quarta-feira, 25 de abril de 2012

Chupa Barça ?

Na atual série de insucessos do Barcelona, vejo muitos enchendo o peito pra falar coisas como "Chupa Barça, "Chupa Messi", "sempre soube que esse time era mequetrefe", "pipocaram demais" e etc. Isso mostra uma falta de conhecimento que me impressiona. É claro que qualquer um pode falar o que bem entender, mas, sendo bem sincero, eu entendo apenas o lado de quem torce para o Real Madrid. Talvez esses não saibam o quanto o Barcelona e a Catalunha sofreram com general Franco, que sempre ajudava o Real nos bastidores, mas tudo bem.
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São duas derrotas e um empate; um campeonato espanhol e uma Champions League perdidas. Trágico, traumatizante, ruim, é claro. Mas resultados não traduzem o futebol. O jogo envolvente do Barcelona cria quase uma nova concepção de futebol, que apenas eles sabem jogar. É algo mágico e fabuloso para todos. Quando podem assistir jogos da equipe culé, todos vão vê-los. Não porque eles são o Barcelona ou os campeões da Europa, mas porque sabem que ao menos um lance genial sairá da partida e, muito provavelmente, sairá dos pés de algum garoto que foi criado no próprio clube. É como se vivessemos novamente as histórias que nos contavam de Pelé, Zico, Garrincha e Maradona. 

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Ninguém em sã consciência falaria "Chupa Barça". O que esse time faz é algo totalmente diferente do que estamos acostumados, um futebol não visto na Terra em muito tempo. 
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Vou dar um exemplo: eu gosto de pensar "Chupa Manchester United". Eles são campeões como o Barcelona, um grande time como o Barcelona, mas eles simplesmente não jogam como o Barcelona, não encantam como o Barcelona. O Manchester é um time eficientíssimo, mas muito burocrático. 

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Nós temos tendências a torcer para zebras, para o lado mais fraco. É algo normal quando um time não é extraterrestre - me desculpem, mas eu continuo achando o que o Barcelona faz de outro mundo. Quando o Basel eliminou o Manchester United, eu gostei. Quando o Napoli tirou o Manchester City, eu também gostei. São resultados inesperados, mas nós sabemos o limite de futebol que veremos em campo. Com o Barcelona não é assim.
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Também acho engraçado ver uma das piores espécies de modinha: aqueles que torcem unicamente para quem ganha. Três semanas átras, esses falavam "O Barcelona é demais, jogam muito". Agora, falam a frase do título da postagem e já estão indo comprar sua casa do Bayern, do Real ou do Chelsea - mas essa só pode ser se for do Fernando Torres. Esses espíritos de porco não merecem o futebol do Barça mesmo. Aliás, eles não merecem nem o futebol.
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Para finalizar, termino o post com as palavras do meu amigo Daniel Bocatto, vulgo Alemão/Pirituba, torcedor palmeirense e culé:

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"Todos reclamam que o futebol está feio, as equipes só se defendem, não tem mais craques, ninguém investe na categoria de base. Quando aparece uma equipe assim, brilhante, com craques, futebol vistoso e que investe na base, o pessoal torce contra!"
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Vai entendê-los, Alemão. Vai entender...

O Iniesta madrileño - e blue

Em 2009, Barcelona e Chelsea fizeram uma das semifinais da Champions League. Estava 1x0 para os blues em Stamford Bridge e, no último lance do jogo, Iniesta acerta um chute de primeira na entrada da área que acerta o ângulo de Cech e classifica o seu time para a final da competição. Lance de cinema ? Não, como atesta esse link.
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Quatro anos depois, Barcelona e Chelsea voltariam a se enfrentar. O 2x1 momentâneo já dava a vaga ao time londrino, mas eis que, novamente no último lance, um jogador fecha o caixão espanhol. O algoz barcelonista, pasmem, era outro espanhol. Pior: ele nasceu pro esporte em Madri. Veja aqui todos os gols da partida.
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Esse é o tipo de curiosidade que um fã de futebol jamais se esquecerá. Que o Barcelona foi eliminado com direito a um gol de Fernando Torres, um naba que valeu milhões. Nós, amantes do esporte bretão, sempre compararemos os gols do El Niño e o de Iniesta. Ah, futebol...

Culhão, artilheiro, jogo feio e paciência.


Basicamente, são as palavras do título que faltaram ao Barcelona. É claro que é difícil exigir ainda mais desse time tão sublime, mas um time tem um futebol mais vistoso quando ganha. Nem todos que ganham são vistosos e não precisa necessariamente ganhar pra ser vistoso, mas vocês entenderam o que eu disse. 
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O Barcelona é um time experiente em qualquer tipo de situação, tarimbado e calejado, mas eu sinto que faltou algo contra o Chelsea. Tão acostumado a jogos decisivos, o time sentiu a pressão. Pela primeira vez na vida eu vi perplexidade no time culé, atonicidade na torcida e, pasmem, desespero. Após a partida, o técnico Guardiola disse que "faltando 25 minutos para acabar o jogo, só restava ao Barcelona rezar". Pep, você não é disso. Seus jogadores também eram acostumados a entrar e fazer seja lá como fosse um gol salvador. 
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Talvez o momento emocional da equipe tenha prejudicado, já que os últimos sete dias trouxeram trém resultados péssimos para o Barça. Mas, mesmo assim ver o jogo na Catalunha mostrava a apreensão da equipe blaugrana, algo que eu não estou acostumado a ver. Sei que ninguém é de gelo (talvez o Kimi Raikkonen da F1 seja, mas enfim), mas não imaginava ver jogadores tão assustados e nervosos.
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Também faltou paciência. O Barça rodava a bola, como sempre, mas eles não faziam isso tranquilos. Sentiram como nunca antes a pressão do resultado, e esse toque de bola não diz muito sobre a quipe. Em La Masía, CT culé, os jogadores são ensinados a fazer passes de qualquer forma desde sempre, e os catalães fazem isso quase que no piloto automático. Pra eles, é bonito e fácil, e isso não entra na nossa humilde cabeça. Ontem, toda a posse de bola barcelonista servia para esconder a apreensão. 
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Eu já vi o Barcelona resolver outros jogos, tão decisivos quanto, com um lance feio. Um chute de fora da área, um cruzamento, um lance confuso. Ontem, isso não aconteceu. Tivemos chutes de fora da área, tivemos cruzamento, tivemos lances confusos. Mas nenhum entrava. Acontece, não é mesmo ?
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Por fim, ontem faltou um artilheiro. Messi sabe fazer gols como ninguém, mas não vem em fase tão boa. Sánchez e Fábregas ainda não jogaram o que podem na equipe catalã. Villa me parece estar contundido. Tello, Pedro e Cuenca ainda saem das fraldas. A bola, que precisava dum centroavante que, nesse time de Guardiola, não tem vez, sempre rodou a meta de Cech, sem sucesso.
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Pode ter feito uma temporada não tão brilhante como as anteriores, mas esse time do Barcelona sempre será pra mim a melhor equipe que eu já vi jogar. Todos os elogios que sempre fiz ao time permanecem intactos, a despeito da atual fase do time. E não venham você gritar "Chupa Barça" pro meu lado, pois você não será ouvido.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Os dois melhores anos da minha vida, graças a você

Quando eu, pirralho de tudo, via casais comentando sobre quantos anos estavam juntos, pensava "como alguém pode aturar tanto tempo outra pessoa ?". Na realidade, eu pensava isso até pouco tempo átras, eu não era mais tão pirralho assim. Pensava isso, mais precisamente, até te conhecer.
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É incrível ver como você mudou meu pensamento, minha forma de enxergar o mundo e a minha vida. Bastou eu começar a conversar contigo para me sentir cativado como nunca antes, me sentir conectado a você duma forma que até hoje eu não sei explicar. Não era paixão, logo de cara eu sabia. Era amor. Mas, sinceramente, hoje eu vejo que é muito mais que isso. Também sei que não é dependência, pois essa palavra, ao menos pra mim, tem uma carga negativa. Mas é uma vontade estar junto, querer beijar e abraçar a todo instante que eu não consigo mais guardar só para mim.
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Sei que essa data tem definições diferentes para nós. Para mim, é o começo de tudo, do nosso namoro. Para você, é a data do nosso prieiro beijo. É importante para nós dois, mas tem lá suas diferenças. 
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Que casal nunca brigou ? Que casal não tem suas histórias que levaram um tempo até ser resolvidas ? Isso nos torna um casal como tantos outros que vemos, mas eu sinto que nós somos diferentes. Não só porque nós fomos criados da mesma maneira, mas também porque coisas que são comuns para outras pessoas são inaceitáveis para nós dois - e eu agradeço por você partilhar dessa opinião comigo. Bem como coisas que parecem ser de outro mundo para outros casais são comuns para nós dois - e, novamente, nós dois sabemos que isso nos faz bem.
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Há dois anos átras, quando nós nos beijamos pela primeira vez, eu queria demais que aquilo evoluísse para um namoro sério. Evoluiu, evoluímos. O que eu sabia, independente disso ou não, é que eu não ia deixar nunca de te amar se você me desse uma oportunidade para mostrar que eu valia a pena, porque, não sei como, mas eu tinha ciência que você era a menina certa pra mim, a garota que eu ia apresentar pra minha família dizendo "essa é a minha namorada", e, mais pra frente, vou falar pro mundo inteiro ouvir "essa é a minha mulher"
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Dois anos... e eu ainda lembro com uma riqueza de detalhes impressionante daquele dia. Lembro da Fabi me falando que o Frutaska não abria, que você disse que queria voltar pro Cubanos, lembro que foi às 21:19h que nós nos beijamos. Lembro também que os bancos estavam molhados na pracinha do Centro Digital, e como lembrar do "aparece lá em casa", surpreendente, da sua mãe ? Ah, aquela noite ! Tão pioneira, tão pra história ! Eu nunca vou esquecer de todos aqueles momentos, que, eu sentia, iam ficar pra sempre. 
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Obrigado por todo esse tempo, por me ensinar tanto, por me deixar fazer parte da sua vida. Tenho meus desejos, sei que você também os têm, mas, com o passar do tempo, realizar-mos-emos, um a um. Já realizamos desejos demais nesses dois anos, e assim vamos indo. Te amo demais. =)

Sem cabelo - e em Pânico

Eu respeito demais o Pânico. Via demais o programa quando ele começou, mas parei há muito tempo átras, a vários anos. Mas respeito um programa que consegue rivalizar com a Globo na RedeTV! e ultrapassa a emissora carioca na Bandeirantes. Se é ruim ou se é bom não me importo nesse momento, até porque a televisão aberta brasileira tem um nível lastimável, em geral.
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No último domingo, causou um reboliço que a muito eu não via na TV nacional o corte de cabelo da Panicat Babi. Ela despediu-se de suas longas madeixas louras ao vivo, passando a máquina zero no ar. Não sei porquê ela fez isso e não quero me ater a esse ponto, fico na repercussão imeadiata que o programa causou. Na realidade, uma consequência que vem tornando-se muito comum na sociedade cibernética: a viralização de um fato e um contraponto por meio das redes sociais.
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Uma imagem que foi compartilhada diversas vezes via Facebook diz que "a gente sabe que o país tá na merda quando o corte de cabelo de uma Panicat repercute e causa mais revolta do que esquemas descarados de corrupção".
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Obviamente eu concordo com a imagem. Mas me incomoda ver essa viralização toda, duma hipocrisia que chega a ser berrante. Será que as pessoas que compartilham a foto sabem de todos os esquemas de corrupção ? Será que essas pssoas lêem o noticiário político ? Será que elas lembram em quem votaram nas eleições de dois anos átras ?
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Vou além: será que essas pessoas não vêem o Pânico ? Será que esses lindos paladinos do bom conteúdo da TV brasileira não dão risada com as palhaçadas do programa ? Será que essas pessoas são eruditas ao ponto de só postar mensagens de mobilização popular em seu mural no Facebook, sem nenhum entretenimento ou lazer qualquer ? O que será que essas pessoas agregam em conteúdo para a sociedade como um todo ?

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O Pânico não liga se vocês falam bem ou mal, se criticam ou elogiam. O programa, aliás, é um dos poucos que sabe usar a internet a seu favor, e seu nome está muito mais atrelado a comunicação que a televisão. Se eles perderem o programa eles saberão se reerguer por meio da internet. Emílio Surita acha graça de vocês que citam o programa de ontem e compartilham fotos de repulsa. 
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Outra coisa me incomoda: esses justiceiros de meia tigela que falam que a piada foi ofensiva e que agrediu as pessoas que tem câncer. Sem demagogia, amigos. Eles não quiseram e nem atacaram ninguém. Eles fizeram isso pra aparecer, simples. Isso é humor, e nenhum tipo de humor deve ser censurado.

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E, claro: a televisão é regida pelas leis do dinheiro. Quanto mais falam, mais vêem, melhor para o Pânico. Aliás, é engraçado ver que várias pessoas odeiam o programa e sabem todos os quadros que vão ao ar.
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Não sei vocês, mas eu não aguento hipocrisia e falso (e põe falso nisso) moralismo. Claro que eu não poderia me calar nesse caso. 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Você salvou o meu dia

Sabe amor, o meu dia não foi bom. Vi um filmes espetacular em uma das aulas, mas o efeito dele logo passou. Não tive nada que me estimulasse lá. Meu desempenho no trabalho ficou bem aquém das expectativas, sei lá porquê. Dia ruim, né ? Não, bem longe disso. Mais que saber o porquê, você é o motivo do porquê.
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É muito mais do que te ver alguns minutos. Só de te ver sorrir eu já fico feliz, imagina te abraçando, te beijando, conversando com você. Você me faz um bem inestimável.
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Mas não escrevo só graças a hoje, muito menos estou feliz apenas por hoje ou pela nossa história. Desde sábado, quando sepultamos mais fantasmas na nossa história, eu sinto que nada nos separa. Como eu disse, eu posso falar o que for, mas é você com quem eu vou lidar e de quem estamos falando. Ou seja, eu nunca vou desistir de você ou te abandonar.
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Hoje, especificamente hoje, a vontade de falar que te amo ultrapassou a nossa conversa e ganhou a rede. Mas não só especificamente hoje, ela é muito maior que conversas, redes ou qualquer coisa que o ser humano saiba que existe.
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Já disse que você é tudo pra mim ? (:

terça-feira, 10 de abril de 2012

Menos política, (muito) mais você

Hoje, quando você me disse que eu deveria parar de falar de política aqui, eu fiquei intrigado. Você ainda lia o meu blog ? Você se interessava por esse canto jogado na internet ? Fiquei surpreso, confesso. Agradevelmente surpreso.
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Quando ri e perguntei sobre o que você queria que eu falasse, tive certeza que você lia mesmo o meu blog. A resposta foi tão espontânea, natural e sincera ("sei lá, fala sobre João e Maria") que não tinha como negar que era você. A resposta era você, simplesmente. Suas palavras te descreviam, mais do que nunca.
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E eu pensei comigo o dia inteiro, antes de colocar meu pensamento em palavras: precisaria falar mesmo sobre João e Maria ? Concordo que andei falando demais de política aqui, por querer dar a minha opinião sobre um fato que julguei interessante aqui, mas... agora, acabou. Agora é você. Por que João e Maria ?
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Nós não precisamos de nenhum conto de fadas para nos descrever. A nossa história em si já é um conto de fadas. Quantas vezes não sorrimos, choramos, rimos, brigamos, conversamos, discutimos... ? Quantas vezes não falamos coisas da boca pra fora, ficamos bravos, nos abraçamos, nos beijamos ? Pra quê conto de fadas, amor ? Olha a nossa história !
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Muito me orgulho ao saber que escolhi a menina certa, seja como pessoa ou seja pra mim. Tudo que construímos é o motivo do meu sorriso, bem como tudo que ainda construiremos é o motivo pelo qual eu me viro na vida, porque eu sei que você tá guerreando no mesmo mundo e dum jeito totalmente diferente, mas tá lutando por mim, para mim e comigo, duma forma ou de outra.
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Não precisa de João e Maria pra descrever nada. Nós dois nos bastamos. Eu te amo.

domingo, 8 de abril de 2012

O Brasil que cai do Cachoeira

Nesse país tropical, abençoado por deus (...), e bonito por natureza, tem muita coisa errada. Creio que todo e qualquer canto tenha algo errado, uns mais e outros menos, mas não tenho a menor dúvida de que certos fatos e problemas são característicos do Brasil. Coisas que pareceriam surreais para um ET que pousasse no país e estivesse despido de qualquer estranha lógica partidária nacional, mas que aqui acontece - e, pior, é tão comum que ninguém liga muito.
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Em 2005, um vídeo ameaçava ruir o governo Lula, de grande aprovação popular. As imagens mostram Waldomiro Diniz, então assessor do ministério da Casa Civil, recebendo propina. Seria "apenas" mais um escândalo de corrupção (apenas trazendo para o contexto brasileiro, é claro), mas ele mexia num vespeiro maior.
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O ministério da Casa Civil é o mais próximo, politicamente, da presidência da República. Como se já não bastasse, a Casa Civil era chefiada por José Dirceu, nome histórico do PT e braço direito do presidente.
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O resto é história, e cada um sabe o que aconteceu, o que pensou e como se posicionou. Porém, sete anos depois, um desses nomes volta à tona, com tudo. E, o que é ainda mais chocante: financiando ainda mais dinheiro em escutas telefônicas para o "outro lado" da política nacional.
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Se antes era o PT, agora é o DEM. Carlinhos Cachoeira aparece falando com o senador ex-Democratas, comprometendo-se a dar dinheiro sabe-se lá para qual fim.
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No meu mundo ideológico-utópico, se uma pessoa está de acordo com o que determinado grupo faz, ele não se relacionará com o outro lado enquanto não houver uma ruptura grave dentro de seu partido. Não houve uma ruptura, não houve nada.
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Direto e reto, aonde eu quero chegar: se Cachoeira deu dinheiro para a situação e para a oposição, imagine quanta sujeira existe por aí e nós não nos damos conta ! Quantos Cachoeiras, que dão dinheiro à torto e à direito, para quem quiser, em troca de benesses políticas, não existem por aí ? Quantos políticos não fazem o que Waldomiro, Dirceu ou Demóstenes não fazem ?
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Todo mundo cai da cachoeira. Todo mundo caiu do Cachoeira, pro mesmo lago fétido. E nós devemos abrir o olho, e, sobretudo, nada contra essa corrente.

Cadê a política, Veja ?

Uma imagem vale mais que mil palavras: veja a capa dessa semana da revista Veja clicando aqui.
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Bonita, né ? Fala sobre o criador do Instagram, fala do transplante multivisceral... tudo muito bonito e lindo, que chama a atenção. E aí é que está o imenso problema da capa da maior revista semanal do país, e terceira maior do planeta.
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Ela simplesmente não falou do caso Demóstenes Torres. A Veja, que cooptou por muito tempo com a ditadura militar e com uma visão conservadora da política simplesmente omitiu o maior escândalo político que uma oposição já viu em muito tempo.
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A Veja já fez muito mais barulho por muito menos. Lembram-se da recente capa sobre José Dirceu, aonde a Veja consegue fazer uma matéria inteira sem declarações textuais, baseando-se apenas em factóides ? Pois bem, é ponto comum que ela praticou antijornalismo lá, e tal matéria ganhou a capa. Você já viu a revista se pronunciando a respeito da reportagem, dizendo que aquilo não era bem assim, por exemplo... ? Aliás, qual repercussão posterior o caso teve na mídia ? O que aconteceu com Demóstenes merecia um destaque bem maior na edição dessa semana.
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Também vale relembrar que a Veja denunciou o esquema do mensalão, em uma série de matérias que tiveram veracidade comprovada e, por isso, ganhavam ventilação quase que imediata na mídia, semana após semana. Ora, até mesmo um dos protagonistas do caso (Carlinhos Cachoeira), é o mesmo... por que o pouco destaque agora, Veja ? Só porque quem está na pior é um cumpadre ? Isso não é lá muito jornalístico, não ?
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A edição traz uma reportagem de duas páginas sobre o caso do senador ex-Democratas. Ou seja, ela traz algo, apenas não julga isso como algo relevante. Ora, se um senador que recebe dinheiro de um bicheiro para qualquer fim não é algo importante para o público eu já não sei mais o que é.
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Não quero aqui dizer que um perfil com o criador do Instagram não seja importante, nem que a cobertura do primeiro transplante multivisceral da história do Brasil seja peixe pequeno, longe de mim. Apenas me pergunto porque a Veja, que tanto fala de política (e sempre contra o governo), dessa vez, quando a situação não era favorável pra ela, resolveu escantear suas palavras. Irônico, não ?
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Mais um desserviço feito pela Veja, daqueles que só uma das publicações mais panfletárias do Brasil podem fazer por você - e pelo péssimo "jornalismo" que a mesma pratica.

Oposição, eu não te vejo mais

Ela já era fraca antes das últimas semanas. Agora, sem a presença de seu nome mais forte, a oposição brasileira agoniza. O escândalo envolvendo o outrora incorrompível Demóstenes Torres não tirou apenas sua filiação ao DEM, mas também ilustra o quão frágil é/está a oposição a brasileira - e como esse poço sem fundo parece não acabar jamais.
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No Congresso, a parte governista dá de lavada. Na Câmara dos Deputados, o governo conta com 326 cadeiras, enquanto a oposição leva 94. No Senado, enquanto a situação dispõe de 52 votos, seus adversários políticos contam com apenas 17.
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Em ambos os casos, o governo tem o triplo de votos que a oposição. Além disso, a minoria bate cabeça tentando encontrar um líder, uma voz forte ou um projeto de como bater de frente realmente com a situação, que tem ótimos números de aprovação popular. Nem mesmo as conhecidas (e escusas) movimentações políticas nos bastidores de Brasília parecem dar jeito no panorama político - muitas vezes, diga-se, parece que só piora.
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Não custa nada relembrar que durante o governo FHC quem é de situação hoje era oposicionista, e vice-versa. De 1994 até 2002 a oposição fazia barulho e sabia como agir, ainda que fosse derrotada na maioria das causas nas quais entrava de sola. Hoje em dia o cenário é bem diferente, muito mais parecido com uma massa homogênea, sem vozes críticas que bradam pelo bem, mas sim de pessoas que convergem para a mesma opinião por saber que sua voz não será ouvida e nem sairá vencedora quando tivermos algum debade prolífico.
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Não quero falar que o PT é melhor ou pior, nem que algum partido seja. Alerto a todos que uma oposição forte é algo realmente fundamental, para que determinado grupo não faça o que bem quiser com o país. E está claro que nós não temos uma voz contrária ao que vemos todo dia, hoje.

De McCarthy a Marcos Valério

Nos últimos tempos, caiu por terra a imagem daquele que era, talvez, o maior símbolo proto-oposicionista do Brasil. A oposição, que já era esquálida em força e praticamente inexistente na prática, tinha em Demóstenes Torres seu nome forte. Tinha.
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Ele, conhecido por sua careca reluzente e por sua fala forte e rígida contra a base aliada, passava a imagem dum homem sério, ético e sem desvio de conduta algum. Para solidifcar ainda mais essa imagem, ele era eleito por Goiás, a única unidade federativa brasileira que não é governada nem elegeu senadores da base aliada.
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Nas últimas semanas, porém, toda a sua imagem de centralizador da oposição ruiu. Ele foi flagrado em escutas com Carlinhos Cachoeira, famoso contraventor e bicheiro. Declarou-se amigo pessoal dele, mas disse que não pediu dinheiro em hipótese alguma. Novas escutas confirmaram que ele pediu capital para fins pessoais, e aí sua credibilidade foi por água abaixo. O presidente do DEM, José Agripino Maia, pediu sua desfiliação e, para evitar um stress maior, Demóstenes pediu seu desligamento da legenda. Disse que foi feito um pré-julgamento dele e que o senador não teve como defender-se ante seus correligionários.
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Não quero discutir nesse texto os motivos dele, e sim a sua antiga imagem. Provando novamente que, no Brasil, a imagem ainda é muito forte (sobretudo na política), todos foram pegos de calças curtas no caso. Não digo que ele era um bom ou mau senador, mas via nele uma capacidade de liderança contra o que parece hegemônico: a atual situação do Congresso. Muitos falavam que ele tinha chances de ser candidato à presidência em 2014.
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Pois bem, tudo acabou. Demóstenes, por ora, não tem mais partido, e sua posição firme será solenemente ignorada por um bom tempo. Ele, que era o Joseph McCarthy (senador norte-americano dos anos 50 que protagonizava uma verdadeira caça aos seus compatriotas que tinham alguma simpatia ao socialismo) transformou-se num novo Marcos Valério (financiador do escândalo do mensalão, em 2005). Até a careca aproxima os dois brasileiros.
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A oposição perde seu nome mais forte, e o governo dá risada da situação na qual seus adversários políticos estão envolvidos. E o mar de lama na política nacional segue, esse sim, sem oposição nenhuma.

sábado, 7 de abril de 2012

Jornalismo: pensamentos, homenagens e parabéns

Eu queria ter escrito esse texto antes, mas não pude. O motivo é óbvio para quem conhece um estudante de Jornalismo: a infinidade de textos, leituras e tarefas que temos que fazer é imensa - boa parte delas, no meu caso, estavam atrasadas, aliás. Ser jornalista é isso, correr átras do prejuízo e mesmo assim ter tempo para fazer tudo dentro do prazo - ou do deadline.
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Vi muitas pessoas deixando pequenos textos, aqui e acolá, em redes sociais, parabenizando minha classe pelo seu dia. Certamente muitas outra mensagens viriam caso outros jornalistas, estudantes de Jornalismo ou admiradores da mais incrível das profissões estivessem na internet hoje. Ser jornalista também é isso: ter vontade de dar parabéns a quem merece, mas, antes de dizer, querer viver a história. Quem não falou nada a respeito está fazendo sua história e fazendo história por aí. Como culpar quem tem pensamento e atitude tão grandiosos ?
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Poderia muito bem pegar uma citação qualquer de alguém importante e falar "parabéns, jornalistas". Acho isso válido e acho ótimo relembrar alguém célebre. Mas eu sou tão apaixonado pelo Jornalismo que não me permito a isso. Essa carreira me domina tão totalmente que eu tenho, por uma espécie de obrigação moral comigo mesmo, escrever algumas simples palavras. Em retribuição a paixão que ela me faz sentir todos os dias, a todos os sonhos que ela já me proporcionou... a tudo. E, sabendo que essa cadeia de fatos é eterna, sei que ela ainda me deixará maluco, mas me fará ter uma vida na qual eu me sentirei plenamente satisfeito.
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Sei que existem muitos desvios de conduta, de ética, coisas feias sendo feitas na profissão... isso é inerente a qualquer segmento humano. Meu trabalho é lutar para que isso não ocorra perto de mim, pois eu sei que jamais vou me corromper. O Jornalismo não é menos bonito graças a isso. Eu apenas ganho mais um motivo para lutar contra quem mancha determinado grupo de pessoas.
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Obrigado, Jornalismo. Aos jornalistas, meus parabéns. E vamos em frente, porque a pauta é boa e o deadline tá aí.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pelo bem das organizadas

Quando eu falo que sou a favor das torcidas organizadas no futebol brasileiro, muitos me olham com espanto. "Você, uma pessoa inteligente e lúcida, é a favor das organizadas ?". Além do claro preconceito existente na frase (passível de prisão, diga-se de passagem), essa oração (que é muito mais comum do que todos pensam, diga-se) mostra o quanto as pessoas são enganadas e deixam-se enganar por uma série de fatores.
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Deixo bem claro aqui: é claro que torcedores organizados não são santos. Aliás, não existe santo numa situação tão delicada como a que atingiu essas instituições que lutam pelo bem do futebol no seu lugar mais sagrado - a arquibancada. Mas eles estão longe de ser os (únicos) culpados nessa história toda. O problema é bem maior do que a grande maioria pensa.
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Já elucidei alguns pontos aqui, e é sempre bom deixar a minha maior opinião sobre o futebol de hoje: a partir do momento que torcer para um time é, obrigatoriamente, odiar na mesma intensidade (ou com até mais afinco, às vezes) outra instituição, o conceito de esporte perdeu-se. Você não mais torce pelo seu, torce contra o do outro. Outro que trabalha, estuda e é pai de família. Há algo de errado nisso quando algo contrapõe duas pessoas com as mesmas características na sociedade.
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Pois bem, vamos aqui às minhas considerações, baseando-me, sempre, na realidade brasileira:
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As torcidas organizadas, em seu começo, foram criadas para acompanhar uma equipe em qualquer canto. E é até hoje assim, em seus princípios. Mas, bem como o montante de dinheiro investido no futebol, elas cresceram demais. Ao expandirem-se num ritmo frenético, seus novos integrantes não estão mais em sintonia com os valores da instituição como os representantes mais velhos. Hoje, ser de organizada é ser pit boy, ter fama de malvado e encrenqueiro quando se anda em bando, mas ser mais covarde que uma galinha garnizé quando sozinho, isolado e sem seus amigos cheios de anabolizantes para proteger o torcedor.
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O problema está na banalização da imagem das organizadas enquanto instituições violentas. Você já viu algum presidente de torcida organizada falando sobre os projetos sociais que a torcida faz ? Sobre seus ideais, histórias, grandes jogos... ? Apenas lembram-se das organizadas quando algo de ruim acontece. Ora, mas ela está lá quando o time joga a milhares de quilômetros de distância. É ela quem faz os gritos que todo mundo canta, dentro ou fora do estádio. Acabar com as torcidas organizadas seria, simplesmente, acabar com uma cultura secular do país, que faria o nosso futebol perder muito de sua graça por um bom tempo.
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É claro que eu sou contra quem mata outra pessoa por vestir uma camisa de cor diferente da sua. Mas eles são minorias. Não é em todo clássico que acontece algo desse tipo.
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A internet, essa maravilhosa ferramenta, também tem seu lado perverso. Com ela, é muito fácil encontrar um grupo de dementes que fiquem se batendo até a morte pra ver quem é o mais apaixonado, o mais homem, o torcedor do melhor time ou sabe-se lá o quê. Mas... ora, sabendo que a internet é quem aproxima esses boçais, algo poderia ser feito, não ?
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Tenha certeza que sim. A polícia deve fiscalizar a internet, sobretudo as redes sociais de torcidas organizadas e torcedores organizados conhecidos por serem arruaceiros. A atitude da polícia é reativa, e, assim, sempre fica em menor número ante os hooligans, não podendo fazer nada. Se se programasse, nada disso aconteceria. Mas ver a polícia, sobretudo a PM, errando não é novidade para ninguém, ainda mais em SP.
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Até por isso, mas não só por isso, acho que a PM deve ficar de fora da segurança em grandes jogos. Ver centenas de policiais destacados para os estádios e para suas imediações é um desserviço para a sociedade. Policial tem que ficar na rua, vigiando, fazendo ronda, e não correndo átras dum grupo de zé manés que se matam graças a um jogo. Imagine se todos os policiais que ficam nos arredores dos estádios estivessem em pontos conhecidos de tumulto e estações de trem, metrô e terminais rodoviários ? Todos, sejam torcedores ou civis sem envolvimento com uma partida, sentiriam-se mais seguros.
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Já passou da hora da segurança nos estádios e num entorno a ser estipulado pelas autoridades competentes ser feita por empresas particulares, bancada por preços com desconto pelas federações, a ser pago pelo clube mandante da partida. Isso é o mínimo que se pode esperar para que a paz volte a reinar no futebol nacional.
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Além dos próprios organizados e da polícia, coloco o dedo na cara de mais dois segmentos: a imprensa e os próprios clubes.
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Já falei no texto sobre entrevistas com os presidentes de organizadas - eles apenas tem espaço quando algo horrível está acontecendo, e isso é um erro grave de comunicação e desinformação. Além disso... você vê a imprensa falando o nome das torcidas ? São raros os comunicadores que falam, infelizmente. As organizadas precisam deixar de ser tabu, para seus méritos serem reconhecidos e para seus erros serem melhor julgados - sobretudo julgando os fascínoras que matam e roubam, e não generalizando isso para um grupo inteiro.
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Por fim, é lastimável ver o quanto os clubes associam-se às organizadas. Não tenho nada contra uma participação política das torcidas nos clubes (Andrés Sanchez, por exemplo, era de uma organizada do Corinthians e seu mandato fez do clube uma máquina de ganhar títulos e dinheiro - por mais que seu caráter seja questionável, pra ficar no que dá pra dizer aqui), mas deve existir uma reciprocidade entre torcedores organizados e não-organizados. Concordo que a carga de ingressos para a torcida visitante deve ficar apenas com as torcidas, mas facilitar a compra de ingressos, deixar eles participarem de festas como protagonistas e uma série de outras atitudes devem ser proibidas o quanto antes, para que o clube e os torcedores não organizados não sejam lesados e não saiam perdendo quando comparados aos que são de torcidas.
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Há muita coisa errada, isso é nítido. Mas enquanto o maior erro (o da generalização, da desinformação e do preconceito) não serem cortados pela raiz (e com urgência), todos sairão perdendo.