Muitos amigos meus (inclusive estudantes de Jornalismo no penúltimo semestre de seu curso) se queixam de que não conseguem começar bem seus textos - isso para temas banais. Imagine, então, como é tentar explicar seu ponto de vista sobre a maior derrota da história da maior seleção nacional da história.
.

.
Mas há como apontar alguns dos vários motivos que trouxeram a eliminação vexatória. E, se não é a abertura do meu texto, coloco uma das opiniões sobre esse tristíssimo episódio ocorrido hoje com a Seleção brasileira: foi a maior vergonha que a Seleção Canarinho já passou.
.
Optei por dividir minhas impressões sobre o jogo de hoje em três textos, que serão publicados de agora até a outra semifinal, entre Holanda e Argentina. Nesse aqui, falo sobre a atuação dos atletas e de aspectos táticos das equipes.
.
É interessante notar que os dez primeiros minutos de jogo da pior partida da história da Seleção brasileira foi de domínio tupiniquim. O time pressionava, chegava bem pelos lados, tinha troca de posições e contava com boa movimentação da equipe. Maicon apoiava bem; Bernard pressionava.
.
Faltava, entretanto, duas situações. Faltava não, seguia faltando. Duas situações que eram reclamadas em maior e menor aspecto depois de cada jogo brasileiro:
1) Meio de campo
.
Via-se, novamente, os zagueiros e volantes tentando acionar os meias e atacantes com lançamentos longos. Nem os primeiros tentavam aproximar nem o segundos recuavam para buscar jogo. Quem tentava chegar de trás era Fernandinho (de partida desastrosa desde o início), e quem tentava recuar um pouco era Bernard (que foi muito valente, mas mostrou que ainda falta algo para se tornar um grande jogador). De resto, era só chuveirinho na área.
.
2) Posicionamento da linha de armação
.

.
Aí vem uma bola parada, e o melhor jeito de mudar a história de um jogo é em um lance assim. Não deu outra: Thomas Muller fez 1x0. Mas chama a atenção a liberdade com que Thomas Muller fez o gol. Não tinha ninguém nem sequer perto dele. E não foi uma jogada ensaiada, foi um cruzamento simples no segundo poste. Falta de treino evidente.
.
O que matou o jogo, porém, foram os seis minutos nos quais saíram os quatro (!) últimos gols do primeiro tempo. O segundo tento nasceu de um erro individual de Fernandinho que terminou em gol de Miroslav Klose - que ultrapassou Ronaldo e tornou-se o maior artilheiro da história das Copas. Depois disso o time apagou. Tivemos uma sucessão de erros individuais, buracos imensos em todos os cantos, jogadores perdidos no gramado... aqui perdemos o jogo.
.

.
Una os cenários descritos acima. A tragédia estava desenhada. Imagine o que não foi Thomas Muller e Philipp Lahm caindo pelos lados de Marcelo, por exemplo. Mas o ~duelo~ que mais me deu pena (e não há outra palavra pra ser colocada aqui) foi entre Toni Kroos e Fernandinho. Foi lastimável. O melhor do jogo contra o volante que entregou, no mínimo, dois gols para o adversário.
.
Não leve o parágrafo acima como um juízo de valor. Eu mesmo gosto bastante de Fernandinho - a dupla que ele fez com Yaya Touré nessa temporada no Manchester City campeão da Premier League e da Capital One Cup foi espetacular. Ele entrou muito bem em algumas partidas, também. Mas hoje teve uma atuação vergonhosa, simplesmente.
.
Em tempo: não sou dos que acham que a Seleção jogou mal a Copa inteira, ou só jogou mal. Achei as partidas ante Croácia, Camarões e principalmente contra a Colômbia de muito bom futebol por parte do Brasil - apesar dos erros já sabidos.
.

.
Nas quatro linhas, foi isso que aconteceu. Não foi só a Copa no Brasil, a oportunidade de ouro que tínhamos para esquecer o Maracanazzo de 1950, que jogamos fora: foi um pouco da nossa própria reputação, que embora ainda seja imensa, se apequenou hoje. Mas não foi só isso que nos fez passar por tamanha vergonha. Isso é assunto pros dois próximos posts.