domingo, 11 de dezembro de 2011

Tabelão da série B

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~ Esse ano não deu nem graça. Na segunda melhor campanha da história de um campeão da série B (perdeu apenas para o Corinthians de 2008 e superou, entre outros, o Vasco de 2009, o Palmeiras de 2002 e o Atlético Mineiro de 2006), a Portuguesa levou o campeonato como quis. O ófensivo e ótimo time de Marco Antônio, Luís Ricardo, Weverton, Henrique, Ananias e cia e do espetacular técnico Jorginho deu alegrias para uma torcida acostumada a sofrer. Grande campanha, título pra jamais ser esquecido pelos lusitanos - que voltaram a aparecer a vestir a camisa na cidade de São Paulo.
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~ Se o campeão teve campanha destacada, o lanterna fez o mesmo. Com um time que beirou a ridicularidade e o amadorismo, o Duque de Caxias mostrou que futebol no Rio de Janeiro se limita aos quatro clubes grandes do Estado. Trocas de técnicos constantes, falta de paixão, apoio e incentivo... deu tudo errado pro Duque esse ano. Não dá pra culpar nem a proibição de jogar no estádio Marrentão.
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~ Ok, não dá pra falar que o Duque só caiu por ser obrigado a jogar no Engenhão, em São Januário e em Volta Redonda ou que o Salgueiro só não se deu bem por ter que jogar nos arredores de Recife. Mas que isso é ridículo, é. A não ser que exista algum perigo de desabamento e falta de segurança reais (já que na grande maioria das vezes isso serve apenas como desculpa, sem refletir a verdade sobre a construção), ele deve ser utilizado sempre pela equipe mandante. Só mais uma das palhaçadas da CBF que ajudam a tirar a graça do futebol.
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~ Além da Portuguesa, outro paulista subiu. Com uma campanha consistente, mesmo tendo que jogar alguns jogos em Araraquara, a Ponte Preta voltou a série A após cinco anos na Segundona. Para a torcida que mais comparece ao estádio do interior de São Paulo, um presente. Para a diretoria, consequência do trabalho bem feito. Para o técnico Gílson Kleina, que recebeu proposta do Fluminense, um merecido prêmio.
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~ Pernambuco está em festa. Seus dois representantes na série B subiram, um com sobras e outro graças a tropeços e mais tropeços de seus adversários. Quem fez um campeonato consistente foi o Náutico, que desde sempre esteve no G4 e fez o artilheiro do campeonato, Kieza, que anotou 21 gols. Já o Sport só subiu porque seus rivais perderam todas as chances possíveis, imagináveis e não imagináveis na disputa pela última vaga. No final das contas, um gol de Bruno Mineiro contra o Vila Nova, no semi-alagado Serra Dourada, coroou a dramática partida e a campanha inconstante.
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~ Vale falar sobre a tal disputa pela última vaga. Como Lusa, Timbu e Macaca abriram vantagem desde o começo, criou-se um segundo pelotão de times, que brigariam por apenas uma vaga na série A de 2012. O Vitória perdeu um jogo inacreditável para o São Caetano, no qual vencia até os 44 do segundo tempo, tomou dois gols e levou a virada do São Caetano. Após um primeiro turno desastroso, o Bragantino reagiu no segundo, mas não conseguiu subir. O Boa Esporte esteve sempre rondando o G4, mas pouco entrou na zona de acesso. Já o Americana, por fim, caiu demais no último terço do campeonato, deixando a vaga escapar.
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~ Na parte de baixo da tabela ocorreu algo parecido com a parte de cima, com três times sendo rebaixados bem antes que o esperado. Além do Duque de Caxias, o Salgueiro fez um campeonato patético, mostrando alguma força no início mas vendo-a esvairir a cada rodada posterior. Já o Vila Nova foi dependente demais do atacante Roni, o que mostrou-se uma aposta errada, também rebaixado.
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~ Faltava um time ser rebaixado e, novamente, houve grande movimentação no décimo sétimo lugar. Ele acabou ficando com o Icasa que, em casa, perder a Portuguesa por 2x0 - aliás, temos que ressaltar aqui o profissionalismo da Lusa, que não lutava por mais nada e fez o que sabe. Até a última rodada, São Caetano, ASA de Arapiraca, Paraná e Guarani poderiam ser rebaixados.
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~ A inconstância foi a marca de alguns times da zona da pasmaceira, que não vai a lugar algum. O Criciúma sempre esteve perto do G4, mas terminou numa decepcionante décima quarta colocação após um final de campeonato ruim, já desmotivado - apesar da força de sua torcida no Heriberto Hulse. O Goiás começou mal (chegando a ir pro Z4), reagiu muito bem e chegou a sonhar com oa cesso, mas não foi além de um décimo primeiro lugar. O ABC, no começo do campeonato, era destaque, no G4. A saída do técnico Leandro Campos fez o tim desabafar, e ele voltou para colocar o time na décima colocação.
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~ Aliás, devemos destacar o trabalho feito por Marcelo Veiga no Bragantino. O técnico está initerruptamente na Linguiça Mecânica há 4 anos, levando o time pra a série B e mantendo-o, além de levar o time a uma semifinal de Paulistão no mesmo ano, sendo eliminado em jogo muito equilibrado contra o campeão Santos. Ótimo exemplo de como um técnico pode alçar o time a resultados incríveis e inesperados.
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~ O trofeu de time mais sonolento da série B vai para o Grêmio Barueri. Nunca teve chance real de subir nem de cair, e, claro, terminou o campeonato numa modesta nona colocação. Sem grandes destaques dentro de campo, a volta da franquia para Barueri (após começar na cidade e ir para Presidente Prudente) foi discreta, mas a equipe deve crescer por ter uma ótima comissão técnica e uma diretoria totalmente profissional.
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~ É um fato inegável e doloroso admitir que os times de empresários estão aí e não sairão de cena enquanto as equipes tradicionais, aquelas que mexem com milhões de pessoas, não acordarem. Após a passagem do Barueri-Prudente em dois Brasileirões seguidos, foram três equipes com essa característica na série B de 2011, e todos mudaram de cidade para jogar esse ano. Além do já citado cado do Barueri, o Americana era o Guaratinguetá e o Boa Esporte era o Ituiutaba, e todos terminaram na metade de cima da tabela. Sem pressão e pensando como uma empresa, eles tem vantagens e desvantagens. Mas, para o futebol, não é algo bom.
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~ Pelo segundo ano seguido, os quatro times ascendentes em um ano não caíram da série A no ano anterior. É bom ver essa rotatividade, que dá a força e graça para a série B, lembrando que o futebol de um país não é forte se suas divisões inferiores também não tiver força.
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