domingo, 18 de novembro de 2012

Menos Glee, mais música

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Na minha puberdade, os musicais limitavam-se a filmes e programas de televisão com pouco destaque na mídia. Eu conhecia por buscar informações variadas e sempre tentar buscar algo novo pra me entreter, mas, certamente, até meados da década passada o gênero musical estava em franca decadência.
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Tudo mudou com uma série de produções com bastante investimento (tanto na obra em si quanto em publicidade) que encantavam cada vez mais pessoas que não viam musicais. O grande boom do gênero para os jovens, entretanto, veio com o seriado Glee, que surgiu em 2009 e vai ao ar na Fox.
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Glee é, basicamente, o centro dos musicais mundo afora hoje. A série teve sucesso instantâneo e ganhou uma legião de fãs da mesma maneira. Do que já vi da série, o sucesso tem razão de ser: uma trama sólida (isso não quer dizer que seja boa), personagens marcantes e uma lista de músicas bem popular, que ficam ainda mais ao gosto dos jovens com as versões feitas pelo programa. 
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Em Glee, a música ganha uma nova roupagem, ganha outra aura, outra alma. E é justamente isso que me faz torcer o nariz pra série. A cara da canção é outra: tecnicamente ela é perfeita, com cantores afinados e arranjos na medida. Mas a música, antes de tudo, é humana. Muitas vezes, o que dá graça pra música é o grito a mais, o riff longo ou um instrumento se sobrepondo ao outro. Em musicais isso inexiste. É a música pré-fabricada, comercial e feita pra vender, sem alma nenhuma. 
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O maior exemplo recente de uma música que foi estraçalhada pelo modelo Glee foi a clássica Eye Of The Tiger, do Survivor. A faixa é mundialmente conhecida por ser tema do filme Rocky, que conta a saga hollywoodiana de um lutador de boxe. A versão foi feita antes da luta entre Wladimir Klitschko (ou Volodymyr Volodymyrovych Klychko), da Ucrânia/Ukraine/Ukrayina, e Mariusz Wach, da Polônia/Poland/Polska - luta que aconteceu em Hamburgo (ou Hamburg, ou Hamborg), na Alemanha (ou Germany, ou Deutschland). Vocês podem conferir a versão aqui.
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Ficou lindo, eu concordo. Mas a graça da música é a vontade de brigar que ela dá, a adrenalina, o nervo à flor da pele, o brio. Vendo o vídeo, tenho vontade de ficar sentado. É outra música, mais bonita e bem feita, mas que não me dá vontade de nada a não ser ouvi-la - pra mim música é bem mais que isso. É uma música sem alma. 
Existe gosto pra tudo. Não condeno quem prefira as versões Glee das músicas. Só quero que a alma prevaleça, e que muitos enxerguem que música é algo bem demais pra ficar preso no conceito dum seriado enlatado americano
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