domingo, 8 de abril de 2012

De McCarthy a Marcos Valério

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Nos últimos tempos, caiu por terra a imagem daquele que era, talvez, o maior símbolo proto-oposicionista do Brasil. A oposição, que já era esquálida em força e praticamente inexistente na prática, tinha em Demóstenes Torres seu nome forte. Tinha.
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Ele, conhecido por sua careca reluzente e por sua fala forte e rígida contra a base aliada, passava a imagem dum homem sério, ético e sem desvio de conduta algum. Para solidifcar ainda mais essa imagem, ele era eleito por Goiás, a única unidade federativa brasileira que não é governada nem elegeu senadores da base aliada.
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Nas últimas semanas, porém, toda a sua imagem de centralizador da oposição ruiu. Ele foi flagrado em escutas com Carlinhos Cachoeira, famoso contraventor e bicheiro. Declarou-se amigo pessoal dele, mas disse que não pediu dinheiro em hipótese alguma. Novas escutas confirmaram que ele pediu capital para fins pessoais, e aí sua credibilidade foi por água abaixo. O presidente do DEM, José Agripino Maia, pediu sua desfiliação e, para evitar um stress maior, Demóstenes pediu seu desligamento da legenda. Disse que foi feito um pré-julgamento dele e que o senador não teve como defender-se ante seus correligionários.
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Não quero discutir nesse texto os motivos dele, e sim a sua antiga imagem. Provando novamente que, no Brasil, a imagem ainda é muito forte (sobretudo na política), todos foram pegos de calças curtas no caso. Não digo que ele era um bom ou mau senador, mas via nele uma capacidade de liderança contra o que parece hegemônico: a atual situação do Congresso. Muitos falavam que ele tinha chances de ser candidato à presidência em 2014.
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Pois bem, tudo acabou. Demóstenes, por ora, não tem mais partido, e sua posição firme será solenemente ignorada por um bom tempo. Ele, que era o Joseph McCarthy (senador norte-americano dos anos 50 que protagonizava uma verdadeira caça aos seus compatriotas que tinham alguma simpatia ao socialismo) transformou-se num novo Marcos Valério (financiador do escândalo do mensalão, em 2005). Até a careca aproxima os dois brasileiros.
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A oposição perde seu nome mais forte, e o governo dá risada da situação na qual seus adversários políticos estão envolvidos. E o mar de lama na política nacional segue, esse sim, sem oposição nenhuma.
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