segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Mito do metrô elitizado

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Até esse ano, usava o metrô esporadicamente. O achava sensacional, nunca tive problemas graças ao meio de transporte ou nunca o peguei em horários de pico. Ao mesmo tempo, evitava ao máximo pegar trem, devido as péssimas condições das estações e das locomotivas. Para ver minha namorada com mais frequência e, posteriormente, para trabalhar, passei a encarar essas duas conduções diariamente. E alguns antigos preceitos caíram.
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No trem, vejo muitas pessoas falando que "o metrô é diferente". Segundo eles, lá ninguém fica na porta se não vai sair na próxima estação, lá ninguém empurra, lá é melhor. Certamente essas pessoas nunca passaram pela estação Sé entre as 18h e as 19h, onde, sim todo mundo fica de pé, é uma algazarra e há um festival de empurrões, começa por aí.
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É claro que os trens tem um estado de conservação bem pior que os do metrô. Mas, analisemos: a CPTM, atual controladora das linhas férreas, é herdeira de diversas outras companhias mais antigas, muitas que datam do século XIX. Não sei por quantas reformas cada linha férrea passou para melhorias no transporte, mas é muito difícil comparar algo de 1880 com o metrô, inaugurado em 1974 - quase um século de diferença.
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Apesar disso, convém lembrar que existem metrôs que estão em circulação desde 1974, mesmo ano de todos os trens que circulam pela linha Turquesa, por exemplo. A CPTM tem trens de 1956, que estão ruins, é verdade, mas não dá pra falar que o metrô é de outro mundo, pois não é.
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O que acontece é um demérito muito grande por parte da população para com a CPTM. Embora seja de economia mista (uma parte pública, outra privada), a CPTM herdou instalações antigas e pouco fez para modernizá-la. O metrô, também de economia mista, começou do zero suas instalações e trajetos, e conta com todo o aval da população. Criou-se a imagem de que o metrô é ótimo, e os trens são péssimos.
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É claro que a CPTM tem problemas, contra os quais devemos protestar. Mas não dá para protestar enquanto nós mesmos não dermos para os trens o valor que damos para o metrô. Cobrar mudanças é necessário, porém mais necessário ainda é parar de achar que um é pior que o outro.
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Também ouço muitas reclamações acerca de quem frequenta o trem. Já ouvi que quem usa o metrô é mais educado. Mas... quantas pessoas fazem baldiação do metrô para a CPTM ? Se a pessoa fala isso ela, provavelmente, também faz baldiação. Então, como é ? A pessoa só fica educada no metrô, e na CPTM é rude ? Seria um auto-elogio, uma auto-depreciação... ? É inexplicável.
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Isso passa pelo respeito que cada instituição tem - e também pelo respeito que o povo dá para essa instituição. O metrô goza de um prestígio quase inimaginavel para um transporte público brasileiro, enquanto a CPTM sofre com uma péssima imagem ante a população. Mas acho engraçado ver que os mesmos que ficam à direita em escadas no metrô ficam à esquerda em escadas da CPTM.
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Essa diferença de instituição pode ser medida também em shoppings centers. Em shoppings frequentados por pessoas mais simples, as escadas rolantes são lotadas e demoradas pois ninguém dá passagem para quem fica à esquerda. Já em shoppings com tradição de pessoas mais abonadas, a regra do metrô também é válida. Não é uma diferença cultural, a diferença reside em qual shopping se está: no simples ou no chique.
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Respeite igualmente, seja na CPTM, seja no metrô. Ambos são importantes, e um não é melhor que o outro. Na realidade, é você que é melhor em um que em outro. E quem faz um melhor ou pior é você. Mude essa história e pare de reclamar dos outros enquanto você não faz a sua parte.
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