Não preciso dizer aqui sobre a proposta de plebiscito que que a presidente Dilma Rousseff propôs em seu discurso à nação no dia 21 de junho desse ano. A consulta popular que implicaria na tão esperada reforma política foi bem recebida pela sociedade, mas logo foi rechaçada pelos congressistas brasileiros.
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Vaccarezza e Henrique Alves se cumprimentam |
Resumindo a história: mesmo diversos partidos da base aliada desistiram de tentar alguma mudança nas leis eleitorais visando a eleição do ano que vem - ideia original de Dilma. Hoje, diz-se que o PT tenta dar vida a um projeto já morto e enterrado. Hoje, talvez, alguns sinais vitais do referendo apareceram. Mas de um jeito pouco esperado - e, até certo ponto, maléfico.
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O colegiado formado por catorze deputados para discutir a reforma política teria, obrigatoriamente, dois parlamentares do Partido dos Trabalhadores - por ser o partido com mais cadeiras na Câmara. Causou surpresa o anúncio feito pelo presidente da casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB) de que o presidente do grupo de trabalho seria o petista Cândido Vaccarezza, e não Henrique Fontana. O último congressista citado preferiu se retirar do grupo e o PT indicou o nome de Ricardo Berzoini.
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O parágrafo acima nos dá os fatos. Vamos jogar uma luz nesses nomes.
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Além de Henrique Eduardo Alves ser o presidente da Câmara, ele também embarcou em um dos já famosos vôos com aviões da FAB - pagos com o dinheiro de quem escreve e lê esse blog. Mais importante que isso para o post de hoje, vale ressaltar que á pouco tempo atrás o peemedebista disse que Dilma "precisa evoluir para melhorar seu relacionamento com os congressistas". Ou seja, há ao menos uma rusga entre os dois.
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Henrique Fontana: de fora do projeto pelo qual ele tanto lutou |
O presidente da Câmara, que tem ao menos uma rusga com a presidente da República, indicou um nome para ser o presidente do comitê da reforma política - ideia de Dilma Rousseff. O escolhido foi Cândido Vaccarezza.
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Vaccarezza foi recentemente acusado de envolvimento na Operação Fratelli, que direcionava verbas de licitações fraudadas no interior de São Paulo para empresas ligada ao PT. Como se isso, que é crime e passível de cadeia, já não bastasse, um dos principais pontos que seriam colocados no plebiscito era a restrição ou até mesmo a proibição de financiamento privado de campanhas - ligação idêntica a de Vaccarezza.
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Cândido Vaccarezza tomou o lugar natural de Henrique Fontana, que há cerca de dois anos é relator de um projeto de reforma política - ou seja, bem antes dos protestos que tomaram conta do Brasil a partir de junho. Ele, inclusive, defendeu a votação de seu projeto mesmo sem acordo entre os partidos, uma atitude pouco comum na cena política de hoje em dia.
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Como se vê, Fontana tinha experiência no assunto e foi sumariamente descartado da presidência da comissão. Desgostoso, ele deixou de vez o grupo para a entrada de Ricardo Berzoini.
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Ricardo Berzoini ri da nossa cara |
Berzoini é ex-presidente do PT e tem um belo histórico como político: estava ligado ao Escândalo dos Aloprados e é apontado como principal nome do Caso Bancoop. Graças a esse último escândalo, inclusive, Berzoini perdeu muito espaço dentro do próprio partido e reclama há pelo menos seis anos disso. A presidente Dilma tirou ainda mais poder do deputado no Planalto, e desde então os dois vivem às turras.
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Trocando em miúdos: tirou-se um parlamentar que tinha experiência no assunto, indicou-se um deputado que faz exatamente algo que a reforma política quer abolir (indicado por um desafeto da chefe do Executivo brasileiro) e integrou-se outra persona non grata de Dilma.
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Acho muito válido a insistência do PT em votar logo a reforma política. Mas, pra variar um pouco, o jogo político colocou boa parte das coisas a perder - inclusive a confiança desse que vos fala.