sábado, 22 de setembro de 2012

Eu jamais faria o que Gilson Kleina fez

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Já falei aqui da minha admiração pelo técnico - mais precisamente do quanto eu andava admirado com o que ele fazia com a guerreira ("de paz e de guerra") Ponte Preta. Confesso que fui pego de surpresa quando ele aceitou a proposta feita pelo Palmeiras a ele. E, ah, quanta decepção eu tive com essa notícia. 
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Vale lembrar que antes do Palestra sondar fortemente Paulo Roberto Falcão e contratar o antigo técnico da Macaca, o presidente pontepretano, Sérgio Carnielli, disse que não liberaria Kleina de jeito nenhum. Pressionado pelas notícias, por uma equipe esmagadoramente mais histórica e pelo dinheiro envolvido na disputa, ele teve que ceder. 
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Gilson era, verdadeiramente, um rei em Campinas. Um homem trabalhador, carismático e inteligente que fez a Ponte voltar a figurar entre as grandes equipes do país e dar muito orgulho ao torcedor. Ele jogou isso no lixo saindo da equipe dessa forma, dizendo desde o primeiro instante que queria ir para o Palmeiras. Ele comentou que "queria dar um salto na carreira", e essa desculpa não me convenceu. O salto da carreira já tinha sido preparado ano passado, quando chegou-se a noticiar que ele havia assinado com o Fluminense. O tal salto ganhou força com o acesso pontepretano à série A do Brasileirão e com a incrível eliminação protagonizada pela Macaca contra o Corinthians em pleno Pacaembu, no Paulistão de 2012. 
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Essa campanha simplesmente avassaladora da equipe campineira era apenas a confirmação do salto, por assim dizer. Serviu para dizer que o Brasil já tinha mais um profissional competente no banco de reservas, capaz de fazer um planejamento exemplar, motivar seus jogadores e criar uma verdadeira família. Ele também mostrou que sabe formar um conjunto com peças pouco razoáveis e extrair o máximo de cada atleta. Um profissional praticamente completo. 
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Porém, não podemos esquecer que a Ponte Preta não tem a banca e o cartaz do Palmeiras. Não há a mesma pressão, não tem o mesmo clima de competitividade e tudo que é feito não é visto pelo grande público. Me pergunto se Gilson Kleina pode lidar com essa atmosfera totalmente nova e hostil.
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Se já tenho dúvidas sobre o quanto ele suportaria a pressão no Verdão, imagine agora com o time na zona de rebaixamento, 8 pontos átras do último time que não cai. É uma situação desesperadora, que nem um técnico campeão mundial foi capaz de aguentar por muito tempo - imagine o pobre Gilson Kleina. Se nem Felipão foi capaz de motivar e cuidar de tudo que o cercava, o que Kleina pode fazer ? 
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É óbvio que Gilson Kleina pode transformar-se num ídolo palestrino instantâneo e salvar a equipe - "ídolo" ? Creio que taria mais pra "milagreiro". Mas as chances de isso dar errado são muito maiores que as de dar certo, ao meu ver. Seria muito melhor pra ele ficar na Ponte até o fim do Brasileirão e aí sim ver o que fazer da vida. Seu trabalho estaria valorisadíssimo e não seriam poucos querendo contratá-lo, com condições muito melhores e capazes de lhe darem muito mais dinheiro. 
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Também vale lembrar que, historicamente, é muito mais difícil fazer um bom trabalho com a Ponte Preta do que com o Palmeiras, apesar da má fase do time verde nos últimos tempos - uma rápida visita às salas de troféus das duas equipes deixa isso escancarado. Que feito, Kleina ! E você colocou tudo a perder !
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Além dos erros cometidos por Kleina em instâncias que são de sua alçada, relembro de alguns fatos aqui. Hoje, o time do Palmeiras é muito pior que o da Ponte. A diretoria do Palmeiras é uma verdadeira vergonha, capaz de errar em tudo que faz e não ter um pingo de planeamento em seu sangue. Também existem fortes suspeitas de um "dedo-duro" que vaza qualquer problema pra imprensa dentro do CT do time, e as organizadas são capazes de quebrar o que verem pela frente em caso de resultados ruins. Creio que a torcida sabe que a culpa pelo desempenho vexatório da equipe é da diretoria, mas nunca se sabe o que pode acontecer com o Palmeiras. Basta uma alteração que resulte desastrada ou que a torcida não goste que a casa de Kleina cairá num piscar de olhos. 
Kleina deve enterrar sucessivos resultados espetaculares e um trabalho fora de série para cair para a série B por um time grande. O "salto na carreira", ao menos para mim, já foi dado, mas ele pode recuar novamente se não conseguir um milagre - e milagres são difíceis. Péssima decisão.
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