segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A demissão em nove minutos diz muito sobre o Cruzeiro de 2015

Cresci vendo o Cruzeiro forte. Em 1998 (primeiro ano que lembro de acompanhar futebol mais de perto), a Raposa foi vice-campeã brasileira e vice da Copa do Brasil. Vi o time campeão de tudo em 2003, vice da Libertadores em 2009, vi jogos que fizeram páginas heróicas e imortais - como bem diz o hino do clube. 
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Créditos: Leonardo Bastos/Twitter
Mas aquele time, mantido pelos irmãos Perrella, precisava sabidamente vender um atleta titular por ano para se manter financeiramente. O time perdia, claro; mas se mantinha forte ano após ano - o Cruzeiro ganhou pelo menos um título entre 1993 e 2005, uma sequência impressionante.
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O sucessor dos Perrella foi eleito em 2012: Gilvan de Pinho Tavares, que assumiu o clube após um 2011 desastroso - que quase culminou no até hoje inédito rebaixamento cruzeirense. O presidente arrumou a casa em 2012 e conseguiu o bicampeonato brasileiro em 2013 e em 2014 - além do estadual de 2014 e de resultados expressivos no atletismo e no vôlei, principalmente. 
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O grande mentor do futebol cruzeirense no bicampeonato era Alexandre Mattos, que foi para o Palmeiras em 2015. A diretoria, até outrora poupada (e até elogiada), passou a ser exaustivamente criticada nesse ano. Com toda a razão.
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Créditos: Daniel Teobaldo/Estadão
Toda a base do time bicampeão nacional foi negociada: Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Lucas Silva, Egídio e Nílton - pra ficar nos que atuavam com frequência entre os titulares. Outros tantos chegaram, mas não se encaixaram no esquema do ótimo técnico Marcelo Oliveira. Ótimo, mas que não é perfeito: um de seus principais problemas é a falta de variação tática, viciando a equipe no 4-2-3-1 com as mesmas características.
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É um tanto quanto óbvio que um time remodelado precisa de tempo - ainda mais com um treinador com dificuldade para mudar algumas aspectos táticos. A diretoria não teve essa paciência: após chegar às quartas-de-final da Libertadores (!) e ganhar do River Plate no Monumental de Nuñez (!!), Marcelo Oliveira foi demitido após o 3x0 sofrido no jogo de volta - que custou a eliminação celeste na Copa. 
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Foram menos de seis meses de trabalho para Marcelo Oliveira em 2015. Vinte e sete jogos, com doze vitórias e 53% de aproveitamento - o que colocaria o Cruzeiro na sexta posição do Brasileirão, bem longe dos atuais 35% da Raposa na liga nacional. 
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Créditos: Rodrigo Clemente/EM/D A. Press
Não foi só isso. Além de não olhar os números, a diretoria cruzeirense não teve o menor senso ao deixar o técnico sozinho, visivelmente abatido, na coletiva de despedida da equipe. O time, que já tinha suas fragilidades, degringolou de vez com Vanderlei Luxemburgo - que há tempos vive apenas de seu passado e segue encantando alguns dirigentes brasileiros. 
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Hoje, dia que marcou a demissão de Vanderlei Luxemburgo (após dezenove jogos e menos de três meses no cargo - e a indagação de como um trabalho pode ser medido com tantos jogos e tão pouco tempo) e de Isaías Tinoco (diretor de futebol, que ficou menos de um mês (!) no Cruzeiro), a cartolagem celeste mostrou o quão amadora é. Às 16h43, a diretoria garantiu Luxemburgo para a ESPN. Nove minutos (NOVE MINUTOS) depois, foi anunciada a demissão do técnico no SuperEsportes. É amadorismo puro.
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Créditos: Washington Alves/VIPCOMM
Dá toda a impressão que a diretoria se perdeu sem Alexandre Mattos - de competência indiscutível. Mas... como um clube consegue se perder tanto em tão pouco tempo? Será que Mattos é tão espetacular? Um dos elencos mais numerosos do Brasil não consegue render porquê?
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Tem algo de muito errado com o Cruzeiro - fora de campo, que respinga no gramado. E é necessário acordar logo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O dia em que eu me tornei o heroi do impeachment

Lembra do Lula inflável? O imenso boneco do ex-presidente roubou a cena no protesto candango do dia 16/08 - dos que são contra o governo federal. Vale dizer que ele custou R$ 12 mil, segundo o próprio grupo que o confeccionou. Crise? Parece que, ironicamente, os que mais protestam contra o atual governo são os que menos sentem a recessão - confirmada hoje, aliás. Mas isso é outra história.
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Créditos: Marco Ambrosio/Estadão Conteúdo
Hoje o Lula inflável (ou Pixuleco ou Pixulula, como já foi apelidado) esteve na Ponte Estaiada, o novo cartão postal de São Paulo. A localização é privilegiada: muito perto dos estúdios da TV Globo em São Paulo, no Brooklin. O SPTV, aliás, tem como cenário exatamente o local onde estava o boneco, na Marginal Pinheiros - uma das principais vias paulistanas. 
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O noticiário local da manhã, pela primeira vez no novo cenário, foi apresentado com as persianas abaixadas. O da tarde, idem. Tudo para não mostrar o Lula inflável com fantasia de presidiário e a inscrição 13-171 - referência ao número do PT e ao estelionato no Código Penal.
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É aí que eu entro. Para fazer piada com a situação, fiz o seguinte tweet:
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Ironia pura. Não, a Globo nem de longe é petista. Acho que isso é tão claro para qualquer pessoa com o polegar oponível. Ou melhor, achava. O tweet caiu nas graças de quem é contra o governo federal - justamente os que eu ironizei. Isso incluiu o retweet de perfis como "ForaPT", "Fora Dilma", "Renuncia Dilma" e até mesmo o de Yeda Crusius, ex-governadora gaúcha do PSDB. (Não sei se a conta da ex-governadora é fake ou não, mas enfim)
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Tempos depois, com o Lula inflável já furado por manifestantes a favor do governo federal, o boneco virou meme e passou a ser ridicularizado na rede. Meu simplório tweet, então, passou a ser retweetado por quem também é a favor do governo. Pior: pessoas com RT's tanto contrários quanto favoráveis ao governo também me "ajudaram".
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Sobre toda a situação: como muitas das coisas que envolvem a atual política nacional, é ridículo. É simples entender porquê a Globo não mostrou o Lula inflável: para a emissora, tá ótimo do jeito que tá - um governo fraco, com a RGT ora mordendo e ora assoprando a equipe de Dilma. A ameaça, hoje, é Cunha - ao menos era antes das denúncias de corrupção da Lava-Jato. E como Cunha tornou-se heroi dos anti-governistas (...), não é interessante ter a imagem de Lula vestido de presidiário. Simples. A situação descrita nesse parágrafo, aliás, foi muito bem sacada pelo pessoal da Carta Capital.
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Créditos: Zanona Fraissat/Folhapress
Rasgar o boneco é ridículo e covarde, agir com violência ante uma manifestação pacífica e democrática - mesmo que um tanto quanto ridícula. Também não dá para aturar a imprensa chamando o ocorrido de "atentado", porém - aliás, um doce para quem falar que foi O Globo que falou isso primeiro. 
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Vale dizer: o Lula inflável caminhou por alguns pontos turísticos de São Paulo e vai passar por outras cidades - ao menos é o que era falado antes do ~~atentado~~. Já podemos chamar esse tour de LULAPALOOZA, não?
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Só rindo mesmo.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ir às ruas agora é escolher entre dois erros

Nos dias 16/08 e 20/08, milhares de pessoas protestaram no Brasil. Os dias distintos não são por mero acaso: no domingo protestaram os descontentes com o atual governo federal; na quinta-feira, os que a defendem. 
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Créditos: Felipe Raut/Estadão
Essa é só uma divisão bem superficial, que fique bem claro. O protesto de domingo tinha grande presença de pessoas que defendem o impeachment, golpe, a volta dos militares ao poder e outros quetais que você pode imaginar o quão absurdos são pelos exemplos que citei. Os protestos de quinta tinham pessoas que falavam pelos "pobres, minorias, trabalhadores" e grupos sociais pouco privilegiados - mas que não conseguem enxergar o quanto o atual governo é nocivo para eles mesmos.
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Ainda sobre os que defendem o atual governo: é engraçado ver que a cor dominante foi o vermelho. O vermelho do PT, da causa trabalhista. Partido esse que não se deu conta da mudança de rumo na economia mundial e levou o pais à recessão, cortou o direito de trabalhadores e aposentados e repete a novela que o PSDB (seu grande antagonista no cenário político de quem só vê política pela grande mídia) tanto fez no Brasil. 
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Você pode não gostar do governo Dilma, mas defender um golpe, os militares ou seja lá o que for não é nada inteligente - nem válido, aliás; ao menos por ora. Assim como defender um governo que levou o Brasil a essa situação nada satisfatória é tão escroto quanto. 
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Créditos: Paulo Pinto/Agência PT
Fique em casa, amigo. É mais inteligente. Você não vai ser confundido com alguns loucos que aparecem em cada uma dessas manifestações - como bem mostram esse e esse vídeo que viralizaram na internet. Você não vai ser chamado de coxinha nem de petralha, não vai entrar em discussões inúteis e de pouca inteligência em redes sociais.
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A situação é totalmente diferente que a das manifestações de 2013. Aquelas, que lutaram (até de maneira violenta) para ser apartidárias e que tinham um foco claro (em seu começo, é claro) não merecem ser colocadas na mesma cesta que essas atuais, tão deploráveis. 
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Não erre - nem à direita, nem à esquerda. Em momentos de histeria é importante observar e pensar bem antes de tomar qualquer partido. E, nesse momento, melhor mesmo é não ter nenhum partido.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O Brasília x Goiás da Sul-Americana diz muito sobre o futebol brasileiro

Brasília x Goiás se enfrentaram pela segunda fase da Copa Sul-Americana na última terça-feira - dia 18/08. O jogo de ida entre o Colorado e o Esmeraldino acabou 0x0 e foi disputado no Bezerrão, no Gama - cidade-satélite do Distrito Federal. Apesar do lead, a intenção aqui não é fazer um pós-jogo: é mostrar que com informações bem simples essa singela partida diz muito sobre o atual momento do futebol brasileiro.
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Créditos: AFP/Conmebol.com
A primeiro pergunta a ser respondida: porque Brasília e Goiás jogam a Copa Sul-Americana?
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Vamos começar pelo Esmeraldino. O Goiás foi apenas o décimo segundo colocado no Brasileirão de 2014, mas tem vaga na Sul-Americana por conta do esquema absurdo da CBF, que emparelha a competição continental com a Copa do Brasil. Só joga a Sul-Americana quem está eliminado na Copa do Brasil e tem condições de herdar uma das oito vagas no certame - vagas que são herdadas de acordo com a posição nas ligas nacionais do ano anterior. Achou ruim? A Ponte Preta, vice-campeã da Série B do ano passado, também está na Sul-Americana. 
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Isso acontece por conta de uma disputa política entre a CBF e a CONMEBOL. A Confederação Brasileira de Futebol quis fortalecer a competição nacional, colocando os times mais fortes para disputar o torneio. Para isso, colocou a Copa com jogos entre os dois semestres (algo óbvio para qualquer pessoa com um polegal oponível), com os clubes brasileiros que participaram da Libertadores em fases posteriores. 
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Créditos: Brasiliafc.com.br
Com isso, quem sai perdendo são os clubes que poderiam jogar a Sul-Americana com o valor que ela merece. É uma competição continental, vista por toda a América - e que atrai alguma atenção fora desse eixo. É interessante para qualquer um disputar a Sul-Americana. Quem liga para o que a CBF diz?
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São sei vagas para os representantes advindos das ligas nacionais. As outras duas, pasmem, são para os campeões de competições regionais chanceladas pela CBF: a Copa do Nordeste e a Copa Verde. Ridículo, mas sempre dá pra piorar quando falamos de futebol brasileiro. 
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O Ceará foi o campeão da Copa do Nordeste de 2015 e teria por direito a vaga na Sul-Americana. Por competência própria conseguiu avançar às oitavas-de-final da Copa do Brasil e queria participar das duas, com times distintos. A CBF vetou e deu a vaga para o Bahia, vice do torneio e que não avançou até essa fase da competição nacional. 
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Créditos: Agência Estado
Copa do Nordeste de 2015, claro. O enrosco é ainda mais patético quando falamos do Brasília: o Colorado foi campeão da Copa Verde de 2014, e joga a Sul-Americana apenas um ano depois. Em 2015, o Brasília perdeu o Campeonato Brasiliense para o Gama (!) e ficou quatro meses sem fazer um jogo sequer. A pior mazela do futebol brasileiro foi escancarada para quem quisesse ver.
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Explicado? Sim, é difícil. A sorte é que o texto pode ser relido. 
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Tem mais: o Brasília costuma mandar seus jogos no Mané Garrincha, suntuoso estádio candango erguido no Distrito Federal para a Copa do Mundo - com custo superior a R$ 1,7 bilhão. Por sinal, é o segundo maior estádio brasileiro da atualidade - mesmo com o estado não tendo nenhum time em nenhuma das três divisões nacionais. Mas o jogo aconteceu no Bezerrão, na cidade-satélite de Gama. Tudo porquê o Mané Garrincha não tinha laudo para a partida. É isso mesmo: o jogo que recebeu sete jogos da Copa do Mundo de um ano atrás (incluindo três eliminatórios) não tinha laudo para uma partida da segunda fase da Copa Sul-Americana. 
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Créditos: Reprodução/SporTV
Como podem imaginar, o 0x0 foi um espetáculo digno de comédia pastelão. O Goiás entrou com time misto; o Brasília entrou com atletas que estavam sem a menor condição física, muitos que faziam sua primeira partida pelo Colorado. Estádio praticamente vazio, gramado literalmente voando a cada disputa de bola. 
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Só com muito amor para assistir o atual futebol brasileiro.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Por que os números de manifestantes da PM nunca batem com os demais?

Não é preciso ir muito longe nesse blog para verificar o quanto eu sou contrário a praticamente tudo que envolve qualquer coisa que seja militar no Brasil, por vários motivos. Mas desde março, quando começaram os protestos contra o atual governo federal, um fato que envolve a corporação muito me intriga.
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Créditos: Luciana Yole/Flickr
Eu, manifestante desde os tempos de #ForaSarney (em 2009), me acostumei a ver PM jogando os números de cada protesto para baixo - quase no chão, aliás. 
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Começando pelo próprio #ForaSarney: em São Paulo, a manifestação reuniu 700 pessoas segundo os organizadores, mas cerca de 300 para a PM. A diferença absoluta pode ser pequena, mas a distância de 300 para 700 é superior a 100%. Como a polícia pode cortar mais da metade do número de manifestantes em um evento?
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Essa curiosidade em torno da PM tomou proporções imensas em 2013, durante os protestos que começaram contra o aumento das tarifas do transporte público e depois sintetizou várias reclamações da população. É patético. Enquanto o Movimento Passe Livre (que começou com as reivindicações) estimava atos com 5.000 e 100.000, a polícia colocava 2.000 e 65.000, respectivamente. O Estadão fez um belo infográfico sobre isso.
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Créditos: Joel Silva/Folhapress
Eis que chegam os protestos contra o governo desse ano. A PM estimou 1.000.000 de pessoas em março; o Datafolha, 210.000. Em abril, nova discrepância: 275.000 para a PM; 100.000 para o Datafolha. Nos protestos de agosto a história não foi diferente: 350.000 para os militares; 135.000 para o Datafolha. 
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É interessante notar que, ao menos em março, o governo federal teve manifestações de apoio - e os números novamente foram discrepantes, mas com a PM voltando a dar números muito abaixo. Em março, o Datafolha contou 41.000 pessoas; a PM, 12.000. 
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Créditos: Jorge Araújo/Folhapress
É óbvio que as entidades organizadoras (a saber, o Movimento Passe Livre) tem interesse em inflar seus números. O que é ~curioso~ é ver que manifestações estudantis e a favor de um governo que é contra os interesses históricos da PM ficam com estimativas muito abaixo das demais, enquanto em protestos que vão de encontro ao que os militares querem esses mesmos números são superdimensionados. Vale dizer também que nos protestos contra o governo policiais tiravam fotos e eram tratados como heróis.
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E você? Acredita na polícia?

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Precisamos de um pacto nacional pela arbitragem

Eu comecei a acompanhar futebol em 1998, influenciado pelo meu pai - são-paulino doente, de quem herdei o time de coração. Dois jogos antes da triunfal volta de Raí e do título do Paulistão sobre o Corinthians, o Alvinegro passou pela Portuguesa nas semifinais com um pênalti que até hoje é apontado pelos rivais corinthianos com vergonha - que motivou o clássico choro de Augusto e eternizou o nome do árbitro argentino Javier Castrilli.
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Créditos: César Greco/Palmeiras
Vi meu time ganhar o estadual, a Libertadores e o Mundial em 2005. O campeão brasileiro foi o Corinthians, no Brasileirão lembrado até hoje pela remarcação de jogos por conta da Máfia do Apito e pelo pênalti de Fábio Costa em Tinga - não marcado e motivo da expulsão do então volante colorado. Alberto Dualib, presidente do Timão na época, chegou a dizer que o verdadeiro campeão daquele campeonato seria o Inter.
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Lembrei de dois casos não para culpar o Corinthians, mas porque esses fatos entraram para a história do futebol brasileiro. Todos os times tem um punhado de erros de arbitragem a favor, assim como os corinthianos com certeza se lembrar de outros tantos erros que os prejudicaram. E é esse imenso excesso que precisa ser combatido. Acima de tudo: sem nenhum tipo de clubismo.
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As últimas três rodadas do Brasileirão foram pródigas em erros de arbitragem. Em apenas sete dias vimos um sem fim de erros capitais. Estaria mentindo se não xinguei todo mundo depois do gol mal anulado do São Paulo e do pênalti assombrose de Uendel não marcado no clássico contra o Corinthians, mas convenhamos que Felipe não mereceu nenhum dos dois cartões que o levaram a ser expulso. Isso sem contar no pênalti que o árbitro não deu a favor do Goiás contra o São Paulo, o gol com duas bolas em campo validado pela arbitragem e o impedimento que só a bandeirinha viu em Avaí x Corinthians, o gol que Apodi levou a bola claramente com a mão em Chapecoense x Atlético Mineiro, o(s) pênalti(s) que o árbitro não marcou para o Flamengo contra o Palmeiras... não faltam lances. Tem para todos os gostos, para todos os times. Você só precisa escolher.
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Foto: Reprodução
Isso cria um clima de desconfiança que coloca qualquer credibilidade de um campeonato em xeque. Eu, particularmente, não acredito em roubo e erros de má fé - só em incompetência mesmo. E isso não torna a sucessão de equívocos algo menor.
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Todos sabem disso tudo que eu falei. Todos sabem que os árbitros são horríveis e todos sabem que mais ou menos hora vão ser prejudicados e beneficiados. O problema é que cada clube só vê o seu lado. Só reclamam quando é contra si. Quando é a favor, torcedores e por vezes até jogadores e dirigentes ironizam o erro. Mais do que isso: quando isso acontece, não há repreensão de parte nenhuma por parte do clube beneficiado. 
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Após o ótimo Corinthians 4x3 Sport, a diretoria pernambucana emitiu uma nota oficial repudiando a arbitragem do jogo - do paulista Luiz Flávio de Oliveira. A principal polêmica foi quanto ao pênalti final, em lance que... foi pênalti - segundo uma nefasta recomendação da FIFA que ninguém conhecia após o primeiro Corinthians x São Paulo na Arena, no ano passado; e em lance que o juiz de Atlético Mineiro x Grêmio não marcou um penal para o Galo. Bem o Sport, que foi beneficiado por erros dos árbitros no mínimo, contra Avaí e São Paulo. 
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Créditos: Ricardo Zanei/UOL
Só hoje o Flamengo lançou uma nota oficial manifestando seu repúdio contra a arbitragem do Brasileirão. O Palmeiras lançou a pior nota de todas, falando da ~pressão que adversários querem exercer na arbitragem~ - ao que parece, o Palmeiras está satisfeitíssimo com os árbitros. A nota alviverde saiu um dia depois do Porco vencer o próprio Flamengo, em partida que teve pelo menos dois lances polêmicos a favor do time carioca - nenhum deles validado. Vamos ver por quanto tempo o papo se mantém.
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Cada clube só pensa em si, como pode ver. Pior que isso, os torcedores entram na onda e só ligam para o que acontece contra o próprio clube - endossando as palavras dos dirigentes que apoiam. Desculpe, mas eu me recuso a ser massa de manobra e ser tratado como gado. É óbvio que fico bravo quando vejo meu time prejudicado, mas o problema é bem maior que isso. 
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Se lembra de Corinthians x Sport? Um árbitro paulista escalado para apitar um jogo em São Paulo de um time paulistano - ainda mais um Oliveira, família de árbitros famosa por erros favoráveis ao Timão. A CBF não treina e ainda escala árbitros com esse critério pavoroso, de colocar árbitros do mesmo estado do mandante. É pedir para desconfiar da idoneidade do árbitro e da instituição. Isso sem falar em medidas absurdas - como a da proibição de comemorar com a torcida, a proibição de qualquer manifestação de torcedores e da punição para cada mínima reclamação. 
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Créditos: Agência Estado
TODOS que gostam de futebol precisam refletir. A começar por nós, torcedores, que precisamos parar de ser massa de manobra de dirigentes que só pensam no próprio clube - e em si mesmos. Só assim poderemos exigir dos cartolas (dos clubes e da CBF), dos árbitros e de todo mundo que está envolvido nessa história uma situação melhor da arbitragem. Para isso, precisamos criticar todos os erros, indistintamente do clube que seja. 
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O futebol é bem maior que você e que o seu time. A raiva a cada erro seguirá existindo, mas precisamos ter consciência que o futebol brasileiro está na UTI. É hora de salvá-lo.