segunda-feira, 21 de julho de 2014

Eu sempre gostei de Dunga, mas não aprovo a volta dele

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O futebol português viveu uma situação que eu achava bem inusitada: muitos colocavam a maior parcela de culpa do fracasso da seleção no técnico Paulo Bento, mas a maioria queria que ele continuasse na casamata da Seleção das Quinas. Quando li a matéria linkada, achei bizarro. Mas aprendi hoje que isso fazia sentido - não pelos mesmos motivos explicados na reportagem da sempre ótima Trivela.
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Eu gostava demais de Dunga enquanto técnico da seleção. É óbvio que ele cometeu erros, como qualquer um comete. O principal deles foi dar moral demais para um grupo pequeno de jogadores que seguiam cegamente o que ele falava - o reflexo disso foi a ausência de craques na seleção brasileira na Copa de 2010. Essa é a verdade.
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Há, também, algumas verdades que os críticos de Dunga se esquecem: ele ganhou com sobras uma Copa América (com direito a um 6x1 no Chile e um 3x0 na Argentina na final) e também uma Copa das Confederações (fazendo 3x0 na Itália, então campeã mundial e batendo a sólida seleção dos Estados Unidos por 3x2 na final, e uma virada de tirar o fôlego). Também vale dizer que ele soube dar uma cara para a seleção: uma defesa forte e um contra ataque mortal. Isso sem contar na garra que aquela equipe tinha. Mais: criticam a virada da Holanda nas quartas-de-final da Copa de 2010, mas se esquecem que o primeiro tempo daquele jogo foi um show da Seleção Canarinho.
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Enfim, a discussão sobre o trabalho de Dunga é grande. O fato é que a volta dele é um imenso retrocesso para todos os lados. Só é boa para quem menos merece qualquer elogio.
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Para Dunga, a volta dele à casamata brasileira é a tradução do neopeleguismo. Ele será, oficialmente, a bucha de canhão: tudo que falarem mal da CBF, da seleção e de qualquer outro assunto relativo a isso cairá nas costas dele. Sem contar que ele não treinou nenhuma outra equipe e ninguém sabe o quão atualizado ele está em relação a pensamentos, treinamentos e afins. 
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Para o futebol brasileiro, Dunga significa que a tão clamada "renovação" vai ficar pra depois - como acontece desde 1989, quando Ricardo Teixeira assumiu a CBF. Ao não escolher nomes muito mais prontos para o cargo (Tite é o principal deles) e voltar com quem já teve sua chance, a entidade opta por um estilo que traz bons resultados, mas não traz grandes legados (palavra tão em moda hoje em dia) e nem tem um estilo desejado por ninguém nesse momento - e o momento era o de começar algo totalmente novo. 
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Tenhamos em mente que, como tudo que envolve a CBF desde a chegada de José Maria Marin à presidência do órgão, a escolha de Dunga é meramente política. Explico: após os dois últimos jogos da final da Copa do Mundo, o próprio Marin e Marco Polo Del Nero (próximo presidente da instituição, que asusme em 2015) foram tão criticados quanto Felipão e Parreira. Pois bem: ao colocar o controverso, inimigo da imprensa, ranzinza, teimoso e culpado por uma eliminação em Copa do Mundo Dunga, quem será o culpado por tudo daqui pra frente será o treinador, não o cartola. Esse é o pensamento deles: ter quem leve a culpa de tudo de ruim que eles farão, e não buscar alguém que faça algo bom. 
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Goste ou não de Dunga, não se esqueça de quem o colocou lá. Esses sim são dignos de todas as críticas possíveis. 
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