Terminar um namoro é sempre algo complicado. Terminar, ver que errou e voltar é uma atitude nobre, apesar de dolorida. Ver que essa volta durou pouco menos de dois meses e todos os esforços feitos para que tudo voltasse às boas foam em vão... isso dói. E dói muito.
Assim foi com a minha ex. Tentei tudo que podia uma vez, nada deu certo e terminamos. Vi que a falta dela era maior que os problemas que tínhamos, pedi para voltar e lutei bastante para que isso acontecesse. Depois de um tempo, aconteceu. Ficou ruim de novo e terminamos.
Isso transformando uma tonelada em algumas gramas, é claro. Se o domingo que marcou nosso término teve lágrimas de emoção e um discurso muito bonito dos dois lados (não, eu não quero dizer que o discurso foi mentiroso), o que nos fez chegar até lá foi traumático. Confusões, choros, gritos, crises e tudo o que está no roteiro de qualquer casal que tenta deixar o amor prevalecer mas não consegue mais.
Sabe o que dói, também? Ver que um dos pontos que você pedia para ela melhorar estava no tocante ao sair de casa. Você queria ter a liberdade e buscá-la tarde em casa, enquanto ela achava que 21h era tarde. Aí, já solteira, ela posta foto no Instagram toda maquiada e de vestido (linda, por sinal) às 23h.
É, eu fui usado. Chutado. Até certo ponto enganado. Não, eu não sei o lado dela. Mas é assim que eu me sinto agora e me dou ao direito de seguir pensando assim até que me provem que eu esteja errado.
E, sim: a vida dela seguiu. Já não é a primeira saída dela. Vai ver ela já tem outro e/ou já beijou outras bocas.
E eu sigo aqui, arrumando o quarto aos finais de semana e tentando conhecer outras meninas, mas não conseguindo fazer nada direito. Despistando sobre toda e qualquer coisa, rindo, tentando conhecer alguém que faça sua vida seguir.
Alguém não: algumas pessoas. O que fez eu me apaixonar pela minha ex era justamente a atenção que ela me dava. Ela se importava, ela queria saber o que eu queria, pensava, fazia. E quando ela se cansou, as brigas começaram. Foi assim duas vezes. Agora, sem ela, é óbvio que o que volta são os momentos bons. E a vida dela seguindo. E a minha estagnada.
Ao contrário da primeira vez, nem passa pela minha cabeça pedir para voltar com ela. Eu tenho que crescer e aprender que o problema é meu, não dela. A vida dela seguiu porque tinha que seguir - e melhorar. Eu só espero que ela tenha de mim a mesma lembrança carinhosa que eu tenho dela. Também espero que um dia ela pense em me ver de novo e me beijar de novo. Não pra voltar a namorar, mas sim porque ela é bonita e uma grande mulher.
Mais pra frente (bem mais pra frente, na verdade) os dois sentam e conversam sobre a vida. Vêem o que fazer.
Apesar da pergunta no título, eu sei muito bem o que eu quero. Ou melhor, sei muito bem o que eu não quero: namorar de novo. Depois de passar os últimos cinco ano namorando (com alguns poucos intervalos solteiro nesse período), não quero me prender a alguém de novo. Nada contra minhas ex, mas tudo a favor de conhecer gente nova, arriscar, ver o que um beijo inesperado ou uma transa com alguém que você sempre desejou são capazes de fazer.
Gente pra isso não falta. O que falta, na verdade, é o que sempre te faltou: atitude e alto-estima. É bizarro pensar que eu nunca conversei com uma desconhecida em festas por aí por pura vergonha. Sabe-se lá quantas amizades, beijos e afins eu não perdi por culpa dessa maldita timidez.
Ou sabe-se lá quantas pessoas que você tem vontade de beijar não estão totalmente à toa em um sábado de feriado nacional e poderiam ao menos conversar numa boa com você. Tudo começa assim, não é?
Desde a primeira vez que terminei com a minha última ex, eu vi que tinha algum sério problema. Comecei a fazer terapia com uma psicóloga indicada pela minha melhor amiga. Ela me ajuda bastante com isso, e cada sessão me deixa mais leve e pensativo sobre tudo que dá errado na minha vida. E essa é uma lição que eu ainda não aprendi.
Passar cinco anos namorando tem uma consequência imensa na vida de qualquer pessoa e eu não tinha me dado conta disso. A vontade de sair mais sempre existiu. Mas, agora, cadê todo mundo? As pessoas realmente interessantes exigem algum esforço, e eu tenho uma imensa preguiça em fazer programas comuns. Parafraseando o dito popular, ficar em casa é que é a maior oficina do diabo possível.
Nada de clichês como "pegar e não se apegar". O objetivo, agora, é ver bem quem é de fato interessante. Interessante o suficiente para saber que enquanto eu estiver com a pessoa ela vai ser única para mim, mas que eu não tenho a menor vontade de me envolver seriamente com ninguém. Pessoas interessantes também entendem o que você quer, não? E, se é cômodo pra mim, também possibilita a outra pessoa de conhecer outras pessoas, não?
Não me parece difícil. O problema é que não tá fácil passar pela primeira barreira: eu mesmo. Eu também preciso aprender isso na verdade.
Tudo é um aprendizado, sei disso. E sinceramente, os cinco anos que passei namorando não me deixaram ter a alto-estima e a atitude que tanto me faltam - e já me faltavam ao longo dos meus namoros, aliás. Agora eu vou ter que aprender na marra.
E vai ser na marra que tudo vai começar a dar certo.