Em nossas aulas teóricas sobre Jornalismo, além de produzir uma infinidade de textos, ler sobre Chaparro, construir lides e ter noções de assessoria de imprensa, sempre ouvimos importantes lições éticas de nossos professores. Frases como " não aceitem jabás " ou " jornalista não pode ser amigo de fonte " foram ditas como dogmas por eles para os dicentes. Mas, em dado momento, tudo foi pelo ralo.
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Como parte da nota de um dos meus módulos, tivemos uma palestra com um profissional de comunicação que, entre outras grandes empresas, já trabalhou na Volkswagen e no Santander. Era, sem dúvida alguma, uma pessoa de sucesso e de destaque. Como é natural, a sala inteira prestou atenção no que ele dizia e tomou como um ensinamento, desses que apenas a prática pode nos oferecer.
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Nessa palestra, em certo instante, ele disse que " nós ainda iríamos receber muitos jabás, muitos convites pra shows e para eventos importantes ". A atonicidade da sala foi geral. Ele, com todo o sucesso, desdizia totalmente o que nossos mestres comentaram anteriormente. Um pouco mais à frente, ele disse pausadamente e pra quem quisesse ouvir que teríamos facilidades se mantivessemos contatos com as fontes certas, que seriam nossos amigos. No contexto, ele falou com certa dose de humor, mas o máximo que a sala conseguiu exprimir foram risos tímidos de quem não sabia mais em quem acreditar.
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Certos dilemas existenciais são comuns para jornalistas, que trabalham com conceitos dualistas quase que a todo instante, ainda mais quando fala-se de ética. Não precisávamos de mais um exemplo de que profissionais bem sucedidos aceitam o que os professores recusam, e não tem vergonha de confirmar isso.
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