sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A fumaça já subiu pra cuca

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Um grupo de universitários fumava maconha nos arredores da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Outro grupo, de policiais, viu a cena e prendeu-os. Um terceiro grupo, também de estudantes, impediu que os colegas fossem levados e esses chamaram outros estudantes, enquanto os PM's também chamavam reforços. Um estudante jogou um cavalete nos policiais e começou o confronto entre os dois lados. Antes do feriado, dia 1 de Novembro, os estudantes, em assembleia, decidiram invadir a administração da faculdade.
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Verdade absoluta não existe, mas é mais ou menos isso o que iniciou tudo o que está ocorrendo a cerca de três dias na USP. Mas não é apenas isso que explica tudo. Há uma série de contextos que devem ser analisados, e uma série de ideologias por trás de tudo isso que não pode ser esquecida.
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Em Maio de 2011, um estudante da FEA foi assassinado dentro da Cidade Universitária, em ato que deixou em choque todos os uspianos. Após algumas pendengas, a PM voltou a frequentar o campus, em decisão polêmica.
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Cabe aqui o contexto histórico: a USP, bastião do pensamento de esquerda no país, seria protegida pela Polícia Militar, com clara identificação com a ditadura militar brasileira. Os choques entre militares e estudantes nos anos de chumbo eram frequentes (quando não aconteciam torturas e coisas semelhantes), e, de uma hora pra outra, militares começaram a entrar na casa esquerdista de novo. É óbvio que ia dar polêmica.
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Seis meses se passaram da morte de Felipe Ramos de Paiva e tudo parecia tranquilo na USP até o incidente citado acima. Demorou demais pra polêmica ocorrer, mas ela veio à tona. Cabe a nós discutir não só essa ocupação, mas a relação entre todos esses fatos.
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Se eu estudasse na USP, seria contra a PM no campus. Hoje em dia contextos históricos são desprezados e não se tenta chegar a uma solução criativa e inteligente para velhos dilemas. Bem a polícia militar que deve fazer a segurança na USP ? Não existe batalhão mais efetivo que a ronda e menos polêmico que a PM para o local não ? Não é possível fazer uma guarda especial para os universitários ? Temos que depender sempre das mesmas intituições para nos sentirmos seguros (isso quando nos sentimos, ou seja, raramente) ? Não acho a PM a melhor brigada de segurança que existe (aliás, está bem longe disso) graças aos seus meios de atuação e a corrupção que existe nela, e isso só corrobora pra minha opinião.
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Mas... o que os estudantes faziam fumando maconha, uma droga proibida por lei ? Diz a lenda que drogas são comuns na FFLCH, e muitos falam dessa característica da faculdade com todo o orgulho. Sou a favor da descriminalização de várias e várias substâncias, mas, por ora, ela é proibida. A PM é a culpada por cumprir a lei, então ? Por esse lado é um absurdo.
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Aliás, cabe aqui iniciarmos duas outras discussões: como universitários das mais diversas instituições tem um acesso tão fácil às drogas ? E... será que o protesto na FFLCH não tem um fundo de vontade de propor a descriminalização das drogas, também... ?
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A FFLCH é a faculdade mais de esquerda da USP, até onde sei. Socialistas tem alguma tendência a ser favoráveis ao consumo livre de entorpecentes - desde que se tenha vontade de usá-las, claro. Então, será que eles não tem o mínimo de vontade de propor a sociedade uma discussão maior sobre as drogas... ? É claro que posso estar sendo ingênuo demais e querendo justificar o que um bando de alienados fazem, mas é algo que eu me pergunto desde quando soube da ocupação. Por que não ?
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O triste mesmo é ver os manifestantes depredando o patrimônio público (ou seja, construído e mantido com o dinheiro de todos nós) pregando o que quer que seja com óculos Ray-Ban e blusa da GAP. Isso sim é bizarro e absurdo. Será que ele concorda com tudo o que os seus amigos falam, sobre distribuição de renda igualitária e etc, se isso atingisse os cofres de sua família, muito provavelmente com um sobrenome portentoso... ?
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Perguntas, perguntas, perguntas.
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