terça-feira, 31 de julho de 2012

Quarto dia de competições das Olimpíadas de Londres

~ A seleção masculina de basquete brasileira venceu, de novo. Mas sofreu com problemas de ataque e passou um sufoco desnecessário contra uma seleção bem inferior, de novo. Após um primeiro quarto no qual só fez irrisórios quatro pontos, a seleção acordou e virou nos minutos finais contra a Grã-Bretanha, fechando o placar em 67x62.
.

~ A seleção feminina de futebol novamente decepcionou com seu jogo fraco e frágil. Dessa vez, porém, a decepção ficou refletida no placar: as brasileiras perderam de 1x0 para a Grã-Bretanha. Classificaram-se, mas graças a derrota vão pegar um tortuoso jogo já nas quartas-de-final: o Japão, atual campeão mundial.
.
~ Mais um dia decepcionante para o judô brasileiro. Leandro Guilheiro perdeu duas lutas (a saber: derrota para o americano Travis Stevens e para o japonês Takahiro Nakai) e não ficou com medalha alguma - ele era um dos grandes favoritos na categoria. Já Mariana Silva nem foi para as oitavas-de-final, vítima da chinesa Lili Xu.
.
~ César Cielo apareceu e o Brasil chega na primeira final na natação, nos 100m livre (que não é a prova forte dele) com o quinto melhor tempo. Nos 200m peito, Tales Cerdeira ficou na semifinal e Henrique Barbosa foi eliminada uma rodada antes.
.

~ Mais que destaque, é histórico. Michael Phelps tornou-se hoje o maior medalhista olímpico na história, com 19 pódios. Faltavam dois, que vieram com a prata nos 200m borboleta (prata pois o americano dormiu no ponto na última braçada, perdendo para o sul-africano Chad le Clos) e com o ouro nos 4x200m livre. Com as colocações, ele ultrapassou a ginasta russa Larissa Latynina, que tem 18 medalhas. O mais incrível na façanha de Phelps é que ele tem 15 medalhas de ouro, 2 de prata e 2 de bronze (até agora), enquanto Latynina tem 9 ouros, 5 pratas e 4 bronzes. Incrível.
.

~ Após nadar mais rápido nos 400m medley que o medalhista de ouro masculino, Shiwen Ye bateu o recorde olímpico nos 200m medley, colocando quase um segundo Uma enormidade em provas de velocidade) na australiana Alicia Coutts. A chinese de 16 anos (!) já é um dos grandes nomes dos Jogos Olímpicos.
.
~ Enfim uma atuação convincente da seleção masculina de vôlei. Jogando com a segurança que caracterizou os times de Bernardinho, os brasileiros fizeram 3x0 na fortíssima Rússia sem passar por maiores sustos. Destaque para Murilo, com atuação excelente.
.
~ Segue o show brasileiro nas praias londrinas - ?. Maria Elisa e Talita venceram as alemãs Laura Ludwig e Sara Goller por 2x1, enquanto Alison e Emanuel fizeram 2x0 nos suíços Patrick Heuscher e Jefferson Bellaguarda.
.
~ Ótimos resultados na principal categoria do iatismo brasileiro. Robert Scheidt e Bruno Prada conseguiram um primeiro e um segundo lugar na classe Star. 

~ Antes do casamento entre o príncipe William e Kate Middleton, a monarquia da Grã-Bretanha vivia dias ruins, sofrendo com uma impopularidade recorde. Após o evento, no ano passado, a ligação entre povo e realeza voltou a ter sintonia. E, hoje, mais uma evidência (mesmo que por acaso) dessa boa sintonia: Zara Phillips, neta de Elizabeth II, tornou-se a única medalhista olímpica da família real inglesa. Ela foi prata juntamente com a equipe de seu país no conjunto completo de equitação. 

Terceiro dia de competições das Olimpíadas de Londres


~ Mais um dia de decepções no judô. Na chave masculina, Bruno Mendonça tentoi, tentou e tentou, mas foi controlado (e enrolado) pelo holandês Dex Elmont e ficou nas oitavas-de-final. Já Rafaela Silva... bem, dela falarei depois.
.
~ Mais um dia ruim para o Brasil nas piscinas. Joanna Maranhão ficou em penúltimo na semifinal dos 200m medley e está eliminada. Nos 200m borboleta, Kaio Márcio e Leonardo de Deus tiveram o mesmo trágico destino. 
.
~ As piscinas, porém, trouxeram vários destaques do dia. Destaques pueris mais precisamente, com cara e jeito de quem acabou sair das fraldas. Missy Franklin, com 17 anos e pé tamanho 46, foi ouro nos 100m costas. Ye Shiwen foi mais rápida que o campeão masculino de sua prova, os 200m medley, com apenas 16 anos. E a lituana Ruta Meilutyte, de 15 anos, foi campeão olímpica nos 100m peito.
.
~ Nem o iatismo salvou o Brasil. Em duas regatas, um sexto e uma nona colocação afastaram Robert Scheidt e Bruno Prada da liderança. Nas demais categorias, destaque para a segunda colocação de Bruno Fontes na categoria Laser. 
.

~ A seleção de vôlei feminino começou jogando muito mal, reagiu no terceiro set e mostrou muitas deficiências ao longo de toda a partida contra os Estados Unidos - jogo que perdeu por 3x1. Tendo Fernanda Garay como destaque positivo e Dani Lins como negativo, a seleção precisa melhorar muito caso queira continuar pensando em medalha. Desse jeito, o bicampeonato olímpico não vem nem em sonho.
.
~ O vôlei de praia brasileiro segue invicto. Sem perder um set, Juliana e Larissa venceram as alemãs Katrin Holtwick e Ilka Semmler e Ricardo e Pedro Cunha venceram os britânicos Steve Grotowski e John Garcia-Thompson.
.
~ Segundo jogo e segunda derrota da seleção de basquete feminino. As algozes dessa vez foram as melhores (e muito mais altas) russas, por 69x59.
.
~ O handebol feminino segue dando as inesperadas alegrias que os demais esportes coletivos do gênero não dão. Novamente vencendo uma seleção mais preparada, o Brasil fez 27x25 em Montenegro.
.

~ Um dos choros mais comoventes que eu me lembro de ter visto na vida ocorreu hoje, na esgrima olímpica. A sul-coreana Lam Shin tinha a vantagem do empate contra a alemã Britta Heidemann. Faltando um segundo para o final da luta, um toque duplo - que não dá pontos para ninguém. A luta recomeça no último segundo e a alemã pontua, indo para a final. O staff sul-coreano reclamou muito, mas a decisão foi mantida. Lam Shin saiu desconsolada do combate, chorando copiosamente - e emocionando a todos que viam a cena. 
.
..
.
SOBRE O CASO RAFAELA SILVA
.
Esse caso particularmente me irritou hoje. Logo de manhã, a judoca brasileira lutava contra a húngara Hedvig Karakas e vinha bem. Tão bem que em um golpe súbito deitou a lutadora do leste europeu no chão de costas, aplicando um ippon - o nocaute do judô, que encerra a luta na hora. Porém, ficou muito claro que ela havia pego a perna da húngara, o que é proibido pelas novas regras do esporte. 
.
O ippon, obviamente, não foi validado. Mas... o que fariam com Rafaela ? Dariam uma punição ? Pior: ela foi eliminada dos Jogos. 
.
Cruel ? Sim, muito. Ser eliminada assim da competição da sua vida é de uma angpustia comparável a morte para um atleta. Só não venham me falar que foi injusto. Isso estava na regra, e todo mundo sabia. Não venham me falar do berço humilde de Rafaela ou do quanto ela é boa atleta. Ela é ótima e sabe disso, mas fez algo proibido pelas regras. Pronto, fim de papo. Fosse ela, a húngara ou qualquer outra atleta, deveria ser eliminada.
.

O que me irritou ainda mais no fato foi a defesa que Flávio Canto, comentarista do canal SporTV, fez da judoca. Ele se limitou a dizer apenas que "a regra é injusta". Curioso expor isso apenas quando a brasileira é desqualificada, não é mesmo ? Ele também falou do quanto as regras no judô são interpretativas. A culpada, para ele, não era Rafaela, e sim a regra. A partir do momento que você entra no tatame você está sob um conjunto de regras. Se não quiser sujeitar-se a elas simplesmente não lute. Esporte, principalmente o judô, vai muito da sua capacidade de submeter-se e superar-se. 
.
Só pra acabar: Rafaela Silva é a melhor atleta dum projeto desenvolvido na Cidade de Deus, subúrbio carioca, para tirar jovens da marginalidade. Um dos padrinhos desse projeto é justamente Flávio Canto. Ridículo querer defender o indefensável dessa maneira e com esse pretexto, Flávio. Um pai não pode nunca passar a mão na cabeça da filha quando ela erra, mas sim orientá-la. Você a omitiu de qualquer culpa. 
.
O comentarista Leonardo Bertozzi, dos canais ESPN, resumiu muito bem o que eu penso. Pouco depois da luta, ele disse algo como "a regra só é boa quando te favorece", com algum outro texto irônico-reflexivo. 
Precisamos parar de achar que brasileiros são santos e prejudicados sempre. Enquanto não termos a lucidez de vermos nossos próprios erros e encará-los de frente não seremos a potência olímpica que podemos ser. 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Segundo dia de competições das Olimpíadas de Londres


~ Se ontem o judô deu muitas alegrias para o Brasil, hoje foi o dia das decepções. Leandro Cunha perdeu para o polonês Pawel Zagrodnik enquanto Erika Miranda, uma das maiores esperanças de medalha na modalidade, ficou no caminho ao ser derrotada pela sul-coreana Kyung-ok Kim - ambos na segunda luta. 
.
~ O problema pós-pentacampeonato nas laterais do futebol brasileiro, definitivamente, chegou às categorias olimpícas. Foi assim que a Bielorrúsia começou na frente da seleção masculina, aproveitando uma avenida nas costas de Marcelo. Mas Neymar, Oscar e Alexandre Pato fizeram 3x1 e, sem brilhar, colocaram o Brasil na próxima fase.
.
~ Muito celebrada, a seleção masculina de basquete suou para vencer a Austrália por 75x71. Os atletas pareceram sentir o peso da estreia, cometendo alguns erros que não são comuns para a equipe de Ruben Magnano - sobretudo no primeiro tempo.
.
~ Pouco falado por aqui, Anderson Nocetti conseguiu um resultado expressivo no remo. Na categoria skiff simples, ele ficou dois segundos à frente do segundo colocado, o chileno Oscar Vasquez Ochoa. Mesma sorte não teve a equipe de skiff duplo peso leve, eliminado na segunda bateria. 
.

~ Nem parecia a histórica escola de jogadores de vôlei de praia brasileiros. Também não parecia Emanuel, um dos melhores jogadores da história no esporte. Errando muito, ele e Alison suaram muito para vencer uma dupla austríaca com muito nome e muita qualidade: Horst e Doppler. No feminino, jogo fácil para Maria Elisa e Talita, que fizeram 2x0 nas holandesas Madelein Meppelink e Sophie Van Gestel.
.
~ Mesmo com atletas de potencial, o boxe brasileiro segue sua rotina de resultados ruins graças a falta de incentivos públicos no esporte. Myke Carvalho, o melhor pugilista nacional, perdeu do americano Errol Spence, enquanto Robson Conceição foi derrotado pelo britânico Josh Taylor.
.
~ Resultados ruins também nas piscinas. A equipe brasileira foi eliminada nos 4x100 livre e também viu as eliminações de Fabíola Molina e de Daniel Orzechowski nos 100m costas.
.
~ Como era esperado, Thomaz Belucci perdeu para o francês Jo-Wilfried Tsonga no tênis. Mas a partida foi disputada, com o tenista tupiniquim perdendo pro 2x1 na contagem de sets.
.

~ Tradicional berço de medalhas para o país, o Brasil terminou líder na classe Star de iatismo - ou vela, como preferir. A dupla nacional, formada pelos já tarimbados Robert Scheidt e Bruno Prada, ganhou a segunda regata e ficou em 4º lugar na estreia. Jorge Zarif, na classe Finn, não teve a mesma sorte e ficou na 15º colocação na primeira regata de sua categoria. 
~ Em alguns momentos o time de Bernardinho se complicou, mas os 3x0 que o Brasil aplicou na Tunísia no vôlei masculino mostram que, embora a fase seja ruim para os homens, somos capazes de não passar sustos ante seleções de nível técnico bem abaixo da crítica. 

sábado, 28 de julho de 2012

Primeiro dia de competições das Olimpíadas de Londres


~ Não tem nada melhor que começar os Jogos Olímpicos fazendo história. Dos esportes que mais trazem (e já trouxeram) medalhas para o Brasil, o judô nunca tinha visto uma medalhista de ouro. Pois bem, essa história mudou. Lutando muito bem em todas as suas disputas, Sarah Menezes chegou com banca de favorita contra a atual campeã olímpica da categoria até 48kg, a romena Alina Dumitru. Toda a justiça e toda a história agradecem o grande fato a piauiense que sempre teve potencial, mas agora aprendeu a controlar a cabeça. 
.
~ Mostrando a força histórica brasileira nos tatames, o azarão Felipe Kitadai beliscou um bronze. Após perder para o uzbeque Rishod Sobirov (melhor do mundo na categoria até 60kg), o judoca fez duas lutas burocráticas e pragmáticas contra o sul-coreano Gwang-Hyeon Choi e o italiano Elio Verdi. Lutando defensivamente (até demais) e aplicando golpes certeiros, ele ganhou um bronze no dia em que completa 23 anos. Parabéns pelo aniversário e pela medalha !
.
~ Thiago Pereira, um dos maiores flops do esporte nacional (começou com tudo no Pan do Rio de Janeiro e foi engolido por César Cielo logo depois), enfim mostrou serviço. Ganhou uma ótima medalha de prata nos 400m medley, ficando átras da nova sensação americana, Ryan Lochte. 
.

~ Sim, Ryan Lochte. Michael Phelps, que foi chamado de "Pelé das águas" após os Jogos Olímpicos passados, nem medalha pegou - o bronze ficou com o japonês Kosuke Hagino. Phelps, sozinho, dá mostras que está em curva descendente na carreira. 
.
~ Falamos em um flop que começa a dar resultado na natação, e temos que falar de um que parece nunca ter jeito. Novamente Diego Hypolito foi apontado por muitos como favorito ao ouro na prova de solo e... caiu de barriga. Para salvar a ginástica olímpica brasileira (que já foi motivo de orgulho e e está em crise há um bom tempo), teve alguns bons momentos com Arthur Zanetti nas argolas e com Sergio Sasaki no individual geral. Dificilmene conquistarão medalhas, mas não custa torcer.
.
~ Robenílson de Jesus venceu o uzbeque Orzubek Shayimov e, aos poucos, vai ajudando a fazer renascer o boxe brasileiro. A luta deu-se na categoria galo, até 56kg. 
.

~ Quem viu o primeiro tempo da estreia feminina no basquete animou-se. Viu uma seleção sólida na defesa (com destaque para Chuca), eficiente na transição (sobretudo com Clarissa) e com força ofensiva - principalmente com Érika. Mas, no segundo tempo, foi uma cátastrofe. A defesa deixou de marcar, as bolas começaram a não cair e Céline Dumerc acabou com o jogo, fazendo uma partidaça. No final das contas, um triste 73x58 para as francesas.
.
~ Até mesmo quem tá acostumada a dar show anda sofrendo. Mostrando que o vôlei brasileiro não é mais o mesmo, as meninas do Brasil sofreram para vencer a inexpressiva Turquia por 3x2 - com direito a abrir 18x10 no quarto set e deixar as adversárias virarem para 27x25. No futebol, Cristiane marcou o solitário gol contra a Nova Zelândia, após uma partida bem fraquinha das moçoilas. 
.

~ Coisas estranhas acontecem no tênis. A principal dupla brasileira, Thomas Belucci e André Sá, perdeu para a segunda dupla americana, formada por Mike e Bob Bryan. Já a dupla azarã veneu John Isner a Andy Roddick, principal dos yankees. 
.
~ Poucos esportes são tão dependentes de um só nome no país como o tênis de mesa de Hugo Hoyama. Hoje ele não resistiu ao primeiro jogo, perdendo para o chinês naturalizado polonês Zengyi Wang. Gustavo Tsuboi também perdeu, para o indiano Soumyajit Ghosh. Duas derrotas também no feminino, com Ligia Silva (derrota para a chinesa naturalizada austrliana Jian Fang Lay) e com Caroline Kumahara - que perdeu para a britânica Joanna Parker.
.
~ É difícil tirar qualquer conclusão sobre as vitórias no vôlei de praia graças ao nível técnico risível dos competidores. Juliana e Larissa fizeram 42 pontos na partida contra a dupla que representa as Ilhas Maurício, enquanto as adversárias fizeram apenas 15. Já Ricardo e Pedro Cunha venceram uma dupla norueguesa em um jogo que foi minimamente disputado. 

~ A surpresa positiva do dia foi o handebol feminino. As brasileiras foram páreu duríssimo para as favoritas croatas e venceram por 24x23. 
.
~ A quem interessar possa: esse foi o melhor primeiro dia da história do Brasil em Olimpíadas. O país fecha o dia em um incrível quarto lugar na classificação geral. É claro que manter essa marca é impossível, mas já é uma ótima notícia. 

Seu filho cresceu, São Caetano

Eu me lembro de todas as declarações que já te fiz por aqui, em pensamento ou quantas vezes já falei bem de você, seja te defendendo ou te apresentando. Como um filho adotado, te defendi com unhas e dentes. Mas você bem sabe que filhos precisam voar. Tardiamente, comecei os meus vôos. 
.
Desde quando comecei meu estágio, no final de novembro, eu passo mais tempo naquela cidade imensa e não tão encantadora que em você própria, a minha cidade querida, meu berço. É claro que Sampa tem lá suas coisas boas, mas você... você é insubstituível. Você exerce sobre mim uma magia que eu nunca vi igual.
.
Como se já não bastasse o estágio, meu freelancer chegou para me afastar ainda mais de você. Vôos cada vez mais altos de quem quer crescer na vida, e eu sei que você me entende porque você me criou para ser tão altaneiro quanto você mesma, líder em todos os rankings de qualidade de vida no Brasil. Hoje nem mesmo o meu lazer é no seu território.
.
Quando te vejo, hoje, infelizmente, você está sofrendo com quem mais deveria cuidar de você. São tantas faixas, banners, papéis e várias outras coisas (muitas irregulares) de candidatos a vereadores e prefeitos. Me entristeço com eles, que não te dão o devido valor e não te amam como eu. 
Se cuida, minha São Caetano. Se cuida que eu vou voar, cada vez mais alto - e, muitas vezes, pra cada vez mais longe de você. Mas saiba que não importa o tamanho do vôo, eu jamais me esquecerei aonde ele começou.

Quase sem clichês, a histórica festa de Londres

Normalmente, festas de abertura de grandes eventos esportivos narram a história do país-sede da competição. Em algumas horas resume-se milênios, o que deixa a todos desorientados e sem muita vontade de acompanhar a festa em questão. Nas Olimpíadas de 2008, Pequim mudou essa sina. A ordem da festa era uma só: mostrar ao mundo o quanto a China era forte e próspera - e o quanto os demais países teriam que engolir os costumes e a força do país do dragão vermelho. 
.
Coube à China começar a mudar isso, mas a festa que se viu hoje em Londres foi um verdadeiro show. Na Inglaterra, a ordem era outra, totalmente diferente: mostrar o quanto a Inglaterra foi importante para construir o mundo no qual vivemos hoje - ainda que ele esteja em constante mutação. Sem dinheiro para fazer o desbunde técnico-estético oriental, os ingleses apostaram na simplicidade e em efeitos de fácil assimilação para o público.
.
Londres também teve a seu favor o conhecimento que o mundo já tem de sua história. Foi muito mais fácil identificar a Revolução Industrial que várias dinastias chinesas que, infelizmente, os ocidentais pouco tem conhecimento - me incluo nessa lista, desafortunadamente. Mal comparando, Londres foi a escola de samba sem dinheiro que apostou em um desfile leve e pra empolgar o público, enquanto a China veio com um enredo complicado, mas uma estética deslumbrante. Londres foi Salgueiro, União da Ilha. Pequim foi Imperatriz Leopoldinense, Beija-Flor.
.
Começando pelos poucos clichês londrinos: o acendimento da tocha, feito por diversos atletas britânicos, foi lindíssimo, mas me decepcionou. Em uma cerimônia que se notabilizou por não ter nenhuma preferência a escolher, faltou mais ambição de entrar para história e sobrou vontade de se fazer algo bonito.
.
Outro clichê: o desfile das delegações. Aqui eu concordo que não há muito o que fazer, por ser algo muito tradicional e engessado - e chato. Confesso que me surpreendi com os apupos que as delegações irlandesa, holandesa, indiana e brasileira receberam. Também achei demais ver a presidente Dilma Roussef e sua filha aplaudindo de pé os guerreiros olímpicos brasileiros e sendo focalizada para o mundo inteiro ver nitidamente emocionada. 
.
Mas surpresa mesmo foi ver a saudações anglo-saxã a duas delegações específicas. A França, eterna rival da Inglaterra, recebeu calorosas palmas. Já os norte-americanos, colônia que já deu muita dor de cabeça para os britânicos, também foi muito saudada. E vale lembrar a recusa yankee de não abaixar sua bandeira ante a rainha Elizabeth II. 
.
Falando na rainha, começo por ela a falar do que positivamente me surpreendeu. A coragem da monarca em dar a cara a tapa e dar um ar descontraído para a tão tradicional (e até certo ponto blasé) família real britânica é louvável. Tudo isso para o bem da festa, dos Jogos, de seu próprio povo e país. Achei fascinante a atitude de Elizabeth II de topar protagonizar uma sequência junto com o atual James Bond, Daniel Craig - que simulou até um salto de pára-quedas de Elizabeth. 
.
O destaque dado para a cultura britânica (e em como essa moldou toda a cultura pop mundial) também foi incrível. Esse lado da festa começou já no staff, que teve como diretor o cineasta Danny Boyle. Nos cinemas, além do James Bond já citado, também tivemos um referência monumental ao filme Carruagens de Fogo - falaremos do ponto alto da festa mais tarde.
.
A literatura também teve força na festa, com a saga Harry Potter, de J.K. Rowling, tendo papel de destaque. Na área dos livros, também sobraram muitas referências infantis - os britânicos tem como tradição (tudo na Inglaterra é tradicional, já repararam ?) educar as crianças por meio de contos e histórias. Essa preocupação, na realidade, é social, já que o sistema de saúde londrino foi homenageado - uma área tão importante e que eu nunca tinha visto uma homenagem sequer. 
.
Como todos sabem, minhas duas grandes paixões culturais são os livros e as músicas. A sonoridade britânica, inclusive, sempre me chamou a atenção duma maneira especial, com diversos gênios e bandas tocantes. A festa me satisfez bastante ao mostrar vários momentos e bandas marcantes, dos Beatles até os dias atuais - sempre contextualizando com a situação mundial como um todo. 
.
Os shows também foram fenomenais, com destaque para duas apresentações: Arctic Monkeys (por mais que a versão da banda para o clássico Come Together, dos Beatles, ficasse um pouco aquém do esperado), apesar da setlist fraca perto de algumas outras músicas da banda; e Paul McCartney, claro. Paul carrega consigo o fardo da história dos Beatles, e cada vez que ele toca Hey Jude para uma multidão de pessoas é como se a história estivesse sendo reescrita. A apresentação, que encerrou a grande festa, mais uma vez comprovou essa tese. 
.
O ponto alto de toda a festa, porém, foi Rowan Atkinson. Pelo nome talvez você não o conheça, mas certamente reconhece seu personagem: Mr. Bean. Ele apareceu fazendo a base na canção-tema do já citado filme Carruagens de Fogo, música que é tida como grande representação olímpica. Enquanto apertava uma única tecla ele mostrava-se entediado, tirando fotos do celular, tentando pegar sua mochila e pressionando o teclado até mesmo com um guarda-chuva. Ao final de sua majestosa aparição, ele ainda sonhou que estava vencendo uma corrida olímpica, mas, na realidade, atrapalhava todo o conjunto da música. Impagável. 
Que os Jogos Olímpicos mantenham o nível muito acima da média que a festa de abertura obteve. 

terça-feira, 24 de julho de 2012

Tá faltando tempo

Sabe aqueles momentos nos quais você se dá conta de quantas coisas tem que fazer e pressente que não vai conseguir fazer tudo ? Já tem um tempo (bastante tempo, na realidade) que eu convivo com isso. Algumas vezes dou meus pulos e consigo, em outras tenho que abdicar de algumas coisas para fazer outras. Mas, até o fim do mês, tenho a impressão que vou ter que me duplicar para fazer tudo.
.
Essa semana é um ótimo exemplo dessa fase. Amanhã vou fazer uma ressonância magnética no meu joelho esquerdo, para saber porque ele dói tanto. Depois, cortar o cabelo e ir trabalhar. À noite, vou narrar um jogo no meu trabalho freelancer. Quinta-feira, fisioterapia para o joelho, estágio e mais um jogo. Na sexta-feira irei bem cedo para o estágio, já que quero ir o quanto antes para o show do Gusttavo Lima na minha cidade, em virtude do aniversário de São Caetano.
.
No fim de semana ainda narrarei mais uma partida, por mais que seja bem pouco para dois dias. Mas aí entra o outro ponto: abrir tempo para o lazer ou descansar um pouco ? O certo seria equilibrar os dois, mas caso eu descanse a consciência pesa, e caso eu faça minhas obrigações o corpo não aguenta. 
.
Triste vida essa...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Toda a intolerância reunida

Meu primo Fábio postou em seu Facebook uma notícia particularmente interessante: com um vídeo para provar o ato, o link noticia a tentativa de tomada dum terreiro em Olinda por parte dum grupo evangélico. Basicamente, o link critica os protestantes, que estariam praticando um ato segregatório contra os seguidores das religiões negras brasileiras. 
.
O texto da notícia vai além: ela coloca ainda doses de preconceito em relação a homofobia (diz que os evangélicos atacam os homossexuais) e também atuam, irregularmente, contra ateus e seguidores de outras seitas religiosas. 
.
Minha mãe sempre me diz que qualquer fanatismo é ruim. Eu discordo: sou fanático pelo São Paulo e não saio matando corinthianos. O problema é que o fanatismo em geral está tão associado a atos de de selvageria que muitos pensam confundem o fanatismo, um sentimento que faz viver, com a intolerância, que faz alguns deixarem de viver. 
.
A você, que se indignou com os evangélicos e falou qualquer comentário preconceituoso, fica a pergunta: os evangélicos não podem tomar um terreiro, mas os que lutam pela reforma agrária podem invadir um latifúndio ? 
.
Não venham falar que são coisas diferentes: o meio é o mesmo, por mais que a finalidade a ser combatida seja bem diferente. 
.
Não generalize, não ache que a violência ou o radicalismo (outro mal que deveria ser extinto para sempre do planeta) podem resolver algo. Você só vai estar colaborando com a intolerância.  

domingo, 22 de julho de 2012

É assim,

A frase fala por mim, a imagem também. A foto ilustra todo o meu sentimento hoje. A faixa é da torcida do Fluminense, mas muitas torcidas tem bandeiras e cantos semelhantes, mas a primeira torcida que me veio à mente foi a do time do RJ. É uma torcida que faz festas muito bonitas e tem gritos bem bonitos - não tão belas igual você, mas segue o padrão. 
.
Não se esquece que nas boas eu não vou deixar de estar com você, e nas ruins eu não vou deixar de te apoiar. Mas é quando tem algo errado que o meu amor explode e infla, pra te envolver e te deixar aqui dentro. 
.
Você é tudo pra mim. 

Para sempre

Hoje, após a corrida de F1, comecei a zapear pela TV e não achei nada de muito interessante - aqui na casa do meu pai não tenho o mágico Lexuz Box, que libera todos os canais do cabo da NET. Como fui para os canais superiores e a Globo é o número 5 em São Paulo, o último canal a ser visto era o SBT. E, para minha felicidade (ia dizer surpresa, mas bem, não é surpresa nenhuma colocar no SBT e estar passando Chaves), estava passando o seriado mexicano.
.
Hoje, por volta das 11h, eles transmitiram o famoso episódio das pérolas, no qual Godinez acerta a pergunta do professor Girafales após muitos erros dos demais alunos. 
.
Eu, como sempre, ri - como sempre dou risada de qualquer episódio de Chaves. É impressionante como a série, que já tem mais de 40 anos de produção, 30 de exibição no Brasil consegue me fazer rir tão facilmente e tão puramente. Ver Chaves me faz voltar à minha infância, na qual eu via Punky, a Levada da Breca, Chapolin Colorado e a série, que sempre foi a minha favorita. Na época do maternal, minha avó já falava que eu já tinha visto todos os episódios do seriado - e ela segue falando, sem ser ouvida, já que eu continuo vendo mesmo assim.
.
Todas essas lembranças, vira e mexe, me fazem pesquisar sobre a série - e eu sempre descubro algo novo. Hoje descobri, por exemplo, que Roberto Bolañoz (que sempre interpretou o protagonista da série) queria fazer um episódio de despedida para a série, no qual seu eterno personagem morria ao salvar uma criança dum atropelamento. Ele só foi desencorajado quando sua filha disse que um episódio tão marcante faria muitas crianças o imitarem, tragicamente. 
Viva longa ao Chespirito, às minhas lembranças e a tudo que traz lembranças tão encantadoras !

Tabelão do futebol gringo 2011-2012 - III

Eu disse que terminaria, e cá estou eu terminando. Demorei sim, mas nenhuma demora apaga a história e os resultados construídos no futebol ao redor do mundo. Já que a Europa já foi inteiramente dissecada, vamos agora para os principais campeonatos sul-americanos e o créme de la créme da CONCACAF, da Ásia e da África. Para ver os dois primeiros tabelões, clique aqui ou ainda aqui.
.
NACIONAIS
.
PARAGUAI
.
Foi uma disputa acirrada entre os dois gigantes do futebol paraguaio e o time mais bem sucedido internacionalmente do país há algum tempo. Cerro Porteño, Olimpia e Libertad foram até a penúltima rodada com chances de título. Os gumarelos, time do coração do presidente da CONMEBOL, o sr. Nicolas Leóz, ficaram na 21ª jornada. Na última, o maior clássico nacional definiria o campeão. O derby terminou com vitória do Ciclón, e com mais um título no currículo azul-grená. 
.
Campeão: Cerro Porteño* (29° título)
Vice-campeão: Olimpia*
Libertadores da América: Libertad*
Copa Sul-Americana: Olimpia, Cerro Porteño, Tacuary e Guaraní
Rebaixados: Sportivo Luqueño* e Sportivo Carapeguá*
Promovidos: General Díaz* e Deportivo Santaní*
.
ARGENTINA
.
Fundado em 1957, o Arsenal de Sarandí já tinha até mesmo dois títulos internacionais em seu currículo, mas faltava mostrar para toda a Argentina que tinha força para vencer também dentro do país. Com três pontos de vantagem sobre o também ascendente Tigre, a equipe do viaduto fez história deixando para trás os mais tradicionais Vélez Sarsfield e Boca Juniors - terceiro e quarto, respectivamente. Mas o título mais comemorado por quem acompanha o futebol argentino de longe foi o da segunda divisão, que selou o retorno do gigante River Plate para a primeira divisão nacional. O promedio de puntos, confuso sistema que rebaixa equipes no país, quase fez outra vítima bem conhecida: o San Lorenzo, que foi mais forte que o Instituto de Córdoba e ficou na primeira divisão. O autor do blog também lamenta a não-ascenção do time que ele gosta no país hermano, o Rosário Central - que parou nos playoffs para o San Martín de San Juan. 
.
Campeão: Arsenal (1° título)
Vice-campeão: Tigre*
Libertadores: Arsenal, Tigre*, Vélez Sarsfield*, Boca Juniors* e All Boys*
Copa Sul-Americana: Independiente, Racing, Tigre, Argentinos Juniors, Colón e Boca Juniors ou Estudiantes
Rebaixados: Banfield e Olimpo
Promovidos: River Plate e Quilmes
Campeão da copa: Boca Juniors ou Racing
.
COLÔMBIA
.
O atual campeonato já começou com uma grande perda: o América de Cali, único time que jamais havia caído para a segunda divisão nacional, foi rebaixado após um playoff contra o Patriotas. Sem o gigante, alguns outros times bem conhecidos dos brasileiros foram muito mal. O Cúcuta foi o lanterna, com o Once Caldas e o Independiente Medellín apenas uma posição à frente. Millionarios, Atlético Nacional e Junior Barranquilla também não estavam entre os times que avançariam para a próxima fase. Nos quadrangulares, ficou decidido que Deportivo Pasto e Santa Fé fariam a improvável final, com título dos cardenales, encerrando uma fila de 37 anos.
.
Campeão: Santa Fé (7° título)
Vice-campeão: Deportivo Pasto
Libertadores: Santa Fé, Tolima* e Deportivo Pasto*
Copa Sul-Americana: Deportivo Cali*, La Equidad*, Boyacá Chicó* e campeão da Copa Colômbia
Rebaixados: América de Cali e Deportivo Pereira
Promovidos: Deportivo Pasto e Patriotas
.
URUGUAI
.
Quem esperava um Peñarol voltando a ser dominante no país após chegar na final da Libertadores da América no ano passado se enganou redondamente. Mesmo tendo o terceiro melhor índice de pontos no ano, os carboneros não conseguiram levantar nenhuma das duas taças uruguaias. O Apertura foi vencido pelo rival do Peñarol, o Nacional. Já o Clausura ficou nas mãos do Defensor Sporting. As duas equipes se enfrentaram na estranha semifinal do campeonato uruguaio. Explico: estranha porque se o Nacional vencesse, selaria o título de campeão, já que o vencedor do confronto enfrentaria o time que fez mais pontos no campeonato - o próprio Nacional. Se desse Defensor, teríamos mais uma fase para apurarmos o campeão. Os Albos, porém, trataram de simplificar tudo e, com gol do título de Álvaro Recoba, venceram o campeonato nacional.
.
Campeão: Nacional (44° título)
Vice-campeão: Defensor
Libertadores: Nacional, Defensor e Peñarol
Copa Sul-Americana: Nacional, Cerro Largo, Liverpool e Danubio
Rebaixados: Rampla Juniors, Cerrito e Rentistas
Promovidos: Central Español, Juventud e Progreso
.
CHILE
.
Campeonato historicamente equilibrado, uma equipe vem fazendo história no país. A Universidad de Chile venceu o terceiro torneio nacional consecutivo ao bater o bravo O'Higgins nos pênaltis, com muito sufoco. Porém, o jogo que vai ficar na história dos torcedoras da La U certamente é a semifinal contra o arquirrival Colo-Colo, no qual o Balé Azul goleou por 4x0 - após perder a primeira partida por 2x0. Destaque também para a Unión Española, que eliminou a Universidad Católica e só parou no vice-campeão.
.
Campeão: Universidad de Chile (16° título)
Vice-campeão: O'Higgins
Libertadores: Universidad de Chile, O'Higgins) e campeão do Clausura
Copa Sul-Americana: Universidad de Chile, Universidad Católica, Cobreloa, O'Higgins e Deportes Iquique
Rebaixados: Santiago Morning e Ñublense
Promovidos: Antofagasta e Rangers
.
Terminamos aqui o giro sul-americano. Iria falar sobre o campeonato equatoriano, mas, ao contrário dos demais países hispânicos de relevância do continente, o torneio tem apenas um campeão por ano, definido no final de 2012. Também quero ressaltar que, graças a grande inventividade dos cartolas sul-americanos, que conseguem fazer campeonatos estrambolicamente confusos, os times com um asterisco (*) ainda não estão garantidos nas competições marcadas.
.
MÉXICO
.
O país vive o que podemos chamar de "era Monterrey", já que a equipe rayada domina não só o campeonato mexicano, mas também a CONCACHAMPIONS - principal competição continental. No entanto, quem deu o ar da graça na final foi o time que mais vezes tenta barrar o ímpeto azul-e-branco: o Santos Laguna. Após empatar a primeira partida da final por 1x1, a equipe de Torreón venceu seus rivais por 2x1 e ficou com o caneco. Destaque também para a recuperação do América, que após ficar na penúltima colocação do nacional anterior, chegou até às semifinais - perdendo para o Monterrey. Dessa vez, os grandes que amargaram posições ruins foram o Pachuca (lanterna) e Chivas Guadalajara (antepenúltimo).
.
Campeão: Santos Laguna (4° título)
Vice-campeão: Monterrey
CONCACHAMPIONS: Tigres, Santos Laguna, Guadalajara e Monterrey
Rebaixado: Estudiantes Tecos
Promovido: León
.
ESTADOS UNIDOS
.
No país que exportou o modelo neoliberal para o resto do planeta, o time com mais dinheiro venceu. Com uma constelação para os padrões yankees, incluindo David Beckham e Landon Donovan, o Los Angeles Galaxy bateu a surpresa Houston Dynamo na decisão. Destaque também para os bem arrumados (tanto dentro quanto fora de campo) Real Salt Lake e Sporting Kansas City, que pararam nas semifinais. A decepção foram os muito ricos Chivas USA e New York Red Bulls. O primeiro foi o vice-lanterna na conferência oeste, enquanto o segundo ficou nas quartas-de-final. 
.
Campeão: Los Angeles Galaxy (3° título)
Vice-campeão: Houston Dynamo
CONCACHAMPIONS: Los Angeles Galaxy, Seattle Sounders, Real Salt Lake e Houston Dynamo
Campeão da copa: Seattle Sounders
.
ÁFRICA DO SUL
.
Liga nacional do país mais desenvolvido da África, o campeonato sul-africano está longe de ser um primor técnico. Na realidade, não é nem o melhor do continente - essa primazia pode caber a Tunísia ou Egito. O que torna o campeonato tão interessante é a quantidade de times fortes e conhecidos fora de seu país, algo que os campeonatos citados anteriormente ainda não conseguiram fazer. Seja como for, o Orlando Pirates (time que reunia os brancos na época do apartheid) venceu a disputa interna contra o Moroka Swallows, na última rodada do certame. Outro imenso do país, o Kaizer Chiefs, que era a equipe preferida dos negros, ficou aoenas na quinta colocação. 
.
Campeão: Orlando Pirates (9° título)
Vice-campeão: Moroka Swallows
CAF Champions League: Orlando Pirates
CAF Confederations Cup: SuperSport United
Rebaixados: Jomo Cosmos e Santos Cape Town
Promovidos: Pretoria e Chippa United
.
JAPÃO
.
Profissionalizado apenas em 1992 (com uma grande contribuição de brasileiros como Zico e Toninho Cerezo), o futebol japonês conta com muito equilíbrio e descentralização para tornar-se atrativo - e é. Em 2011, não foi diferente. Três times lutavam pelo título até a última rodada, e quem levou a melhor foi o Kashiwa Reysol, fo técnico brasileiro Nelsinho Baptista. Também foi tocante a campanha do Veggalta Sendai, muito prejudicado pelo tsunami que atingiu o noroeste do Japão em março e comoveu o mundo. Decepcionante foi a campanha do Urawa Red Diamonds, dono da torcida mais fanática do país. Por três pontos a equipe não foi para a segunda divisão nacional.
.
Campeão: Kashiwa Reysol (1° título)
Vice-campeão: Nagoya Grampus
AFC Champions League: Kashiwa Reysol, Nagoya Grampus e Gamba Osaka
Campeão da copa: FC Tokyo
Campeão da copa da liga: Kashima Antlers
.
E que venha mais futebol no ano, no semestre ou seja lá qual seja o sistema bizarro de campeonato. O importante é ter bola na rede, troféu levantado e muita emoção. 

sábado, 21 de julho de 2012

Sobre serial killers

Na manhã de ontem, um atirador atingiu mais de 70 pessoas na pré-estréia do novo filme de Batman, entitulado "O cavaleiro das trevas ressurge" atirando sem parar e desordenadamente, em Aurora. Casos como esse sempre ganham destaque na mídia e não é preciso muito para lembrar alguns como os de Columbine, Virginia Tech, Realengo e Oslo.
.
Seria excelente ver tudo isso na mídia com a mesma se propondo a fazer algum debate sério sobre a questão. Ela não faz. As notícias tornam-se jogadas, e estão lá apenas para ganhar audiência - lei número um de quem quer audiência: fale de mortes. Não se vê em lugar algum discussões sobre o desarmamento ou o porte legal de armas por civis, por exemplo.
.
Casos assim costumam mexer com o mundo inteiro. Em Oslo, onde um extremista matou 77 pessoas, dias depois houve uma passeata com mais de 100 mil pessoas na capital norueguesa. São crimes que mexem com os brios de qualquer pessoa, pois são lugares que qualquer um frequenta, Isso tudo, claro, além de sentir pelo próximo a perde de um amigo ou de um ente querido. 
.
O caso ganha um ar especial pois ocorreu num cinema. Em São Paulo, um estudante metralhou diversas pessoas também numa sala de cinema, em 1999. Na época, dizia-se que ele foi influenciado pelo teor violento do filme Clube da Luta - quanta baboseira, senhor. Agora, o serial killer diz que era o Coringa, vilão da série Batman. Não dá nem pra considerar uma hipótese dessas como verdadeira, assim como não consigo acreditar em quem diz tanta coisa sem pensar sobre esses casos. Ambos são doentes, com traumas bem anteriores ao dia.
.
Imagine você estar no metrô para ir ao trabalho e uma pessoa no seu vagão começa a atirar ? Imagine estar num parque com a namorada e ser vítima duma bala ? Ou então, imagine estar na sua faculdade e começar a ouvir, sorrateiramente, barulhos de disparos no andar de baixo. Para onde você vai correr ? O que você vai fazer ? 
.
São crimes que revoltam, e não poderia deixar de ser diferente. Mas temos que olhar com cuidado para eles, ainda que com um ódio monstruoso. 
.
Uma pessoa que sai matando a torto e a direito não faz isso pois simplesmente acordou com essa vontade. É algo tramado, muitas vezes por um longo tempo. A pessoa tem sede de sangue, quer matar muitas pessoas todos os dias - e escolhe um para sair à desforra. Basicamente, é uma pessoa doente. Sua doença quase sempre tem razão de ser em algum trauma de infância - como o bullying, por exemplo. Ou seja, pais que espancam filhos e amigos que ignoram outros também são culpados por todas essas mortes. Primeiro por fazerem o que fazem, depois por não detectar o problema no futuro atirador. 
.
Pode soar estranho, mas eu sou favorável ao porte de armas e minha crença não é abalada com esse evento no Colorado. Sou a favor de ter armas desde que a pessoa passe por uma série bem grande de testes que mostrem que ela está apta a atirar com precisão em seu alvo e, sobretudo, após uma série intensiva, desgastante e extenuante de testes psicológicos, que mostrem que ela não vai se tornar um desses serial killers que vemos nem atirar por qualquer motivo besta.
.
O maior trauma, porém, está em quem viveu esses episódios. Imagine como um sobrevivente de Virginia Tech se sentiu após ver o noticiário sobre o que ocorreu no cinema norte-americano ? Todo o trauma voltará, aquela angústia, a confusão, a sensação esquisita. É como se eles passassem por todo aquele inferno novamente.
. 
Cabe a nós apenas lamentar por essas vidas e lutar para que casos como esses não aconteçam mais. 

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Oi, oi, oi

Avenida Brasil é um fenômeno. Posso dizer que, nos últimos 10 anos, nenhuma novela arrebenta tantos recordes do IBOPE desde o início. Algumas marcaram demais o público nesse período, como Paraíso Tropical, A Favorita e Fina Estampa, mas todas cresceram no IBOPE já no final de suas exibições - em parte graças ao capítulo 100, que é decisivo para a novela.
.
Pois bem, o capítulo 100 de Avenida Brasil foi hoje, e registrou mais de 40 pontos de audiência - recorde desde Senhora do Destino, em 2004. E, bem antes dessa noite, a novela já era um estrondoso sucesso.
.

A começar pelo tema de abertura. O kuduro, ritmo angolano que chegou com força no Brasil graças a música original de Don Omar e Lucenzo e que ganhou uma versão em português de Latino, emplacou com tudo. A música pouco tem a ver com o restante da história (bem como toda a abertura), mas arrebatou o público desde o começo. Acho que escolher uma música que tenha nexo com o resto da história é algo importante, mas a Globo certamente não tá ligando muito pra isso - uma pena, pois falta a vontade de se fazer algo perfeito, como antigamente.
.
Não vejo a novela com frequência, a vejo apenas quando estou com a minha namorada, fã da história. Do pouco que vejo, me impressiono com o abandono total do padrão Globo antigo. Antes, havia pouca gritaria, o ritmo era bem mais lento e as histórias mostravam quadros basicamente só da classe média-alta. Hoje há um festival de gritos, muita coisa acontece em uma cena só e cada vez mais vemos personagens humildes - ainda que com todo o capricho que a Globo sempre deu para suas telenovelas. Os diálogos também mudaram, já que antes eram raros diálogos picantes e ofensivos, e hoje podemos ver boa dose disso em qualquer capítulo.
.

Também é interessante ver que o maniqueísmo vai se esfacelando aos poucos. Teoricamente, a vilã seria Carminha (Adriana Esteves) e a mocinha seria Nina (Débora Falabella). Deve ser isso mesmo, sei lá. Mas muita gente adora Carminha e odeia Nina. Isso é um grande trunfo de João Emanuel Carneiro, autor da história. Ele também já tinha feito isso com sucesso em A Favorita, história na qual só ficou claro que a vilã era Flora (Patrícia Pillar) e a mocinha era Donatela (Cláudia Raia) já na reta final. Certamente o autor gostaria de manter o mistério até o final, mas aí entra o pior dos mundos: quem faz a novela não é o autor, é o público. 
.
A novela é feito pelo autor nas primeiras duas semanas de exibição. Após esse período, a Globo faz testes com telespectadores para identificar o que o público gosta ou não, o que entende ou não, o que vê e o que falta. Esse feedback é passado para o autor, que tem que se virar para deixar tudo mais palpável. 
.
A prova irrefutável disso é que a estrela da novela, em seu início (ou seja, na época idealizada pelo autor) era Tufão (Murilo Benício), jogador do Flamengo. Ao chamar a atenção para o futebol, o autor queria chegar ao público duma forma bem direta. Mas quem caiu nas graças do povo foi a história entre Carminha e Nina, e também o fogo de Suelen (Ísis Valverde), que fazia a alegria masculina - mais que o próprio Tufão. Relembro também que a Globo pagou um dinheiro imenso para fazer do estádio Parque do Sabiá, em Uberlândia, o Maracanã cenográfico
.

O público certamente se vê em Avenida Brasil. A história, como eu disse, é bem povão. Isso porquê a Record especializou-se em espetacularizar o jeitão povão de ser e passou a incomodar a Globo. A gigante do plim plim, então, devolveu na mesma moeda - e, como mostra a audiência, com maestria. 
.
As telenovelas são um dos poucos produtos consumidos pelo povo que é, nitidamente, uma via de mão dupla. O público assiste, o autor sabe o feedback e coloca o que eles querem. Mas, para isso, o autor precisa saber o que o povo faz, como faz, o quê faz, quando faz, onde faz. O autor, resumidamente, vê o povo. E a ótica do autor está na novela. Ao ver a novela espalham-se figurinos que viram moda, frases feitas de personagens que tornam-se inesquecíveis e afins. Mais que se ver na TV, a novela induz o povo a fazer o que nela se faz - e cria-se uma bola de neve que explica porquê as novelas nacionais fazem tanto sucesso.

Último ponto que eu gostaria de tocar: não vejo novela, mas não tenho nada contra quem vê. Acho que é algo interessante para conhecermos um pouco mais sobre a sociedade vigente - e tudo que aparece nesse aspecto é algo válido. Mas falar apenas de um assunto é, além de chato, um desperdício - não só por só saber falar de uma só coisa, mas também porque existem vários outros assuntos bons para se discutir. Seja novela, futebol, religião ou política, não podemos virar especialistas em um assunto e boçais nos demais. E aí entra a minha preocupação: vejo muitas pessoas tão fascinadas em Avenida Brasil que desaprenderam a conversar sobre outros temas. Além da novela, saiba que as universidades federais estão em greve há dois meses, e isso não passa na TV. Cada um deve fazer o que bem quer na hora do lazer, mas não podemos ter apenas horas de lazer. 
.
Vamos ouvir muito kuduro até a novela acabar, amigos. 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Diferenciados

É, acho que somos diferenciados sim. No texto que eu publiquei no meu Facebook (logo abaixo), faltou dizer que a estrutura ganha sozinha, que o presidente se considera um ótimo técnico e, claro que o São Paulo é um time diferenciado - argh, que nojo que eu tenho desse termo.
.
"A torcida do São Paulo é tão ridícula que preferiu demitir Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Carpegiani e Leão; pegar no pé de vários garotos de potencial como Casemiro e Rodrigo Caio e inventar desculpa pros mais diversos motivos antes de pedir a cabeça de fato do presidente - como torcida unida, claro. 

Não tô falando que os citados não tiveram doses de culpa. Cada qual tem seu quinhão de culpa, mas a torcida é tão culpada quanto o presidente, pois sempre encobriu, querendo ou não, esse calhorda que se apoderou do São Paulo.

Você aí, que acha que o problema é o técnico ou os jogadores, saiba que você é tão culpado quanto o presidente que hoje, e só hoje, você começou a querer a cabeça na arquibancada. Ah, você também, que apoiava o Juvenal ao torrar milhões desenfradamente ao ver os rivais ganhando títulos e ao ver o São Paulo ficando no quase, deve estar muito feliz agora. 

O presidente do São Paulo é escroto. Mas a torcida me dá sarna."
.
O time piorou com Ney Franco, é fato. Mas é piorar agora para ter um 2013 para lutar por títulos novamente. É o tal ano sabático, tal qual o Santos de 2009 e o Corinthians em 2011, para voltar com força máxima aos títulos. Mas, que dá um desespero de ver esse time jogando, dá. 
.
O Carlos Port disse que esse time é pra 2013, e eu tô com ele. Acho, inclusive, que o time é pra 2013 e o trabalho é prum futuro ainda mais distante e duradouro. Esse ano vai ser o do sofrimento, o ano só pros guerreiros de verdade ficarem ao lado do time. 
.
O que temos que fazer agora é apoiar, simplesmente - outra ideia que eu compartilho do Carlos. Uma torcida que vaia o time tem mais é que se fuder mesmo. E, claro lutar para que Juvenal Juvêncio saia do São Paulo. Muito difícil, mas porque não tentar ?
.
Tem que ter amor demais por você, São Paulo. Mas isso aqui não falta.  

terça-feira, 17 de julho de 2012

O poderoso cartola ~ post III de III

A série sobre Ricardo Teixeira chega ao final hoje, após publicar a íntegra da matéria na revista Piauí e algumas palavras minhas ainda no calor das revelações feitas pela publicação.
.
...
.
"Muita coisa mudou nesses últimos meses na CBF. O que o antigo presidente da confederação falou nunca teve tanto alcance e tanto impacto na mídia. Talvez nunca os brasileiros viram tão de perto quem era o comandante do futebol no país, e também talvez nunca sentiram tamanha vergonha desse fato. 
.
A entrevista da repórter Daniela Pinheiro causou repecussões imediatas. Os jornalistas que já criticavam Ricardo Teixeira (concentrados na ESPN Brasil, sobretudo Mauro Cezar Pereira e o eterno desafeto do ex-presidente, Juca Kfouri) passaram a apoiar qualquer palavra contrário a ele - com mais veemência que antes. Até mesmo a grande mídia, representada pela Rede Globo, começou a se colocar contra Teixeira, como mostra essa postagem pessoal de Milton Leite em seu blog.
.
Até mesmo a sociedade civil, que sempre foi contrária ao cartola, organizou-se e criou manifestações contra Ricardo Teixeira. Algumas organizações como a Frente Nacional dos Torcedores e a Associação Nacional dos Torcedores ganharam as ruas e passaram a pedir a cabeça dele. Por menores que fossem tais manifestações, eles conseguiram algum apoio da mídia, que começava a jogar a pá de cal em um dos mais nebulosos dirigentes que o país já viu.
.
A grande surpresa, porém, veio com uma matéria de destaque veiculada no Jornal Nacional sobre todas as últimas polêmicas do cartola. Sem a poderosa Globo (que tratava muito bem de esconder qualquer suspeita que seu queridinho despertava) e com toda a mídia enfurecida contra si mesmo, o cerco a Ricardo Teixeira estava feito - e ele não tinha para onde correr.
.
Primeiro veio a licença médica, e depois a renúncia do antigo presidente, sucedido pelo tão pilantra quanto José Maria Marin. O antigo governador biônico de São Paulo é sim um pau mandado de Tricky Ricky, que continua com todo o seu sistema corrupto nas entranhas do futebol nacional. Mas, querendo ou não, a simples ausência dele já é um grande alívio para a retomada do crescimento do esporte mais querido pela população. 
.
Nesse meio tempo houve o último grande escândalo envolvendo Teixeira e seu ex-sogro, o também ex-presidente da CBF e ex-presidente da FIFA (sonho confesso de Teixeira), João Havelange: eles receberam propinas da ISL (empresa nebulosa e ligada a antigos homens da FIFA), que ganhou por meio de licitações bem questionáveis os direitos televisivos para as Copas do Mundo de 1994, 1998 e 2002. Para isso, a empresa suíça pagou R$26 milhões para Ricardo Teixeira e R$3 milhões para João Havelange, que teriam que convencer sua corja de cartolas a beneficiar a International Sports and Leisure. Com todo esse dinheiro, a proposta foi facilmente aceita - e quem perdeu, como sempre, foi o futebol. 
.
Você já foi tarde, Teixeira. Que você e sua quadrilha jamsis voltem ao futebol brasileiro.

Os momentos mais espetaculares da temporada da NFL

O título desse texto é uma paráfrase do que Paulo Antunes, comentarista de futebol americano dos canais ESPN, disse após a vitória épica do San Francisco 49ers sobre o New Orleans Saints, na Califórnia. Adianto desde já que essa partida foi a mais incrível de uma temproada igualmente incrível - e, por que não dizer, esse foi um dos jogos mais sensacionais que eu já vi em qualquer esporte. 
.
Me peguei hoje vendo algumas partidas da pós-temporada da NFL. Claro que vi as que guardo com mais emoção, e por isso não vi o SuperBowl, que foi sim emocionante, mas teve toda a sua emoção concentrada nos minutos finais, após o último touchdown do vencedor New York Giants sobre o New England Patriots. 
.
Parece que cada partida guarda um pouco daquele dia, daquele momento. A pós-temporada aconteceu em um período atribulado da minha vida, do qual eu não gosto nem de lembrar. O futebol americano era a minha válvula de escape, fazia eu me divertir e me emocionar com coisas boas. Me dava alguma vontade de acordar aos finais de semana e fazer algo. Como eu costumo dizer, certas coisas só o esporte faz. 
.
.
Ainda sobre o campeão: como esquecer a partida inteira dos azuis de New York contra o até então papão da temporada, o Green Bay Packers, em pleno Lambeau Field ? Sobretudo, como esquecer o Hail Mary no final do primeiro tempo do monstro decisivo chamado Eli Manning para Hakeem Nicks ? 
.
Só me resta relembrar com saudade dos jogos (e não daquele tempo) e, sobretudo, implorar para que a NFL recomece logo. Chega logo, 5 de setembro !