O assunto que tem sido comentado mais extensivamente no mundo nesse final de ano é a tensão diplomática entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte - mais um, na verdade.
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Tudo começou de uma maneira bem trivial: por conta de um filme. O longa "A Entrevista" mostra um plano para matar o ditador norte-coreano Kim Jong-Un. O governo do país ameaçou um ataque cibernético à Sony (que iria lançar o filme) e a empresa cedeu - depois de ver vários filmes vazados e outras informações internas reveladas na grande rede. Para evitar mais constrangimentos, a estreia do filme nos cinemas foi cancelada.
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Aí entra o governo norte-americano. O presidente Barack Obama criticou a atitude da empresa, falando em censura e apoiando o lançamento do filme. Eis que o governo da Coreia do Norte, em um comunicado desprezível, disse que Obama agia "um macaco numa floresta tropical". Racismo à parte, o que mais me chamou a atenção foi a consequência das declarações tresloucadas do governo norte-coreano: apagões de internet. Foram, no mínimo, dois momentos sem rede fixa e até mesmo móvel.
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A internet e o acesso ao celular na Coreia do Norte é um capítulo à parte e é bem fácil de ser controlada, mas... imagine ficar sem internet por conta de um conflito diplomático. Informação zero, boatos mil. Se uma guerra traz agonia por vidas perdidas e bens destruídos, a falta coletiva de internet causaria uma histeria difícil até de ser pensada nos dias de hoje. Seria uma verdadeira guerra psicológica para a sociedade.
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Podemos estar assistindo nessa conflito diplomático um laboratório para futuras intervenções. O tom caricato que toma conta de tudo que envolve a Coreia de Norte tem que ser deixado de lado para pensarmos na consequência de intervenções dessa ordem. Se a internet, hoje, é a maior materialização da liberdade, não podemos deixá-la à mercê de nada - muito menos de relacionamentos diplomáticos.