terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O que é ser de direita e de esquerda para a Veja

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Prólogo
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Durante muito tempo a minha família assinou a revista Veja. Quando eu era criança e não sabia de todas as mazelas editoriais e diferenças de ideologia que circundam o planeta eu a lia e me informava através da publicação. Mas, desde lá, algumas coisas não faziam sentido pra mim - e muitas vezes quando eu perguntava para alguém a minha dúvida, ela não era totalmente sanada. A Veja, quem diria, é a responsável pelos meus primeiros sintomas jornalísticos - bem ela, que muitas vezes faz qualquer coisa em suas reportagens, menos Jornalismo
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Obviamente eu cresci e, hoje, faço o curso que tanto sonhei quando pequeno. Aprendi bastante sobre tudo que cerca a imprensa e, claro, tenho ferrenhas críticas à revista - aqui dou um panorama geral sobre ela, aqui sobre a cobertura da publicação sobre a Crise dos Mísseis e aqui sobre o escândalo em volta do nome de Carlinhos Cachoeira
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Esses são alguns exemplos passados. Como é de praxe, a revista fez uma retrospectiva do ano e deu amplo destaque para a prisão dos envolvidos no escândalo do Mensalão. Mas havia também um teste para verificar se o leitor era de direita ou de esquerda.
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Após 50 perguntas, dá-se o resultado. O que vocês verão a seguir é a definição do que é ser de direita ou de esquerda para a revista mais lida do Brasil, e não uma brincadeira maniqueísta infantil, infelizmente. 
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Direita
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"Disse o filósofo inglês Bertrand Russell que ninguém deve temer a excentricidade de suas opiniões, pois toda opinião hoje aceita foi considerada excêntrica um dia. É o que se passou com o pensamento de direita: demonizado durante todo o século XX, ele chegou ao presente momento como uma espécie de vanguarda, em especial na sua vertente que defende o capitalismo como o mais natural e democrático dos sistemas econômicos e a limitação do poder e da presença do Estado na vida dos cidadãos. Muita gente ainda se arrepia ao ouvir falar essas coisas - mas, como ensinava Russell, muito mais gente ainda deixou de se arrepiar ao ouvi-las". 
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Esquerda
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"O que é ser de esquerda neste século em que tantos governantes surgidos do socialismo, trabalhismo ou ativismo foram ou são os proponentes de políticas pragmáticas, racionalizadoras e desestatizantes como a forma mais eficaz de produzir prosperidade e igualdade ? O desejo de uma sociedade justa é belo, e espera-se que ninguém o abandone. Mas o século XX provou (e as famintas Cuba e Coreia do Norte continuam provando que era deste lado, e não do outro, da Cortina de Ferro que se poderia chegar mais perto da justiça social. Os filósofos do socialismo seriam os primeiros a concordar: o curso da história é implacável"
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Epílogo
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Chocante, eu sei. A forma como o capitalismo é visto como "excentricidade" e depois é alçado aos céus lembra qualquer filme de Hollywood, enquanto a condenação perpétua do socialismo, comunismo, trabalhismo e outras vertentes ligadas a Marx fere todo e qualquer conceito ligado às áreas de História, Jornalismo e Ciências Sociais.
Essa foi a última vez que recebi a revista Veja em casa, e certamente será uma das últimas vezes que tocarei em uma. Minha assinatura acabou e não será renovada, decisão tomada no começo do mês. Essa última edição só mostrou porque minha família fez tão certo em parar de recebê-la.
Comentários
4 Comentários

4 comentários :

William Robson disse...


Os seguidores de Marx malandramente interpretam Liberalismo como sinônimo de militarismo e ditadura, mudam seu CONCEITO.

PASSEANDO

NIHIL METILENE disse...

Mas,senhorzinho, o problema é que todas as publicações pendem para a "direita",ou para a "esquerda".
Onde encontrar neutralidade no mundo de papel e tinta?

(sou postante do blog do autor da mensagem acima)

William Robson Anakin disse...

“Onde encontrar neutralidade no mundo de papel e tinta?” [Nihil]
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E porque exigimos essa neutralidade?

Quem lê é que tem que pesquisar outras fontes, colocar em duvida o que esta escrito, concordar ou discordar... ter OPINIÃO E ARGUMENTAÇÃO.

Alguém que considera um fato ou acontecimento totalmente verdadeiro só porque apareceu na TV ou esta escrito em um livro tem uma mente muito limitada.
É melhor gastar seu tempo tentando ampliar sua mente.

Quem escreve livros, jornais e revistas são humanos e humanos nunca são completamente neutros...

Willian Ferreira disse...

O problema não é, fundamentalmente, ser de direita ou de esquerda. Falando como estudante de Jornalismo, digo que o problema da Veja é tomar algo como totalmente certo e seu pensamento antagônico como totalmente errado. Além disso, a publicação falha em quase nunca mostrar o "outro lado", mais um princípio básico do Jornalismo. Ao menos na área política não dá mais pra considerar a Veja jornalística, e sim como puramente panfletária.

Imparcialidade total no Jornalismo não existe, mas você pode dar um panorama muito mais amplo para o público - inclusive isso é um dever de um bom profissional da área. Não peço imparcialidade, peço o mínimo de critério e de Jornalismo de fato.

Complementando o comentário acima: existe um conceito jornalístico chamado de "Contrato de Leitura". Segundo esse conceito, o emissor propõe uma visão e o seu público entra em contato com ela. A partir do momento que você a compra e segue o pensamento de um veículo (ainda mais sem entrar em contato com outros), você concorda com ele. Seria ótimo se existisse ao menos um veículo de comunicação que se distingua por outro em sua ideologia, e não apenas na questão comercial. Como isso não acontece no Brasil, atrocidades como a definição da Veja que que eu falei seguem acontecendo e não causam nenhum rebuliço, pois tornaram-se cotidianas.