quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O ano da descoberta

Por duas vezes me pediram pra resumir meu ano em uma palavra ou expressão - costume que eu tenho desde pequeno. Após uma rápida pensada na primeira vez, na segunda saiu de bate pronto: 2015 foi o ano da descoberta.

Créditos: http://migre.me/szzbr
É estranho pensar que, às portas de fazer vinte e quatro anos, você começa a descobrir tanta coisa na sua vida. Parar de ligar tanto pro que vão pensar, bater no peito e assumir tudo o que você fala, defender o que pensa com mais veemência - e pedir desculpa com a mesma veemência se você tá errado.

Se parar pra pensar, não foram tantos fatos marcantes assim em 2015. Entrei na Insane após quase um ano desempregado, pela primeira vez vi as duas noites do carnaval de São Paulo, vi o Superbowl no cinema, terminei meu namoro uma vez e me arrependi, comecei a fazer terapia, voltei e terminei o namoro novamente, viajei com os meus amigos depois de muito tempo, fui no evento de despedida do Rogério Ceni, saí e voltei para o bottomline da ESPN - e mantive meu freelancer de narração esportiva.

Falando friamente foi bem pouco. Mas começar o ano empregado é algo que me motivou demais ao longo de todo o ano e me garantiu muita estabilidade - assim como os demais freelancers. Ver o carnaval pela primeira vez in loco foi uma experiência que eu quero repetir durante toda a minha vida. A viagem com os meus amigos me trouxe um pessoal que tem tanta vontade e disposição de sair quanto eu.

Créditos: http://migre.me/szzcS
Mas, sem dúvida, o fato de 2015 foi o término do meu namoro. O primeiro pra descobrir o quanto minhas impressões podem ser erradas e o quanto eu posso sofrer por isso; o segundo pra descobrir que, mesmo querendo, certas coisas não tem como mudar. Acabou no momento certo, a ponto da amizade com a minha ex não acabar. Quando vi que era inevitável, era o objetivo. Consegui. Descobri.

O fim do namoro me trouxe também a terapia. Era algo que eu tinha consciência que deveria fazer desde o meu primeiro namoro, mas precisou o segundo acabar para eu buscar ajuda. E poucas coisas me ajudaram tanto quanto a terapia. Me conhecer, me aconselhar, me fazer refletir. Me descobrir. 

Se o término do namoro é obviamente triste, hoje vejo que ele era necessário tanto pra mim quanto pra minha ex. Vê-la feliz é algo que me deixa aliviado e bem. Já eu, adivinhe, me descobri. Se a minha vontade de conhecer pessoas era imensa namorando (o que se tornava um fardo pra mim), ela só aumentou solteiro. E a vergonha? E a timidez? Aos poucos vou dando um jeito nisso. Falta muito, mas o começo de uma mudança já existe. Mais uma descoberta. 

Créditos: http://migre.me/szze4
Tentativa e erro para descobrir. Ainda não cheguei em muitas conclusões (e talvez nem em 2016 eu chegue), mas o começo é promissor. Que o novo ano traga muitos acertos e alguns erros também - para o aprendizado, ora. Mas que traga resultados, principalmente. E descobertas.

A você, um ótimo 2016. 

domingo, 11 de outubro de 2015

E então, o que querer da vida?

Terminar um namoro é sempre algo complicado. Terminar, ver que errou e voltar é uma atitude nobre, apesar de dolorida. Ver que essa volta durou pouco menos de dois meses e todos os esforços feitos para que tudo voltasse às boas foam em vão... isso dói. E dói muito. 

Assim foi com a minha ex. Tentei tudo que podia uma vez, nada deu certo e terminamos. Vi que a falta dela era maior que os problemas que tínhamos, pedi para voltar e lutei bastante para que isso acontecesse. Depois de um tempo, aconteceu. Ficou ruim de novo e terminamos. 

Isso transformando uma tonelada em algumas gramas, é claro. Se o domingo que marcou nosso término teve lágrimas de emoção e um discurso muito bonito dos dois lados (não, eu não quero dizer que o discurso foi mentiroso), o que nos fez chegar até lá foi traumático. Confusões, choros, gritos, crises e tudo o que está no roteiro de qualquer casal que tenta deixar o amor prevalecer mas não consegue mais. 

Sabe o que dói, também? Ver que um dos pontos que você pedia para ela melhorar estava no tocante ao sair de casa. Você queria ter a liberdade e buscá-la tarde em casa, enquanto ela achava que 21h era tarde. Aí, já solteira, ela posta foto no Instagram toda maquiada e de vestido (linda, por sinal) às 23h. 

É, eu fui usado. Chutado. Até certo ponto enganado. Não, eu não sei o lado dela. Mas é assim que eu me sinto agora e me dou ao direito de seguir pensando assim até que me provem que eu esteja errado.

E, sim: a vida dela seguiu. Já não é a primeira saída dela. Vai ver ela já tem outro e/ou já beijou outras bocas.

E eu sigo aqui, arrumando o quarto aos finais de semana e tentando conhecer outras meninas, mas não conseguindo fazer nada direito. Despistando sobre toda e qualquer coisa, rindo, tentando conhecer alguém que faça sua vida seguir. 

Alguém não: algumas pessoas. O que fez eu me apaixonar pela minha ex era justamente a atenção que ela me dava. Ela se importava, ela queria saber o que eu queria, pensava, fazia. E quando ela se cansou, as brigas começaram. Foi assim duas vezes. Agora, sem ela, é óbvio que o que volta são os momentos bons. E a vida dela seguindo. E a minha estagnada.

Ao contrário da primeira vez, nem passa pela minha cabeça pedir para voltar com ela. Eu tenho que crescer e aprender que o problema é meu, não dela. A vida dela seguiu porque tinha que seguir - e melhorar. Eu só espero que ela tenha de mim a mesma lembrança carinhosa que eu tenho dela. Também espero que um dia ela pense em me ver de novo e me beijar de novo. Não pra voltar a namorar, mas sim porque ela é bonita e uma grande mulher. 

Mais pra frente (bem mais pra frente, na verdade) os dois sentam e conversam sobre a vida. Vêem o que fazer. 

Chega de falar dela a partir de agora. O blog é meu, os devaneios também. 

Apesar da pergunta no título, eu sei muito bem o que eu quero. Ou melhor, sei muito bem o que eu não quero: namorar de novo. Depois de passar os últimos cinco ano namorando (com alguns poucos intervalos solteiro nesse período), não quero me prender a alguém de novo. Nada contra minhas ex, mas tudo a favor de conhecer gente nova, arriscar, ver o que um beijo inesperado ou uma transa com alguém que você sempre desejou são capazes de fazer. 

Gente pra isso não falta. O que falta, na verdade, é o que sempre te faltou: atitude e alto-estima. É bizarro pensar que eu nunca conversei com uma desconhecida em festas por aí por pura vergonha. Sabe-se lá quantas amizades, beijos e afins eu não perdi por culpa dessa maldita timidez. 

Ou sabe-se lá quantas pessoas que você tem vontade de beijar não estão totalmente à toa em um sábado de feriado nacional e poderiam ao menos conversar numa boa com você. Tudo começa assim, não é? 

Desde a primeira vez que terminei com a minha última ex, eu vi que tinha algum sério problema. Comecei a fazer terapia com uma psicóloga indicada pela minha melhor amiga. Ela me ajuda bastante com isso, e cada sessão me deixa mais leve e pensativo sobre tudo que dá errado na minha vida. E essa é uma lição que eu ainda não aprendi. 

Passar cinco anos namorando tem uma consequência imensa na vida de qualquer pessoa e eu não tinha me dado conta disso. A vontade de sair mais sempre existiu. Mas, agora, cadê todo mundo? As pessoas realmente interessantes exigem algum esforço, e eu tenho uma imensa preguiça em fazer programas comuns. Parafraseando o dito popular, ficar em casa é que é a maior oficina do diabo possível. 

Nada de clichês como "pegar e não se apegar". O objetivo, agora, é ver bem quem é de fato interessante. Interessante o suficiente para saber que enquanto eu estiver com a pessoa ela vai ser única para mim, mas que eu não tenho a menor vontade de me envolver seriamente com ninguém. Pessoas interessantes também entendem o que você quer, não? E, se é cômodo pra mim, também possibilita a outra pessoa de conhecer outras pessoas, não?

Não me parece difícil. O problema é que não tá fácil passar pela primeira barreira: eu mesmo. Eu também preciso aprender isso na verdade.

Tudo é um aprendizado, sei disso. E sinceramente, os cinco anos que passei namorando não me deixaram ter a alto-estima e a atitude que tanto me faltam - e já me faltavam ao longo dos meus namoros, aliás. Agora eu vou ter que aprender na marra.

E vai ser na marra que tudo vai começar a dar certo. 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Notícias incríveis de hoje

Minha intenção com o Santa Zona nunca foi fazer um emaranhado de notícias quaisquer - se eu quisesse isso eu fundava um blog de hard news ou abria um indexador de páginas de jornalismo. Mas, em alguns dias específicos, é necessário largar algumas análises mais profundas e passar a limpo determinadas notícias que você lê por aí. 
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Criticar o meio no qual você trabalha é algo importantíssimo (ainda mais quando esse meio é estritamente corporativista), é como refletir sobre o seu papel na sociedade. E, hoje, foi um dia tristíssimo para quem tem o mínimo contato com as redes sociais. Algumas notícias que viralizaram na internet hoje querem driblar o bom senso - mas, infelizmente, são verdade.
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Vamos a elas:
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O cenário para a Prefeitura de São Paulo é nefasto. João Dória Jr., Celso Russomano, Marco Feliciano, Bruno Covas... José Luiz Datena é só mais uma dessas aberrações que o cenário paulistano trouxe. Pior que vê-lo cogitando a candidatura é vê-lo efetivamente candidato. O partido escolhido (o PP de Paulo Maluf) combina muito bem com a cara "ROTA NA RUA" da legenda - e é deplorável, inclusive. Um prefeito que acha que os policiais militares são heróis seria trágico demais. De tudo, acho que o mais absurdo é ter um candidato que aparece todos os dias na televisão aberta e na rádio e acha que isso não vai influenciar sua votação - aliás, é insano pensar como isso não é proibido pela legislação eleitoral.
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Entrevistar um lutador de MMA e ter como manchete o casamento gay não é uma boa escolha se você quer ser levado a sério - e, bem, eu acho que esse é o caso d'O Globo. A situação fica ainda pior quando você vê a ~entrevista~ em questão. Três perguntas: uma falando sobre o tratamento de testosterona que foi proibido pelo UFC; a segunda sobre a abstinência sexual antes de lutas (com direito a um clichêsissímo "Eu não faço sexo, faço amor"); e a terceira, COM UM GANCHO COM A QUESTÃO ANTERIOR, sobre o casamento homossexual. 
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De tantos e tantos congressistas boçais que temos, Jair Bolsonaro é o que mais se destaca por sua imbecilidade. Vou poupar todas as histórias desse terrorista acéfalo e sugerir uma visita ao Tumblr A História de Bolsonaro. É mais fácil.
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Pois é. Geraldo Alckmin, o governador que ignorou uma série de relatórios falando do caos hídrico em São Paulo e é responsável direto pela situação, ganhou um prêmio por tudo aquilo que não fez - como se tivesse feito. É vergonhoso. Pela lógica, o Estado Islâmico vai ganhar o próximo Nobel da Paz.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Precisamos falar sobre refugiados

A foto que correu o mundo fala por si só - a criança morta na costa turca do Mediterrâneo; e eu recomendo que você só veja a foto se tiver o coração forte, já que a imagem não tem imagens fortes, apenas símbolos tristes e chocantes demais.
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Créditos: Pragmatismo Político/Reprodução
Também não quero (ao menos com esse texto) entrar no mérito da discussão jornalística sobre o tema, tampouco na veiculação ou não da foto que mostra o garoto - discussão muitíssimo pertinente, aliás; e é bom ver que, ao menos nesse caso, a imprensa mais acertou do que errou, até onde sei. A questão aqui é outra, mas que também passa pelo jornalismo (aliás, é condição de existência da mesma): as causas humanitárias.
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Existem muitos fatos associados a essas causas que você não deve conhecer. Aliás, existem muitos fatos por aí que você não conhece. E são justamente esses fatos que colaboram para o crescente aumento de refugiados mundo afora. Ok, o Estado Islâmico é um deles e esse você deve conhecer, mas você não deve saber (ou talvez nem se lembre) que a Síria segue em guerra civil, que muitos países do Oriente Médio restringem a entrada de refugiados e que países como Líbia e Somália têm um governo oficial apenas na prática. Isso sem falar na fome, no Ebola, em outras tantas doenças, na falta d'água ou de saneamento básico. Coisas básicas, mas que milhões de pessoas no mundo não dispõem - e são pessoas miseráveis desses locais que compõem o imenso contingente de refugiados mundo afora.
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Esses são problemas políticos, não tenha dúvida. Mas a discussão sobre abrigar quem é vítima dessas mazelas sociais é algo muito maior que a política. Não existe direita ou esquerda, liberal ou conservador. Existe cidadania, respeito e amor ao próximo. Países escandinavos (meu modelo de sociedade ideal) oferecem abrigo a refugiados - como a Islândia e a Suécia
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Créditos: Angop/Reprodução
A Alemanha, maior força econômica da União Europeia, também se destaca nesse aspecto. Mais do que números, a sociedade aceita os refugiados. Na última rodada da Bundesliga (o Campeonato Alemão), as torcidas de Borussia Dortmund, Werder Bremen, Bayern e Hamburgo levaram faixas para os estádios dando boas-vindas aos novos habitantes - os bávaros foram além, oferecendo abrigo, comida e aulas de alemão. A causa dos desamparados é uma das principais do St. Pauli (da segunda divisão alemã, que conta com adeptos muito ativos em prol de minorias) há tempos, também.
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Há, porém, péssimos exemplos. O leste europeu tem na Rússia um dos países mais racistas da Terra, enquanto a Hungria tem políticas confusas e a República Tcheca chega ao cúmulo de construir campos de refugiados. Fascismo puro.
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A conversa fascista de que eles vão roubar empregos e etc é tão absurda que não cabe nem discussão, apenas resposta: refugiados não recusam empregos, se esforçam para construir um lugar melhor para o próximo, cuidam do pouco que tem e são extremamente gratos aos que os ajudam. Uma prova viva disso é o documentário SP Créole, que foi o Trabalho de Conclusão de Curso de duas amigas da minha sala (Débora Mayumi e Pamela Passarella) sobre haitianos que vivem no Brasil - movimento migratório que tomou força após o terremoto que devastou o país em 2010; e sim, o problema é mundial, não apenas com destino à Europa.
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Créditos: Umit Bektas/Reuters
Você, descendente de italianos, portugueses, japoneses, espanhóis, árabes, de várias etnias negras ou qualquer outra nacionalidade talvez não saiba que o seu primeiro antepassado a pisar no Brasil queria viver dignamente e/ou melhor - assim como haitianos, bolivianos, chineses e coreanos, árabes na Europa ou afins. Você discriminaria seus parentes?
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Não existe nacionalidade maior que a humanidade, assim como não pode existir pensamento que não pregue o respeito ao próximo. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Provocações baratas e falta de respeito marcaram o aniversário do Corinthians

Primeiro de setembro é conhecido não só como o primeiro dia após o ano chamado de agosto: é também o aniversário do Corinthians, data celebrada por todos os torcedores da equipe. 
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Créditos: Carlos Augusto Ferrari/Globoesporte.com
O texto começa por aí: a data tem que ser celebrada pelos torcedores da equipe aniversariante. Fico me perguntando porque os torcedores rivais também tornam o aniversário o assunto do dia, com brincadeiras e mensagens até desrespeitosas - mal sabem eles que essa atitude ingênua apenas engrandece o oponente, talvez. Eu realmente espero que os leitores desse humilde blog tenham mais o que fazer da vida e não fiquem nessas provocação tão tola e pueril com os outros.
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Sendo assim, achei bonita a atitude do Palmeiras. Via Twitter, a equipe parabenizou o Corinthians:
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Ao dizer que os dois clubes formam a maior rivalidade do país, é claro que o clube mexeu em um imenso vespeiro. Ao menos para mim não é a maior rivalidade nem de São Paulo, mas isso é assunto para outra postagem. Provocação barata e desnecessária, óbvio. Mas isso não dá nenhum direito de ninguém desrespeitar a instituição ou os torcedores que a apoiam. 
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Foi isso que fez Daniel Perrone, blogueiro que acompanha o São Paulo no Globoesporte.com. Ele retweetou a postagem do Palmeiras ironizando a mensagem, falando de uma "linda união homoeafetiva' - o tweet não será embedado para não fazer apologia de algo tão desprezível de um pseudojornalista que quer ser levado a sério. 
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Créditos: Cosme Rímoli/Reprodução
Isso é falta de respeito, pra começo de conversa. No meu mundo ideal seria crime - e levaria Perrone pra cadeia automaticamente. 
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Eu só não sei o que é pior: essa postagem tão infeliz ou a completa ausência de uma homenagem, por mais simples que seja, do São Paulo para o rival. Isso diminui o clube que pode vencer o ou perder para o Tricolor. A história de um é muito mais rica com a presença do outro como antagonista forte, abrilhantando cada título e/ou vitória ou vendendo caro cada derrota. 
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Digo sempre que o futebol é um grande reflexo de qualquer sociedade - no caso brasileiro, apenas novelas de grande audiência chegam aos pés do esporte nesse aspecto. O São Paulo mostra muito bem um grupo intolerante que se acha dono da razão em tudo - da diretoria e até mesmo boa de parte de seus torcedores. 
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Créditos: Paulo Favero/Estadão Conteúdo
Se a relação entre São Paulo e Palmeiras já não era tão amistosa nos tempos de Juvenal Juvêncio (ele provocava o Corinthians muito mais para tirar onda com Andrés Sanchez, então mandatário corinthiano que é seu amigo pessoal; sempre com respeito), ela tornou ainda pior com Carlos Miguel Aidar na presidência tricolor. Ele disse certa vez que o Palmeiras estava se "apequenando", logo após Paulo Nobre (presidente palmeirense) romper qualquer contato com o SPFC por conta de uma suposta má fé em negociações.
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Tanto os cartolas quanto o blogueiro não tem noção do quanto suas palavras e opiniões mexem com os torcedores - criando um clima de guerra, na pior acepção da palavra. 
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Em tempos de tanta intolerância, só temos a lamentar que até um simples aniversário seja motivo para faltar com respeito ao próximo.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A demissão em nove minutos diz muito sobre o Cruzeiro de 2015

Cresci vendo o Cruzeiro forte. Em 1998 (primeiro ano que lembro de acompanhar futebol mais de perto), a Raposa foi vice-campeã brasileira e vice da Copa do Brasil. Vi o time campeão de tudo em 2003, vice da Libertadores em 2009, vi jogos que fizeram páginas heróicas e imortais - como bem diz o hino do clube. 
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Créditos: Leonardo Bastos/Twitter
Mas aquele time, mantido pelos irmãos Perrella, precisava sabidamente vender um atleta titular por ano para se manter financeiramente. O time perdia, claro; mas se mantinha forte ano após ano - o Cruzeiro ganhou pelo menos um título entre 1993 e 2005, uma sequência impressionante.
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O sucessor dos Perrella foi eleito em 2012: Gilvan de Pinho Tavares, que assumiu o clube após um 2011 desastroso - que quase culminou no até hoje inédito rebaixamento cruzeirense. O presidente arrumou a casa em 2012 e conseguiu o bicampeonato brasileiro em 2013 e em 2014 - além do estadual de 2014 e de resultados expressivos no atletismo e no vôlei, principalmente. 
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O grande mentor do futebol cruzeirense no bicampeonato era Alexandre Mattos, que foi para o Palmeiras em 2015. A diretoria, até outrora poupada (e até elogiada), passou a ser exaustivamente criticada nesse ano. Com toda a razão.
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Créditos: Daniel Teobaldo/Estadão
Toda a base do time bicampeão nacional foi negociada: Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Lucas Silva, Egídio e Nílton - pra ficar nos que atuavam com frequência entre os titulares. Outros tantos chegaram, mas não se encaixaram no esquema do ótimo técnico Marcelo Oliveira. Ótimo, mas que não é perfeito: um de seus principais problemas é a falta de variação tática, viciando a equipe no 4-2-3-1 com as mesmas características.
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É um tanto quanto óbvio que um time remodelado precisa de tempo - ainda mais com um treinador com dificuldade para mudar algumas aspectos táticos. A diretoria não teve essa paciência: após chegar às quartas-de-final da Libertadores (!) e ganhar do River Plate no Monumental de Nuñez (!!), Marcelo Oliveira foi demitido após o 3x0 sofrido no jogo de volta - que custou a eliminação celeste na Copa. 
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Foram menos de seis meses de trabalho para Marcelo Oliveira em 2015. Vinte e sete jogos, com doze vitórias e 53% de aproveitamento - o que colocaria o Cruzeiro na sexta posição do Brasileirão, bem longe dos atuais 35% da Raposa na liga nacional. 
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Créditos: Rodrigo Clemente/EM/D A. Press
Não foi só isso. Além de não olhar os números, a diretoria cruzeirense não teve o menor senso ao deixar o técnico sozinho, visivelmente abatido, na coletiva de despedida da equipe. O time, que já tinha suas fragilidades, degringolou de vez com Vanderlei Luxemburgo - que há tempos vive apenas de seu passado e segue encantando alguns dirigentes brasileiros. 
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Hoje, dia que marcou a demissão de Vanderlei Luxemburgo (após dezenove jogos e menos de três meses no cargo - e a indagação de como um trabalho pode ser medido com tantos jogos e tão pouco tempo) e de Isaías Tinoco (diretor de futebol, que ficou menos de um mês (!) no Cruzeiro), a cartolagem celeste mostrou o quão amadora é. Às 16h43, a diretoria garantiu Luxemburgo para a ESPN. Nove minutos (NOVE MINUTOS) depois, foi anunciada a demissão do técnico no SuperEsportes. É amadorismo puro.
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Créditos: Washington Alves/VIPCOMM
Dá toda a impressão que a diretoria se perdeu sem Alexandre Mattos - de competência indiscutível. Mas... como um clube consegue se perder tanto em tão pouco tempo? Será que Mattos é tão espetacular? Um dos elencos mais numerosos do Brasil não consegue render porquê?
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Tem algo de muito errado com o Cruzeiro - fora de campo, que respinga no gramado. E é necessário acordar logo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O dia em que eu me tornei o heroi do impeachment

Lembra do Lula inflável? O imenso boneco do ex-presidente roubou a cena no protesto candango do dia 16/08 - dos que são contra o governo federal. Vale dizer que ele custou R$ 12 mil, segundo o próprio grupo que o confeccionou. Crise? Parece que, ironicamente, os que mais protestam contra o atual governo são os que menos sentem a recessão - confirmada hoje, aliás. Mas isso é outra história.
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Créditos: Marco Ambrosio/Estadão Conteúdo
Hoje o Lula inflável (ou Pixuleco ou Pixulula, como já foi apelidado) esteve na Ponte Estaiada, o novo cartão postal de São Paulo. A localização é privilegiada: muito perto dos estúdios da TV Globo em São Paulo, no Brooklin. O SPTV, aliás, tem como cenário exatamente o local onde estava o boneco, na Marginal Pinheiros - uma das principais vias paulistanas. 
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O noticiário local da manhã, pela primeira vez no novo cenário, foi apresentado com as persianas abaixadas. O da tarde, idem. Tudo para não mostrar o Lula inflável com fantasia de presidiário e a inscrição 13-171 - referência ao número do PT e ao estelionato no Código Penal.
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É aí que eu entro. Para fazer piada com a situação, fiz o seguinte tweet:
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Ironia pura. Não, a Globo nem de longe é petista. Acho que isso é tão claro para qualquer pessoa com o polegar oponível. Ou melhor, achava. O tweet caiu nas graças de quem é contra o governo federal - justamente os que eu ironizei. Isso incluiu o retweet de perfis como "ForaPT", "Fora Dilma", "Renuncia Dilma" e até mesmo o de Yeda Crusius, ex-governadora gaúcha do PSDB. (Não sei se a conta da ex-governadora é fake ou não, mas enfim)
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Tempos depois, com o Lula inflável já furado por manifestantes a favor do governo federal, o boneco virou meme e passou a ser ridicularizado na rede. Meu simplório tweet, então, passou a ser retweetado por quem também é a favor do governo. Pior: pessoas com RT's tanto contrários quanto favoráveis ao governo também me "ajudaram".
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Sobre toda a situação: como muitas das coisas que envolvem a atual política nacional, é ridículo. É simples entender porquê a Globo não mostrou o Lula inflável: para a emissora, tá ótimo do jeito que tá - um governo fraco, com a RGT ora mordendo e ora assoprando a equipe de Dilma. A ameaça, hoje, é Cunha - ao menos era antes das denúncias de corrupção da Lava-Jato. E como Cunha tornou-se heroi dos anti-governistas (...), não é interessante ter a imagem de Lula vestido de presidiário. Simples. A situação descrita nesse parágrafo, aliás, foi muito bem sacada pelo pessoal da Carta Capital.
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Créditos: Zanona Fraissat/Folhapress
Rasgar o boneco é ridículo e covarde, agir com violência ante uma manifestação pacífica e democrática - mesmo que um tanto quanto ridícula. Também não dá para aturar a imprensa chamando o ocorrido de "atentado", porém - aliás, um doce para quem falar que foi O Globo que falou isso primeiro. 
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Vale dizer: o Lula inflável caminhou por alguns pontos turísticos de São Paulo e vai passar por outras cidades - ao menos é o que era falado antes do ~~atentado~~. Já podemos chamar esse tour de LULAPALOOZA, não?
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Só rindo mesmo.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ir às ruas agora é escolher entre dois erros

Nos dias 16/08 e 20/08, milhares de pessoas protestaram no Brasil. Os dias distintos não são por mero acaso: no domingo protestaram os descontentes com o atual governo federal; na quinta-feira, os que a defendem. 
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Créditos: Felipe Raut/Estadão
Essa é só uma divisão bem superficial, que fique bem claro. O protesto de domingo tinha grande presença de pessoas que defendem o impeachment, golpe, a volta dos militares ao poder e outros quetais que você pode imaginar o quão absurdos são pelos exemplos que citei. Os protestos de quinta tinham pessoas que falavam pelos "pobres, minorias, trabalhadores" e grupos sociais pouco privilegiados - mas que não conseguem enxergar o quanto o atual governo é nocivo para eles mesmos.
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Ainda sobre os que defendem o atual governo: é engraçado ver que a cor dominante foi o vermelho. O vermelho do PT, da causa trabalhista. Partido esse que não se deu conta da mudança de rumo na economia mundial e levou o pais à recessão, cortou o direito de trabalhadores e aposentados e repete a novela que o PSDB (seu grande antagonista no cenário político de quem só vê política pela grande mídia) tanto fez no Brasil. 
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Você pode não gostar do governo Dilma, mas defender um golpe, os militares ou seja lá o que for não é nada inteligente - nem válido, aliás; ao menos por ora. Assim como defender um governo que levou o Brasil a essa situação nada satisfatória é tão escroto quanto. 
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Créditos: Paulo Pinto/Agência PT
Fique em casa, amigo. É mais inteligente. Você não vai ser confundido com alguns loucos que aparecem em cada uma dessas manifestações - como bem mostram esse e esse vídeo que viralizaram na internet. Você não vai ser chamado de coxinha nem de petralha, não vai entrar em discussões inúteis e de pouca inteligência em redes sociais.
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A situação é totalmente diferente que a das manifestações de 2013. Aquelas, que lutaram (até de maneira violenta) para ser apartidárias e que tinham um foco claro (em seu começo, é claro) não merecem ser colocadas na mesma cesta que essas atuais, tão deploráveis. 
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Não erre - nem à direita, nem à esquerda. Em momentos de histeria é importante observar e pensar bem antes de tomar qualquer partido. E, nesse momento, melhor mesmo é não ter nenhum partido.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O Brasília x Goiás da Sul-Americana diz muito sobre o futebol brasileiro

Brasília x Goiás se enfrentaram pela segunda fase da Copa Sul-Americana na última terça-feira - dia 18/08. O jogo de ida entre o Colorado e o Esmeraldino acabou 0x0 e foi disputado no Bezerrão, no Gama - cidade-satélite do Distrito Federal. Apesar do lead, a intenção aqui não é fazer um pós-jogo: é mostrar que com informações bem simples essa singela partida diz muito sobre o atual momento do futebol brasileiro.
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Créditos: AFP/Conmebol.com
A primeiro pergunta a ser respondida: porque Brasília e Goiás jogam a Copa Sul-Americana?
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Vamos começar pelo Esmeraldino. O Goiás foi apenas o décimo segundo colocado no Brasileirão de 2014, mas tem vaga na Sul-Americana por conta do esquema absurdo da CBF, que emparelha a competição continental com a Copa do Brasil. Só joga a Sul-Americana quem está eliminado na Copa do Brasil e tem condições de herdar uma das oito vagas no certame - vagas que são herdadas de acordo com a posição nas ligas nacionais do ano anterior. Achou ruim? A Ponte Preta, vice-campeã da Série B do ano passado, também está na Sul-Americana. 
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Isso acontece por conta de uma disputa política entre a CBF e a CONMEBOL. A Confederação Brasileira de Futebol quis fortalecer a competição nacional, colocando os times mais fortes para disputar o torneio. Para isso, colocou a Copa com jogos entre os dois semestres (algo óbvio para qualquer pessoa com um polegal oponível), com os clubes brasileiros que participaram da Libertadores em fases posteriores. 
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Créditos: Brasiliafc.com.br
Com isso, quem sai perdendo são os clubes que poderiam jogar a Sul-Americana com o valor que ela merece. É uma competição continental, vista por toda a América - e que atrai alguma atenção fora desse eixo. É interessante para qualquer um disputar a Sul-Americana. Quem liga para o que a CBF diz?
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São sei vagas para os representantes advindos das ligas nacionais. As outras duas, pasmem, são para os campeões de competições regionais chanceladas pela CBF: a Copa do Nordeste e a Copa Verde. Ridículo, mas sempre dá pra piorar quando falamos de futebol brasileiro. 
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O Ceará foi o campeão da Copa do Nordeste de 2015 e teria por direito a vaga na Sul-Americana. Por competência própria conseguiu avançar às oitavas-de-final da Copa do Brasil e queria participar das duas, com times distintos. A CBF vetou e deu a vaga para o Bahia, vice do torneio e que não avançou até essa fase da competição nacional. 
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Créditos: Agência Estado
Copa do Nordeste de 2015, claro. O enrosco é ainda mais patético quando falamos do Brasília: o Colorado foi campeão da Copa Verde de 2014, e joga a Sul-Americana apenas um ano depois. Em 2015, o Brasília perdeu o Campeonato Brasiliense para o Gama (!) e ficou quatro meses sem fazer um jogo sequer. A pior mazela do futebol brasileiro foi escancarada para quem quisesse ver.
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Explicado? Sim, é difícil. A sorte é que o texto pode ser relido. 
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Tem mais: o Brasília costuma mandar seus jogos no Mané Garrincha, suntuoso estádio candango erguido no Distrito Federal para a Copa do Mundo - com custo superior a R$ 1,7 bilhão. Por sinal, é o segundo maior estádio brasileiro da atualidade - mesmo com o estado não tendo nenhum time em nenhuma das três divisões nacionais. Mas o jogo aconteceu no Bezerrão, na cidade-satélite de Gama. Tudo porquê o Mané Garrincha não tinha laudo para a partida. É isso mesmo: o jogo que recebeu sete jogos da Copa do Mundo de um ano atrás (incluindo três eliminatórios) não tinha laudo para uma partida da segunda fase da Copa Sul-Americana. 
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Créditos: Reprodução/SporTV
Como podem imaginar, o 0x0 foi um espetáculo digno de comédia pastelão. O Goiás entrou com time misto; o Brasília entrou com atletas que estavam sem a menor condição física, muitos que faziam sua primeira partida pelo Colorado. Estádio praticamente vazio, gramado literalmente voando a cada disputa de bola. 
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Só com muito amor para assistir o atual futebol brasileiro.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Por que os números de manifestantes da PM nunca batem com os demais?

Não é preciso ir muito longe nesse blog para verificar o quanto eu sou contrário a praticamente tudo que envolve qualquer coisa que seja militar no Brasil, por vários motivos. Mas desde março, quando começaram os protestos contra o atual governo federal, um fato que envolve a corporação muito me intriga.
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Créditos: Luciana Yole/Flickr
Eu, manifestante desde os tempos de #ForaSarney (em 2009), me acostumei a ver PM jogando os números de cada protesto para baixo - quase no chão, aliás. 
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Começando pelo próprio #ForaSarney: em São Paulo, a manifestação reuniu 700 pessoas segundo os organizadores, mas cerca de 300 para a PM. A diferença absoluta pode ser pequena, mas a distância de 300 para 700 é superior a 100%. Como a polícia pode cortar mais da metade do número de manifestantes em um evento?
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Essa curiosidade em torno da PM tomou proporções imensas em 2013, durante os protestos que começaram contra o aumento das tarifas do transporte público e depois sintetizou várias reclamações da população. É patético. Enquanto o Movimento Passe Livre (que começou com as reivindicações) estimava atos com 5.000 e 100.000, a polícia colocava 2.000 e 65.000, respectivamente. O Estadão fez um belo infográfico sobre isso.
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Créditos: Joel Silva/Folhapress
Eis que chegam os protestos contra o governo desse ano. A PM estimou 1.000.000 de pessoas em março; o Datafolha, 210.000. Em abril, nova discrepância: 275.000 para a PM; 100.000 para o Datafolha. Nos protestos de agosto a história não foi diferente: 350.000 para os militares; 135.000 para o Datafolha. 
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É interessante notar que, ao menos em março, o governo federal teve manifestações de apoio - e os números novamente foram discrepantes, mas com a PM voltando a dar números muito abaixo. Em março, o Datafolha contou 41.000 pessoas; a PM, 12.000. 
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Créditos: Jorge Araújo/Folhapress
É óbvio que as entidades organizadoras (a saber, o Movimento Passe Livre) tem interesse em inflar seus números. O que é ~curioso~ é ver que manifestações estudantis e a favor de um governo que é contra os interesses históricos da PM ficam com estimativas muito abaixo das demais, enquanto em protestos que vão de encontro ao que os militares querem esses mesmos números são superdimensionados. Vale dizer também que nos protestos contra o governo policiais tiravam fotos e eram tratados como heróis.
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E você? Acredita na polícia?

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Precisamos de um pacto nacional pela arbitragem

Eu comecei a acompanhar futebol em 1998, influenciado pelo meu pai - são-paulino doente, de quem herdei o time de coração. Dois jogos antes da triunfal volta de Raí e do título do Paulistão sobre o Corinthians, o Alvinegro passou pela Portuguesa nas semifinais com um pênalti que até hoje é apontado pelos rivais corinthianos com vergonha - que motivou o clássico choro de Augusto e eternizou o nome do árbitro argentino Javier Castrilli.
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Créditos: César Greco/Palmeiras
Vi meu time ganhar o estadual, a Libertadores e o Mundial em 2005. O campeão brasileiro foi o Corinthians, no Brasileirão lembrado até hoje pela remarcação de jogos por conta da Máfia do Apito e pelo pênalti de Fábio Costa em Tinga - não marcado e motivo da expulsão do então volante colorado. Alberto Dualib, presidente do Timão na época, chegou a dizer que o verdadeiro campeão daquele campeonato seria o Inter.
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Lembrei de dois casos não para culpar o Corinthians, mas porque esses fatos entraram para a história do futebol brasileiro. Todos os times tem um punhado de erros de arbitragem a favor, assim como os corinthianos com certeza se lembrar de outros tantos erros que os prejudicaram. E é esse imenso excesso que precisa ser combatido. Acima de tudo: sem nenhum tipo de clubismo.
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As últimas três rodadas do Brasileirão foram pródigas em erros de arbitragem. Em apenas sete dias vimos um sem fim de erros capitais. Estaria mentindo se não xinguei todo mundo depois do gol mal anulado do São Paulo e do pênalti assombrose de Uendel não marcado no clássico contra o Corinthians, mas convenhamos que Felipe não mereceu nenhum dos dois cartões que o levaram a ser expulso. Isso sem contar no pênalti que o árbitro não deu a favor do Goiás contra o São Paulo, o gol com duas bolas em campo validado pela arbitragem e o impedimento que só a bandeirinha viu em Avaí x Corinthians, o gol que Apodi levou a bola claramente com a mão em Chapecoense x Atlético Mineiro, o(s) pênalti(s) que o árbitro não marcou para o Flamengo contra o Palmeiras... não faltam lances. Tem para todos os gostos, para todos os times. Você só precisa escolher.
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Foto: Reprodução
Isso cria um clima de desconfiança que coloca qualquer credibilidade de um campeonato em xeque. Eu, particularmente, não acredito em roubo e erros de má fé - só em incompetência mesmo. E isso não torna a sucessão de equívocos algo menor.
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Todos sabem disso tudo que eu falei. Todos sabem que os árbitros são horríveis e todos sabem que mais ou menos hora vão ser prejudicados e beneficiados. O problema é que cada clube só vê o seu lado. Só reclamam quando é contra si. Quando é a favor, torcedores e por vezes até jogadores e dirigentes ironizam o erro. Mais do que isso: quando isso acontece, não há repreensão de parte nenhuma por parte do clube beneficiado. 
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Após o ótimo Corinthians 4x3 Sport, a diretoria pernambucana emitiu uma nota oficial repudiando a arbitragem do jogo - do paulista Luiz Flávio de Oliveira. A principal polêmica foi quanto ao pênalti final, em lance que... foi pênalti - segundo uma nefasta recomendação da FIFA que ninguém conhecia após o primeiro Corinthians x São Paulo na Arena, no ano passado; e em lance que o juiz de Atlético Mineiro x Grêmio não marcou um penal para o Galo. Bem o Sport, que foi beneficiado por erros dos árbitros no mínimo, contra Avaí e São Paulo. 
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Créditos: Ricardo Zanei/UOL
Só hoje o Flamengo lançou uma nota oficial manifestando seu repúdio contra a arbitragem do Brasileirão. O Palmeiras lançou a pior nota de todas, falando da ~pressão que adversários querem exercer na arbitragem~ - ao que parece, o Palmeiras está satisfeitíssimo com os árbitros. A nota alviverde saiu um dia depois do Porco vencer o próprio Flamengo, em partida que teve pelo menos dois lances polêmicos a favor do time carioca - nenhum deles validado. Vamos ver por quanto tempo o papo se mantém.
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Cada clube só pensa em si, como pode ver. Pior que isso, os torcedores entram na onda e só ligam para o que acontece contra o próprio clube - endossando as palavras dos dirigentes que apoiam. Desculpe, mas eu me recuso a ser massa de manobra e ser tratado como gado. É óbvio que fico bravo quando vejo meu time prejudicado, mas o problema é bem maior que isso. 
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Se lembra de Corinthians x Sport? Um árbitro paulista escalado para apitar um jogo em São Paulo de um time paulistano - ainda mais um Oliveira, família de árbitros famosa por erros favoráveis ao Timão. A CBF não treina e ainda escala árbitros com esse critério pavoroso, de colocar árbitros do mesmo estado do mandante. É pedir para desconfiar da idoneidade do árbitro e da instituição. Isso sem falar em medidas absurdas - como a da proibição de comemorar com a torcida, a proibição de qualquer manifestação de torcedores e da punição para cada mínima reclamação. 
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Créditos: Agência Estado
TODOS que gostam de futebol precisam refletir. A começar por nós, torcedores, que precisamos parar de ser massa de manobra de dirigentes que só pensam no próprio clube - e em si mesmos. Só assim poderemos exigir dos cartolas (dos clubes e da CBF), dos árbitros e de todo mundo que está envolvido nessa história uma situação melhor da arbitragem. Para isso, precisamos criticar todos os erros, indistintamente do clube que seja. 
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O futebol é bem maior que você e que o seu time. A raiva a cada erro seguirá existindo, mas precisamos ter consciência que o futebol brasileiro está na UTI. É hora de salvá-lo.

domingo, 10 de maio de 2015

Eu queria não dormir

Chega o fim de semana. Depois de tanto trabalhar, o máximo que você quer e imagina para você da sexta até o domingo à noite é fazer o que bem entender. 
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Créditos: http://migre.me/pO6WT
Você vê que tem muita coisa boa na televisão - tem futebol e corrida de todo jeito, tem show, tem filme, tem algo que te interessa. Você começa a ver o que vai fazer com a namorada, o que vai comer, como vai se divertir. Você pensa em descansar, arrumar algo em casa, resolver um dos vários problemas que tão escanteados nessa vida corrida. Você pensa até em trabalhar um pouco mais, já que a vida não tá fácil pra ninguém e freelancers no final de semana pagam melhor.
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O problema é que você dorme até de tarde no sábado e no domingo. O cansaço acumulado te consome sabe-se lá quantas horas do horário que, em tese, é feito para você fazer o que bem entender. 
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Conforme o tempo passa, fica mais difícil manter a disposição de outrora. Eu, que me orgulhava de dormir pouco, agora não posso ver uma cama na sexta-feira para hibernar até a tarde seguinte - perdendo vida, dinheiro, conhecimento e seja lá o que for. 
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Créditos: http://migre.me/pO6TF
Eu queria não ter sono ou preguiça. Queria viver sempre com os olhos abertos - eu sou tão calmo, não preciso nem ficar sempre alerta de maneira hiperativa, o meu normal já tá bom. 
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A disposição segue existindo, mas é difícil aceitar que o corpo já não obedece mais a cabeça como deveria. 

sábado, 9 de maio de 2015

O Brasileirão vai começar, mas a ciranda de técnicos já está ativa

Maior torneio do futebol nacional e maior liga do tradicional futebol sul-americano, o Brasileirão de 2015 hoje. Com apenas um time do Nordeste e outro do Centro Oeste; quatro times de Santa Catarina; cinco de São Paulo; sem Botafogo e com Vasco e Palmeiras; chama a atenção um dado muito pouco animador: a rotação de técnicos entre os clubes que disputam o torneio.
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Créditos: http://migre.me/pN90k
É uma lista difícil de se fazer pelo número de treinadores demitidos, encerrando trabalhos que sequer puderam ser avaliados e ter resultados. Interessados apenas no agora, os dirigentes não pensam a longo prazo e fazem do futebol brasileiro uma ciranda de técnicos - e uma piada, também.
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Abaixo, listo os técnicos demitidos e os clubes que fizeram uma alteração em sua casamata na temporada 2015 - que, vale lembrar, começou há apenas três meses:
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Atlético Paranaense: Claudinei Oliveira, Enderson Moreira
Avaí: Geninho
Fluminense: Cristóvão Borges
Goiás: Ricardo Drubscky, Wagner Lopes
Santos: Enderson Moreira
São Paulo: Muricy Ramalho
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Créditos: http://migre.me/pN8Zq
É incrível como um time consegue avaliar o trabalho de um profissional, em um torneio que os próprios dirigentes falam que "não vale nada" - os estaduais. Talvez eles sejam milagreiros e descubram quem faz bem seu papel ou não, talvez. A lista esconde casos absurdos, como a demissão de Enderson Moreira do Santos ainda invicto, assim como as passagens relâmpagos do próprio treinador pelo Atlético Paranaense e de Wagner Lopes pelo Goiás. Imagine, então, avaliar o trabalho de dois técnicos em três meses - como fizeram o Furacão e o Avaí. Ou os cartolas tem uma bola de cristal ou são incompetentes. Fica ao seu critério escolher.
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Nada mais nada menos que 40% dos técnicos empregados em times da Série A em 2015 foram demitidos. O 7x1 não para de se justificar.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Sintetização

Quanto mais você trabalha, mais você conhece suas virtudes e seus pontos fracos profissionais - assim como a prática existe para te apontar os erros te melhorar. Melhor ainda é quando você aprende algo para levar para o resto da vida ao trabalhar. 
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Créditos: http://migre.me/pMFaA
Sou jornalista e trabalho com informações. Mas, ao longo da minha vida e da minha formação acadêmica, ouvia muitas vezes que meus textos eram densos demais - ou seja, que eram bem escritos, mas que a quantidade de informações deixava a leitura pouco fluída.o
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Eu me perguntava se isso não era um contrassenso - ora, um texto jornalístico com menos informação? Também me perguntava se eu precisava escrever textos menores. Na verdade, eu só queria acertar meus textos.
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Eis que, de tanto ler (no trabalho, por lazer, textos aleatórios diversos), percebi que minhas contextualizações (tão importantes) fugiam demais da ideia principal do texto. Precisava reduzir as informações extras e diminuir também a quantidade de dados "embutidos". 
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Até hoje tento me readaptar, para ser sincero. Tenho vontade de compartilhar tudo com o mundo - e acho que quem mostra conteúdo passa a ser interessante; assim como acho que pessoas assim também recebem mais informações, de uma forma ou de outra. 
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Créditos: http://migre.me/pMF9l
Resultado: meus textos ficam mais leves, mas eu sempre acho que posso colocar algo mais nele. O jeito é fazer dois ou três textos, como "suítes" - jargão jornalístico que se refere a fatos que ganham cobertura em mais de um dia.
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Não é o meu gosto, mas é como fica melhor. Ossos do ofício.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Todos os encontros decisivos brasileiros que se repetem na Libertadores de 2015

Por conta de seu chaveamento por base no mérito de cada equipe na primeira fase, os mata-matas da Copa Libertadores são imprevisíveis. Se pudessem escolher, certamente São Paulo e Cruzeiro não escolheriam enfrentar um ao outro, assim como Internacional e Atlético Mineiro buscariam chance melhor - assim como Boca Juniors e River Plate, certamente.
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Créditos: http://migre.me/pL6sc
Como se pode prever, os duelos não são novidade. O Santa Zona lista os quatro duelos eliminatórios entre Colorado e Galo, assim como elenca os seis confrontos decisivos entre o Tricolor e a Raposa.
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INTERNACIONAL x ATLÉTICO MINEIRO
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Brasileirão de 1976 - Semifinal
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O Inter bicampeão brasileiro precisou suar demais para vencer o Atlético. Tanto que o gol da virada veio nos acréscimos do segundo tempo, com Paulo Roberto Falcão - Batista empatou o cotejo, que teve o placar aberto por Vantuir. Em campo, jogadores do porte de Manga, Marinho Perez, Elias Figueroa, Dadá Maravilha (ainda no Colorado), Caçapava, Toninho Cerezo e Paulo Isidoro. Dias depois, o Colorado repetiria o feito do ano anterior e venceria o Brasileirão ante o Corinthians - também em jogo único no Beira-Rio.
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Brasileirão 1980 - Semifinais
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A semifinal se repetiu quatro anos depois, agora em dois jogos. No Mineirão, empate por 1x1. Às margens do Guaíba, porém, o Atlético mostrou toda a sua força e fez 3x0 no Inter, com dois gols de Éder Aleixo e um de Reinaldo - Chicão, Toninho Cerezo e João Leite estavam naquele time, enfrentando Mauro Galvão, Batista e Mário Sérgio.
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Brasileiro 1981 - Oitavas-de-final
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Se o Atlético avançou vencendo o Inter no Beira-Rio no ano anterior, o Colorado venceu o Galo no Mineirão no ano seguinte - o 1x0 foi garantindo com um gol de Silvinho. No jogo de volta, o 1x1 foi o suficiente para classificar o time gaúcho.
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Copa do Brasil 2002 - Oitavas-de-final
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Onze anos depois, Atlético e Internacional voltaram a se enfrentar em um jogo eliminatório. No jogo de ida, a eterna dupla Marques e Guilherme garantiu a vitória atleticana no Mineirão. O 3x2 no Beira-Rio não evitou a eliminação colorada para o time de Levir Culpi - atual técnico do Galo. Nesse jogo, vale destacar o gol de Mahicon Librelato, atacante do Inter que morreria em um acidente de automóvel no final do mesmo ano.
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CRUZEIRO x SÃO PAULO
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Copa do Brasil 1993 - Quartas-de-final
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Emvolvido em uma série de torneios, o São Paulo jogou a partida com sua equipe reserva - treinada por Márcio Araújo, não por Telê Santana. O Cruzeiro se aproveitou para vencer o jogo no Morumbi por 2x1 e segurar o empate no Mineirão - 1x1. O time celeste ganharia seu primeiro título na competição, enquanto o Tricolor ganharia a Recopa, a Supercopa, a Libertadores e o Mundial no mesmo ano.
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Recopa 1993 - Final
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Agora com time titular, o São Paulo venceu o Cruzeiro na competição que reunia o campeão da Libertadores (o Tricolor) e o da Supercopa (a Raposa) no anterior. O primeiro jogo foi válido também pelo Brasileirão - em mais um desses absurdos sul-americanos para caber todos os jogos em um calendário exíguo. Como as duas pelejas terminaram empatadas em 0x0, a disputa foi para os pênaltis - Paulo Roberto chutou para fora e Ronaldo (ele mesmo, o Fenômeno) parou nas mãos de Zetti.
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Copa Ouro 1995 - Final / Supercopa da Libertadores 1995 - Quartas-de-final
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A CONMEBOL teve alguns torneio de pouco tempo de vida ao longo da década de 1990. A Copa Ouro foi uma dessas. A competição reunia os campeões da Libertadores, da Supercopa, da Conmebol e da Copa Master - essa última reunia apenas os campeões da Supercopa (!). O interesse, como você deve imaginar, era zero. Tanto que, em 1995, Vélez Sarsfield (campeão da Libertadores de 1994) e o Independiente (vencedor da Supercopa do ano anterior) não disputaram o torneio. Em dois jogos (válidos também pela segunda fase da Supercopa), os dois visitantes venceram por 1x0. No Pacaembu (com meras 4.600 pessoas), o Cruzeiro avançou nos pênaltis.
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Copa do Brasil 2000 - Final
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Foi a única vez que o blogueiro chorou de tristeza por conta de futebol. Isso ilustra bem a carga dramática que teve a peleja no Mineirão, após empate por 0x0 no Morumbi. Marcelinho Paraíba colocou o São Paulo em vantagem, mas Fábio Júnior e Geovanni, já nos acréscimos, deram o tricampeonato da Copa do Brasil para a Raposa. Rogério, Raí, Belletti, Claudio Maldonado, França e Marcelinho de um lado; Cléber, Sorín, Muller, Fábio Junior e Oséas de outro. Dois jogaços.
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Libertadores 2009 - Quartas-de-final
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Então tricampeão brasileiro, o São Paulo titubeava no principal torneio das Américas contra times brasileiros. Não foi diferente em 2009: nas quartas-de-final, o Cruzeiro despachou o Tricolor com duas vitórias - incluindo um 2x0 no segundo jogo em pleno Morumbi, em partida apática do time paulista e que foi o último da vitoriosíssima segunda passagem de Muricy Ramalho pela equipe. O Cruzeiro de Adílson Batista foi até a final, mas parou para o Estudiantes - e para Verón.
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Libertadores 2010 - Quartas-de-final
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Mesma fase, mesma competição, um ano depois. O São Paulo (já com Ricardo Gomes) não encantava e passou pelo fraco Universitario do Peru apenas nos pênaltis. A diretoria tricolor, então, contratou Fernandão - campeão mundial pelo Internacional em 2006. O espírito guerreiro do atacante motivou os companheiros - principalmente Dagoberto, que co-protagonizou as duas categóricas vitórias são-paulinas.
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