Se você não esteve em Urano nos últimos sete dias certamente sabe que o Brasil passou por uma série de protestos a favor e contra o governo federal - na sexta-feira e no domingo, respectivamente.
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Antes, um aviso triste de ser dado: sim, tivemos protesto também na sexta-feira, a favor do governo. Talvez você não saiba disso, já que em muitos veículos de comunicação ele só foi noticiado após o ocorrido - como se ele já não estivesse marcado há tempos. Fica uma indagação: se o Brasil inteiro sabia do protesto contra o governo por meio desses tais veículos de comunicação, porque não sabiam dos protestos a favor?
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Ao contrário de outros tantos assuntos, o blogueiro fica em cima do muro nessa discussão toda. Ele não foi no protesto de sexta (tá difícil ser a favor desse governo) e também não foi no de domingo. Explicar os motivos para não ir no segundo protesto é algo um pouco mais complicado - e, no fim das contas, é o ponto nevrálgico dessa postagem.
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Desde quando o burburinho sobre o protesto anti-governo surgiu especulou-se a ideia de pedir o impeachment da presidente e de uma intervenção militar. Absurdo, sem dúvida. E uma minoria, me parece. Mas era uma minoria barulhenta que não foi repreendida por muita gente; assim como foi uma minoria que não era insignificante e tinha lá sua representatividade. Isso incomoda bastante.
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Vou ser favorável ao impeachment quando todas as investigações forem concluídas e ficar comprovado que a presidente sabia ou atuava em algum esquema de corrupção - assim como foi feito com Fernando Collor. A triste diferença é que o impeachment de Collor teve uma imensa cooperação de todos os poderes, já que o presidente rachou a base aliada com suas atitudes. Embora Dilma não fale a mesma língua do Legislativo, do Judiciário e de muitos do próprio partido, sua situação política é muito mais favorável do que a de Collor era.
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Quanto à intervenção militar, bem... eu apenas cito essa ignorância, mas acho que qualquer pessoa com um QI de pelo menos dois dígitos sabe o quanto isso é absurdo; logo, me abstenho de falar qualquer coisa a esse respeito. Vamos em frente.
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Eu senti um clima artificial demais nas manifestações de domingo. Lembro dos protestos de 2013, com vários gritos entoados a plenos pulmões. O que vi no domingo foi um mundaréu de gente andando para lá e para cá, fazendo barulho apenas para conversar com seus conhecidos. Os gritos contra a presidente, contra o partido da presidente, contra os apoiadores e eleitores da presidente eram constantemente berrados, mas sempre individualmente. Ao menos para mim protesto é outra coisa.
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Falando do mundaréu de gente: afinal de contas, quantas pessoas estavam na Paulista? A PM falar que tinham um milhão de pessoas e o Datafolha contabilizar 210 mil é absurdo. O que mais chama a atenção é ver a Polícia Militar dar um número tão maior que outro. Bem a PM, que já falou que a Parada Gay tinha 600 mil pessoas enquanto outros falavam em 4 milhões... é estranho verificar que, quando os militares são bem quistos em um local, o número é inflado pela PM; quando não, é derrubado.
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Pra finalizar quanto à PM: manifestantes tirando foto com os fardados? Como será que os pais e avós dessas pessoas, que enfrentaram uma ditadura militar, se sentiriam?
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Nos dois últimos domingos tivemos panelaços enquanto a presidente e dois de seus ministros falavam na TV. Nada contra, é totalmente legítimo. Mas é interessante notar que quem fez isso é quem não tem dificuldade nenhuma em se sustentar e ter seus próprios luxos. É óbvio que eles podem protestar e querer um Brasil melhor; mas eu confesso que sempre vou ouvir quem fecha suas contas no vermelho ao invés de ouvir quem reclama de não conseguir comprar um carro por ano ou tem um inquilino inadimplente. Peço desculpas caso isso seja um preconceito; para mim é só justiça.
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Há, porém, um lado muito benéfico nos protestos: dias depois da manifestação foi apresentada mais uma proposta para a reforma política - bem como em 2013, que acabou rejeitada pelo Legislativo. É triste ver que nossos nobres deputados e senadores funcionam na base da porrada; mas, se é assim, que consolidemos nossos direitos.
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Já tem mais protesto marcado: dia 12/04. É esperar para ver.