É difícil entender o que raios acontece com o São Paulo. Um time que não sofre nada contra times pequenos (a Ponte Preta não é pequena) (ao contrário do Palmeiras, por exemplo) e que não consegue fazer nada em clássicos - só jogou bem no Paulistão contra o Corinthians e, mesmo assim, perdeu.
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Pode muito bem ser psicológico, claro. Na primeira passagem de Muricy Ramalho pelo São Paulo o time já tinha problemas para vencer os rivais, sobretudo o Corinthians. As eliminações para times brasileiros na Libertadores (incluindo aqui a semifinal de 2012 no Santos, para o... Corinthians) também colaboram para esse meu pensamento. Muricy tem várias qualidades e, dentre seus defeitos, pode não saber preparar bem o time para jogos decisivos. É uma hipótese - por mais que tantas derrotas em clássicos ou em decisões não condizem com o gabarito de um dos treinadores mais vitoriosos do país.
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Tudo o que disse acima foi exposto no Choque-Rei de quarta-feira. Os primeiros dez minutos lembraram a metade final do primeiro tempo do histórico Brasil x Alemanha do 7x1. Deu tudo errado:o frango de Rogério Ceni aos quatro minutos; a expulsão de Rafael Tolói aos nove e a inexplicável substituição de Alexandre Pato aos dez. O jogo estava perdido faltando oitenta minutos para o apito final.
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Não preciso dizer que o time precisa mudar. Seja no Choque-Rei ou no SanSão pelo Paulistão ou no Majestoso pela Libertadores, faltou coração de todo mundo. Poucos corriam, ninguém dividia. E falta tarimba e malandragem até mesmo para jogadores rodados - a expulsão juvenil de Rafael Tolói contra o Palmeiras falam por mim.
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A torcida colabora com a cegueira de Rogério e, claro, prejudica todo o resto também. Desde os tempos de Juvenal Juvêncio, inclusive - quando defendia o presidente que conseguiu de maneira irregular seu terceiro mandato e que quase colocou o clube na Série B pela primeira vez na história. Ao pedir a saída de Muricy logo no começo do ano, a Independente jogou contra. Ao ficar calada enquanto o time joga mal, a torcida deixa os rivais (o time e os outros torcedores) crescerem. Por mais que o protesto pelo preço abusivo dos ingressos seja válido, disparar contra tudo e todos e não ver seu quinhão de culpa é um imenso erro.
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Por fim, a diretoria. É impressionante ver como desde 2012 o São Paulo não tem dias de paz. De lá para cá tivemos, principalmente, a ameaça de rebaixamento, os problemas de saúde de Muricy Ramalho, a eleição de Carlos Miguel Aidar e todas as suas querelas politiqueiras com o ex-presidente e seu antigo apoiador (hoje crítico ferrenho) Juvenal Juvêncio. Tudo isso só tumultua o ambiente e coloca pressão em um clube que já está, por seu tamanho, sob todos os holofotes.
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Vejam só o tamanho de um texto que consegui escrever apenas para falar de problemas do São Paulo - um clube que até bem pouco tempo atrás se orgulhava de sua estabilidade. É triste. Mas lembro de um período não muito distante e semelhante a esse. E lembro, com muita alegria, do período seguinte.
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Em 2003, o São Paulo se orgulhava de seu time. Rogério Ceni (ainda não tão badalado), Kaká, Luis Fabiano, Reinaldo, Ricardinho (a maior contratação entre clubes brasileiros da história na época)... no papel era um timaço. E, de fato, o time jogava bonito desde 2002. O ano anterior, porém, mostrava porque aquele time não se tornou histórico: perdeu a final do Rio-São Paulo e a semifinal da Copa do Brasil para o Corinthians (sempre eles), enquanto fez uma campanha brilhante na primeira fase do Brasileirão para ser eliminado pelo Santos, dos até então desconhecidos Diego e Robinho, logo nas quartas-de-final - série que, aliás, foi o embrião da ideia dos pontos corridos no Brasileirão de 2003.
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Com Kaká vendido e um time em baixa, o chileno mudou tudo: passou a jogar defensivamente, fazendo todos correrem e valorizando o pragmatismo. O resultado não poderia ser melhor: a terceira colocação no Brasileirão (que levou o Tricolor à Libertadores após um hiato de dez anos) e a semifinal da Copa Sul-Americana, sendo eliminado apenas nos pênaltis pelo River Plate.
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Não há muito o que fazer se um time não rende. Queira ou não o resultado é o que conta. Se vier com futebol bonito, melhor; se não, que se consiga os três pontos. É isso o que Rojas conseguiu e o que ninguém parece entender hoje em dia.
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Falta muito ao São Paulo, dentro e fora de campo. Mas essa situação não é nova. Que os novos personagens saibam entender o recado.