segunda-feira, 4 de maio de 2015

O que os estaduais significam para os campeões?

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Esse final de semana marcou o final da maioria dos campeonatos estaduais - ao menos os que tem equipes nas Séries A e B do Brasileirão. Cada torneio reflete sua província, portanto é um microcosmo dentro de si. Até por isso, cada torneio significa algo (e muito) para cada equipe campeã - seja por simplesmente mostrar força, seja por aspectos específicos de cada time. 
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Falar que os estaduais são chatos e a maioria é longa demais é clichê. Eu mesmo sou um ardoroso defensor desses campeonatos, mas quero a reforma deles. Seja como for, eles seguem importantes. A importância deles para cada um dos campeões segue abaixo:
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CAMPEONATO PAULISTA
Santos: a remontagem
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Créditos: http://migre.me/pIQLW
O Santos parecia tranquilo em 2014. Eis que o Peixe perdeu o Paulistão de forma dramática para o Ituano e se viu em meio a uma crise institucional e financeira imensa. Terminou dignamente o Brasileirão e perdeu vários jogadores importantes para 2015 - Arouca, Aranha, Thiago Ribeiro, Eugenio Mena, Edu Dracena, Leandro Damião e Rildo dentre os principais. De maneira absurda, o time demitiu Enderson Moreira enquanto estava invicto no Paulistão e manteve o interino Marcelo Fernandes para comandar atletas do calibre de Ricardo Oliveira, Robinho e Elano. O Santos não tem elenco (nem dinheiro) talvez nem para brigar pela Libertadores no Brasileirão, mas encontrou um time equilibrado e forte - o que já é muito para quem começou o ano cotado para o rebaixamento.
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CAMPEONATO CARIOCA
Vasco: a confiança
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Créditos: http://migre.me/pIQO9
O Vasco voltou à Série A vaiado pela própria torcida em 2014. Pior: viu Eurico Miranda, o mais nefasto cartola brasileiro, voltar à presidência. Isso quer dizer que o time cruzmaltino não vai correr grande risco de cair enquanto ele estiver no cargo - o problema vai ser quando ele sair, como 2008, Roberto Dinamite e as monstruosas dívidas mostram. Mas o time caiu no gosto da torcida - principalmente o sistema defensivo, com Martín Silva pegando demais no gol, Rodrigo seguro na defesa e nas cobranças de falta, Pablo Guiñazu encantando com sua raça, Rafael Silva como talismã e Dagoberto e Gilberto como dupla de ataque de impor respeito. O estadual devolveu a confiança aos torcedores do clube que não gritava "é campeão" no próprio estado desde 2003 - era a maior fila de um grande clube brasileiro nos estaduais.
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CAMPEONATO MINEIRO
Atlético: a mística
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O ano de 2012 marca a a volta da grandeza (até então adormecida) do Atlético Mineiro. O Galo ganhou o terceiro estadual em quatro anos de um adversário com muito menos tradição, mas que deu um trabalho fora do comum ao clube: a Caldense de Léo Condé, que tomou seis gols em quinze jogos - dois desses hoje. Mas, bem... o Atlético parece gostar do imponderável e não acreditar no impossível - o gol no final de praticamente todos os jogos decisivos que disputou de 2012 para cá prova bem isso. A final contra a Veterana provou mais uma vez a mística atleticana: gol com menos de quinze minutos para acabar a final marcado de joelho (e impedido) por Jô, que não marcava gols há mais de um ano. Erros à parte, isso que é sorte de campeão.
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CAMPEONATO GAÚCHO
Internacional: o protocolo. 
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De 2002 para cá o Internacional conquistou 11 Gauchões, enquanto o Grêmio ficou com três. O título vencido hoje marcou o pentacampeonato estadual do Colorado, que já comemorou um tetra entre 2002 e 2005. Ganhar o Gauchão virou rotina para o Inter, que se reestruturou demais com a virada do milênio, tem o maior número de sócios do Brasil e se reacostumou a levantar taças após grandes dificuldades nas décadas de 1980 e 1990. O título também vale muito para cada um dos técnicos: Diego Aguirre, o contestado uruguaio comandante colorado, venceu o ídolo tricolor Luiz Felipe Scolari.
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CAMPEONATO CATARINENSE
Joinville: a revanche
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O Joinville conquistou brilhantemente a Série B do ano passado e garantiu a vaga no Brasileirão - que jogou pela última vez em 1987. Mas ainda faltava algo para coroar o excelente momento vivido pelo JEC: o troco no Figueirense, que venceu uma tumultuada final estadual contra o clube do norte catarinense no ano passado. De maneira não menos tumultuada (uma pendenga judicial por conta da escação irregular do lateral-direito André Krobel pode tirar o caneco do JEC na terça-feira, no tribunal), o Joinville deu o troco no rival de Florianópolis (em um estado marcado pela rivalidade entre os clubes da capital e do interior) e conquistou o título que não vinha desde 2001. 
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CAMPEONATO PARANAENSE
Operário: a força do interior - e a história
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Créditos: http://migre.me/pIR4f
Há alguns anos o Atlético Paranaense disputa o estadual com uma equipe sub-23 - isso explica a fila desde 2009 do Furacão. Nos últimos dois anos, o próprio Coritiba passou a entrar com times mistos e reservas para a disputa do certamen. O resultado não tardou: após o tetra do Coxa, 2014 foi marcado pela volta dos títulos do Londrina em uma final contra o Grêmio, da cidade inimida de Maringá - maior rivalidade do rico norte paranaense. Em 2015 a tragédia foi ainda maior: o Atlético disputou o quadrangular do rebaixamento e o Coritiba avançou até a final - ambos com os times titulares. O que ninguém esperava é o título do Operário de Ponta Grossa, com um categórico 3x0 no Couto Pereira. O título do Fantasma também faz uma justiça histórica: o time tinha inacreditáveis catorze vice-campeonatos, mas o primeiro caneco veio só em 2015. 
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CAMPEONATO GOIANO
Goiás: a sequência
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Créditos: http://migre.me/pIRdi
O futebol de Goiás nunca teve dois grandes com destaque no cenário nacional. Até a década de 1960 quem mandava no estado era a dupla Atlético e Goiânia, mas sem destaque no restante do Brasil. A década de 1970 fez surgir o Vila Nova, que passou a alternar bons momentos com o Goiás a partir da década de 1980. Hoje, porém, quem manda é o Esmeraldino, que conquistou seu terceiro título em quatro anos. A novidade foi a campanha ruim do Atlético (que não passou da primeira fase) e de outros times de renome, como o CRAC e a Anapolina - a vice-campeã foi a Aparecidense. Vila Nova e Goiânia? Na Segunda Divisão. 
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CAMPEONATO BRASILIENSE
Gama: a volta
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Créditos: http://migre.me/pIRfI
Você não deve ter boas lembranças do Gama - o próprio blogueiro acha o time antipático por conta de toda a confusão que culminou na Copa João Havelange de 2000. Após o rebaixamento da equipe, no Brasileirão de 2002, não se ouviu mais falar da equipe em âmbito nacional. Mesmo no Distrito Federal o Verdão não teve mais sucesso (apenas um título candango, em 2003), vendo o crescimento avassalador do rival Brasiliense - que chegou a ser hexacampeão estadual, somando oito conquistas em dez anos. Em 2015, o Gama se consolidou como maior campeão estadual (11° título) e deu o ingrato tri-vice ao Brasília. 
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CAMPEONATO BAIANO
Bahia: a redenção
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Créditos: http://migre.me/pIRkI
O blogueiro nasceu em uma época na qual o Bahia era apenas mais um time do nordeste, enquanto o pai do mesmo sempre reconheceu a força do Tricolor da Boa Terra. Diretorias nefastas minaram um dos clubes mais populares do Brasil, que vez por outra consegue renascer das cinzas - momentaneamente, apenas. Após mais um rebaixamento nacional em 2014 (o terceiro em doze anos, com direito a três passagens pela Série C), assumiu a presidência do clube o jornalista Marcelo Sant'Ana, após uma intervenção do Ministério Público e um mandato tampão de Fernando Schmidt. Apesar das evidentes limitações, o Bahia parou apenas nas semifinais da Copa do Nordeste e tomou um 3x0 do Vitória da Conquista no primeiro jogo da final. O Baêa fez 6x0 no jogo da volta e comemorou seu 46° título estadual - segunda maior marca no país. Pra melhorar, o arquirrival Vitória foi eliminado nas quartas-de-final do Baianão, para o Colo-Colo de Ilhéus. 
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CAMPEONATO SERGIPANO
Confiança: a confirmação
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Créditos: http://migre.me/pIRo2
O ano de 2014 foi histórico para o Confiança. O Dragão foi campeão estadual e, de quebra, conquistou o acesso para a Série C - após a quarta colocação na Série D. Em 2015, a confirmação da boa fase: bicampeonato estadual, jogos ao longo de todo o ano e uma campanha ruim do arquirrival Sergipe, que ficou na primeira fase. 
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CAMPEONATO PERNAMBUCANO
Santa Cruz: a loucura
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Créditos: http://migre.me/pIRsb
Em um estado com três times grandes, o Santa Cruz venceu um clássico, perdeu outro e empatou dois confrontos. Ruim, óbvio. O time coral viu o Sport fazer vinte e cinco pontos em trinta possíveis no hexagonal - o Central, vice-líder, teve catorze. O time de Ricardinho só foi emplacar na semifinal, após fazer seis gols em dois jogos no Central. O time também comemorou a eliminação do Sport na outra semifinal, para o Salgueiro. Após um sofrido 0x0 no primeiro jogo, Anderson Aquino fez o gol do quarto título do Santinha em cinco anos - para a loucura se instalar no Mundão do Arruda.
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CAMPEONATO POTIGUAR
América: a joia do centenário
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Créditos: http://migre.me/pIRvP
O campeonato potiguar de 2015 seria histórico por si só: os três maiores times do estado (ABC, América e Alecrim) fariam seu centenário e disputariam a taça com unhas e dentes. Na final, Clássico-Rei com empate na Arena das Dunas e vitória por 1x0 do América sobre o ABC em pleno Frasqueirão - casa do rival. O Mecão vai forte para a disputa da Série C, mas já tem um grande motivo para se orgulhar no seu centenário. 
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CAMPEONATO CEARENSE
Fortaleza: o basta
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Créditos: http://migre.me/pIRHG
De 2011 para cá, o Ceará nadou de braçadas no futebol quando comparado ao arquirrival Fortaleza. Disputou a Série A, a Copa Sul-Americana e foi tetracampeão cearense. O Fortaleza, por outro lado, mal chegou às finais em dois desses quatro campeonatos e ainda foi rebaixado para a Série C. O capítulo mais dramático da história do recente do Esquadrão de Aço foi a perda da vaga na Série B no Castelão lotado ante o inexpressivo Macaé, em 2014. Após vencer o rival (campeão da Copa do Nordeste) por 2x1, o gol de Cassiano garantiu o empate por 2x2 e o título do Leão do Pici - em uma competição em que chegou a ser eliminado e rebaixado no tribunal
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CAMPEONATO MARANHENSE
Imperatriz: o inacreditável
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Créditos: http://migre.me/pIRMH
Vencer o único time do estado que está presente na Série B e que é o maior campeão estadual nunca é uma tarefa fácil - ainda mais para um clube que tinha apenas um título, há mais de dez anos. Pior: no primeiro jogo, vitória do rival por 2x1. O Imperatriz não esmoreceu e venceu o Sampaio Corrêa por 3x1, dando a vaga para a Série D ao Cavalo de Aço - com direito ao estádio Frei Epifânio lotado.
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CAMPEONATO PARAENSE
Remo: o ano
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Créditos: http://migre.me/pISqL
O futebol (e as diretorias do clube) tem sido ingratos demais com o tão tradicional Clube do Remo, rebaixado para a Série C em 2004 e que desde então corre riscos de ficar sem calendário no segundo semestre de cada ano. Entre tantas decepções azulinas, 2015 reservo ao menos um período para o torcedor afogar as mágoas: eliminação do arquirrival Paysandu nas semifinais da Copa Verde e na final da Taça Estado do Pará (segundo turno do Parazão), título do Parazão contra o Independente de Tucuruí e taça encaminhada na Copa Verde contra o Cuiabá. Agora, mais do que garantir a participação na Série D de 2016, o clube se garantiu na Copa Sul-Americana de 2016.
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