sábado, 15 de dezembro de 2012

Pela primeira vez desde quando comecei a ver futebol, o Mundial não tem favorito

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Comecei a acompanhar futebol em 1998. Não me lembro do Mundial entre Real Madrid e Vasco da Gama, mas lembro vagamente do que vi de Palmeiras e Manchester United, em 1999. De lá pra cá, quando um time brasileiro enfrenta um europeu, o roteiro é quase o mesmo: muito favoritismo da equipe do Velho Mundo antes da peleja e uma partida igual no gramado - a derrota do Internacional pro Mazembe em 2010 e o passeio do Barcelona ante o Santos, em 2011, foram exceções, e não regra.
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O que eu vejo em 2012, porém, é um clima bem diferente. O Chelsea tem estrelas, claro. Mas tenho alguma dificuldade em vê-los como um time tão equilibrado como é o Corinthians. Óbvio que Petr Cech é um goleiraço, Frank Lampard joga muito bem, a trinca ofensiva formada por Eden Hazard, Oscar e Juan Mata é fora de série e que, com Rafa Benítez (e só com ele) Fernando Torres atua bem. Ainda temos Ramires, David Luiz, Ashley Cole... grandes jogadores. São destaques individuais, mas coletivamente muitos desses pontos se anulam, já que falta cancha aos atletas que sofrem com as seguidas mudanças no comando técnico - Roberto di Matteo ganhou a Champions League após assumir o time insosso de André Villas-Boas e foi demitido há cerca de um mês. 
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Faço uma relação do atual Chelsea com o Liverpool de 2005, que perdeu para o São Paulo: os Reds eram um bom time em uma excelente fase. Os Blues são um ótimo time em uma fase bem regular. 
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O Corinthians tem uma equipe que brilha, e jogadores que vez por outra decidem sozinhos - Romarinho, Emerson Sheik, Paolo Guerrero, Paulinho, Danilo. Mas, claro, não dá pra deixar de citar Cássio, Ralf, Douglas, Jorge Henrique... é um time entrosado e que joga sob a batuta de Tite há muito tempo. Se não tem as estrelas, tem muito mais entrosamento, já que todo mundo se conhece. E não falta qualidade para esses atletas. 
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Além de tudo, o Corinthians parece contar com uma pitada de sorte. Rafa Benítez era o técnico do último time inglês que enfrentou um brasileiro no Mundial e perdeu para o paulista São Paulo - paulista, como o Corinthians. Também lembro que um dos principais ícones do time azul, o zagueiro John Terry, contundiu-se e nem para o Japão foi.
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Taticamente, arrisco dizer que as laterais definirião o campeão. Alessandro e Fábio Santos tem deficiências técnicas evidentes que podem ser exploradas pelos flancos adversários ou por algum winger mais recuado. Pelos lados dos Blues, Ashley Cole avança demais pela esquerda e costuma deixar uma avenida nas costas. Na direita, César Azpilicueta parece ainda menos entrosado com o restante do plantel e Branislav Ivanovic, zagueiro de origem, muitas vezes faz a posição
A única certeza é que vai ser um jogo histórico, e deve ser muito disputado. Vale e muito a pena vê-lo.
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Correção: minha amiga Déborah Lima me corrigiu, lembrando da derrota do brasileiro Palmeiras para o inglês Manchester United - tinha escrito que ingleses nunca haviam ganho de times tupiniquins em finais de Mundiais.
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