terça-feira, 22 de setembro de 2015

Notícias incríveis de hoje

Minha intenção com o Santa Zona nunca foi fazer um emaranhado de notícias quaisquer - se eu quisesse isso eu fundava um blog de hard news ou abria um indexador de páginas de jornalismo. Mas, em alguns dias específicos, é necessário largar algumas análises mais profundas e passar a limpo determinadas notícias que você lê por aí. 
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Criticar o meio no qual você trabalha é algo importantíssimo (ainda mais quando esse meio é estritamente corporativista), é como refletir sobre o seu papel na sociedade. E, hoje, foi um dia tristíssimo para quem tem o mínimo contato com as redes sociais. Algumas notícias que viralizaram na internet hoje querem driblar o bom senso - mas, infelizmente, são verdade.
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Vamos a elas:
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O cenário para a Prefeitura de São Paulo é nefasto. João Dória Jr., Celso Russomano, Marco Feliciano, Bruno Covas... José Luiz Datena é só mais uma dessas aberrações que o cenário paulistano trouxe. Pior que vê-lo cogitando a candidatura é vê-lo efetivamente candidato. O partido escolhido (o PP de Paulo Maluf) combina muito bem com a cara "ROTA NA RUA" da legenda - e é deplorável, inclusive. Um prefeito que acha que os policiais militares são heróis seria trágico demais. De tudo, acho que o mais absurdo é ter um candidato que aparece todos os dias na televisão aberta e na rádio e acha que isso não vai influenciar sua votação - aliás, é insano pensar como isso não é proibido pela legislação eleitoral.
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Entrevistar um lutador de MMA e ter como manchete o casamento gay não é uma boa escolha se você quer ser levado a sério - e, bem, eu acho que esse é o caso d'O Globo. A situação fica ainda pior quando você vê a ~entrevista~ em questão. Três perguntas: uma falando sobre o tratamento de testosterona que foi proibido pelo UFC; a segunda sobre a abstinência sexual antes de lutas (com direito a um clichêsissímo "Eu não faço sexo, faço amor"); e a terceira, COM UM GANCHO COM A QUESTÃO ANTERIOR, sobre o casamento homossexual. 
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De tantos e tantos congressistas boçais que temos, Jair Bolsonaro é o que mais se destaca por sua imbecilidade. Vou poupar todas as histórias desse terrorista acéfalo e sugerir uma visita ao Tumblr A História de Bolsonaro. É mais fácil.
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Pois é. Geraldo Alckmin, o governador que ignorou uma série de relatórios falando do caos hídrico em São Paulo e é responsável direto pela situação, ganhou um prêmio por tudo aquilo que não fez - como se tivesse feito. É vergonhoso. Pela lógica, o Estado Islâmico vai ganhar o próximo Nobel da Paz.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Precisamos falar sobre refugiados

A foto que correu o mundo fala por si só - a criança morta na costa turca do Mediterrâneo; e eu recomendo que você só veja a foto se tiver o coração forte, já que a imagem não tem imagens fortes, apenas símbolos tristes e chocantes demais.
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Créditos: Pragmatismo Político/Reprodução
Também não quero (ao menos com esse texto) entrar no mérito da discussão jornalística sobre o tema, tampouco na veiculação ou não da foto que mostra o garoto - discussão muitíssimo pertinente, aliás; e é bom ver que, ao menos nesse caso, a imprensa mais acertou do que errou, até onde sei. A questão aqui é outra, mas que também passa pelo jornalismo (aliás, é condição de existência da mesma): as causas humanitárias.
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Existem muitos fatos associados a essas causas que você não deve conhecer. Aliás, existem muitos fatos por aí que você não conhece. E são justamente esses fatos que colaboram para o crescente aumento de refugiados mundo afora. Ok, o Estado Islâmico é um deles e esse você deve conhecer, mas você não deve saber (ou talvez nem se lembre) que a Síria segue em guerra civil, que muitos países do Oriente Médio restringem a entrada de refugiados e que países como Líbia e Somália têm um governo oficial apenas na prática. Isso sem falar na fome, no Ebola, em outras tantas doenças, na falta d'água ou de saneamento básico. Coisas básicas, mas que milhões de pessoas no mundo não dispõem - e são pessoas miseráveis desses locais que compõem o imenso contingente de refugiados mundo afora.
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Esses são problemas políticos, não tenha dúvida. Mas a discussão sobre abrigar quem é vítima dessas mazelas sociais é algo muito maior que a política. Não existe direita ou esquerda, liberal ou conservador. Existe cidadania, respeito e amor ao próximo. Países escandinavos (meu modelo de sociedade ideal) oferecem abrigo a refugiados - como a Islândia e a Suécia
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Créditos: Angop/Reprodução
A Alemanha, maior força econômica da União Europeia, também se destaca nesse aspecto. Mais do que números, a sociedade aceita os refugiados. Na última rodada da Bundesliga (o Campeonato Alemão), as torcidas de Borussia Dortmund, Werder Bremen, Bayern e Hamburgo levaram faixas para os estádios dando boas-vindas aos novos habitantes - os bávaros foram além, oferecendo abrigo, comida e aulas de alemão. A causa dos desamparados é uma das principais do St. Pauli (da segunda divisão alemã, que conta com adeptos muito ativos em prol de minorias) há tempos, também.
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Há, porém, péssimos exemplos. O leste europeu tem na Rússia um dos países mais racistas da Terra, enquanto a Hungria tem políticas confusas e a República Tcheca chega ao cúmulo de construir campos de refugiados. Fascismo puro.
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A conversa fascista de que eles vão roubar empregos e etc é tão absurda que não cabe nem discussão, apenas resposta: refugiados não recusam empregos, se esforçam para construir um lugar melhor para o próximo, cuidam do pouco que tem e são extremamente gratos aos que os ajudam. Uma prova viva disso é o documentário SP Créole, que foi o Trabalho de Conclusão de Curso de duas amigas da minha sala (Débora Mayumi e Pamela Passarella) sobre haitianos que vivem no Brasil - movimento migratório que tomou força após o terremoto que devastou o país em 2010; e sim, o problema é mundial, não apenas com destino à Europa.
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Créditos: Umit Bektas/Reuters
Você, descendente de italianos, portugueses, japoneses, espanhóis, árabes, de várias etnias negras ou qualquer outra nacionalidade talvez não saiba que o seu primeiro antepassado a pisar no Brasil queria viver dignamente e/ou melhor - assim como haitianos, bolivianos, chineses e coreanos, árabes na Europa ou afins. Você discriminaria seus parentes?
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Não existe nacionalidade maior que a humanidade, assim como não pode existir pensamento que não pregue o respeito ao próximo. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Provocações baratas e falta de respeito marcaram o aniversário do Corinthians

Primeiro de setembro é conhecido não só como o primeiro dia após o ano chamado de agosto: é também o aniversário do Corinthians, data celebrada por todos os torcedores da equipe. 
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Créditos: Carlos Augusto Ferrari/Globoesporte.com
O texto começa por aí: a data tem que ser celebrada pelos torcedores da equipe aniversariante. Fico me perguntando porque os torcedores rivais também tornam o aniversário o assunto do dia, com brincadeiras e mensagens até desrespeitosas - mal sabem eles que essa atitude ingênua apenas engrandece o oponente, talvez. Eu realmente espero que os leitores desse humilde blog tenham mais o que fazer da vida e não fiquem nessas provocação tão tola e pueril com os outros.
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Sendo assim, achei bonita a atitude do Palmeiras. Via Twitter, a equipe parabenizou o Corinthians:
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Ao dizer que os dois clubes formam a maior rivalidade do país, é claro que o clube mexeu em um imenso vespeiro. Ao menos para mim não é a maior rivalidade nem de São Paulo, mas isso é assunto para outra postagem. Provocação barata e desnecessária, óbvio. Mas isso não dá nenhum direito de ninguém desrespeitar a instituição ou os torcedores que a apoiam. 
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Foi isso que fez Daniel Perrone, blogueiro que acompanha o São Paulo no Globoesporte.com. Ele retweetou a postagem do Palmeiras ironizando a mensagem, falando de uma "linda união homoeafetiva' - o tweet não será embedado para não fazer apologia de algo tão desprezível de um pseudojornalista que quer ser levado a sério. 
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Créditos: Cosme Rímoli/Reprodução
Isso é falta de respeito, pra começo de conversa. No meu mundo ideal seria crime - e levaria Perrone pra cadeia automaticamente. 
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Eu só não sei o que é pior: essa postagem tão infeliz ou a completa ausência de uma homenagem, por mais simples que seja, do São Paulo para o rival. Isso diminui o clube que pode vencer o ou perder para o Tricolor. A história de um é muito mais rica com a presença do outro como antagonista forte, abrilhantando cada título e/ou vitória ou vendendo caro cada derrota. 
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Digo sempre que o futebol é um grande reflexo de qualquer sociedade - no caso brasileiro, apenas novelas de grande audiência chegam aos pés do esporte nesse aspecto. O São Paulo mostra muito bem um grupo intolerante que se acha dono da razão em tudo - da diretoria e até mesmo boa de parte de seus torcedores. 
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Créditos: Paulo Favero/Estadão Conteúdo
Se a relação entre São Paulo e Palmeiras já não era tão amistosa nos tempos de Juvenal Juvêncio (ele provocava o Corinthians muito mais para tirar onda com Andrés Sanchez, então mandatário corinthiano que é seu amigo pessoal; sempre com respeito), ela tornou ainda pior com Carlos Miguel Aidar na presidência tricolor. Ele disse certa vez que o Palmeiras estava se "apequenando", logo após Paulo Nobre (presidente palmeirense) romper qualquer contato com o SPFC por conta de uma suposta má fé em negociações.
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Tanto os cartolas quanto o blogueiro não tem noção do quanto suas palavras e opiniões mexem com os torcedores - criando um clima de guerra, na pior acepção da palavra. 
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Em tempos de tanta intolerância, só temos a lamentar que até um simples aniversário seja motivo para faltar com respeito ao próximo.