Em 2012, Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF. Confesso que fui inocente e acreditei que teríamos uma mudança para melhor na instituição que manda (e não organiza, como oficialmente falam por aí) no futebol brasileiro. Dias depois, foi divulgado que o novo mandatário era José Maria Marin, governador biônico de São Paulo durante a ditadura militar e candidato a Prefeitura de São Paulo e ao Senado na Nova República pelo PSC - mesmo partido de gente como Marco Feliciano, Joaquim Roriz e Pastor Everaldo.
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Já Marin... bem, menos de dois meses antes de assumir a presidência da CBF ele simplesmente roubou uma medalha na final da Copa São Paulo de Futebol Junior e já assumiu a entidade marcado por esse episódio lamentável. Sua atitude mais drástica, porém, foi demitir Mano Menezes do comando técnico da Seleção Brasileira logo após o título do Superclássico das Américas. Sim, o torneio não valia nada e é até bom que ele não exista mais, mas Mano começava a encontrar o seu time ideal, obtendo resultados melhores e com melhores exibições, também. De uma hora para outra isso foi para o espaço.
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A demissão de Mano Menezes, na tarde seguinte a um título, pegou a todos de surpresa. Como se já não fosse desgraça o suficiente, o contratado é Luiz Felipe Scolari, que levava o Palmeiras a passos largos para o rebaixamento no Brasileirão - apesar de ter ganho uma Copa do Brasil no melhor estilo Felipão.
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O começo da segunda passagem de Felipão pela Seleção foi espetacular. Ganhou a Copa das Confederações com 100% de aproveitamento, batendo Itália, Uruguai e Espanha em jogos de nível técnico elevadíssimo. Venceu, em diferentes momentos, seleções do calibre de França, Portugal e Chile. Era incontestável, surfou em seu carisma ao fazer diversas propagandas e tinha a confiança de todos nós - minha, inclusive.
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Aí veio o período pré-Copa do Mundo. Logo na primeira entrevista coletiva, o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira disse que a seleção "era favorita, sim". Pior: Felipão disse que ganhar a Copa do Mundo era uma obrigação, como se isso fosse algo fácil.
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Encerrada a primeira fase de grupos, alguns problemas eram nítidos. O time era mal escalado, com posições invertidas e um meio de campo quase inexistente. Reconhecidamente teimoso, Felipão seguiu confiando em jogadores em fase tenebrosa, como Daniel Alves, Fred, Paulinho e Oscar - o terceiro com boas atuações no final da campanha; o quarto com uma estreia excelente e nada mais. Mais: as substituições eram erradas e batidas, além de não mudar o jogo. Todos sabiam que quem poderia entrar era Ramires, Willian, Bernard ou Jô nos lugares de Hulk, Oscar e Fred. Como bem mostrou Mauro Cézar Pereira, Felipão e toda a comissão técnica colocada por Marin estava obsoleta - e agonizava dirigindo a seleção na Copa do Mundo no Brasil.
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A comissão técnica de Marin também chamou a atenção por algo que, até onde me lembro, jamais foi sequer notada em outra delegação: pelo fator psicológico. é óbvio que o fantasma da Copa de 1950 e o peso de ver o Mundial sendo jogado aqui após tanto tempo pesa, mas não deveria ser tão determinante assim. Deu a impressão que ele sequer foi trabalhado, na realidade.
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É claro que Neymar e Thiago Silva fizeram falta, mas um esquema tático também fez falta. Um preparo psicológico e emocional idem. Dirigentes íntegros, com mentalidade voltada para o futebol e não para o poder ou outros quetais semelhantes também são ~desejáveis~. E, bem, façam as suas escolhas acerca do que pesou mais no vergonhoso jogo de hoje. Eu já tenho as minhas.
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Mas... e agora ? O futuro da seleção é o próximo tema a ser discutido aqui.