segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Brasileiro, produto de exportação

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Desde sempre, o jogador brasileiro é tido como um dos mais talentosos do planeta. O êxodo de jogadores tupiniquins famosos para a Europa começou em meados da década de 80, com os craques Falcão e Zico indo para Roma e Udinese, respectivamente. Eles abriram as portas, e, cerca de 20 anos depois, a venda de atletas tornou-se o mais rentável dos negócios ( isso quando não é o único ) para os clubes nacionais.
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Nessa sexta-feira um marco nesse processo de brasileirização da Europa ocorreu. Na partida entre Shaktar Donetsk e Volyn Lutsk, pelo campeonato ucraniano, todos os seis gols da partida vencida pelo Shaktar por 5x1 saíram dos pés de brasileiros.
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Dissequemos toda a situação. O Shaktar é um time brasileiro perdido no leste europeu. Nada mais nada menos que oito jogadores do país lá estão, e todos com muito destaque, mesmo alguns sendo reservas. Além deles, dois foram emprestados, mas pertencem aos mineiros. Dez jogadores, praticamente um time inteiro. Juntamente com os brasileiros, vieram as glórias do Shaktar. Os seis títulos ucranianos da equipe laranja vieram nos anos 2000, sendo cinco com ao menos um brasileiro no elenco. Além das ligas, o Shaktar venceu nesse período quatro Copas da Ucrânia, uma Copa da UEFA e alcançou as quartas-de-final da Champions League, tornando-se o time ucraniano mais reconhecido interncionalmente na história. E tudo isso com brasileiros em destaque, como Luiz Adriano, Willian, Jádson, Fernandinho e Douglas Costa.
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O sucesso e a receita do Shakhtar espalharam-se pelo país. O Volyn Lutsk conta com cinco atletas brasucas, meio-time. Pouquíssimos conhecidos, mas que cabem no orçamento do pequeno clube.
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Se a Ucrânia, país que não consegue entrar na onda da Rússia de prosperidade econômica, consegue importas tantos jogadores e conseguir resultados tão incríveis, porque nós não conseguimos ? Por que eles não precisam vender um ou dois jogadores por ano para fechar o balancete econômico no azul ? Por que, mesmo com o frio, as dificuldades da língua, o povo diferente, costumes, tradições, comida e tudo mais, eles não querem voltar ? Por que ?
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Essa situação não acontece apenas na Ucrânia. O já citado Zico praticamente fez nascer o futebol asiático quando assinou contrato com o Kashima Antlers, do Japão, sendo crianda a J-League. Hoje, o futebol japonês é destino de vários brasileiros, que recebem muito mais dinheiro para jogar em ligas que praticamente não tem repercussão. Recentemente, a China e os países da Ásia Central passaram a comprar o passe dos jogadores brasileiros também, além, é claro, do futebol das Arábias, que muito evoluiu graças ao intercâmbio com os brasileiros.
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O mais impressionante, porém, é ver que a qualdiade dos jogadores brasileiros não é a mesma, como atesta os resultados da seleção nacional. Pouco a pouco, os jogadores do país deixam de ser destaques nas ligas centrais européias, mas nas ligas periféricas eles continuam sendo o centro das atenções e os querubins. Se a tendência é as ligas periférias pararem de comprar brasileiros, continuar comprando ou comprar ainda mais apenas o tempo dirá.
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Por que casos como o da Ucrânia e do Shaktar Donetsk são tão comuns ? Porque times sem tradição alguma, em países em situação econômica pior que a do Brasil conseguem cobrir todas as nossas ofertas salariais ? Por que, apesar da diferença de temperatura, da língua, dos costumes, do povo ou da comida eles insistem em não voltar ( ou voltar apenas para se aposentar ) ? Cada um responde da maneira que preferir a essas perguntas. A única certeza é que temos que conter o êxodo dos atletas brasileiros para o exterior e fortalecer a nossa liga.
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