O fato do dia foi a entrega do relatório final da Comissão da Verdade à presidente Dilma Rousseff. Acho que é chover no molhado dizer o quanto isso é importante para o Brasil e para destrincharmos os anos mais sombrios da nossa tão longa história, punindo quem mereça. Pena também que muitos não poderão sofrer em vida, morrendo sem nenhum julgamento.
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Não me ative ao relatório como um todo, confesso. Foquei no que foi sugerido pelo relatório. Reconhecimento das responsabilidade de tudo o que aconteceu de sujo por parte do Exército; proibição de eventos comemorativos ao Golpe de 1964; abertura de documentos da ditadura; continuidade de buscas por desaparecidos, provas e de outras comissões para investigar os crimes daquela época.
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É uma justiça histórica. Não há o que argumentar contra isso pra quem tem o mínimo de bom senso - o que obviamente não é o caso do Exército e de alguns nojentos que pedem intervenção militar no país. Aliás, fica o alerta: com o Exército rechaçando o relatório e pseudocidadãos pedindo intervenção militar, precisamos tomar cuidado.
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Pensando sobre tudo isso, pensei além. Lembrei de alguns textos que li sobre o renascimento do patriotismo argentino após a ditadura no país. Tudo passou por um simples processo: julgar os culpados - basta lembrar que um dos maiores fascínoras sudacas morreu na cadeia - o general Jorge Rafael Videla.
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Esse processo, já quase encerrado em outras países, começou apenas hoje no Brasil. Meu medo é que não seja divulgado como mereça. Entre tantos outros motivos, para retomarmos o nosso orgulho de ser brasileiro.
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Todo país tem algo errado, mas o sentimento de impunidade e sujeira que existe em todo brasileiro é indiscutível e relevante demais para ser deixado de lado. A Comissão da Verdade mexe, talvez, na nossa ferida mais exposta. O julgamento do Mensalão também foi importante nesse aspecto, aliás. Existem vários outros escândalos, muitos que serão descobertos e alguns até já esquecidos. Precisamos investigar todos, independentemente de qualquer coisa.
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Me incomoda ver que as manifestações conservadoras no país (onde, aliás, aparecem as asquerosas pessoas pedindo intervenção militar) usem as cores da bandeira do Brasil como se confrontasse o vermelho ou algo do gênero. A bandeira brasileira não é de uma ideologia ou de uma visão de mundo: é de todo mundo. Deveria ser usada também nas manifestações de Dilma, não só nas de Aécio.
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(E aqui não cabe uma divagação sobre o vermelho do PT, partido que cada vez mais joga as regras do livre mercado. Um post sobre isso seria ainda mais longo e não é essa a minha intenção)
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Que o verde-e-amarelo deixe de ser brega. Que o hino seja respeitado e tenha seu valor. Que eu não esteja sendo inocente, e que continuemos a caçar nossos fantasmas.