domingo, 29 de março de 2015

Mal-agradecido

Você sempre acha que tá tudo bem até uma situação extrema chegar. No meu caso, a mais extrema das situações me colocou na parede e me mostrou que, por melhor que eu tente ser, eu sempre vou ser um mal-agradecido. 
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Crédito: http://migre.me/pdrth
Ao entrar no Facebook de manhã, vi uma postagem da minha madrasta dizendo que o macho do seu casal de Pinscher morreu. Ele já estava velho (14 anos) e era nítido que ele iria falecer em breve, mas a notícia sempre nos choca. 
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O Juninho (sim) tinha seus problemas desde o nascimento, como a falta dos dois dentes inferiores frontais, o rabo mal cortado e alguns fios grisalhos. Ele, que sempre foi barrigudo, emagreceu do nada e começou a ficar com os pelos amarelos (os da parte inferior do corpo, que todo Pinscher tem) muito esbranquiçados. O recado, infelizmente, era óbvio. 
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Juninho (e a Bianca, a fêmea do casal) foram os primeiros cachorros com quem brinquei após levar uma mordida no tornozelo de um Poodle Toy chamado Toffee, o que me deixou com cinofobia durante muitos anos. Não importa o que aconteça, sempre vou ter um carinho imenso por eles. E, ao saber da morte de Juninho, me veio à mente boa parte dos momentos que passei no pouco tempo que tive com os cachorros. Nunca faltou um cafuné ou uma brincadeira, mas é horrível pensar que sempre se poderia fazer algo mais. 
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Ao voltar de uma festa, minha irmã comentou que uma antiga professora da escola onde cursei o ginásio (sim, eu falo ginásio) tinha falecido. É horrível não saber quem é, e mais horrível ainda é ficar caçando gente para essa ingrata e fatal ação. Mas, pela idade que ela já tinha, suspeito que tenha sido a minha antiga professora de Ciências. 
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Crédito: http://migre.me/pdrsB
Três anos aprendendo matérias que nunca gostei, mas que passei a entender por conta de sua doce rigidez, de suas chamadas orais e suas explicações minimamente detalhadas. Que não seja ela - na verdade, que não seja ninguém e que a minha irmã tenha se enganado. Seria triste demais pensar que tudo que eu aprendi em Biológicas (um dos carmas do meu tempo de estudante) tem algum ensinamento dela, seja para simplificar, recordar ou entender. 
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Sempre vai faltar uma última palavra, sei disso. Mas o coração aperta quando nada mais pode ser feito. 

sexta-feira, 27 de março de 2015

É hora de fechar a casinha

É difícil entender o que raios acontece com o São Paulo. Um time que não sofre nada contra times pequenos (a Ponte Preta não é pequena) (ao contrário do Palmeiras, por exemplo) e que não consegue fazer nada em clássicos - só jogou bem no Paulistão contra o Corinthians e, mesmo assim, perdeu. 
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Crédito: http://migre.me/pcCPt
Não acho que o problema sejam desfalques ou excessivas mudanças - apesar de Muricy ter se arriscado até no 3-4-3 holandês em alguns jogos. O problema, aqui, me parece algo bem maior.
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Pode muito bem ser psicológico, claro. Na primeira passagem de Muricy Ramalho pelo São Paulo o time já tinha problemas para vencer os rivais, sobretudo o Corinthians. As eliminações para times brasileiros na Libertadores (incluindo aqui a semifinal de 2012 no Santos, para o... Corinthians) também colaboram para esse meu pensamento. Muricy tem várias qualidades e, dentre seus defeitos, pode não saber preparar bem o time para jogos decisivos. É uma hipótese - por mais que tantas derrotas em clássicos ou em decisões não condizem com o gabarito de um dos treinadores mais vitoriosos do país. 
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Tudo o que disse acima foi exposto no Choque-Rei de quarta-feira. Os primeiros dez minutos lembraram a metade final do primeiro tempo do histórico Brasil x Alemanha do 7x1. Deu tudo errado:o frango de Rogério Ceni aos quatro minutos; a expulsão de Rafael Tolói aos nove e a inexplicável substituição de Alexandre Pato aos dez. O jogo estava perdido faltando oitenta minutos para o apito final.
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Crédito: http://migre.me/pcCQz
Muricy não pode ser eximido de culpa, principalmente pelo duelo contra o Palmeiras - mas ele mostrou diversas variações desde sua volta, em 2012. Sua saúde, como se sabe, está combalida há algum tempo e ele não parece mais tão enérgico como antes - apesar de uma ou outra bravata em entrevista coletiva. Tudo joga contra, mas eu não o demitiria. Seu cartel é invejável, ele já recuperou um time bem pior (assumiu o São Paulo na zona de rebaixamento em 2013, não se esqueça), ele é identificado com o clube e muita gente corre por ele. E, além de tudo: quem seria o contratado? Dos nomes disponíveis vejo Cristóvão Borges com ótimos olhos, mas ele mesmo vem em baixa. Seja como for, ele precisa mudar algo.
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Não preciso dizer que o time precisa mudar. Seja no Choque-Rei ou no SanSão pelo Paulistão ou no Majestoso pela Libertadores, faltou coração de todo mundo. Poucos corriam, ninguém dividia. E falta tarimba e malandragem até mesmo para jogadores rodados - a expulsão juvenil de Rafael Tolói contra o Palmeiras falam por mim.
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Créditos: http://migre.me/pcCS2
Quando falo do time, falo também de Rogério Ceni. Aliás, falo principalmente dele. Falo insistentemente que ele deveria ter se aposentado em 2012, quando ele começou a se tornar irregular demais. O mesmo goleiro que fez milagre no último SanSão é o que tomou um frangaço no Allianz Parque. Goleiro é cargo de confiança; goleiro e maior ídolo da história do clube tem que ter responsabilidade imensamente aumentada. E ele, já no crepúsculo de sua carreira, deveria pegar o boné de uma vez. Pior: ele vai se aposentar apenas após a Libertadores, competição mais importante do ano. Por mais são-paulino que Rogério seja (ou tenha se tornado), sua gana em bater recordes o deixou cego - e, hoje, ele não vê que faz mal ao time, além de já ter perdido a oportunidade de fazer uma passagem de bastão digna e gradual ao seu sucessor, seja ele Dênis ou Renan Ribeiro.
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A torcida colabora com a cegueira de Rogério e, claro, prejudica todo o resto também. Desde os tempos de Juvenal Juvêncio, inclusive - quando defendia o presidente que conseguiu de maneira irregular seu terceiro mandato e que quase colocou o clube na Série B pela primeira vez na história. Ao pedir a saída de Muricy logo no começo do ano, a Independente jogou contra. Ao ficar calada enquanto o time joga mal, a torcida deixa os rivais (o time e os outros torcedores) crescerem. Por mais que o protesto pelo preço abusivo dos ingressos seja válido, disparar contra tudo e todos e não ver seu quinhão de culpa é um imenso erro.
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Por fim, a diretoria. É impressionante ver como desde 2012 o São Paulo não tem dias de paz. De lá para cá tivemos, principalmente, a ameaça de rebaixamento, os problemas de saúde de Muricy Ramalho, a eleição de Carlos Miguel Aidar e todas as suas querelas politiqueiras com o ex-presidente e seu antigo apoiador (hoje crítico ferrenho) Juvenal Juvêncio. Tudo isso só tumultua o ambiente e coloca pressão em um clube que já está, por seu tamanho, sob todos os holofotes. 
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Créditos: http://migre.me/pcCTD
Esse turbilhão de fatos, é claro, por vezes se juntam - e colocam uma interrogação em todos, além de potencializar os danos. A aproximação de Carlos Miguel Aidar com a Independente pouco antes do Majestoso e a nota em que a organizada detona o presidente do clube tem distância de pouco mais de um mês. Não existe paciência nem planejamento, apenas o agora e o interesse. 
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Vejam só o tamanho de um texto que consegui escrever apenas para falar de problemas do São Paulo - um clube que até bem pouco tempo atrás se orgulhava de sua estabilidade. É triste. Mas lembro de um período não muito distante e semelhante a esse. E lembro, com muita alegria, do período seguinte.
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Em 2003, o São Paulo se orgulhava de seu time. Rogério Ceni (ainda não tão badalado), Kaká, Luis Fabiano, Reinaldo, Ricardinho (a maior contratação entre clubes brasileiros da história na época)... no papel era um timaço. E, de fato, o time jogava bonito desde 2002. O ano anterior, porém, mostrava porque aquele time não se tornou histórico: perdeu a final do Rio-São Paulo e a semifinal da Copa do Brasil para o Corinthians (sempre eles), enquanto fez uma campanha brilhante na primeira fase do Brasileirão para ser eliminado pelo Santos, dos até então desconhecidos Diego e Robinho, logo nas quartas-de-final - série que, aliás, foi o embrião da ideia dos pontos corridos no Brasileirão de 2003. 
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Créditos: http://migre.me/pcCUy
Nova decepção em mata-matas em 2003: uma eliminação para o Goiás nas quartas-de-final da Copa do Brasil e, principalmente, as duas derrotas na final do Paulistão o... bem, você sabe. Oswaldo de Oliveira, técnico que sempre gostou do futebol ofensivo, foi demitido. A solução foi caseira: Roberto Rojas, que fazia parte da comissão técnica não-rotativa do clube. 
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Com Kaká vendido e um time em baixa, o chileno mudou tudo: passou a jogar defensivamente, fazendo todos correrem e valorizando o pragmatismo. O resultado não poderia ser melhor: a terceira colocação no Brasileirão (que levou o Tricolor à Libertadores após um hiato de dez anos) e a semifinal da Copa Sul-Americana, sendo eliminado apenas nos pênaltis pelo River Plate. 
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Não há muito o que fazer se um time não rende. Queira ou não o resultado é o que conta. Se vier com futebol bonito, melhor; se não, que se consiga os três pontos. É isso o que Rojas conseguiu e o que ninguém parece entender hoje em dia. 
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Crédito: http://migre.me/pcCUZ
É bem verdade que 2004 também foi um ano traumático, mas veio com uma semifinal de Libertadores no pacote. E, bem, a partir de 2005 creio que não preciso comentar muito.
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Falta muito ao São Paulo, dentro e fora de campo. Mas essa situação não é nova. Que os novos personagens saibam entender o recado. 

quarta-feira, 25 de março de 2015

Um box de DVD's e um jogo que eu adoraria ter

Desejos todo mundo têm, ideias idem. Em um daqueles momentos nos quais você começa a refletir sobre o que te falta e te deixaria mais feliz, pensei em duas coisas (odeio usar a palavra "coisa", acho feio, solto e abstrato demais, mas enfim) que demandariam pouquíssimo dinheiro e é algo bem simples de ser feito - mas fico na dependência da boa vontade de terceiros, o que sempre complica. 
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Box com todos os Rockgol
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Créditos: http://migre.me/pa2qz
Se você nasceu depois de 1990 certamente já viu alguém berrar "Cléston" ou comentar ao menos uma das inúmeras piadinhas que os geniais Paulo Bonfá e Marco Bianchi faziam durante as transmissões dos jogos (a grande maioria horríveis e com lances bisonhos) dos músicas na MTV - em tempos em que ela tinha lugar na TV aberta, ainda. 
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Alguns poucos lances estão no Youtube, mas é pouco demais. Sonho em rever a cobrança de lateral de Rapin Hood, os gols de Max Telefone de Contato, o milésimo gol tomado de Nasi, a entrevista de Wander Wildner e os jogaços entre Rancatoco e Os Comédia, a derrota do Jota Quest por 17x0...
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Também dá vontade de relembrar de Birigui, do Estádio Mané Pipoca, de Musa Nissei-Sansei, de Jesus, Chiliquenta, Senhor Barriga, Marquito, Tiozão do Churrasco, Nhanha, Juninho Papito... certamente você riu, suspirou e lembrou de algo engraçado quando leu esses nomes. E certamente você gostou da minha ideia. 
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Créditos: http://migre.me/pa2rp
Adoraria ver um box com todos os jogos de todos os anos do Rockgol. O auge do torneio aconteceu entre 1999 e 2008, tempo em que Bonfá e Bianchi narravam as partidas. O torneio, na verdade, começou em 1995 e foi até 2008, tendo edições esporádicas em 2011 e 2013. Claro que um box com todas as temporadas seria incrível, mas apenas o primeiro período citado já me deixaria bem feliz. 
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Um jogo manager para o carnaval
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Falei "um" mais por revolta do que por desejo. Explico: cabem, no mínimo, dois jogos de estratégia com escolas de samba. Um mais simples, no estilo do Elifoot; e outro (bem) mais caprichado, como o Football Manager. 
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Acho inadmissível que isso ainda não exista, pra ser mais exato. É, inclusive, um jeito de aproximar o carnaval de todo mundo - a grande maioria não sabe que o carnaval acontece o ano inteiro. Imagine só você montar uma escola de samba do nada, contratar um carnavalesco, diretores de harmonia, de carnaval e de bateria, treinar os componentes quanto à evolução, melhorar seu barracão e sua quadra para poder se organizar melhor... seria diversão pura. Imagine só, então, o drama que não seria a apuração da sua própria escola?
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Créditos: http://migre.me/pa2rP
Isso no mais simples, claro - pode parecer muito, mas é bem simples. No jogo mais trabalhado poderíamos ver as fantasias, o sambódromo, o desfile... isso sem contar na infinidade de detalhes que poderiam ser acrescidos, já que exigiria uma base de dados bem menor que a do Football Manager, por exemplo. 
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As ideias estão aí. Que alguém as compre. 

sexta-feira, 20 de março de 2015

Minha visão sobre os protestos

Se você não esteve em Urano nos últimos sete dias certamente sabe que o Brasil passou por uma série de protestos a favor e contra o governo federal - na sexta-feira e no domingo, respectivamente. 
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Crédito: http://migre.me/p6K5U
Antes, um aviso triste de ser dado: sim, tivemos protesto também na sexta-feira, a favor do governo. Talvez você não saiba disso, já que em muitos veículos de comunicação ele só foi noticiado após o ocorrido - como se ele já não estivesse marcado há tempos. Fica uma indagação: se o Brasil inteiro sabia do protesto contra o governo por meio desses tais veículos de comunicação, porque não sabiam dos protestos a favor? 
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Ao contrário de outros tantos assuntos, o blogueiro fica em cima do muro nessa discussão toda. Ele não foi no protesto de sexta (tá difícil ser a favor desse governo) e também não foi no de domingo. Explicar os motivos para não ir no segundo protesto é algo um pouco mais complicado - e, no fim das contas, é o ponto nevrálgico dessa postagem. 
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Desde quando o burburinho sobre o protesto anti-governo surgiu especulou-se a ideia de pedir o impeachment da presidente e de uma intervenção militar. Absurdo, sem dúvida. E uma minoria, me parece. Mas era uma minoria barulhenta que não foi repreendida por muita gente; assim como foi uma minoria que não era insignificante e tinha lá sua representatividade. Isso incomoda bastante. 
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Crédito: http://migre.me/p6K6w
Vou ser favorável ao impeachment quando todas as investigações forem concluídas e ficar comprovado que a presidente sabia ou atuava em algum esquema de corrupção - assim como foi feito com Fernando Collor. A triste diferença é que o impeachment de Collor teve uma imensa cooperação de todos os poderes, já que o presidente rachou a base aliada com suas atitudes. Embora Dilma não fale a mesma língua do Legislativo, do Judiciário e de muitos do próprio partido, sua situação política é muito mais favorável do que a de Collor era. 
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Quanto à intervenção militar, bem... eu apenas cito essa ignorância, mas acho que qualquer pessoa com um QI de pelo menos dois dígitos sabe o quanto isso é absurdo; logo, me abstenho de falar qualquer coisa a esse respeito. Vamos em frente. 
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Eu senti um clima artificial demais nas manifestações de domingo. Lembro dos protestos de 2013, com vários gritos entoados a plenos pulmões. O que vi no domingo foi um mundaréu de gente andando para lá e para cá, fazendo barulho apenas para conversar com seus conhecidos. Os gritos contra a presidente, contra o partido da presidente, contra os apoiadores e eleitores da presidente eram constantemente berrados, mas sempre individualmente. Ao menos para mim protesto é outra coisa. 
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Falando do mundaréu de gente: afinal de contas, quantas pessoas estavam na Paulista? A PM falar que tinham um milhão de pessoas e o Datafolha contabilizar 210 mil é absurdo. O que mais chama a atenção é ver a Polícia Militar dar um número tão maior que outro. Bem a PM, que já falou que a Parada Gay tinha 600 mil pessoas enquanto outros falavam em 4 milhões... é estranho verificar que, quando os militares são bem quistos em um local, o número é inflado pela PM; quando não, é derrubado.
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Pra finalizar quanto à PM: manifestantes tirando foto com os fardados? Como será que os pais e avós dessas pessoas, que enfrentaram uma ditadura militar, se sentiriam? 
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Nos dois últimos domingos tivemos panelaços enquanto a presidente e dois de seus ministros falavam na TV. Nada contra, é totalmente legítimo. Mas é interessante notar que quem fez isso é quem não tem dificuldade nenhuma em se sustentar e ter seus próprios luxos. É óbvio que eles podem protestar e querer um Brasil melhor; mas eu confesso que sempre vou ouvir quem fecha suas contas no vermelho ao invés de ouvir quem reclama de não conseguir comprar um carro por ano ou tem um inquilino inadimplente. Peço desculpas caso isso seja um preconceito; para mim é só justiça. 
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Há, porém, um lado muito benéfico nos protestos: dias depois da manifestação foi apresentada mais uma proposta para a reforma política - bem como em 2013, que acabou rejeitada pelo Legislativo. É triste ver que nossos nobres deputados e senadores funcionam na base da porrada; mas, se é assim, que consolidemos nossos direitos. 
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Já tem mais protesto marcado: dia 12/04. É esperar para ver. 

domingo, 15 de março de 2015

O Albert Park mostra bem a decadência da Fórmula 1

Sou de uma geração de fãs brasileiros do automobilismo que começou a acompanhar a Fórmula 1 após a morte de Ayrton Senna - ou seja, sou da geração Schumacher. Mesmo sem um brasileiro com chances de título (falando realisticamente, e não sob a ótica ufanista das transmissões da TV Globo), sempre tínhamos um estímulo para acompanhar o campeonato. Tínhamos. 
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O campeonato de 2015 da Fórmula 1 começou ontem e talvez você nem saiba disso. Existem os eventos externos (protestos no Brasil e o horário pouco convidativo do GP da Austrália) para que isso aconteça, é claro; mas muito do atual e imenso desinteresse pelo torneio se dá pela falta de emoção das próprias corridas - isso sem falar em motivos menos éticos e mais profundos, como os recentes e e pouco explicados acidentes com Jules Bianchi e Fernando Alonso
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O GP da Austrália deixou isso bem claro. Como mostraram os treinos no começo do ano, a Mercedes (equipe que fez o que bem entendeu ano passado), parece estar ainda mais forte nessa temporada - a ponto de abrir um segundo e meio para os demais bólidos na classificação para a primeira corrida, o que é uma enormidade no automobilismo. Logo atrás, ao que parece, Ferrari e Williams vão brigar pelo último lugar no pódio ao longo de todo o ano. 
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Essa segmentação da disputa deixa qualquer competição enfadonha. E isso acontece há muito na Fórmula 1. Desde quando Schumacher foi tetracampeão do mundo (em 2001, com quatro provas de antecedência) parece que o abismo só cresceu - ao ponto do mesmo Schumacher, em 2002, vencer o torneio com incríveis seis corridas de antecedência
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Conta-se nos dedos quantas vezes tivemos decisões de campeonatos minimamente disputadas desde aquele período. De 2000 para cá, apenas em seis oportunidades o campeonato foi decidido na última prova - sendo três dessas seis vezes seguidas. Isso afasta qualquer pessoa (inclusive fãs) de um evento. Imagine, então, a possibilidade de ganhar novos seguidores. 
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Dentre tantos eventos secundários nesse período na Fórmula 1 temos o fato de que foi a minha geração quem se habituou a ver o GP da Austrália ser disputado em Melbourne - isso começou em 1996; antes, a cidade-sede do país no campeonato era Adelaide. E, sabe-se lá porque, as corridas no Albert Park (que quase sempre abriram as temporadas) sempre foram muito empolgantes. Lembro de cabeça de algumas que em nada lembraram o passeio das Mercedes na madrugada de ontem. 
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1996 - O incrível acidente de Martin Brundle

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2000 - A boa estreia de Rubens Barrichello na Ferrari - no dia do aniversário do blogueiro
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2002 - A estreia de Felipe Massa na Fórmula 1 - que durou só uma curva
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Torço muito para que essa temporada, de alguma forma, me surpreenda. Mas me parece que teremos mais um ano bem sonolento da Fórmula 1.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Vinte e três - a mudança chegou

Como todo adolescente, esperava ansiosamente pelos meus dezoito anos. Achava que a minha vida mudaria do nada em uma passagem de noite. E, como a maioria das pessoas que chegam a essa idade, quebrei a cara ao ver que nada tinha mudado. A vida continuava a ser uma penitência - até porque é só na teoria que ninguém bebe e não entra em qualquer lugar sem um RG falso. 
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Sabia que, alguma hora, a mudança ia chegar. Aos poucos ou abruptamente a minha vida daria uma guinada. Comecei a encaixar a minha vida ao meu gosto (e não ao gosto da minha mãe) aos poucos. Pagar algumas contas, ajudar em tarefas domésticas, ter liberdade para sair e gastar o meu dinheiro. Isso, realmente, foi conquistado nesse longo período dos dezoito até os vinte e dois.
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Ontem, no meu aniversário de vinte e três anos, eu parei pra pensar nessa história de mudanças novamente. E vi que a hora de mudar é justamente agora. 
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A começar pelo lado profissional: após oito meses parado para fazer o TCC na faculdade, voltei a trabalhar - pela primeira vez como senior, e não como estagiário. Oito horas (no mínimo) por dia, participando de várias ações e ideias e de corpo e alma em um local. Além disso, tenho dois freelancers para complementar a renda - e fazer contatos, é claro.
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Outra mudança: pela primeira vez na minha vida eu passarei um ano sem estudar academicamente. Com a faculdade encerrada, vou tirar um ou dois anos de folga para depois pensar na pós-graduação. Quero terminar o inglês (quem não tem inglês hoje em dia sofre) e começar uma ou duas línguas extras no período - tenho especial predileção pelo alemão, sabe-se lá porquê. 
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Ainda falta muita coisa, é claro. Morar sozinho, ter meu carro, conseguir ver mais a minha namorada em dias da semana... mas, se demorei alguns anos pra conseguir o que de tanto me orgulho hoje, posso ter mais tempo para bater essas metas antigas - e mais ousadas. Que venha tudo agora. O vinte e três foi só o começo.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Lava-jato, tucano, petista e ignorante

Já falei algumas vezes sobre o Petrolão e a Operação Lava-Jato - aqui, aqui e aqui. Sempre criticando os envolvidos e tentando, de alguma forma, mostrar algum outro viés que muitos não captaram ou não sabiam. Eis que a vida, essa roda da fortuna, faz esse favor para mim.
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Eu, infelizmente, não tenho informações privilegiadas sobre ações da Polícia Federal - como a maioria da grande mídia parece ter, diga-se de passagem. Mas eis que a própria grande mídia, que parece ter um prazer descomunal em bater no atual governo, tem que engolir informações que não a agrada. 
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PS: o parágrafo acima não trata-se de um achismo ou de uma opinião. Você não precisa de muita pesquisa para confirmar o que é dito nele, e deixo para você fazer isso. Se quiser uma dica, clique.
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Por conta dessa própria grande mídia você não saiba que, agora, não temos apenas pessoas de empreiteiras ou da base aliada entre os que querem colocar imediatamente no banco dos réus, apenas com delações premiadas e informações de uma ou duas pessoas suspeitas e sem nenhuma grande investigação. 
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O TSE divulgou que Aécio também recebeu dinheiro das empreiteiras em sua campanha. Fico me perguntando se os que pedem o impeachment de Dilma sabem disso. As tais delações premiadas (que vazam sabe-se lá porquê, já que são ditas apenas por um suspeito e sem nenhuma investigação concreta realizada) também mostraram que Aécio Neves, Álvaro Dias e outros congressistas da oposição foram pressionados a não aprofundar nada na CPI da Petrobras. Ricardo Boechat foi além: segundo ele, depoimentos das delações dizem que o principal nome da Lava-Jato é o próprio Aécio Neves.
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Que temor é esse, tucanos? Vocês não eram a favor de uma investigação profunda e tudo mais? Aécio, será que o ex-presidente e seu avô Tancredo Neves nunca te disse que "quem não deve não teme"?
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Mais: uma denúncia envolvendo o nome de Agripino Maia, senador pelo DEM e coordenador da campanha de Aécio à presidência, diz que o político potiguar participava de um grande esquema no DETRAN local. Mas é claro que o fato de Agripino ser coordenador da campanha tucana ao Planalto não foi citado em nenhum momento. 
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Culpar só o PT é ignorância. Até porque o PDSB é igualzinho. 

segunda-feira, 2 de março de 2015

A vida é bem mais que a vida alheia

Aconteceu comigo, no domingo logo depois do carnaval. Estava saindo da ESPN e indo a pé até a estação Sumaré quando ouço uma súbita e forte freada na Doutor Arnaldo. Olho para a direita no instante que um Fox bate em um EcoSport; e, com a força da batida (que nem foi tão forte assim), o segundo carro atinge um Prisma. 
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Parece que o centro do mundo tinha virado aquele farol na frente da Torre da Cultura. Parece que a importância da ONU ou da Casa Branca tinham sido sumariamente diminuídas diante daquele pequeno engavetamento. As cercas de dez pessoas que estavam próximas do local da batida logo se amontoaram, cruzando inclusive a avenida com o farol aberto. 
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Os comentários eram sempre parecidos e atropelados pelas próprias pessoas. "Nossa, a menina do Fox tá chorando", "Vish, o cara da EcoSport saiu puto", "Meu deus, que moça desatenta" foram alguns dos exemplos que ouvi enquanto passava na frente do grupelho, que parecia que não tinha mais nada para fazer na vida a não ser ver aquela situação na rua. 
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Passe pelo grupo em dois segundos. Vi a batida e não parei de andar para frente. Eram 13h15 e eu teria que narrar dois jogos de casa, o primeiro às 16h. Alguns me olharam espantados por eu não dar relevância para aquele evento tão importante para outros. 
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Voltei para casa me perguntando porque raios as pessoas gostam tanto de futricar a vida alheia. Além de ninguém ganhar absolutamente nada com isso, essa atitude só prejudica os demais - a motorista que começou a chorar deve ter ficado ainda mais ansiosa ao ver que tinha gente prestando atenção nela. Os transeuntes não estavam nem aí, tanto que nenhum deles se dispôs a ajudar em nada. Só ficaram lá especulando sobre o ocorrido e comentando tudo o que viam.
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Sei que, infelizmente, esse grupo apenas representa uma enormidade de gente que faz a mesmíssima coisa não só ao ver acidentes, mas para absolutamente tudo na vida - você deve conhecer fofoqueiros, espíritos de porco, futriqueiros e por aí vai. Eu lamento por eles, mas não escondo a raiva. 
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Narrei meus dois jogos, ganhei meu dinheiro. Foi bem melhor que ficar vendo três carros batidos. 

domingo, 1 de março de 2015

450 anos do Rio e 250 Cristos Redentores

Por mais que toda cidade tenha suas características e identidade, nenhum outro município brasileiro é tão icônico quanto o Rio de Janeiro. Seja pelo sotaque carioca, pela cultura, pela música ou por qualquer outra qualidade que o local justamente chamado de Cidade Maravilhosa, o mundo inteiro conhece e deseja visitar o Rio.
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Pontos turísticos não faltam. As praias, o Sambódromo, o Maracanã, o Pão de Açúcar e o Corcovado. Corcovado onde fica, aliás, uma das Sete Maravilhas do mundo moderno: o Cristo Redentor.
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Inaugurado em 1931 após nove anos de construção, o Cristo é conhecido por todos. Todos mesmo: em 2011, foi eleito o maior símbolo da América Latina. O que você pode não saber é que não existe apenas esse Cristo Redentor por aí. Mais: todos os mais de 250 Cristos de outros locais tem algo em comum - e não é a figura homenageada.
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Todos vieram da mesma família: os que tem sobrenome Papaiz, originalmente de Campinas. Com os moldes prontos, bastava à cidade que quisesse comprar um Cristo escolher o tamanho. O que popularizou ainda mais as esculturas é o baixo preço: as maiores estátuas custam apenas 12 mil reais - quantia que não precisa de autorização de nenhum Legislativo municipal para ser gasto. (É claro que o material é diferente do Cristo original, bem mais em conta)
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O Rio continua lindo, e jamais deixará de ser. Mas a Cidade é muito mais que Maravilhosa; é inspiração e influência pura.
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Abaixo, alguns dos Cristos Brasil afora. Pena que nenhum deles tenha a Baía de Guanabara para abraçar.
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Cornélio Procópio - PR

Indaiatuba - PR

Taiúva - SP

Lagoinha - CE

Taubaté - SP