Terça-feira foi mais um dia de frenesi nas redes sociais: era o dia de estreia da décima quinta edição do Big Brother Brasil. Os que não gostam criticavam o programa, enquanto os que gostam defendiam que ver o reality show não tornava ninguém menos desprovido de inteligência, digamos assim.
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É embasbacante pensar que estamos em 2015 e tem gente que acha que ver tal programa é algo de gente burra, enquanto não vê-lo define uma pessoa como inteligente. Eu bem pensava que essa lógica determinista tinha ficado na Idade Média, mas, infelizmente, me parece que todos os pensamentos medievais resolveram explodir nos últimos tempos.
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Eu adoro BBB, assim como adoro carnaval e futebol. Você que me lê deve me achar um completo jumento após ver isso, mas nunca fiz questão nenhuma de esconder minhas preferências. Não acho que sou pouco inteligente por isso - aliás, apesar da minha notável insegurança, sei bem que passo longe de ser um boçal.
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Também vale citar o apresentador do programa para destacar o quanto a afirmação dos detratores do BBB é falsa. Pedro Bial foi (não sei mais o quanto a definição de jornalista se aplica a ele) um grande repórter, capaz de ser destacado pela maior emissora do país para cobrir o fim da União Soviética e a queda do Muro de Berlim. Isso tudo além de apresentar o Fantástico e participar de saraus. Seria ele um ignorante?
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Um participante é a exceção à regra, mas vale a citação: Jean Wyllys é, hoje, um dos maiores defensores de minorias étnicas na política brasileira. O deputado federal pelo PSOL ganhou popularidade ao vencer a quinta edição do Big Brother.
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Falo por mim: eu gosto de ver como pessoas que não se conhecem se relacionam em situações tão sui generis como as que o BBB proporciona: sem poder sair; expostos a várias situações do jogo e proporcionadas pela produção (por mais que por vezes elas irritem) principalmente. Isso não me impede de ter um quarto repleto de livros - a grande maioria de não ficção; assim como não me impediu de me formar sem nenhuma matéria por recuperar e tirar dez no meu Trabalho de Conclusão de Curso.
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Acho bem estranho, também, ver que quem critica o programa usa as redes sociais para fazer isso. Ora, o Big Brother é coisa de burro, mas o Facebook e o Twitter são antros de extremo conhecimento, não? Conhecer os participantes da casa é ter uma vida vazia, mas dar RT ou compartilhar na timeline um status qualquer do Hugo Gloss ou do Luscas são atitudes de um gênio. Vai entender.
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Há também o curioso caso de quem diz não gostar, mas está mais por dentro do reality show do que muitos que se dizem fã do programa. Esses sim são os grandes desprovidos de intelecto, já que a audiência e a posterior repercussão do que acontece no BBB apenas justifica a atenção que o programa recebe do público, da mídia e dos anunciantes que o bancam.
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Não sei de onde veio essa ideia de que o BBB emburrece. Mas me parece que quem a difunde não é das pessoas mais inteligentes.