Eu já tinha visto o Vai-Vai no Anhembi uma vez. Foi em 2012, logo depois de um título. Um samba que não me agradava (como muitos na minha própria escola do coração), um enredo promissor que foi mal explorado, uma atravessada histórica de Wander Pires... mas a arquibancada lá ficou, firme e forte, apoiando a escola em sua Via Crucis - que, sabe-se lá como, ainda gerou um ótimo terceiro lugar para a Escola do Povo.
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A desconfiança, essa maldita, sumiu quando Maria Rita esquentou a escola com um excerto de "Maria, Maria", logo emendado pelo começo do samba-enredo - que, por sinal, era a parte onomatopéica do mesmo clássico da homenageada desse ano, Elis Regina.
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O nirvana durou alguns poucos minutos. Logo que o imenso abre-alas entrou na avenida era nítido ver o problema no primeiro carro acoplado. A desconfiança voltou. Eu cantava e me emocionava, claro, mas eu superdimensionei aquele fato. Tudo no Vai-Vai é superdimensionado, os fatos bons e os ruins. E eu já contava com a correria habitual da escola pra fechar dentro do tempo - algo que não aconteceu pela primeira vez em muitos anos.
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No ranking que sempre faço, a Vai-Vai era a terceira. Dependia de todo mundo canetar a Tucuruvi e os jurados não entenderem o complexo enredo da Rosas de Ouro. Foi mais ou menos por aí. No final das contas, foram pra Evolução a minha terceira e a minha quarta colocadas. O meu Vai-Vai e a Mocidade da bateria que mais pareceu uma metralhadora e não perdeu décimo nenhum de jurado nenhum.
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A desconfiança me fez comemorar menos, mas não deixou tudo menos emocionante. A passarela, que virou um arrastão, consagrou quem a levantou. Nem precisou não ser Vai-Vai pra chorar: quem era chorou também. O mais importante é que a nossa escola levou a taça.