou. Azedou, inclusive, graças a essa frase ridícula. O PT que aguente. 
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"Mas não se preocupe, você e nosso e nós somos seus."
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Antes de mais nada, me permiti a corrigir a frase já que acho um disparate um deputado federal ser tão ignóbil a ponto de escrever o que escreveu, da forma que escreveu. Me recuso a assassinar tão cruelmente a língua-máter duas vezes no mesmo post.
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Eu sou do tempo em que CPI's valiam algo. Vi a CPI do Mensalão cortar cabeças no governo Lula, lembro de mesas debatendo o impeachment de Fernando Collor ou do caso dos anões do orçamento. Ultimamente, porém, as Comissões Parlamentares de Inquérito caíram na mesmice inoperante de tantas outras instituições do governo. O que sofreram os Sanguessugas ? Quem caiu na Operação Satiagraha ? Esses casos tiveram CPI's ? Não se reprima, leitor, caso não saiba: poucos sabem. Ninguém luta pelas CPI's, a ninguém interessa lutar pelas CPI's, das CPI's não sai mais nada e ninguém sabe o que acontece nelas. O melhor meio de punir infratores tornou-se agora uma mera formalidade onde alguns até podem bambear, mas ninguém mais vai cair. 
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A SMS diz muito, mas ninguém anda ligando muito pra isso. Quem liga pra política hoje em dia, aliás? 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O tipo de eleição que eu invejo

Nesse domingo, tivemos eleições em dois países europeus. Um é, historicamente, um dos países mais fortes do continente; o outro ganhou importância graças aos episódios que vem ocorrendo em sua política interna desde o estouro da crise imobiliária e bancária norte-americana, em 2008. 
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A França, segunda maior economia da União Europeia, elegeu o socialista François Hollande em detrimento do conservador Nicolas Sarkozy, que não conseguiu a reeleição. O resultado mostra novamente a tendência da maioria do eleitorado francês a medidas de recepção a imigrantes e de estímulos externos para acabar com a desigualdade social, como era de se esperar. O resultado me deixa feliz não porque esse ou aquele desse ou daquele partido venceram, mas sim porque o candidato apoiado pelos ultra-nacionalistas, que praticam xenofobia, sobretudo contra africanos muçulmanos, foi derrotado já no primeiro turno - no caso, Jean-Marie Le Pen.
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Já na Grécia, um caldeirão desde o fim da década passada, o partido conservador venceu a disputa, seguido pelo partido da esquerda radical e pelo partido do socialismo pan-helênico. Uma salada, não ? Pois é, isso só reflete a confusão que é a nova Grécia: sem rumo e sem entrar em consenso. Pior do que essa constatação é ver que os partidos mais votados têm ideias como abandonar o euro, a UE e continuar com a gastança do Estado. Isso tudo só vai levar o país mais para o buraco, já que um país endividado não pode manter várias pessoas na máquina estatal.
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Agora... leram os dois últimos parágrafos ? Eu falei de ideias, ideologias, pontos de vista. E falo de eleições - eleições essas que têm um sistema bem mais frágil que o brasileiro, diga-se de passagem. E o que falamos quando temos eleições aqui ? Não falamos de socialistas, radicais, nacionalistas. Falamos de chapas, ladrões, escândalos, ligações para chegar ao poder, e não manutenção de visões de mundo.
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Não acho que o espírito de vira-lata bateu, apenas acho que o nosso vira-latismo está em não resolver os nossos próprios problemas. Que tal mudar isso ?

sábado, 5 de maio de 2012

4 de maio, um ano depois

Há exatamente um ano átras, o futebol brasileiro vivia um de seus momentos mais vexatórios. Duma só vez, quatro time nacionais eram eliminados da Taça Libertadores da América. Uns de forma incrível, outros de forma mais banal e menos traumática, mas todos transformaram de uma só noite algo que marcou para sempre a história do esporte no país. Mais impressionante ainda é ver que cada time eliminado teve histórias bem distintas nesses pouco mais de 360 dias. Você pode relembrar o que significou aquela noite para o futebol nacional aqui.
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Dois times seguem bem: Internacional e Fluminense. O interessante é notar que as equipes tiveram eliminações bem distintas, embora seus times fossem superiores ao de seus rivais na época - Peñarol e Libertad, respectivamente.
O Fluminense de 2011 era um time reconhecidamente forte, mas que não tinha a consistência necessária para ser campeão da Libertadores. Perdeu para um Libertad que estava longe de ser brilhante, mas era aguerrido e tinha muito valor, com ótimos nomes, como Samudio, Rojas e Gamarra. Prevaleceu quem estava mais maduro, por mais que não fosse o melhor. Acho que a eliminação foi bem digerida até mesmo pelos próprios tricolores.
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Já o Internacional era o atual campeão da Libertadores e tinha um timaço. No Beira-Rio, vencer o Peñarol era fácil, a despeito da pesada camisa carbonera, detentora de 5 títulos continentais. Com um minuto de jogo o colorado abriu o placar, mas, em cinco minutos, dois gols uruguaios fizeram a equipe aurinegra a virar a partida e o confronto, que terminou mesmo 2x1 com o Inter, pasmem, eliminado. Esse foi um dos jogos mais incríveis que eu já vi em Libertadores da América, mostrando que camisa e raça valem bem mais que técnica nessa competição tão singular.
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Talver por ter eliminado um time tão bom o Peñarol ganhou ânimo. Na sequência da competição tirou os igualmente superiores Universidad Católica e Vélez Sarsfield, e só parou no infinitamente superior Santos, na final - não sem antes oferecer muita resistência ao Peixe. 
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Por fim, um último detalhe interessante: um anos após a Libertadores de 2011, Internacional e Fluminense são adversários nas mesmas oitavas-de-final da competição, um ano depois. Quer prova maior de que aquela data é eterna e cheia de mistério para o futebol do país ?
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Óutros dois times foram eliminados naquela trágica noite, mas, diferentemente de Inter e Fluminense, tiveram uma queda brutal de desempenho. Grêmio e Cruzeiro não têm apenas a cor azul e os quatro títulos de Copa do Brasil unindo-os: o fatídico 4 de maio também os une.
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Não há muito o que dizer sobre o Grêmio. O time já não vinha bem em 2011 e as duas derrotas incontestáveis para a Universidad Católica jogaram o time na lona, causaram a demissão do então técnico Renato Gaúcho e levaram o Imortal a uma espiral de coisas ruins. O time hoje encontra-se às traças, muito átras do rival Inter e desacreditado pela própria torcida.
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Aqui, vale uma explicação: hoje, ser eliminado pela Universidad Católica pode parecer bizarro. Na época, não era. A UC era o que hoje é a Universidad do Chile: um time envolvente, rápido e mortal. La U, aliás, tornou-se a máquina que é hoje a partir do segundo semestre, nas mãos do técnico Jorge Sampaoli. Até o primeiro semestre, o melhor time chileno era a Católica. Ou seja, o Grêmio foi, simplesmente, vítima de um time melhor. 
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A mais incrível de todas essas derrotas, na minha opinião, foi a do Cruzeiro. O time celeste vinha de uma primeira fase irretocável, sendo o melhor time da fase de grupos e enfrentaria um Once Caldas que classificou-se com apenas sete pontos ganhos. Tinha tudo para ser uma barbada, e ninguém apostaria no time cafetero.
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Em Manizales, o Cruzeiro apenas confirmou sua superioridade e venceu os colombianos por 2x1. A imensa surpresa veio no jogo de volta, em Sete Lagoas. Em 5 minutos, dois gols tomados (idêntico ao Inter), 2x0 no placar e uma eliminação embasbacante.
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Mais incrível que a eliminação da Raposa só o que veio a seguir. A demissão de Cuca e a desfragmentação total do time, que brigou para não cair no Brasileirão e que não chegou nem na final do fraquíssimo campeonato mineiro. Muito da péssima fase celeste atualmente tem a ver com a traumática eliminação na Libertadores do ano passado.
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É incrível ver como certas datas marcam e se fazem presentes mesmo após tanto tempo. Cabe a nós relembrá-las para exorcizá-las.

E agora?

Trânsito em São Paulo é algo tão comum que poderia fazer parte da música "Fico Assim Sem Você", de Claudinho e Buchecha. É igual arroz sem feijão, namoro sem abraço, queijo sem goiabada, futebol sem bola ou Piu-Piu sem Frajola: não existe. Mas, até então, todos os engarrafamentos eram justificados: chuva, batidas, feriados. Nessa semana, porém, um novo capítulo na triste história do trânsito brasileiro foi escrita. Pior: no ABC, meu ABC.
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Há três dias seguidos temos um trânsito descomunal na região, sobretudo nas áreas próximas à divisa entre São Bernardo e Santo André. As prefeituras dessas cidades soltaram notas dizendo que havia sim muito trânsito, mas não sabiam justificar o porquê. Ou seja: não tem mais o que falar, o trânsito venceu a paciência e tudo o que foi feito para melhorá-lo.
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Minha mãe diz que quem dirige em SP morre dez anos mais cedo. Já ouvi várias pessoas dizendo que uma hora, não muito distante, não teria mais como andar de carro em SP. Chegamos nesse estágio, será ? E o que fazer, já que o transporte público não dá conta de tanta gente e as ruas já não suportam o contingente de pessoas que recebiam há uma semana átras... ? É o apocalipse viário da Grande SP chegando ?
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O poder público não fez sua parte, a população não juntou-se para pressionar ou tomar providências por si só. Hoje, quem reclama já foi culpado, direta ou indiretamente. Que todos arquemos com a total estrutura rodoviária, então. 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

FPF, por favor, apenas organize o Paulistão

Eu achava que, de uns tempos pra cá, a Federação Paulista de Futebol tinha voltado minimamente ao bom-senso e devolver o mando de campo das finais do Paulistão para os clubes mandantes de cada partida. Eis que, hoje, vi que tudo permanecia como era, e da pior maneira possível: os dois jogos que decidem um campeonato inteiro (longo e chato, diga-se) é de quem faz desse campeonato tão ruim. 
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Santos e Guarani terão que fazer duas partidas no Morumbi pelas finais do Paulistão. Brinco de Ouro, Pacaembu e Vila Belmiro, casas das equipes, serão descartadas. Toda a história e todo o sentimento que os escretes tem com seus respectivos estádios foram jogados às traças pela corja de cartolas paulistas. Imagine o Brinco de Ouro recebendo uma final de Paulistão depois de 24 anos ? Imagine o tricampeonato de fato do irresistível Santos de Neymar, Ganso, Arouca, Rafael e cia no Pacaembu ou na Vila ? Esqueça. Vai ser como a FPF quiser.
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O mais engraçado é que apenas a organização fica por conta da federação. Os custos ficam com as equipes. Que raio de organização é essa ? Eu posso dar uma festa, contratar e fazer o que eu quiser e deixar os convidados pagarem, é isso ? Isso é vergonhoso. 
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O mais absurdo é o porquê da escolha do Morumbi. O suntuoso camarote de federação no Cícero Pompeu de Toledo receberá vários convidados ilustres, políticos, personalidades e qualquer tipo de pessoa disposta a elogiar quem é digno de desprezo - e, infelizmente, esse tipo de gente existe aos montes por aí. Isso gerará renda e visibilidade para a FPF. Além disso, a federação estreitará laços com o São Paulo. 
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Mesmo sem ir para a final, o SPFC é quem mais lucrou nessa história toda. De acordo com o horário da partida, 15% da renda bruta irá direto para os cofres tricolores, advindos da reserva bugrina e santista. Poucas vezes vi algo tão tacanho no futebol. O São Paulo, que orgulhava-se de ir contra toda e qualquer entidade político-esportiva brasileira, agora curva-se e faz o jogo dos poderosos. Jogo esse cheio de lama, sujeira e imundície, hábitat natural e que beneficia tantos mandatários da atual diretoria são-paulina.
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Um último detalhe bizarro na história: a carga destinada às torcidas será praticamente idêntica. Gostaria de saber como será a disposição da torcida do Guarani no Morumbi, e quantos guerreiros bugrinos irão até a capital ver o jogo do seu time. Como se já não bastasse, o ingresso mais barato custará a bagatela de R$60, um verdadeiro assalto à mão armada. 
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Com uma final de organização tão melancólica, é fácil ver porquê o Paulistão anda tão catarrento recentemente.