quarta-feira, 9 de julho de 2014

Em campo: seis minutos que acabaram com um sonho de 64 anos

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Muitos amigos meus (inclusive estudantes de Jornalismo no penúltimo semestre de seu curso) se queixam de que não conseguem começar bem seus textos - isso para temas banais. Imagine, então, como é tentar explicar seu ponto de vista sobre a maior derrota da história da maior seleção nacional da história. 
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Não tem como - e, como diz um dos meu mais competentes professores na faculdade, "Jornalismo não é ciência" para ter certo e errado na maneira de como escrever. 
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Mas há como apontar alguns dos vários motivos que trouxeram a eliminação vexatória. E, se não é a abertura do meu texto, coloco uma das opiniões sobre esse tristíssimo episódio ocorrido hoje com a Seleção brasileira: foi a maior vergonha que a Seleção Canarinho já passou.
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Optei por dividir minhas impressões sobre o jogo de hoje em três textos, que serão publicados de agora até a outra semifinal, entre Holanda e Argentina. Nesse aqui, falo sobre a atuação dos atletas e de aspectos táticos das equipes. 
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É interessante notar que os dez primeiros minutos de jogo da pior partida da história da Seleção brasileira foi de domínio tupiniquim. O time pressionava, chegava bem pelos lados, tinha troca de posições e contava com boa movimentação da equipe. Maicon apoiava bem; Bernard pressionava. 
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Faltava, entretanto, duas situações. Faltava não, seguia faltando. Duas situações que eram reclamadas em maior e menor aspecto depois de cada jogo brasileiro:

1) Meio de campo
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Via-se, novamente, os zagueiros e volantes tentando acionar os meias e atacantes com lançamentos longos. Nem os primeiros tentavam aproximar nem o segundos recuavam para buscar jogo. Quem tentava chegar de trás era Fernandinho (de partida desastrosa desde o início), e quem tentava recuar um pouco era Bernard (que foi muito valente, mas mostrou que ainda falta algo para se tornar um grande jogador). De resto, era só chuveirinho na área.
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2) Posicionamento da linha de armação
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Tenha como "linha de armação" o setor ocupado pelos pontas mais recuados, o setor antes do centroavante ou o "3" do tão falado "4-2-3-1" atual. Esse foi, talvez, o maior erro de Felipão durante a Copa do Mundo - e olha que não foram poucos. Com Bernard substituindo Neymar (outra alteração bem contestável), ele tinha o ponta-direita Hulk jogando na ponta-esquerda e o ponta-esquerda Bernard jogando na ponta-direita. Com Neymar a situação era ainda mais estapafúrdia: o ponta-direita Hulk seguia na ponta-esquerda; o ponta-esquerda Neymar jogava centralizado e o central Oscar jogava na ponta-direita. Três posições, três erros. Só podia dar errado.
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Aí vem uma bola parada, e o melhor jeito de mudar a história de um jogo é em um lance assim. Não deu outra: Thomas Muller fez 1x0. Mas chama a atenção a liberdade com que Thomas Muller fez o gol. Não tinha ninguém nem sequer perto dele. E não foi uma jogada ensaiada, foi um cruzamento simples no segundo poste. Falta de treino evidente. 
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O que matou o jogo, porém, foram os seis minutos nos quais saíram os quatro (!) últimos gols do primeiro tempo. O segundo tento nasceu de um erro individual de Fernandinho que terminou em gol de Miroslav Klose - que ultrapassou Ronaldo e tornou-se o maior artilheiro da história das Copas. Depois disso o time apagou. Tivemos uma sucessão de erros individuais, buracos imensos em todos os cantos, jogadores perdidos no gramado... aqui perdemos o jogo. 
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Sofremos também com a Alemanha, é claro. Foi a melhor partida da melhor equipe da Copa. Vou além: creio que foi a maior atuação de uma seleção na história dos Mundiais. A zaga se segurou muito bem; Bastian Schweinsteiger seguiu tranquilo; Sami Khedira e Mesut Ozil foram acima do que estão acostumados; Miroslav Klose e principalmente Thomas Muller e André Schurlle foram cirúrgicos e Toni Kroos teve uma atuação digna de uma nota 10: perfeito em tudo que fez. 
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Una os cenários descritos acima. A tragédia estava desenhada. Imagine o que não foi Thomas Muller e Philipp Lahm caindo pelos lados de Marcelo, por exemplo. Mas o ~duelo~ que mais me deu pena (e não há outra palavra pra ser colocada aqui) foi entre Toni Kroos e Fernandinho. Foi lastimável. O melhor do jogo contra o volante que entregou, no mínimo, dois gols para o adversário. 
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Não leve o parágrafo acima como um juízo de valor. Eu mesmo gosto bastante de Fernandinho - a dupla que ele fez com Yaya Touré nessa temporada no Manchester City campeão da Premier League e da Capital One Cup foi espetacular. Ele entrou muito bem em algumas partidas, também. Mas hoje teve uma atuação vergonhosa, simplesmente. 
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Em tempo: não sou dos que acham que a Seleção jogou mal a Copa inteira, ou só jogou mal. Achei as partidas ante Croácia, Camarões e principalmente contra a Colômbia de muito bom futebol por parte do Brasil - apesar dos erros já sabidos.
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Voltando ao jogo de hoje: vontade não faltou em momento algum. No primeiro tempo todos corriam - pena que como um bando; no segundo o Brasil voltou atuando bem e só não fez um gol antes porque Neuer fez, no mínimo, quatro defesas muito boas. André Schurrle entrou no segundo tempo e marcou mais dois, quando o Brasil já não assustava mais e já tinha assimilado a eliminação eminente. Oscar marcou o dele quando a partida já tinha virado pelada. 
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Nas quatro linhas, foi isso que aconteceu. Não foi só a Copa no Brasil, a oportunidade de ouro que tínhamos para esquecer o Maracanazzo de 1950, que jogamos fora: foi um pouco da nossa própria reputação, que embora ainda seja imensa, se apequenou hoje. Mas não foi só isso que nos fez passar por tamanha vergonha. Isso é assunto pros dois próximos posts.
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