sexta-feira, 10 de abril de 2015

O Jesus que morreu na Páscoa

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O cenário era um deserto, no sentido literal da palavra. Terra arrasada era pouco. O povo estava descrente, engolido por seus detratores - que cada vez eram mais fortes e tinham maior número. Não havia a mínima força nem sentido para lutar. Eis que ele chegou. Jesus? 
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Créditos: http://migre.me/ppcrf
Não, Muricy Ramalho. A tradicional epopeia cristã aplicou-se muito bem ao começo da terceira passagem de Muricy Ramalho no São Paulo, em 2013. A sequência dessa história também se assemelha bastante à Bíblia: os renegados deram a volta por cima. No caso são-paulino, escapou-se (com alguma sobra) do rebaixamento em 2013, o time voltou a ser respeitado e teve uma campanha espetacular no Brasileirão do ano seguinte - além de lutar com muito brio na Sul-Americana do mesmo ano. 
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Eis que chega 2015 e chegam também todos os problemas que todo fã de futebol (nem precisa ser são-paulino) já conhece. A diretoria resolve jogar contra, os jogadores ficam apáticos... 
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O beijo de Judas de Muricy foi a derrota para o Botafogo, com um time titular incapaz de fazer gol num primeiro tempo e sem coração no segundo. Isso após não conseguir vencer nenhum clássico e ter uma campanha previsível na Libertadores - eterna prioridade pelos lados do Morumbi. 
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Tal qual Jesus, seu nome segue cultuado pelos seguidores de uma religião - adeptos que cada vez mais têm a certeza que Muricy foi traído e injustiçado. 
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Créditos: http://migre.me/ppcAl
É claro que ele não é perfeito. Seu jeito ranzinza proibiu a utilização de tecnologia de estatísticas na comissão técnica, assim como alguns de seus erros durante alguns jogos mataram totalmente a equipe. Mas seu caráter, sua fidelidade e seu coração sempre foram adorados no Morumbi - que ele sempre fez questão de tratar como sua própria Galiléia. E disse que ainda voltaria para encerrar de vez sua vida no futebol. 
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Piegas? Sim. Mas a história de Muricy no São Paulo é quase uma metáfora religiosa. 
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De volta à realidade: agora não tem como jogadores e diretoria se omitirem. As coisas vão voltar a andar e a melhorar - até porque é difícil ficar pior. E, por ordem de preferência (e sem contar a dificuldade em trazer cada um deles): Sampaoli, Sabella, Luxemburgo, Cristóvão e Abel Braga.
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