Venho de uma geração que, mesmo sem querer, tinha um programa agradável nas tardes do último dia do ano. Seja parado em frente à TV, se arrumando para passar o reveillón com os amigos ou com a família ou preparando um banquete em casa, todos viam a São Silvestre. Era uma prova curta que passava por vários pontos turísticos de São Paulo e que tinha, de um jeito ou de outro, um ar de comemoração e retrospectiva do ano que passou.
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Essa fase acabou (e a minha fase, das provas à tarde, começou) em 1989, para se adequar a uma série de regras da IAAF - Associação Internacional das Federações de Atletismo, em inglês. Para isso, foi definido o trajeto de 15km e o novo horário das largadas. Muitos reclamam que a prova perdeu o charme - algo que eu discordo. As pessoas que criticavam essa fase vespertina da São Silvestre não imaginavam o verdadeiro estupro que fariam com a prova a partir de 2011.
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Nesse ano, colocaram a chegada da prova na frente do Obelisco do Ibirapuera - retirando-a do tradicional local, na frente da Fundação Cásper Líbero. Ao menos essa mudança nojenta durou apenas um ano.
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Mas, cá entre nós, todos sabemos que não se liga muito para a saúde do próximo, e sim para os próprios interesses. O que levou a corrida para o período da manhã foi o reveillón na Paulista, que com o passar do tempo foi se tornando um dos grandes eventos do calendário paulistano. A São Silvestre, que se encerrava antes das 18h, em tese prejudicava a festae a chegada dos que lá estavam pelos show e pelas queimas de fogos.
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Amanhã acordarei cedo para ver a São Silvestre nesse ingrato horário por ser fã da prova. Mas algo tem que ser feito para recolocá-la em um dos seus horários habituais.