Parece lei de Murphy, mas a explicação é tão lógica que não dá pra colocar a culpa numa lei que parece mais uma lenda urbana. Se você está ocupado, fazendo algo, existem mais chances de acontecer algo notável do que quando se está no ócio. Tanto que falta tempo para contar essas experiências.
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A não ser que você tenha alguma fobia social, transtorno obsessivo-compulsivo ou algum distúrbio dessa natureza, dormir, acordar e fazer algo cotidiano não é nada inspirador. Não te dá vontade de escrever sobre aquilo, guardar o momento com uma fotografia, não te deixará com saudades e o fato será esquecido pouco depois. Ora, qual inspiração se tira no ócio ?
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Sobre a pergunta acima, vários exemplos podem contestar as minhas afirmações. Mas quantas vezes uma pessoa fica ou sente-se no tédio ? É um número bem maior. Ou seja, as grandes ideias surgidas no ócio são exceções - e as exceções simplesmente confirmar uma regra.
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O tédio te deixa letárgico. Sobrevivendo, sem viver de fato. E você não sabe como fazer para sair dessa situação - é uma inércia que te rouba a vida. É horrível - palavra de quem já ficou muito nessa situação.
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Em uma determinada hora, você consegue algo. Um emprego, algo voluntário, um motivo para viver todos os dias. Eis que os dias ganham cor e a inspiração vem a cada respirar da pessoa amada ou a cada segundo no competitivo mercado de trabalho. Tudo parece ser bonito, tudo pode render um texto. Mas agora, "ocupado", como fazê-lo ?
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Agora, você tem muita coisa e pouco tempo pra contar. Tudo se inverte duma maneira que também não é a ideal. Quantas grandes ideias já foram desperdiçadas por simplesmente não serem colocadas em prática ? O tempo não pára, diria Cazuza. Só faltou alguém dizer que além da inspiração também não acabar, conciliar duas variáveis imparáveis é complicado.
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Minha experiência pessoal é bem elucidativa. Desde quando comecei a trabalhar, parece que tudo pode gerar um texto. Uma experiência, uma capa de revista, uma situação. Mas muitas vezes me falta tempo para organizar minhas ideias no formato de texto. Em outras vezes sinto-me cansado demais para isso, e em algumas outras tenho afazeres obrigatórios diversos para cumprir. Logo, o texto é deixado de lado, injustamente - algo com o qual me sinto em dívida comigo mesmo.
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Ainda não consegui me habituar e conciliar com essa nova realidade. Sei que vou aprender, mas que seja logo. Antes que várias outras boas ideias sejam descartadas, sobretudo.