sábado, 5 de novembro de 2011

Os reis da baixaria

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No dia cinco de Outubro, a revista Veja São Paulo trouxe como matéria de capa as polêmicas na qual o humorista Rafinha Bastos, famoso por ser um dos integrantes do CQC e por seus shows de stand-up comedy, havia se envolvido graças as suas piadas ofensivas. A mídia e o público trataram de condená-lo com toda a força possível, mas... será que não existe outro lado, ainda que bem menor ?
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A piada que causou toda a revolta foi feita sobre a cantora Wanessa, a eterna filha de Zezé di Camargo. Perguntado sobre a beleza da cantora, que está grávida, Rafinha disse que "comeria ela e o bebê". Veja o exato instante da piada, no programa CQC, aqui.
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A piada foi inegavelmente ofensiva, mas cabe várias intepretações diante dela. Reparem que Marcelo Tas faz a pergunta indagando sobre Wanessa, e não sobre o bebê. Logo, podemos pensar que Rafinha quis dizer que transaria com a cantora grávida, apenas - seu erro foi se expressar mal, e não criar qualquer tipo de controvérsia sobre pedofilia ou coisa do gênero. Pelo que vi, não são poucos os que pensam dessa forma, inclusive.
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Reparem também que a mídia coloca todo o foco da polêmica em Rafinha Bastos, sem falar de outros envolvidos no caso. Faço questão de trazer para o texto dois lados fundamentais da questão: a Rede Bandeirantes e a própria Wanessa.
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A TV Bandeirantes já teve seus dias de glórias nos anos 90, quando era famosa por suas transmissões esportivas e por sua cobertura política ampla. Hoje caiu demais em todos os aspectos, e são alguns poucos profissionais que a mantém viva com alguma qualidade. Tornou-se uma TV extremamente comercial, que fica refém dos (des)mandos de quem tem mais dinheiro que ela mesma. Boris Casoy, por exemplo, destratou os garis em um áudio vazado do Jornal da Band, e nada foi feito - para acobertar o episódio, Boris foi deslocado para o Jornal da Noite, e nada mais. Como os garis não tem grande representatividade comercial (ou alguém já viu um lixeiro, ou o sindicato da categoria, que seja, patrocinando algum programa ?), a Bandeirantes não se mostrou empenhada em punir exemplarmente o sionista, como fez com Rafinha. E foi um dos investidores, que movem a Band, investidores que começou com toda a polêmica.
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O nome do investidor é Marcos Buaiz, dono de uma das empresas que patrocinam o CQC, programa do qual Rafinha Bastos participa. Ele é, nada mais nada menos, que o marido de Wanessa Camargo e pai de José Marcus, filho do casal. Indignado com a piada (ele tem razão, afinal de contas é pai da criança e marido da cantora), ameaçou tirar seu dinheiro do programa caso o humorista não fosse demitido. A Bandeirantes tentou jogar panos quentes (apesar de suspender o humorista do programa) para não demiti-lo, mas o próprio Rafinha já solicitou à emissora que o demitisse, o que, ao menos por enquanto, ainda não foi aceito.
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Além de tudo isso, também temos que lembrar que Wanessa adora aparecer. Quando ainda usava o sobrenome Camargo do pai e rivalizava no cenário pop-romântico-juvenil-não-diz-nada com Sandy, outra filha de sertanejo (Sandy é rebenta de Xororó), a cantora concedeu uma entrevista polêmica para a revista Veja, na qual, entre outras coisas, falava que não era mais virgem - e que seu pai saberia da revelação pela revista. A "páginas amarelas" de Wanessa é, até hoje, a matéria recordista de comentários dos leitores. Agora, além de Wanessa e Marcos, a ação judicial contra Rafinha Bastos é também movida por João Marcus, futuro filho do casal que ainda nem nasceu. Não sei se a lei permite que um feto faça uma acusação desse tipo, mas, obviamente, é um fato que ganhou destaque na mídia.
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Sou defensor do humor sem censura, por achar uma tremenda hipocrisia querer calar alguém que faz uma piada que muitas vezes você daria risada. Aliás, essa é uma guerra antiga no humor. A matéria da Veja São Paulo dá voz para alguns outros humoristas que sofreram com polêmicas graças a piadas, como Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta, e Chico Anysio. Ora, eles tem alguma moral pra falar de um humorista às avessas com questões éticas ?
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Apesar de tudo isso, desaprovo várias atitudes de Rafinha Bastos. Certa vez, ao tentar ser entrevistado por uma repórter da Folha de São Paulo, ele mandou a jornalista "chupar o cacete" dele. Isso sim é falta de respeito, pra mim, por ser falado na cara e sem a intenção de se fazer humor. Lembremos que, se Rafinha Bastos transaria com Wanessa, ele a acha bonita, e não mal-educada, antipática ou mau-caráter. E quantos meninos não pensam e falam pros amigos que "comeriam tal menina", também... ?
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Há muita hipocrisia nessa história toda, não há como negar isso. Que todos os envolvidos reflitam sobre tudo o que fazem.
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