quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Lembranças de um jornal

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Quando eu mal tinha ideia do que seria da minha vida e achava que ia ser um garoto gordinho pra sempre, um dos hábitos mais fortes do meu pai era comprar o jornal de sábado. E nunca falhava: ele sempre comprava o Jornal da Tarde. Por muito tempo convivi com o JT na minha casa, íntimo, me observando comer, ver televisão ou fazer qualquer prática cotidiana. 
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Apesar desse contato tão próximo, devo confessar que, naquela época, nunca gostei muito dele. Sabe-se lá porque, eu o achava meio chato e estranho. Nunca via o comum e o básico nele, que tinha poucas páginas e textos bem longos. Preferia a Folha de São Paulo e seus tradicionais infográficos, boxes e textos curtos.
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Com a separação dos meus pais, perdi aquele velho amigo de sábado. O deixei esquecido, pois, como já disse, não gostava da sua presença. Fui reavaliá-lo só quando entrei na minha faculdade de Jornalismo e comecei a conhecer um pouco mais da história daquele impresso curto, mas totalmente diferente. Subitamente, passei a admira-lo e recriminar a mim mesmo por todas as vezes que pude lê-lo com mais afinco e fiz cara feia. 
Hoje foi veiculada a última edição do jornal, após 46 anos de serviços (muito) bem prestados. Só eu que não o aproveitei, infelizmente. 
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