Sou de uma geração de fãs brasileiros do automobilismo que começou a acompanhar a Fórmula 1 após a morte de Ayrton Senna - ou seja, sou da geração Schumacher. Mesmo sem um brasileiro com chances de título (falando realisticamente, e não sob a ótica ufanista das transmissões da TV Globo), sempre tínhamos um estímulo para acompanhar o campeonato. Tínhamos.
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O GP da Austrália deixou isso bem claro. Como mostraram os treinos no começo do ano, a Mercedes (equipe que fez o que bem entendeu ano passado), parece estar ainda mais forte nessa temporada - a ponto de abrir um segundo e meio para os demais bólidos na classificação para a primeira corrida, o que é uma enormidade no automobilismo. Logo atrás, ao que parece, Ferrari e Williams vão brigar pelo último lugar no pódio ao longo de todo o ano.
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Essa segmentação da disputa deixa qualquer competição enfadonha. E isso acontece há muito na Fórmula 1. Desde quando Schumacher foi tetracampeão do mundo (em 2001, com quatro provas de antecedência) parece que o abismo só cresceu - ao ponto do mesmo Schumacher, em 2002, vencer o torneio com incríveis seis corridas de antecedência.
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Dentre tantos eventos secundários nesse período na Fórmula 1 temos o fato de que foi a minha geração quem se habituou a ver o GP da Austrália ser disputado em Melbourne - isso começou em 1996; antes, a cidade-sede do país no campeonato era Adelaide. E, sabe-se lá porque, as corridas no Albert Park (que quase sempre abriram as temporadas) sempre foram muito empolgantes. Lembro de cabeça de algumas que em nada lembraram o passeio das Mercedes na madrugada de ontem.
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1996 - O incrível acidente de Martin Brundle
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2000 - A boa estreia de Rubens Barrichello na Ferrari - no dia do aniversário do blogueiro
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2002 - A estreia de Felipe Massa na Fórmula 1 - que durou só uma curva
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Torço muito para que essa temporada, de alguma forma, me surpreenda. Mas me parece que teremos mais um ano bem sonolento da Fórmula 1.