terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Análise e palpites do carnaval de 2012 de SP

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Após 14 desfiles, duas noites em claro e uma noite in loco no sambódromo, eis minha análise do carnaval paulistano, de acordo com a ordem dos desfiles:
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Camisa Verde e Branco: Voltando para o Grupo Especial após três anos no Acesso, não se esperava muito do Camisa. O samba era fraco, a escola seguia quebrada financeiramente... era difícil esperar algo dali. Falando sobre toda e qualquer forma de amor, as alegorias vieram bonitas mas mal acabadas (outras nem bonitas, é bem verdade), as fantasias vieram pobres... ao menos o samba melhorou bastante na versão do CD. A Furiosa, famosa pelas suas convenções e bossas, passou reta, embora bem ensaiada. Não empolgou, e a lanterna, infelizmente, deve ser o destino da escola da Barra Funda.
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Império de Casa Verde: Em 2003 a Império estreou no Especial. Foi bicampeã, fez alguns desfiles excepcionais, mas... parecia que o fôlego do Tigre estava acabando. Esse era o ano para acabar com qualquer dúvida acerca da escola da Zona Norte. E, quando desafiada, a escola respondeu muito bem. Com um enredo dificílimo (física ótica, algo que eu jamais imaginei ver num enredo) e um samba mequetrefe, todos imaginavam que quem poderia salvar a azul-e-branco seria o desfile - sobretudo seus carros alegóricos, histórico ponto forte da escola. Na avenida, o samba funcionou muito bem - carregado muitas vezes pela bateria Arame Farpado, magistralmente guiada por mestre Zoinho, que fez várias brincadeiras para empolgar o público - e é desde já candidata ao bicampeonato do trofeu Nota Dez do Diário de São Paulo, que premia cada setor das escolas de samba. Acho demais pensar em título, mas voltar para o desfile das campeãs é algo bem provável. Mas, acima de tudo, o desfile resgatou a Império bonita de se ver.
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X9 Paulistana: o desfile fez jus ao apelido que a escola da Zona Norte carrega, de ser a "Imperatriz paulistana", em alusão aos desfiles técnicos que surpreendem na hora da apuração e tornam-se campeões da Imperatriz Leopoldinense, do RJ. Era difícil ver algum erro no desfile da vermelho-e-verde, é verdade, mas faltou um pouco mais de cuidado com a parte estética da escola. O tema poderia ser clichê (Nordeste), mas ganhou novos ares ao contar a região de acordo com a ótica do Rally dos Sertões. A bateria Ninguém Dorme, de mestre Augusto, veio acelerada demais, e isso pode prejudicar um pouco. Não deve cair, mas até desfile das campeãs vai ser difícil.
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Vai-Vai: Certamente a maior decepção do carnaval paulistano. Tentando o bicampeonato, a escola do Bixiga veio homenageando as mulheres, num samba fraco e que fazia diversas alusões a Bom Bril, patrocinadora do desfile. A arquibancada ficou em polvorosa com a passagem da escola, mas só por ser o Vai-Vai, maior torcida do carnaval de SP (excluindo-se as organizadas) e maior vencedora do mesmo. Embora as fantasias e as alegorias estivessem num nível adequado, faltou brilho. Isso sme contar no erro absurdo do puxador Wander Pires, que atravessou o samba e deve complicar demais as coisas para a escola na apuração. O ponto forte foi a Pegada do Macaco de mestre Tadeu, sempre com seu ritmo forte, grave e sem maiores brincadeiras. Pouco pra escola que é.
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Rosas de Ouro: Foi, certamente, a melhor escola da primeira noite de desfiles. O ponto fraco é o enredo, que mistura a fantasia de um reino imaginário guiado por Roberto Justus com a história da Hungria, que não faz questão de esconder quem patrocinou a escola esse ano. No mais, tudo perfeito. Alegorias impecáveis, fantasias ricas, a Batucada de Responsa redondinha e a presidente da Roseira, Angelina Basílio, vindo como rainha na comissão de frente. Desfile espetacular, pra título da escola da Brasilândia.
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Acadêmicos do Tucuruvi: Grande surpresa do ano passado, quando arrebatou o vice-campeonato, a escola da serra da Cantareira veio homenagear a África. Embora bem desenvolvido pelo ótimo carnavalesco Wagner Santos, o tema é tão clichê para carnaval que torna-se batido. Talvez esse detalhe tenha sido o único ponto fraco da Tucuruvi, que veio disposta a brigar pelo título. Sem muito brilho, mas com muito luxo, a azul-e-branco fez desfile de gente grande. Não empolgou, é verdade (até porque sua torcida é pequena se comparada a algumas outras agremiações), mas duvido que venha mal na apuração. A bateria Pulso Forte, sob a batuta do grande mestre Adamastor, fez muito bem seu trabalho, com algumas convenções muito bem ensaiadas. Corre por fora, mas briga pelo título.
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Mancha Verde: Tida por mim como a grande favorita para o carnaval desse ano, acho que ela foi engolida por algumas outras concorrentes. O desfile foi muito bom, no entanto o começo do desfile não foi dos mais inspiradores, crescendo a partir do terceiro setor. A emoção foi destaque, desde as palavras de ordem proferidas pelo presidente da escola até o samba valente sobre a humildade, tema da escola palmeirense. A Puro Balanço, bateria guiada pelos mestres Moleza e Caju, veio afiada, mas não foi das mais apupadas pelo público. Título é demais, mas pode sobrar uma vaga para o desfile das campeãs.
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Dragões da Real: A estreia da torcida são-paulina no Grupo Especial foi muito boa. Com um tema de ótima aceitação e muito simpático (mães) e amplo, a vermelho-e-preto entrou animada e com toda a escola cantando a canção que ganhou vida na voz de Daniel Collête, sempre cantando muito bem. Os carros não eram um primor, mas ao menos estavam minimamente bonitos e bem acabados, ao contrário das fantasias, que tinham boa qualidade. Na bateria Ritmo que Incendeia, destaque para as poucas paradinhas e para o afinadíssimo surdo de terceira da bateria de mestre Carlinhos. Não era pra brigar por nada, mas a escola passou com sobras em seu principal objetivo: não cair.
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Pérola Negra: Escola que firmou-se no Grupo Especial mas não consegue vôos mais altos, a Vila Madalena veio cantando a história de Itanháem, cidade do litoral sul de São Paulo. A história do desfile da escola, porém, foi o mesmo: samba muito bom, grande desfile, mas com erros imperdoáveis. A escola teve que acelerar demais o passo no final do desfile para passar dentro do tempo regulamentar e deixou buracos visíveis na avenida, e isso irá prejudicá-la muito nos quesitos harmonia e evolução. A bateria Ritmo Terror, de mestre Bola, fez bem o seu papel, com uma bateria afiada. Deve brigar para não cair, mas apenas porque o carnaval paulistano tornou-se competitivo demais para aceitar qualquer erro.
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Mocidade Alegre: Atual papa-títulos do carnaval paulistano, a escola queria recuperar-se do sétimo lugar do ano passado, após desfilar como campeã e perder vários pontos graças a um carro alegórico que não entrou na avenida. Cantando lendas afro-baianas narradas por Jorge Amado (que faria 100 anos em 2012), a escola literalmente arrebentou. É difícil achar um erro no desfile impecável que a Morada do Samba protagonizou. Carros lindos, samba bom e muito bem cantado por Clóvis Pê, ótimas fantasias, a bateria Ritmo Puro de mestre Sombra dando show e até mesmo a rainha Aline Oliveira tocando surdo de terceira num pedestal improvisado por ela. Não há o que falar: mais uma vez, candidatíssima ao título.
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Águia de Ouro: O primeiro impacto que a escola da Pompeia causou foi a de que veio pra brigar pelo título. E vinha mesmo. Com carros e fantasias lindas, samba cantado a plenos pulmões, a Batucada da Pompeia de mestre Juca redondinha e cheia de convenções (como sempre)... dava pra apostar na Águia, de longe. Mas o tempo foi passando e a escola permanecia lenta... parecia que o tempo regulamentar não seria cumprido. No final das contas foi (65 minutos, o limite), mas com uma correria sem igual nos últimos quinze minutos. A escola que cantou a Tropicália e trouxe Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ângela Maria, Cauby Peixoto e outros grandes nomes fez um desfile histórico, mas que não será campeão.
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Unidos de Vila Maria: Sob o comando do premiado carnavalesco Chico Spinoza pela primeira vez, a azul-e-verde cantos as mãos na avenida. Falando de artesanato e todo tipo de trabalhos manuais, a escola não empolgou, mas não teve um erro sequer ao longo de seu desfile. O samba não era dos melhores e a Raiz Verdadeira, bateria da escola, fez bonito. A escola tem boas chances de voltar para o desfile das campeãs e briga sim pelo título, mesmo correndo por fora, mas precisa aprender a contagiar mais as arquibancadas.
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Gaviões da Fiel: Quando o enredo sobre o ex-presidente Lula foi revelado, muitos apostavam na emoção como o forte do desfile da Gaviões. Com o samba escolhido, não se sabia mais de nada - já que o samba não tinha uma marca e era fraco, a despeito de seu refrão de cabeça forte. No desfile, correu tudo certo. Tudo bonito, a bateria Ritimão de mestre Pantchinho (que já foi presidente da escola) bem ensaiada... mas faltou algo. Novamente, o desfile das campeãs deve vir, mas o título é algo muito distante da escola corinthiana.
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Tom Maior: Fechando o carnaval paulistano com um enredo bom-mocista, que misturava uma homenagem ao antigo presidente da escola vermelho-e-amarelo, vítima de leucemia, com um pedido de paz para todos na Terra, a Tom Maior passou, e só passou. Não encantou, não fez feio... passou. É daqueles desfiles que se faz pra colocar a escola na rua e pronto, pouco para quem tem uma história tão bonita no carnaval de SP. O samba era fraco, a bateria Sensação veio acertada... e só. Não tem muito mais o que falar.
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Com base nas opiniões expressas acima, creio que a classificação final do carnaval de SP fica assim:
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Mocidade
Rosas
Vila Maria
Tucuruvi
Gaviões
Mancha
Império
X9
Vai-Vai
Águia
Dragões
Tom Maior
Pérola
Camisa
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GRUPO DE ACESSO
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A opinião aqui não é das mais fortes, já que apenas li a respeito dos desfiles, e não os vi de fato. Pelo que me foi contado, as favoritas para subir são Unidos do Peruche, Nenê de Vila Matide e Leandro de Itaquera, três grandes forças do carnaval paulistano. A Imperador do Ipiranga corre por fora. A surpresa positiva do grupo foi a Estrela do Terceiro Milênio, que chegou muito bem e deve ficar no Acesso. Unidos de São Lucas, Morro da Casa Verde e Acadêmicos do Tatuapé brigam para não cair.
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Palpite para o Acesso:
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Nenê
Leandro
Peruche
Imperador
Estrela
Tatuapé
Morro
São Lucas

Comentários
2 Comentários

2 comentários :

Lari Reis disse...

Não fazia ideia que você gostava tanto dos desfiles!
EU não acompanhei absolutamente nada esse ano, com exceção da baderna no finalzinho da apuração.
Em geral, eu não entendo o suficiente para fazer uma análise dessas, vou pelo gostei? Sim ou não. kkk'

Willian Ferreira disse...

Eu sou apaixonado pelos desfiles, Celebrity, como você pôde ver HAHAHAHAH... sobre o que aconteceu na apuração eu vou fazer um post só sobre isso, é tão vergonhoso e mexeu tanto comigo que vale o tema como post único. E, ué, eu faço a mesma coisa, apenas refino um pouco mais HAHAHA