quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Redomas sociais

Tudo é comunicação hoje em dia. Sou suspeito para falar sobre isso (já que estudei e trabalho justamente nessa área), mas acho que todo mundo é unânime sobre a frase que abre esse post. Mas, ao que parece, muitas pessoas ainda acham que podem viver se isolando de tudo e todos.
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Confesso que me incomodo quando vejo pessoas que tem redes sociais e não fazem a mínima questão de se relacionar com seus amigos ou com outras pessoas - falo isso porque acho quase inconcebível alguém que não tenha Facebook nos dias de hoje, embora conheça pessoas que não tenham conta no referido site. 
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A situação é um pouco mais complicada para que tem Twitter, ao meu ver. Ninguém é obrigado a fazer Twitter. E, ao fazer, você praticamente concorda que está lá para se relacionar com outras pessoas - e que, implicitamente, quer expandir seus horizontes com amizades novas, por mais superficiais que elas sejam. Sendo assim, porque se esquivar tanto de contatos sociais por lá? Não faz sentido para mim. 
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Apesar de tudo isso, sei que as redes sociais apenas trazem para a internet situações que acontecem fora dela - embora tenham pessoas que detestem falar pela rede, enquanto outras se soltam na tela do computador, celular ou qualquer coisa semelhante. Me parece que as pessoas, cada vez mais, vivem em bolhas nas quais apenas utilizam as outras para o que bem entendem. Pior: quando encontram alguma pessoa disposta a ter alguma amizade bacana e que a admire de alguma forma, preferem ser apenas conhecidas. 
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Não consigo entender essa situação, confesso. Por mais intensa que uma amizade possa ser (e não falo de amizades coloridas ou coisas afins, apenas relacionamentos em que duas pessoas conversem, troquem algum mínimo segredo e tenham empatia entre si), qualquer situação é facilmente contornável em seu começo. Não é como um começo de namoro, no qual há compromisso e é público que os dois estão juntos. Se duas pessoas são diferentes, não precisam forçar uma amizade, ora. Mas nem a tentativa eu vejo acontecer, e isso me intriga. 
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O finado Orkut já dizia muito sobre a nossa era: tínhamos contatos, não amigos. Por mais que o Facebook tenha alterado a nomenclatura, a definição de relacionamentos só não segue a mesma porque ela é cada vez mais fria e superficial. Uma pena - para todos nós. 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Reacostumando

Saí da assessoria de imprensa do Albert Einstein no dia 31/04. Desse dia até finalizar o meu TCC (isso do meio para o final de novembro), pouco fiz para conseguir algo novo. A dificuldade para conseguir estágios no último ano é imensa, entrar em um trainee é complicadíssimo e, acima de tudo, eu tinha o projeto da minha vida para fazer. Desencanei e mergulhei fundo no TCC.
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Toda a espera valeu a pena quando a nota 10 do Dérbi foi oficializada. Mas, depois da minha banca, entrei em uma fase bem depressiva. Um dos meus freelancers foi praticamente paralisado junto com o calendário do futebol nacional e o outro tornou-se tedioso tal qual o jornalismo nessa época do ano por conta da falta de informações. Enquanto isso acontecia, via boa parte dos meus amigos e conhecidos sendo efetivados. Bateu aquela impressão juvenil de que eu não era bom o suficiente e tudo mais. 
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Não nego o drama. Mas alguém que fica em casa boa parte do tempo está sujeito a acessos de depressão e de leve loucura. Minha avó sempre diz que a cabeça vazia é a oficina do diabo. Sei disso na prática. Aliás, você também deve saber disso - e a sua avó também deve te dizer a mesma frase. 
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Tudo mudou há uma semana. No aniversário da minha irmã (21/01) caçula recebi a notícia que fui contratado pela Agência Insane e que começaria já na semana seguinte. Precisava, de uma hora para outra, mudar uma série de péssimos costumes que adquiri nesse tempo desempregado. 
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O pior de todos, sem dúvida, foi o de dormir muito tarde. O calor também contribuiu, é fato, mas dormir em média às 04h30 (isso sem contar nas noites em claro) e acordar as 13h não é nada saudável. Isso, aliás, atrapalhava o meu almoço: eu já não costumo ter fome; logo depois de acordar, então, não comia quase nada. Nem mesmo todo o cansaço acumulado nas viagens diárias que fazia para trabalhar no Albert Einstein explica essa situação. 
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Outro péssimo vício que está, aos poucos, sendo vencidos: a preguiça. A rotina de trabalho é bem diferente daquela de ficar em casa não fazendo nada. Até mesmo a qualidade do meu trabalho deve ficar aquém do que eu posso fazer nesse começo. 
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O importante, porém, eu já consegui: voltar ao batente.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A Globo e os nomes privados

Para ~você que se liga na Globo~ (como diz o locutor Cléber Machado), tivemos hoje a decisão do Torneio de Manaus e um amistoso do Palmeiras contra o RB Brasil. Seria perfeito se fosse assim, mas não é. ~Você que se liga na Globo~ (e no SporTV também, já que é um canal das Organizações Globo) teve um erro grave de informação. Aliás, você vive convivendo com esses erros. 
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Não existe nenhum Torneio de Manaus, ao menos em 2015. O que existiu foi o Super Series, triangular amistoso disputado por São Paulo, Vasco e Flamengo e vencido pelo último. Assim como não existe nenhum RB Brasil: o que existe é o Red Bull Brasil, time fundado e mantido pela empresa austríaca aqui no Brasil, cujo time joga em Campinas. 
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A diferença pode ser pouca ou até mesmo irrelevante para você, mas é imensa para quem investe no esporte. Não ter o seu nome falado na transmissão afasta qualquer patrocinador ou parceiro possível. E isso vira uma bola de neve: sem dinheiro para ser bancado qualquer clube fecha, o que afeta o esporte e assim sucessivamente. Não tem ninguém que saia ganhando nessa história toda. 
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A Globo tem, por regra interna, nunca falar nomes de entidades privadas em suas transmissões. Não sei porquê ela existe (embora já tenha pesquisado algumas vezes), mas simplesmente funciona assim - infelizmente, aliás. 
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A regra é tão irracional que, muitas vezes, a Globo opta por dar um tiro no próprio pé que rever sua norma sem pé nem cabeça. Os exemplos mais claros são as Superligas masculina e feminina de vôlei, o Novo Basquete Brasil (NBB) e a Liga de Basquete Feminino (LBF), mantidas pelas próprias Organizações Globo. Como os clubes estão falidos há tempos (em parte por culpa também da Globo, mas o problema aqui é muito maior), quem costuma bancar essas equipes são empresas privadas. Hoje, a raridade é ver um time sem apoio de uma empresa em seu próprio nome - como "Winner/Limeira" ou "Unilever/Rio". 
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A Globo, então, cita apenas o nome da cidade - Limeira, Rio de Janeiro ou qual quer que seja. No vôlei, esporte no qual é ainda mais comum times apenas com o nome de patrocinadores, a situação é ainda mais crítica para as empresas que mantém os times - isso explica a rotatividade das empresas, das jogadoras e, infelizmente, o fechamento repentino de tantos times outrora vencedores. 
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Mas não é só nesses esportes que a Globo prejudica. Na F1, a Red Bull Racing é a RBR. A final da Champions League 2011-2012 não foi na Allianz Arena, mas sim na Arena de Munique - assim como o novo estádio do Palmeiras não é o Allianz Parque, é a Arena Palestra. É ridículo. 
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Segundo a diretoria do Corinthians, um dos motivos pelos quais o clube atravessa uma crise financeira é o fato de não ter conseguido encontrar uma empresa para colocar os naming rights na Arena Corinthians. Andréz Sanchez, antigo mandatário do estádio, sempre colocou a culpa por isso na mídia. Embora ele também tenha seu quinhão de culpa, ele não está de todo errado. 
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Eu não sabia, porém, que a medida era tão absurda. Nem mesmo nomes de torneios amistosos passam impunes. A Florida Cup, disputada por Corinthians, Fluminense, Colônia e Bayer Leverkusen virou o Torneio da Flórida na Globo. O Super Series, como já dito, se transformou no Torneio de Manaus. A troco de quê? Sequer haviam nomes de empresas nesses nomes! É difícil de entender.
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O que mais me chocou no tocante ao nome dos torneios é que, em um primeiro momento, a própria Globo e Globo.com citaram a Florida Cup e a Super Series. Tudo para, pouco antes das transmissões, colocar a nomenclatura que lhe conveio. Vai entender.
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Por mais poderosa que seja a Globo, acho difícil a emissora resistir a um processo de uma empresa grande - como as multinacionais Red Bull e Allianz, por exemplo. Também não sei o quão ilegal são essas mudanças de nome. E, mais importante: não é algo que vá causar grandes mudanças na Globo. Nem mesmo o fato de traduzir nomes estrangeiros se justifica. 
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Algo precisa ser feito. O que a Globo faz é prejudicial a todos - não que isso seja novidade. 

domingo, 25 de janeiro de 2015

Aniversário DE São Paulo, não DO São Paulo

Das datas que são feriados municipais, creio que poucas sejam tão conhecidas quanto o paulistano 25 de janeiro. Por ser a maior cidade do país, a mídia sempre acaba falando de algumas tradições locais do aniversário de São Paulo (como o bolo do Bixiga ou a final da Copa São Paulo, essa última com transmissão em rede nacional) e faz aquelas homenagens piegas com músicas em alusão à Locomotiva do Brasil. 
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Entretanto, uma comemoração me incomoda um pouco: os são-paulinos que tomam para si o aniversário da cidade de São Paulo e comemoram também o aniversário do São Paulo Futebol Clube. Parece não tem nada a ver, mas há uma ligação histórica entre as duas causas. 
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A data da fusão dos futebolistas do Paulistano (aristocrático clube que até hoje tem sua sede nos Jardins e mantém uma competitiva equipe de basquete) e da Associação Atlética das Palmeiras (nada a ver com o Palmeiras atual), na realidade, é 26/01/1930 - mas, para homenagear a cidade-sede do novo e dos antigos clubes, colocou-se 25/01. 
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Como podem ver, aí mesmo já reside um sinal claro de que o São Paulo não foi fundado em um dia 25/01. Quem cultua essa data acaba ajudando, sabendo ou não, na difusão errada da cultura e de um dos principais símbolos do clube - a própria data de fundação. Mas voltemos à história.
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Entre os anos de 1934 e 1935 o antigo São Paulo (chamado de São Paulo da Floresta por herdar da AA Palmeiras o Estádio da Floresta, localizado no atual bairro do Bom Retiro) se fundiu ao Clube de Regatas Tietê, desativando seu departamento de futebol. Foram os sócios descontentes com essa fusão que fundaram o atual São Paulo Futebol Clube, em 16/12/1935 - essa sim a data de fundação oficial do clube, Vale dizer que o São Paulo-Tietê faliu pouco antes de 16/12/1935 e logo foram reincorporados, tornando o clube mais forte. 
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Os que dizem que dia 25/01 é o aniversário do São Paulo torcem para um clube falido e que durou cinco anos. Não é o meu caso. Mas vale entender porquê tantos torcedores gostam de dizer que o aniversário da cidade se confunde com o aniversário do time. 
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O São Paulo da Floresta foi campeão paulista de 1931 - sim, um ano depois de seu surgimento. Esse título foi reincorporado ao atual SPFC, que atualmente soma 21 títulos estaduais. Pode parecer pouco, mas até bem pouco tempo atrás o Paulistão valia mais até que a Libertadores, por exemplo. E é justamente esse troféu de 1931 que mantém o Tricolor na frente do Santos na contagem geral de títulos do torneio - algo que, aliás, eu não faço; para mim, o SPFC e o Peixe possuem 20 torneios e são os terceiros maiores campeões paulistas. 
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Mais recentemente, o motivo para comemorarem tanto o 25/01 como aniversário do São Paulo se dá por conta do sucesso de um dos maiores rivais do clube. o Corinthians foi campeão mundial de 2012 justamente em um dia 16/12, dividindo a importância da data entre os dois clubes. Na cabeça dos torcedores, é muito melhor fazer festa junto com a cidade do que junto do rival. Mesquinho, eu sei; mas é assim que pensam muito. Por sinal, já disse que o clube merece uma torcida muito melhor que a que tem hoje?
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Dou meus parabéns à São Paulo, cidade que aprendi a respeitar e amar. Mas não dou parabéns ao São Paulo porque hoje não é o aniversário do clube. 

sábado, 24 de janeiro de 2015

A relação (inexistente) entre BBB e QI

Terça-feira foi mais um dia de frenesi nas redes sociais: era o dia de estreia da décima quinta edição do Big Brother Brasil. Os que não gostam criticavam o programa, enquanto os que gostam defendiam que ver o reality show não tornava ninguém menos desprovido de inteligência, digamos assim. 
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É embasbacante pensar que estamos em 2015 e tem gente que acha que ver tal programa é algo de gente burra, enquanto não vê-lo define uma pessoa como inteligente. Eu bem pensava que essa lógica determinista tinha ficado na Idade Média, mas, infelizmente, me parece que todos os pensamentos medievais resolveram explodir nos últimos tempos. 
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Eu adoro BBB, assim como adoro carnaval e futebol. Você que me lê deve me achar um completo jumento após ver isso, mas nunca fiz questão nenhuma de esconder minhas preferências. Não acho que sou pouco inteligente por isso - aliás, apesar da minha notável insegurança, sei bem que passo longe de ser um boçal.
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Também vale citar o apresentador do programa para destacar o quanto a afirmação dos detratores do BBB é falsa. Pedro Bial foi (não sei mais o quanto a definição de jornalista se aplica a ele) um grande repórter, capaz de ser destacado pela maior emissora do país para cobrir o fim da União Soviética e a queda do Muro de Berlim. Isso tudo além de apresentar o Fantástico e participar de saraus. Seria ele um ignorante?
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Um participante é a exceção à regra, mas vale a citação: Jean Wyllys é, hoje, um dos maiores defensores de minorias étnicas na política brasileira. O deputado federal pelo PSOL ganhou popularidade ao vencer a quinta edição do Big Brother. 
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Falo por mim: eu gosto de ver como pessoas que não se conhecem se relacionam em situações tão sui generis como as que o BBB proporciona: sem poder sair; expostos a várias situações do jogo e proporcionadas pela produção (por mais que por vezes elas irritem) principalmente. Isso não me impede de ter um quarto repleto de livros - a grande maioria de não ficção; assim como não me impediu de me formar sem nenhuma matéria por recuperar e tirar dez no meu Trabalho de Conclusão de Curso. 
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Acho bem estranho, também, ver que quem critica o programa usa as redes sociais para fazer isso. Ora, o Big Brother é coisa de burro, mas o Facebook e o Twitter são antros de extremo conhecimento, não? Conhecer os participantes da casa é ter uma vida vazia, mas dar RT ou compartilhar na timeline um status qualquer do Hugo Gloss ou do Luscas são atitudes de um gênio. Vai entender. 
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Há também o curioso caso de quem diz não gostar, mas está mais por dentro do reality show do que muitos que se dizem fã do programa. Esses sim são os grandes desprovidos de intelecto, já que a audiência e a posterior repercussão do que acontece no BBB apenas justifica a atenção que o programa recebe do público, da mídia e dos anunciantes que o bancam. 
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Não sei de onde veio essa ideia de que o BBB emburrece. Mas me parece que quem a difunde não é das pessoas mais inteligentes. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A ignorante geração Matheus Cassini

Matheus Cassini é um ótimo meia sub-20 do Corinthians, um dos que mais tem chamado a atenção no elenco do clube na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Tem um potencial imenso e pode ser um ótimo jogador se for bem orientado quando subir ao time principal. O pior nessa história toda é que não é o futebol de Cassini que mais joga holofotes no atleta. 
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Mesmo que muito sem querer, Matheus acaba sintetizando muito essa nova fase do futebol dos grandes clubes nacionais. Sua cara jovial e seus olhos azuis claríssimos arrebataram o coração de várias meninas, que já fazem perfis de fã-clubes no Twitter e no Instagram e páginas no Facebook às pencas para ele. 
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O fato do jogador ser visto pelo grande público como bonito é um chamariz imenso hoje em dia, muito superestimado. O artilheiro do Corinthians na Copa São Paulo (e um dos artilheiros do torneio no geral) é Gabriel Vasconcelos, que nem de longe tem o destaque que os olhos azuis de Cassini dão para ele. O Timão tem ainda a melhor defesa da Copinha, mas nem o goleiro Caíque (outro bom valor, assim como Gabriel Vasconcelos) e nem o lateral-esquerdo Guilherme Arana (esse uma joia rara pensando na posição mais carente do futebol mundial hoje em dia) são tão comentados quanto Cassini. 
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Me incomoda essa tietagem toda em cima de Cassini e os outros bons jogadores ficarem orbitando em torno dele - mesmo vendo um belo futuro para Matheus, como disse anteriormente. Se o futebol é um esporte coletivo, ele tem uma ótima equipe repleta de valores tão bons quanto eles para ajudá-lo a brilhar. Mas o único que ganha a fama é ele.
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A beleza do rosto de Cassini se une a outra característica chatíssima que ele vem demonstrando, ao menos nessa Copa São Paulo: ele me parece um exemplar perfeito de jogador moldado por assessorias de imprensa e grupos de comunicação. 
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Matheus solta uma frase por entrevista na qual mostra todo o seu amor pelo Corinthians (chama a camisa de "manto", diz que "vale ouro" e esse tipo de declaração com tanta profundida quanto o reservatório do sistema Cantareira) e usa táticas batidas para introduzir essas citações, como dizer que já davam o adversário na final - algo que ele fez após a semifinal contra o São Paulo. Bom, desafio alguém a me mostrar uma simples reportagem que traga um simples indício disso. 
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Mais ainda sobre Cassini: nada contra jogadores que provocam os adversários (pelo contrário, isso anda em falta e é muito legal), mas sempre respeitando o adversário. Matheus adora jogar pra galera (falando popularmente) e desrespeitar o adversário. Contra o São Caetano, Cassini agrediu adversários; contra o São Paulo, cuspiu em oponentes - e, aqui, fica o puxão de orelha em quem revidou a agressão. 
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Essas atitudes me fazem acreditar que, ao menos hoje, Matheus Cassini é apenas um tremendo mimado. Ótimo jogador, mas tão imaturo quanto uma criança de seis anos. Se sabe muito bem o que fazer com a bola no pé, precisa ganhar consciência e caráter. 
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Pior: por todos os motivos acima citados, tudo que Cassini faz vira notícia. Um drible bonito ganha as páginas dos sites tanto quanto uma ida à praia ou um problema em uma boate. Aparecer sempre não quer dizer que você seja um sucesso. 
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É uma pena ver um garoto tão bom de bola tão superficial e raso. Que ele mude nesse aspecto, e que não perca a habilidade que tem com os pés. 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Competição é vital para o futebol - não só para ele

Ao entrar no Twitter hoje me senti em dia de final do Campeonato Carioca em pleno mês de janeiro. O motivo: hoje teríamos o Clássico dos Milhões, em jogo amistoso válido (se é que existe algum jogo amistoso válido) pela Super Series, torneio que acontece em Manaus e reúne também o São Paulo. 
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Fiquei pensando como alguém pode ficar tão à flor da pele com um jogo que, no final das contas, não vale rigorosamente nada. Nem mesmo ganhar de um rival me motiva tanto assim, por melhor que isso seja. 
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No futebol, tal qual no carnaval, ter algum tipo de competição é condição de existência (me apropriando de um conceito matemático) para mim. Se não vale três pontos em um torneio com sistema de rebaixamento ou para o qual se classificam apenas equipes por algum critério técnico eu não consigo ver graça.
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Como disse, não é apenas no futebol. Qual a graça do Desfile das Campeãs do carnaval? Nem eu, apaixonado pela folia de Momo, aguento ver. Tem que valer nota, causar frisson, deixar os diretores da agremiação preocupados e os torcedores com frio na espinha. Pra fazer festa sem me preocupar com nada eu prefiro chamar amigos em casa. 
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Por conta do novo calendário da CBF, todos os clubes tem tempo suficiente para fazer esse tipo de jogo - e muitos andam fazendo, até mesmo participante de torneios. Pelo lado do marketing é até interessante, já que aproxima o time de uma torcida que não consegue vê-lo normalmente ou expõe a marca para o exterior. Mas, fora isso, realmente prefiro os jogos-treino contra equipes de nível técnico inferior, para dar moral para os jogadores, treinar a formação tática e ganhar entrosamento.
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Descobri, aliás, um motivo para os amistosos existirem: bandidos travestidos de torcedores brigarem. Aconteceu hoje na Arena da Amazônia, aliás. De sopetão lembrei de mais um: contundir um jogador, já que ele ainda não está na forma física adequada - aconteceu na partida entre Palmeiras e Shandong Luneng, com o atacante Pablo Mouche. 
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Devo dizer que nem mesmo o meu time do coração me atrai em amistosos. Acompanho unicamente porque me sinto na obrigação - e só dele. Lembro de acompanhar São Paulo x Orlando City e morrer de desgosto. A salvação fica para as redes sociais, que conseguem ver graça até mesmo em algo tão pavoros quanto aquele jogo. 
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Valorizemos a competição, e deixemos todos os nossos sentimentos para eles. Aos amistosos, que eles passem despercebidos e nada mais - já que eles tem que, infelizmente, existir. 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Vinte dias de um governo horrendo - com detalhes das medidas impopulares

Em 2003, o PT chegava à presidência pela primeira vez na história. O governo Lula, que conseguiu importantes conquistas sociais e teve uma política econômica destacável, teve um começo claudicante. Os primeiros seis meses foram, basicamente, para convencer o mercado financeiro que o Brasil não viraria uma ~nova Cuba~ (ou seja, seguimos tendo um sistema de saúde infinitamente pior que o deles, por exemplo) e para conter a inflação
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Era um prenúncio péssimo - que não se confirmou, já que, como eu disse, o governo teve bom papel em áreas importantes. Esses vinte dias do segundo mandato de Dilma são de mais um prenúncio terrível - que esperamos que não se concretize, tal qual no primeiro governo Lula. 
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Vamos enumerar as medidas e episódios altamente impopulares (para dizer o mínimo) que ocorreram em, repito, apenas vinte dias. Também é importante analisar de maneira um pouco mais profunda, saindo daquela superficialidade que os que se informam apenas em veículos de um mesmo grupo de comunicação são vítimas - ou reféns. 
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A começar pelas mudanças em benefícios previdenciários. Basicamente: o acesso ao seguro-desemprego e à pensão por morte tornaram-se mais difíceis. Mas, em tempo: quem já recebe esses benefícios não terá mudanças em seus pagamentos, apenas quem ainda está por chegar no mercado de trabalho. Apesar do indiscutível arrocho, é um pacote bem menos ortodoxo que da França, em 2010 - que atingia a população inteira, sem cortes. Se o objetivo do governo fosse simplesmente deixar o povo à míngua, faria a medida como ela foi feita na França.
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(PS: o parágrafo acima não quer dizer que o governo francês foi calhorda ou coisa do gênero. Lá o problema não é econômico como aqui, é demográfico. O buraco é outro, em suma).
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Agora, vamos aos cortes no MEC. Pra quem não sabe, o governo cortou R$ 7 bilhões do Ministério da Educação no começo do mês. Alarmante, claro - ainda mais se pensarmos no desejo da presidente, que quer que o slogan de seu segundo mandato seja "Brasil, pátria educadora". Mas, vamos lá: os cortes atingiram 16 ministérios ao todo e como o MEC é o ministério com o maior orçamento dentre esses, é o que sofreu o maior corte - já que esses contingenciamento é proporcional. Antes, o Ministério da Educação tinha o terceiro maior orçamento dentre os ministérios e, agora, tem a... terceira posição. Pois é. 
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O corte no MEC, ao que sugere, lima apenas os excessos da pasta - que, aliás, trabalha mal há tempos, mesmo sendo fundamental. Mais importante que isso é saber que os cortes não atingem as chamadas "despesas obrigatórias" - categoria onde se encontra os gastos com merendas e salários de professores e funcionários de escolas. Vai ter menos dinheiro, em suma, para a burocracia (copo meio cheio) e para investimentos (copo meio e bem vazio).
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Tivemos na tarde dessa segunda-feira uma queda de fases de energia em dez estados brasileiros e no Distrito Federal. Logo começou a pipocar a informação de que tudo ocorreu por conta de um ~corte seletivo pelo consumo no horário de pico~. O que me deixa pensando: se o horário de pico é esse, então em todos os dias do Verão teríamos apagão na mesma hora, certo? Um dia depois, tudo está normal. Um dia antes do ocorrido idem. 
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Logo surgiu a informação de houve uma falha de transmissão na ONS. É muito mais óbvio - e, assim sendo, nada tem a ver com falta de água, de energia ou afins; embora a situação seja preocupante, obviamente. Já tivemos outros problemas semelhantes antes por conta de falhas diversas. E, o mais importante de tudo: essas (muitas) falhas nada tem a ver com o PT, com o PSDB ou com o PMDB. Mas, sim, com todos eles e todos que governaram o país nos 515 anos em que ele existe. Na verdade, esse problema é muito mais de algumas forças oligárquicas que mandam no país desde que o Brasil foi descoberto - e isso pode não ter muito a ver com partidos, mas sim com a política em si. 
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Por fim, na última segunda-feira o ministro da Fazenda aumentou alguns impostos que vem embutidos na gasolina - deixando o combustível R$ 0,22 e o etanol R$ 0,15 mais caros. O governo planeja arrecadar R$ 20,6 bilhões em 2015 e não precisa dizer quem vamos bancar esse rápido enriquecimento da União. 
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Um aumento no preço dos combustível é cruel para a sociedade porque não são só os donos de carros que sofrem, mas tudo que envolva qualquer tipo de transporte. Fiz uma reportagem com os amigos e também jornalistas Thomas Polistchuk e Renato Gerbelli exatamente sobre esse tema, em 2013. Assim, o preço de muitos produtos vai subir na esteira desse aumento.
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Mas convém lembrar: dentre tantos erros econômicos do primeiro governo Dilma, a inflação galopante era um dos principais - talvez o principal, aliás. Para conter a inflação só há um remédio: aumentar preços e impedir que tanto dinheiro circule - isso não vale só para o aumento nos combustíveis, mas para todos os cortes estatais anunciados até aqui. Esse, aliás, era um pedido de muitos que criticavam Dilma em seu primeiro governo - muitos que a criticam agora por fazer justamente o que eles pediram, dizendo-se ~defensores do povo~. Isso não é política, senhores: isso é oportunismo. 
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Apesar do que disse acima, eu mesmo sou um crítico ferrenho desse aumento dos combustíveis. Até novembro de 2014, o montante desviado das contas públicas no chamado escândalo do Petrolão foi de R$ 10 bilhões - essa soma, porém, já deve ter sido corrigida. Daria para manter o preço da gasolina no mesmo patamar de antes por seis meses - seis meses, o tempo que Lula levou para estabilizar a inflação em seu governo. Meia palavra basta para bom entendedor. 
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É óbvio que as medidas não agradaram ninguém, mas alguns detalhes que não são divulgados com tanto alarde pela mídia merecem a nossa atenção - o que não alivia os dias nefastos que Dilma tem nos proporcionado. 

domingo, 18 de janeiro de 2015

Rigidez (e cumprimento) no caso da pena capital ao brasileiro

O fato do final de semana foi a pena de morte executada na Indonésia ao brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, instrutor de vôo livre preso em 2004 por tráfico de drogas - crime que dá a pena capital ao réu no país. 
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Podemos, é claro, discutir o quão rígida é essa pena. Mas ela não vale apenas para o brasileiro: outras cinco pessoas foram fuziladas (método utilizado na Indonésia) só hoje no país. Isso é lei, e é seguido por todos que estão no território indonésio. Assim sendo, não há o que contestar: ele é tão criminoso quanto qualquer outro réu julgado - e, pior ainda: preso em flagrante. 
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Talvez o fato de uma lei ser cumprida à risca choque a todos os brasileiros, acostumados a qualquer tipo de jeitinho para burlar qualquer código de civilidade em benefício próprio. No Brasil, isso torna-se ainda mais polêmico por se tratar de uma leia que quer acabar com uma mazela da sociedade de maneira firme (ainda que polêmica), o que não costuma acontecer com frequência no país - aliás, já aconteceu algum dia?
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Também chama a minha atenção a hipocrisia alheia. Muitos dos que falam que "bandido bom é bandido morto" (beijo, coxinhas) agora falam que é um absurdo a execução do compatriota. Algo como "eu posso falar qualquer coisa do meu país, mas se você mexer com ele você está errado". É difícil entender essa argumentação, sinceramente. 
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Não escondo de ninguém que sou favorável à pena de morte em casos de crimes hediondos e depois de todo o trâmite jurídico - por mais demorado que isso seja, mas aí é outra história. 
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Ser a favor ou contra a pena capital não quer dizer que ninguém seja de direita ou esquerda, reacionário ou revolucionário, liberal ou conservador - aliás, eu abomino bastante essas dicotomias citadas. É simplesmente um modo de enxergar a sociedade, e cada um tem a sua. Por mais cruel que isso possa ser, enquanto a educação brasileira ser falha e tivermos números de guerra civil no país, creio que um dos métodos mais eficazes para controlar os ânimos de contraventores seja esse. 
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Um brasileiro quis dar o seu bom e velho jeitinho e foi pego. Conheceu leis que não são frouxas nem se dobram - embora sejam contestáveis por sua rigidez. É, em suma, muito do que eu quero para o meu próprio país.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Péssimos dias para o UFC

Ao menos aqui no Brasil, o único esporte que chegou perto do crescimento que o MMA conseguiu foi o futebol americano. Mesmo assim, as artes marciais mistas ficam na frente pelo apoio que as Organizações Globo dão ao evento - até mesmo transmitindo, ainda que porcamente, as edições com lutas importantes de brasileiros. E, bem, todos sabem que qualquer coisa que passa na Globo logo ganha fãs - efêmeros ou não.
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O UFC teve um ano terrível em 2014, o pior em vendas da organização desde 2005. A resposta deveria vir em 2015, mas o que se vê é um script totalmente diferente.
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A primeira grande luta do ano veio logo no dia 03/01, com Jon Jones (com alguma sobra o melhor lutador da atualidade) enfrentando Daniel Cormier. A luta foi muito aguardada por conta das confusões que os dois atletas causaram. Após a vitória de Bones, porém, a surpresa: ele lutou sob efeito de cocaína e disse que iria se desintoxicar. 
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Esse tipo de situação, principalmente nos Estados Unidos, é uma bomba que mancha qualquer entidade. Até mesmo a NFL, a liga esportiva mais forte do país mais rico do mundo, teve um forte abalo no começo dessa temporada com o Caso Ray Rice - o pior para a organização foi a sua possível omissão nessa circunstância. 
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Pois bem: como se não soubesse como o que aconteceu com a NFL repercutiu mal, o UFC multou Jon Bones Jones em apenas US$ 25 mil. Para efeito de comparação: a vitória rendeu a ele US$ 500 mil; o bônus de "luta da noite" do evento, US$ 50 mil. 
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O que mais me chamou a atenção nesse "janeiro negro" do UFC não foi esse caso, mas sim um erro crasso de calendário - o que é chocante, já que norte-americanos são mestres em planejamento de eventos. 
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O próximo evento da organização será no domingo, 18/01. A luta principal será entre Conor McGregor x Dennis Siver, dois postulantes ao cinturão do Peso Pena. Outro destaque vai para a luta de Benson Henderson, conhecido atleta do Peso Pena, contra Donald Cerrone. Até aí, tudo bem. 
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O problema é que o dia 18/01 é a data das finais de conferência da NFL, historicamente segunda e terceira maiores audiências da TV do ano - atrás do Super Bowl, final do campeonato. Com jogos tão importantes de futebol americano, ninguém vai ver o evento do UFC. 
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A explicação dessa situação absurda vem do próprio contrato televisivo do UFC. O evento do dia 18/01 será chamado de UFC Fight Night, com transmissão nacional do Fox Sports norte-americano. Boa parte das lutas acontecerá durante a final da conferência AFC, que será transmitida em rede nacional pela CBS - a final da conferência NFC terá transmissão da Fox; logo, não tem porquê duas empresas do mesmo grupo concorrerem entre si. 
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Uma aposta ousada que tem tudo para ser um fracasso. A começar pelo mais básico de tudo: a CBS é uma TV aberta, enquanto o Fox Sports é uma rede fechada. Como vimos, o card (conjunto de lutas) do evento do dia 18/01 é de importância secundária, enquanto o jogo da NFL é decisivo. Mais: o evento ocorrerá no TD Garden, na cidade de Boston (a poucos quilômetros de Foxboro), sede da final da AFC.
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O que mais chama a atenção é que a imensa maioria das lutas do UFC acontecem aos sábados. Bem no fim de semana em que as lutas ocorreriam quase que sem concorrência com outros eventos o card é colocado no domingo. A tendência óbvia é que todo mundo (UFC, Fox Sports, os lutadores, os anunciantes) saia perdendo e bem descontente com os números de audiência alcançados. 
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Pode ser que isso não se concretize, claro - e, se isso não se concretizar, Dana White e os irmãos Fertitta, "chefes" da organização, merecem todos os aplausos. Mas, por ora, merecem todas as críticas possíveis por uma aposta com baixíssima chance de dar certo e por praticamente deixar Jon Jones impune.  

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Você pode não saber, mas já tem estadual rolando

A CBF alardeou que, no calendário do futebol brasileiro de 2015, os times enfim teriam um mês para fazer pré-temporada após as férias - das principais reivindicações do Bom Senso FC. Assim, os campeonatos estaduais começariam apenas no fim de semana dos dias 31/01 e 01/02 - colocando um jogo atrás do outro e desrespeitando totalmente qualquer descanso que os atletas possam ter nesse período de jogos. Em tese, é claro. 
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Algumas federações, para driblar o calendário da CBF, já iniciaram seus campeonatos estaduais - e a bagunça é tão grande no futebol nacional que é difícil saber se quem está errado são as federações (que não respeitam a determinação da CBF); ou a própria entidade nacional, que expõe clubes, atletas e torcedores a uma maratona sem fim de jogos em campeonatos que passam longe de chamar a atenção pela qualidade. 
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Seja como for, os estaduais são importantes (isso não se discute no blog) e é necessário dar uma rápida passada pelos campeonatos que já começaram. A explicação vem via áudio, uma novidade no blog.
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CORREÇÕES DO ÁUDIO:
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- O campeonato paraibano começa no dia 18/01, e não dia 18/02 como falado.
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- O campeonato pernambucano que começou é o de 2015, não o de 2014 - embora ele tenha começado em 2014.
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- O time seis vezes campeão pernambucano falado é o América.
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- Não existe nenhum Hexagonal do Descenso no Campeonato Cearense. Existe um Quadrangular do Descenso.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Não precisamos só de mais estações, precisamos de estações melhores

Nos últimos quatro dias, tomei o metrô de São Paulo para regiões diferentes: para a Zona Norte (comprar o ingresso para o carnaval, no Anhembi) e para a Zona Sul (no Shopping Metrô Santa Cruz, comprar ingressos para ver o Super Bowl no cinema). Costumo tomar o metrô na estação Tamanduateí, na Zona Leste. Por mais que eu goste muito do metropolitano de São Paulo, me incomodo com as instalações de muitas estações. As mais velhas, principalmente. 
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A estação Tamanduateí, inaugurada em 2010, possui banheiro tanto na entrada da estação da CPTM quanto depois de passar as catracas, disponível para os usuários da CPTM e do Metrô - a estação faz baldeação entre as linhas 10 e 2. Não é isso que acontece, na grande maioria dos casos, infelizmente. 
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As próprias estações Portuguesa-Tietê e Santa Cruz, as que desembarquei recentemente, não possuem sequer um banheiro. Das 62 estações do metropolitano, só 18 delas tem banheiro. Pior: em 2012, uma de lei que obrigava toda estação do metrô a ter banheiros foi vetada em 2012 pelo governo paulista
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Na CPTM a situação passa longe de ser melhor. No final do ano passado, as estações Luz e Brás (que fazem baldeação com o metrô, aliás) tiveram seus banheiros fechados por falta de água - um triste prenúncio da atual situação hídrica paulista, talvez. Isso sem falar no triste caso ocorrido em 2006, quando um bebê foi encontrado justamente no banheiro da estação Franco da Rocha
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Se não tem banheiro, imagine bebedouro. Não encontrei os números oficiais e/ou corretos, mas não lembro de nenhuma estação na qual seja possível beber água de graça. Só se comprar em algum quiosque - algo que, aliás, não é comum e o próprio blog já sugeriu. 
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Há situações, porém, que o constrangedor é a própria estrutura das estações. Na linha azul sentido Tucuruvi, simplesmente não tem como mudar o seu rumo depois da estação Tiradentes até Santana. O único jeito possível é sair e pagar um novo bilhete. 
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Muitas estações estão expostas demais a chuvas e ventos, também. Já fiquei ensopado mesmo estando em áreas cobertas da Tamanduateí, por exemplo. Isso sem contar nas estações que ficam pequenas para o fluxo de gente que abrigam, como a Consolação (entupida depois da baldeação com a Linha 4), Sé (Marco Zero de São Paulo e única estação em comum entre as duas maiores e mais cheias linhas do metrô, algo ~genialmente~ planejado) e Portuguesa-Tietê (sempre lotada mesmo fora das catracas, por dar acesso ao maior terminal rodoviário da América Latina).
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É mais do que óbvio que é necessário expandir o metrô, abrindo mais estações nos mais diversos lugares. Mas não é só disse que precisamos. Olhar para e modernizar as estações antigas é algo tão fundamental quanto.

Doggis, boa opção no Santa Cruz

Ao menos eu não conhecia a franquia de hot dog Doggis. Quando vi a loja no Shopping Metrô Santa Cruz (logo na frente da saída do metrô, aliás), achei que fosse uma boa experimentar. Não estava errado. 
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Antes, uma consideração: a franquia tem apenas quatro unidades em todo  estado de São Paulo, sendo duas em Guarulhos (as duas no aeroporto, incluindo uma no novo Terminal 3), uma em Sorocaba e só uma na capital. Não é de se espantar que eu não conhecesse a marca. 
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Claramente a rede não quer te cativar pela qualidade de seus ingredientes, assim como não quer se colocar no topo das suas preferências. A loja é bem singela e pequena, e procura ganhar apenas quem gosta de provar hot dogs - embora tenha pastel, batata frita e sobremesas como acompanhamento. Mas, para quem quer apenas matar a fome, é uma boa pedida. 
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Convenhamos: não é todo dia que se vê uma rede especializada em hot dog (prato bem comum no Brasil) já que quem se especializou nesse ~prato~ foram os vendedores ambulantes nas ruas - e, nada contra eles, mas você tem que pensar doze vezes antes de comprar nas barraquinhas. E, cá entre nós: poucas coisas matam tanto a fome e são tão práticas e gostosas quando um cachorro-quente.
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Assim que cheguei, vi que a casa estava com uma gama especial de lanches, feitos com queijos diversos. Como tinha bastante fome, defini que comeria dois hot dogs grandes: um com queijo e outro das opções tradicionais da casa. O com queijo pedido foi o Paimeggiana (que vem com mussarela, parmesão e molho de tomate - vinha com presunto também, mas tirei por não gostar). Já o Rock Doggis, mais tradicional, vem com molho barbecue, cebola crispy e tomate. 
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Os Paimeggiana é bom e o Rock Doggis é superior. Explico: no Paimeggiana, a camada dos queijos destoa bastante da salsicha e do molho, não dando liga entre um e outro. A salsicha, aliás, fica invisível quando o lanche é visto de cima, parecendo uma versão de um café da manhã de padaria qualquer - apesar disso, a combinação inusitada me agradou. O único problema do Rock Doggis é o tomate: por melhor que seja (ao menos eu gosto), ele destoa da combinação do restante do lanche. 
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Também achei interessante ver que as opções de refrigerantes deles vem apenas nas opções 500ml e 700ml. Ou seja, não tem como pedir o equivalente a uma latinha (300ml), apenas uma garrafa. Não fez diferença para mim, mas talvez seja interessante para a rede pensar nisso. 
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O mais incrível de tudo isso, para mim, foi o preço. Dois hot dogs grandes e uma Coca Zero de 500ml saíram por módicos R$ 20,30. Um preço bem agradável pelo que é servido e pelo que é comido - saí sem fome nenhuma do shopping. 
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Se você não faz questão de comer algo espetacular e mesmo assim quer comer bem, encontrou o seu lugar. Se quer uma relação custo-benefício boa, mais ainda. 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Os empresários devem sumir do futebol

Dudu, um atacante veloz e habilidoso que atuou em bom nível em 2014 no Grêmio, virou uma das contratações mais desejadas pelos clubes brasileiros em 2015. Por si só isso já mostra a situação ruim na qual o futebol brasileiro está - mesmo bom jogador, Dudu passa longe de ser craque. 
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Disputado principalmente por São Paulo e Corinthians, o atleta foi para o Palmeiras. A transferência causou estranheza, já que o time alviverde tem vivido uma política de grande austeridade econômica nos últimos anos. O clube contratou vários jogadores nessa janela de transferência, o que indica que está melhor financeiramente - ao contrário do rival alvinegro, que tem situação econômica complicada
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O que quero aqui não é discutir finanças no futebol, mas algo praticamente correlato: a influência dos empresários no futebol. O caso de Dudu mostra bem essa situação: o Corinthians negociava com os empresários do atleta e o São Paulo com o Dínamo de Kiev - antigo clube do jogador. Dudu já tinha dito que preferia atuar no Corinthians, e com o fracasso das negociações, a OTB Sports (grupo de empresários do jogador) mandou seu próprio cliente atuar em um dos maiores rivais do clube em que desejaria jogar.
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O futebol não é o mercado de negócios, da mesma forma que clubes não são empresas. Por mais que seja necessário modernizar os tais clubes, não se pode dirigi-los como firmas que almejam o lucro - o futebol exige vitórias, o que não é sinônimo de dinheiro. 
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Aqui começa a minha bronca com os atuais empresários ligados ao esporte. Por mais que dinheiro seja algo de fato muito importante, ela não pode ser tudo. A vontade do atleta tem que ser colocada na balança para definir algo tão importante quanto o futuro de um jogador - que, ainda por cima, é seu cliente e pode encerrar o vínculo com você quando bem entender. Será que a vontade de Dudu era algo tão efêmera e/ou fraca? Ou será que os empresários fizeram a cabeça de um atleta que deve ter vindo de uma família carente e tem instrução e escolaridade limitada, dando a enteder para ele que dinheiro é tudo na vida? 
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Ela falou em tom jocoso sobre todas as insistentes tentativas que o São Paulo tentou para contratar o atleta. Vale dizer que o atacante atua pelos lados do campo e é veloz e habilidoso, perfil que é prioridade na equipe segundo o técnico Muricy Ramalho. Ser ironizado por tentar fazer a vontade de seu próprio treinador e por entrar em contato diretamente com o clube do atleta indicam que, apesar de decisões contestáveis nos últimos meses, a diretoria tricolor segui fiel aos seus princípios nesse caso. 
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Por fim, a desastrosa nota ainda fala de um certo ~apequenamento~ do Corinthians. Os empresários confirmam não saber nada de futebol. Falta de dinheiro é tudo para eles, mas não é assim esportivamente. Para a OTB, o time que está na Copa Libertadores de 2015 e foi campeão mundial recentemente está se apequenando, enquanto um clube que não foi rebaixado apenas por incompetência alheia (isso sem falar nos dois rebaixamentos em dez anos) e soma apenas um título nacional nesse milênio é o melhor destino para o atleta. Vai entender. 
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O mais triste é imaginar que Osvaldo (do São Paulo) e Paolo Guerrero e Edilson (do Corinthians), tem vínculos com a mesma OTB Sports. É ruim para eles, que veem suas carreiras nas mãos de pessoas que nada sabem do riscado; e também para os clubes, que ficam de mãos atadas em conversas com o grupo de empresários. Mais: Edilson chegou ao Corinthians há poucos dias. Parece que o tal ~apequenamento~ do clube não impediu essa transação, já que o alvinegro tinha dinheiro para fazer o negócio - bem mais em conta. 
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Óbvio que existem empresários que fazem um bom trabalho. Mas a essência do trabalho deles no futebol é muitas vezes confundida com a agiotagem de determinados profissionais que são incapazes de fazer qualquer plano de carreira ou de marketing para o atleta, buscando apenas a maior quantidade de dinheiro no momento. 
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Uma das poucas atitudes boas que a FIFA tomou recentemente foi a proibição de fundos de investimento no esporte. É claro que vão tentar burlar essa regra e é claro que há o risco dela não pegar, mas é algo que eu particularmente acho necessário. O Brasil tentou dar mais liberdade para os atletas nas negociações por meio da Lei Pelé, mas os clubes são sacrificados - e os atletas também, embora não percebam. Tanto é assim que a Premier League, um show em formato de liga nacional de futebol, proíbe o mercado escravo-futebolista de atletas - isso começou, aliás, após a venda de Carlos Tévez e Javier Mascherano do Corinthians para o West Ham via MSI e Kia Joorabchian, nomes bem conhecidos dos torcedores brasileiros e exemplares no tocante ao quanto maléficos são os efeitos desse grupo de pessoas no futebol. 
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Falei aqui apenas de casos conhecidos, mas existem milhares de outras situações ainda piores que não são noticiadas. Uma das prioridades de Carlos Miguel Aidar, eleito presidente do São Paulo em 2014 após mandato na década de 1980, é acabar com o balcão de empresários que tinha se tornado o CT de Cotia - usado pelas categorias de base do clube. Vale dizer que há mais de trinta anos ele luta pela modernização do futebol. Ou seja: se os empresários agem nas categorias de base dos clubes, fisgando meninos de 12 anos que devem primeiro tomar consciência de seu papel na sociedade para depois pensar em sua formação esportiva e acadêmica, existem dramas muito maiores que os relatados por mim e pela mídia. 
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Não achem que isso é choro de perdedor, palmeirenses. Vocês mesmos sempre reclamaram da postura de intermediários em negociações - os casos de Wesley e Thiago Mendes são os mais lembrados recentemente. Os torcedores de todos os clubes precisam deixar a rivalidade de lado e entender que certas bandeiras devem ser empunhadas por todos para o bem do futebol, para que o esporte e para que os próprios clubes e as próprias rivalidades sigam existindo. 

domingo, 11 de janeiro de 2015

Chova ou não, São Paulo é uma cidade despreparada

A menos que você viveu em Urano em 2014, você certamente teve conhecimento da grave crise hídrica que assolou boa parte do Brasil em 2014. A seca atingiu mais fortemente São Paulo, que passou a acompanhar os níveis dos seus reservatórios de água (sobretudo o Cantareira, que atende 8,8 milhões de pessoas) atentamente. A porcentagem de água era dada no rádio e na TV como os índices da BOVESPA ou a temperatura máxima e mínima da previsão do tempo.
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Mais: os paulistas aprenderam que existe um nível d'água que só entra em ação em situações de emergência: o chamado volume morto. Hoje em dia ele é contabilizado para se chegar à capacidade atual dos reservatórias - tão ruim é o nível que chegamos. 
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O governador Geraldo Alckmin atribuiu a crise à falta de chuvas, paliativamente - e ridiculamente. Como esperado por quem não quis se enganar, ele mudou a versão após a eleição que garantiu sua reeleição como governador. Não precisaria mostrar o quanto ele estava errado em sua avaliação, mas lá vai: nem mesmo as tão conhecidas e torrenciais chuvas de Verão (que alagam uma série de bairros paulistanos e cidades vizinhas à capital) foram capazes de elevar o nível dos reservatórios. Pelo contrário: eles caíram ainda mais desde então.
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A parcela de culpa de Alckmin está no fato de que ele foi avisado sobre a situação periclitante na qual o sistema hídrico paulista estava e não tomou nenhuma providência, se omitindo. Errado, não tenha dúvida. E ele culpado quanto a isso, não tenha dúvida. Mas isso foi apenas a ponta do iceberg. 
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O verdadeiro culpado não é Alckmin, Serra, Lembo (lembra dele?) ou Covas; nem de Haddad, Kassab, Marta Suplicy, Pitta ou Maluf. Dos citados, todos tem o seu quinhão de culpa, é muito verdade. Mas os problemas são muito (deixe-me sublinhar o muito) anteriores. Vem da própria formação da cidade de São Paulo. 
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A ~Locomotiva do Brasil~ só passou a honrar essa alcunha na virada do século XIX para o século XX. Em 1890, a cidade tinha 64.934 segundo o CENSO da época; dez anos depois, já tinha 239.620 - um aumento de 269% em uma década. Mais: até 1940, a população cresceu mais 260%, enquanto a população de 1950 era dez vezes maior que a de 1900 - em meia década, apenas. Um ritmo de crescimento demográfico desses faria Malthus ser considerado um profeta
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Não há sistema social que resista a esses números. Aliás, é difícil dizer se houve algum dia algum sistema social decente em São Paulo - e no Brasil. O reflexo desse boom populacional é óbvio: vai faltar tudo (e água é apenas um desses itens) e a população vai sofrer. 
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Para os políticos, mais importante que garantir algumas reformas estruturais vitais para uma cidade que agoniza aos poucos é pensar em eleições e no custo que mudanças bruscas (e necessárias) terão nas urnas. Se protestamos pelos preços abusivos pagos no transporte público, temos temas tão importantes quanto para exigir alguma mudança de política pública urgentemente. 
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Temos, inclusive, um ótimo exemplo para seguir. Quem pensa hoje em Barcelona pensa em um ótimo lugar para se viver, com muita história e pontos turísticos. Até bem pouco tempo atrás era bem diferente, com problemas bem semelhantes ao de São Paulo. O ponto para a mudança catalã se deu em 1992, com as Olimpíadas na cidade. O programa de reformas urbanas iniciado na década de 1970 se acelerou e, hoje, a cidade Gaudí é referência em qualidade de vida.
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Há muito a ser feito e já temos motivos mais do que suficientes para ver que São Paulo pede socorro. Atenderemos?