quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

As estranhas consequências das crises econômica e técnica no futebol brasileiro

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Os últimos anos antes da Copa de 2014 foram dourados para o futebol brasileiro. Desde a adoção do Brasileirão por pontos corridos em 2003 o Brasil passou a ter muito mais força nas competições sul-americanas e mundiais, com os clubes cada vez mais ricos - desorganizados, é verdade, mas ricos. 
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O futebol, na verdade, era apenas o reflexo da situação nacional. Desde 2003 o Brasil cresceu bastante e viu até mesmo o fenômeno da nova classe média. Ainda que se endividando, poucas vezes o brasileiro com pouca ou nenhuma grande posse teve acesso a bens de consumo e compras que eram normais para tantos outros. 
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Vimos, então, uma ordem quase que natural se inverter: os olhos do mundo se voltaram para a economia brasileira, enquanto jogadores de renome internacional chegavam ao futebol nacional sendo bancados por altos salários, como Alexandre Pato, Clarence Seedorf e Kaká. Mais: atletas com mercado fora do país ficaram aqui, como Leandro Damião e Paulo Henrique Ganso. Isso sem contar em Neymar, que ficou cinco longos anos atuando no futebol brasileiro já seguido pelo mercado europeu.
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Eis que chegou 2014. O ano da Copa, o ano do 7x1, o ano das eleições, o ano em que a economia brasileira entrou em uma espiral descendente de maneira quase súbita - embora ela já desse sinais de fracasso, não era para uma queda tão assustadora de uma hora para outra. 
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O futebol, mais uma vez, sentiu os efeitos econômicos - agora, longe de serem bons. Mas, embora seja um reflexo da economia, o próprio esporte tinha seus complicadores por conta do já dito desastre na Copa do Mundo. 
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Os clubes da Europa (maior centro do futebol mundial) passaram a olhar para o Brasil de soslaio, cheios de desconfiança - com toda a razão, convenhamos. O reflexo disso veio na debandada de vários atletas importantíssimos do futebol brasileiro para mercados periféricos - algo que já acontecia antes, mas apenas como complemento de transferências para grandes centros do esporte bretão. 
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Diego Tardelli e Ricardo Goulart, presentes na seleção brasileira e campeões nacionais no último ano, foram para a China - ora, o que é a China no mercado do futebol? Darío Conca, de um clube muito importante no futebol brasileiro, também foi para a Terra do Dragão. Éverton Ribeiro e Osvaldo foram ganhar petrodólares nos Emirados Árabes Unidos; Anderson Martins foi para o Qatar.
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Se os clubes brasileiros vem contratando cada vez mais jogadores sul-americanos (apesar de ainda olharem pouco esse mercado diante do que ele oferece), o Brasil passou a perder jogadores até mesmo para clubes argentinos - algo impensável até o ano passado. Casos de Álvaro Pereira e muito provavelmente de Nicolás Lodeiro. 
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Precisamos nos livrar dessas crises. Um bom começo é entender os pequenos sinais que ela dá - e parar de achar que tudo vai se resolver como em um passe de mágica.
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