sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Árbitros: bodes expiatórios, fracos, malditos... mas corajosos.‏

>
Ontem acompanhei o grande jogo entre Seattle Seahawks e Green Bay Packers, que fechou a terceira semana da NFL. A partida foi definida em um erro abismal da arbitragem, que anotou touchdown (a marcação de pontos máxima no jogo) ao invés de uma interceptação (roubada de bola, que daria a vitória ao time adversário) tendo duas chances para corrigir o erro e todos os aparelhos eletrônicos disponíveis - no futebol americano, a regra permite a consulta a televisões. Eis que nada mudou, e o grande jogo acabou mesmo sendo decidido em uma lambança das zebras - apelido dos árbitros do esporte.
.
Como ficou claro, não é só no futebol da bola redonda que os árbitros erram, erram muito e erram lances absurdos. A grande verdade é que quem está lá para fazer justiça muitas vezes comete injustiças. Ora, eles são humanos, e humanos são falíveis, nada mais normal. A pergunta que muitos andam se perguntando é: eles estão errando demais ?
.
Creio que todos aqui concordam que sim - eu inclusive. Mas gostaria de pensar e propor um pensamento contrário: com tantas câmeras, tanta pressão, tanta coisa que cerca uma partida seja lá do que for, os árbitros não estariam sobrecarregados ? Poucos pensam nisso. Qualquer torcedor de arquibancada de qualquer esporte fala mal do centroavante que perde um gol feito, do pivô que erra um arremesso de dentro do garrafão, do oposto que erra uma paralela ou de um quarterback que erra um passe de cinco metros. O que os leva a errar, além de dificuldades técnicas e impossibilidade pontuais, é a mesma pressão que os árbitros de qualquer lugar sofrem. A diferença é que os atletas, no imaginário popular, são passíveis de erros, mas os juízes, os justiceiros de cada modalidade, não. 
.
A teoria faz todo sentindo e essa é a lógica. Mas... já repararam que todos os árbitros ficam no mesmo local que os atletas ? A visão de cada um deles tende a ser bem semelhante a de quem os contesta ou os apóia por motivos clubísticos. Creio que o primeiro passo para termos arbitragens melhores seria a adoção de juízes fora do gramado, com direito a aparatos tecnológicos capazes e o suficiente de julgar se uma bola entrou ou não ou se a cesta foi de dois ou de três pontos. Sem a emoção da quadra ou do gramado poderíamos ter decisões mais frias e racionais - e melhores.
Não preciso nem comentar sobre o quão urgente é a profissionalização de árbitros (falando de Brasil) para uma qualidade melhor dos mesmos - e de quem precisa de qualidade deles. Isso é óbvio e difícil é encontrar argumentos plausíveis (sem bobagens como "erros de futebol dão graça aos jogos") para quem defende os esportes em si. Isso, inclusive, ajuda a entender o porquê do referido erro no jogo de ontem - os juízes da NFL entraram em greve no começo da temporada e quem está apitando são os juízes das ligas universitárias. Isso não é motivo, mas explica porque os erros estão ficando tão frequentes na liga.
.
Mudanças nas arbitragens de todos os esportes precisam acontecer com alguma urgência. Se humanos são falíveis, a Justiça não pode ter tantos erros como estamos vendo. 
.
PS: comecei a escrever esse post na terça-feira e só consegui concluí-lo agora. De lá pra cá acabou o lock-out dos juízes da NFL e eles voltaram a ação. Na partida entre Baltimore Ravens e Cleveland Browns, os árbitros do jogo foram aplaudidos de pé pelo estádio, lotado. Quem diria !
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário :