sexta-feira, 23 de março de 2012

Nepotismo moral

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Pense o seguinte: você precisa de alguém para coordenar o ministério da cultura e quer sair do marasmo de nomes que todos conhecem. Eis que você tem um nome com algumas participações em trabalhos culturais (ainda que pequenos) e, ainda por cima, é filha de um grande historiador e irmã de um dos maiores artistas que esse país já teve em sua história. Parecia perfeito, mas...
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Mas Ana de Hollanda mostrou-se um tiro no pé. Tinha todas as credenciais para tornar-se uma grande ministra e se escondeu. É difícil destacar algo bom em meio a tanta fuga dela da imprensa, tanto para o bem quanto para o mal.
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Politicamente, a escolha de Dilma não foi desastrada - relembro a todos as credenciais que ela tinha para entrar no Planalto. Dilma não é culpada por escolhê-la. Aliás, a presidente teve muita coragem ao fazer tal indicação, já que boa parte da grande mídia era contrária a Ana. A versão oficial é a de que ela era inexperiente demais para tal cargo, mas a verdade é que ela é irmã de Chico Buarque, artista brigado com os grandes grupos comunicacionais do país - mesmo que o primeiro argumento fosse verdade, o segundo é bem mais forte.
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Pois bem... o que Ana de Hollanda fez ? Eu não sei. E aí está o grande problema. No momento em que todos os outros ministérios viam seu orçamento crescer, o MinC ficou na mesma. Não fazia projetos, não tinha direção, representação... a cultura estava na sarjeta, literalmente. Não se fez nada por cultura nenhuma.
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Já vi muitos falando que é impossível agradar a gregos e troianos. Se isso é verdade eu não sei, mas desagradar todo mundo é algo raro pra mim. A oposição chiou, como é natural (e, até certo ponto dever) dela. A base aliada idem, mas não só por disputas políticas, por incompetência mesmo. O caldo foi engrossar quando artistas das mais diversas orientações políticas começaram a mostrar-se contra Ana, num ato que deixou sua presença praticamente insustentável.
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Não preciso dizer aqui que sou favorável a mais ministros tecnocratas (ou seja, sem ligação partidária direta com nenhuma legenda) no governo, em detrimento aos políticos atuais. Mas o fundamental mesmo é a pessoa ser competente e ética, e Ana passa longe da primeira qualidade.
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Aprendemos da pior maneira possível que filho ou irmã de peixe pode não ser um peixinho tão genial assim.
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