Todos sempre alopravam os torcedores corinthianos graças ao fato do time nunca ter vencido uma Copa Libertadores da América. O dia 4 de julho, da independência americana, foi também a data da libertação de uma nação imensa, que pode, agora, colocar-se em pé de igualdade com seus rivais e sepultar seu mais antigo e temível fantasma. O passo-a-passo de como o Corinthians conseguiu isso é dado agora, em tópicos:
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A eliminação na Libertadores de 2011 para o Tolima
O clichê de que um ano começou no anterior nunca fez tanto sentido quanto nesse caso. Após a vergonhosa e inesquecível eliminação do Corinthians para o Tolima, a diretoria corinthiana decidiu manter o (muito) contestado técnico Tite para o restante do ano. Apesar da pressão inicial, a mostra de que a decisão fora acertada veio no final do ano, quando o Corinthians venceu o Brasileirão. O título sul-americano é a prova mais forte de que trabalho, planejamento, reconhecimento e paciência são as armas mais fortes que uma diretoria e um técnico podem ter.
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A superação da mística
Ao menos eu acho que existe uma força maior que a lógica mostrada em campo, as táticas desenvolvidas ou o esforço físico dos atletas. Nélson Rodrigues clamaria o seu personagem Sobrenatural de Almeida, e eu acho que é por aí. Acho que o peso da camisa influencia muitos jogos, e possíveis fantasmas também tendem a aparecer em horas de aperto. O Corinthians superou essa mística. Brilhando nos 6x0 ate o Deportivo Táchira e jogando com seriedade e muita eficiência, via-se o time com espírito vencedor - ao contrário das impressões derrotistas que o time deixou nas eliminações para o River Plate em 2003 ou 2006 ou na já referida eliminação ante o Deportes Tolima em 2011. Isso requer um trabalho psicológico incrível, e Tite é merecedor de todos os elogios possíveis novamente.
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O fraco Boca Juniors
É óbvio que o Corinthians mereceu a vitória. Mas a final deixou bem claro que o seu rival era infinitamente inferior a ele, e só chegou até a final graças a sua pesadíssima camisa. Embora tenha grandes jogadores (Riquelme, Santiago Silva, Roncaglia, Viatri...), o Boca Juniors não era nem um esboço perto do campeão Corinthians. Para ilustrar isso, basta lembrar a derrota por 2x0 na Bombonera para o Fluminense, ainda na primeira fase, e o 0x0 ante o fraquíssimo Zamora - pior time da fase de grupo da Libertadores e que só conseguiu esse ponto ao longo de toda a competição. Na segunda fase, o time teve muitas dificuldades para passar pelo Union Española nas oitavas-de-final e passou jogando pior que Fluminense e Universidad de Chile nas quartas e semifinais.
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Jogadores decisivos
A força coletiva do Corinthians é notável e indiscutível. Mas, quando isso não bastava, alguns jogadores assumiam a responsabilidade e decidiam. Quem fazia isso com maior regularidade eram Emerson Sheik e Danilo, que já fizeram gols importantes em outros times e adoram partidas históricas, marcantes e decisivas. Também é impossível não lembrar do gol de Paulinho contra o Vasco e de Romarinho contra o Boca Juniors.
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Torcida
Um time com histórico ruim na competição e que não tinha um grande craque em campo. A estrela do time, na realidade, estava na arquibancada. Se não confiava em um ou outro jogador (basta lembrar a saída de Julio César para a entrada de Cássio no gol corinthiano ao longo da Libertadores) ou em Tite, a Fiel cantava mais alto para incentivá-lo - e dava certo. Embora pressionado pela mesma, o time sabia que a torcida estava ao seu lado. O resultado foi visto no último apito da competição.
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Ficam as lições para quem quiser ter uma conquista heróica e se livrar de antigas maldições com a mesma maestria com que o Corinthians execrou seu mais pesado encosto.