segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A velha rotina das divisões inferiores brasileiras

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É fácil falar que o futebol brasileiro melhorou e ficou mais organizado. De fato ele teve algum sucesso após a implantação do modelo por pontos corridos na série A, em 2003, e na série B, em 2006. Mas, nas categorias que não passam na TV e não tem visibilidade, pouca coisa mudou. Aliás, tudo parece continuar a mesma lástima de sempre. Nas últimas duas semanas, quatro casos vergonhosos aconteceram nas séries C e D nacionais.
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De uma só vez, o STJD rebaixou dois clubes na terceirona. O Brasil de Pelotas perdeu seis pontos e foi rebaixado no grupo D pela escalação de um jogador irregular. Acho que, se o jogador estava em condição ilícita, deveser punido mesmo. Mas, contextualizemos a situação. O Brasil de Pelotas brigava por uma das duas vagas para a próxima fase no grupo, e deixava Caxias e Santo André lutando contra o rebaixamento. O Caxias tem dirigentes fortes na CBF, e o Santo André é um dos poucos clubes-empresa no país, que a CBF apóia e não sustenta. Será que isso aconteceria com um clube de maior expressão... ?
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O caso do Rio Branco é ainda mais revoltante. O time acreano entrou na justiça numa questão extracampo, querendo apenas utilizar a Arena da Floresta como mando de campo. De maneira quase que militar, a CBF rebaixou o clube, com o pretexto de que eles entraram na justiça comum, e não na desportiva. É o fim dos tempos. Nem sobre algo relacionado a um jogo específico era ! Fica a mesma pergunta: se fosse com um Flamengo ou com um Vasco, eles dariam a mesma punição na mesma circunstância... ?
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Isso tudo mina o desenvolvimento de duas histórias muito bonitas de futebol. O Brasil de Pelotas tem uma torcida incrível e pouco falada, que carrega o time nas costas e tem torcedores próprios, que abominam até mesmo a dupra GreNal, quanto mais os times do eixo Rio-São Paulo. O Xavante também passou por uma tragédia no início de 2009, que vitimou jogadores ( incluindo o argentino Claudio Millar, dos maiores jogadores da história do clube ) e integrantes da comissão técnica num acidente automobilístico. Já o Rio Branco há três anos bate na trave para conseguir uma vaga na série B e é o maior estandarte do ascendente futebol acreano ( o Plácido de Castro foi o primeiro em seu grupo na série D, na frente do tradicional Nacional do Amazonas ), e tem em sua bela Arena da Floresta um modelo de estádio construindo sem megalomanias e com os pés-no-chão. Agora, o clube que ficaria em primeiro com seus pontos intactos volta para o limbo da série D.
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Na mesma série C, é vergonhosa a permanência do Fortaleza e o rebaixamento do Campinense. Com a vitória do Campinense sobre o Guarani de Sobral por 1x0, o Fortaleza precisaria vencer por 4x1 o CRB para escapar da degola. A partida na capital cearense terminou oito minutos atrasada em relação a de Campina Grande, e, adivinhem, pelos 4x1 cravados. O detalhe é que até os 38 minutos do segundo tempo a partida estava apenas 2x1 para o Fortaleza. Após o terceiro gol, marcado por Carlinhos Bala ( ele mesmo ), as câmeras da TV local flagraram o zagueiro do CRB falar para o goleiro algo parecido com " Deixa fazer, deixa fazer ". Ora, o CRB não tem rivalidade com Fortaleza ou com o Campinense. Por que, então, tanto interesse em ver o Fortaleza anotar mais um, se não algum incentivo financeiro... ?
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Na série D, um sistema mequetrefe que remete ao futebol dos anos 60, covarde e calhorda, voltou à tona. A Anapolina precisava vencer por mais de três gols de diferença para ultrapassar o Itumbiara e ficar com a segunda vaga da chave 5. O Itumbiara fez 2x0 no Gama, e, a partir do momento que a Anapolina fez 4x1, os jogadores do Tocantinópolis começaram a fazer um cai-cai proposital ridículo, ficando com menos de sete jogadores em campo, o mínimo exigido em partidas de futebol. Com isso, a Anapolina ficou a ver navios, sem classificação graças a um ato absurdo em qualquer regra ética do esporte.
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No futebol de verdade, sem glamour e modismo, alguns vícios permanecem, matando o esporte de verdade.
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