segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Mais um deposto

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Se ainda não caiu, Muammar Kadafi está bem próximo de ver seu sistema feudal ir pelo ralo. Após quase 42 anos no poder, o líbio está prestes a ser mais um ditador do Oriente Médio a sair do poder à força. É claro que intervenções militares de entidades supranacionais não são a melhor forma de vê-los fora do comando duma nação, mas o sistema autoritário imposto por ele não dava brechas para que isso ocorresse de outra forma. Que assim seja, então.
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O movimento conhecido como " Primavera Árabe " teve seu estopim no início desse ano, com os protestos egípcios contra o ditador Hosni Mubarak, que, após agonizar durante um tempo, caiu. O movimento, porém, é muito mais antigo, tendo como movimento pioneiro os protestos no Irã ( marcados via twitter ) que questionavam a legitimidade da eleição que reelegeu Mahmud Ahmadinejad como chefe do executivo do país.
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As redes sociais, aliás, tem papel fundamental nesse processo. Com a globalização cada vez mais chegando ao mundo cibernético, sendo twitter e facebook os mestre-sala e porta-bandeira disso, o Oriente Médio pôde, com muito custo, passar a enxergar o mundo com outros olhos, apesar de toda a censura dos governos.
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Depois do Irã e antes de Mubarak tivemos Ben Ali caindo na Tunísia, Abdelaziz Bouteflika anunciando o fim doe stado de emergência na Argélia, Qaboos bin Said Al Said aumentando o salário mínimo em Omã, Ali Abdullah Saleh falando que não concorrerá nas próximas eleições do Iêmen, mudança de governo na Jordânia e protestos menores na Mauritânia, Arábia Saudita e Líbano. Depois da martirização da egípcia praça Tahir, ainda tivemos as reformas de Bashar al-Assad na Síria, Nouri al-Maliki se retirando do cenário político iraquiano e Hamad bin Isa al-Khalifa prometendo a soltura de presos políticos no Bahrein. Ainda tivemos manifestações na Palestina, no Marrocos, em Djibuti e no Kuwait.
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É um grande passo, é verdade, mas devemos lembrar que a luta contra governos autoritários, que tudo podem e tudo fazem está longe de terminar. Basta lembrar que, antes da queda de Kadafi e Mubarak, dos dez presidente a mais tempo no poder, nove estavam na África ( a saber: além dos dois já citados que caíram, José Eduardo dos Santos, em Angola; Theodoro Obiang Nguema Mbasogo na Guiné Equatorial; Robert Mugabe no Zimbábue; Paul Biya em Camarões; Yoweri Museveni em Uganda; Blaise Compaoré em Burkina Faso e Omar Hassan Al-Bashir no Sudão ). Seja por falta de democracia, abusos de ordem política ou violação aos direitos humanos, todos tem seu governo contestado, de alguma forma.
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Seja como for, é importante que todos tenham liberdade de expressão, para contestar o que acham errado, e que a democracia seja respeitada. Para isso, é necessário tirar mais esses fascínoras do poder e não só Kadafi, mesmo que ele seja o principal estandarte dessa estirpe calhorda.
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