domingo, 15 de janeiro de 2012

Mulheres rycas

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Faz algum tempo que a rede Bandeirantes estreou o programa "Mulheres Ricas", que mostra o cotidiano de cinco paulistanas da mais alta classe social possível. Desde já, saibam que eu tenho ojeriza ao programa referido. Os motivos vocês entenderão agora.
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Val Marchiori, Narcisa Tamborindeguy, Brunete Fraccaroli, Débora Rodrigues e Lydia Sayeg exibem-se como podem no programa. É um festival de futilidade, achismos e uma eterna vontade de ser melhor que a outra. Ser mais rica, mais bonita, mas bem sucedida... é uma roda de ciúme e inveja. E, acima de tudo, é futilidade demais pro meu gosto.
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Qual a graça de gastar preços exorbitantes por algo comum ? Qual a graça de comprar um avião de R$30 milhões pra ir pra Paris sem escala ? Se essa é a diversão de pessoas ricas, prefiro permanecer na minha humildade. As mulheres do programa perderam o valor do dinheiro, fazem o que lhe dá na telha. Dão sorte de conseguir tudo o que o dinheiro pode comprar, mas seriam pessoas mimadas e que não cresceriam na vida por seu perfil.
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Muitos também chamam o programa de reality show. Não, não é. Não há provas, é apenas um documento fiel da vida e do cotidiano delas. A alcunha de "docomentário" é muito mais apropriada, já que elas não alteram em nada seus dias de luxo, riqueza e futilidade.
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A produção também se encarrega de deixar o programa ainda mais desinteressante. Não se explora a capacidade de se fazer algo diferente com elas, como opiniões sobre livros ou lugares que eles nunca frequentaram ou frequentariam. A intenção não é colocá-las ao ridículo, mas sim mostrar que ninguém pode ser tão fútil quanto parece. Ao apenas propagar o modo de vida AAA das mulheres e o acesso ao dinheiro, a TV vira uma arma para que pessoas queiram enriquecer a todo custo. A forma caricatural do programa explica o porquê do título do post, com o "ryca", algo igualmente caricatural usado em redes sociais.
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Apesar de tudo isso, sou contra as críticas feitas pelos meios de comunicação. Os jornais estrangeiros Daily Mail e The Guardian comentaram que o programa "representava um deboche das desigualdades sociais do Brasil". Não, isso é mentira. O Brasil sempre teve uma classe altíssima, que sempre foi assim e que nunca ligou muito para os menos favorecidos economicamente. Já o Observatório de Imprensa considerou o Mulheres Ricas "uma afronta aos pobres brasileiros". Por quê ? Documentários que exploram a vida simples e quase miserável pipocam por aí com uma frequência incrível, mas é raro alguém fazer um programa sobre a classe AAA. E, outra: as classes sociais mais baixas pouquíssimas vezes são citadas ao longo dos programas. A intenção retratar os ricos, nada mais.
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Falta tudo para Mulheres Ricas ser um bom programa, ao menos pra mim. Sobra futilidade, falta alto que desafie o meu cérebro. Falta qualidade.
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