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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Tragédia? O 2016 do São Paulo foi muito melhor que a encomenda

(Créditos: Rubens Chiri/Saopaulofc.net)
Um clube que teve a proeza de ter um processo de impeachment depois de uma série inacreditável de fatos. Um time que passou por uma humilhação daquelas ao perder para o maior rival com o time reserva e já campeão. Um elenco que só conseguiu se classificar para a Copa Libertadores depois de dois jogos de nível técnico horrendo e com gols no final de cada uma dessas partidas. Uma casamata que teve quatro treinadores. 

Esse foi o São Paulo de 2015, em suma. Um ano que merecia muito menos do que foi conseguido - obrigado Juan Carlos Osorio, Paulo Henrique Ganso e Alexandre Pato, que levaram o time nas costas rumo à Libertadores. O 2016 da equipe tinha tudo para ser uma verdadeira tragédia. 

Muitos torcedores realmente devem achar que o 2016 do São Paulo foi uma tragédia de fato - muito por conta de mais um ano sem títulos conquistados e por um ou outro flerte com a Zona de Rebaixamento. A frase que esses torcedores falam é algo como "Isso é muito pouco para um clube tão grande quanto o São Paulo". 
(Créditos: Marcos Brindicci/Reuters)
Sim, é mesmo. Mas os torcedores, no alto do clubismo e arrogância (características que perseguem a torcida são-paulina desde sempre), não veem que o futebol é feito de fases. E a fase atual do São Paulo é ruim por conta do péssimo planejamento e de diretorias que não cansam de fazer besteiras - desde 2011, aliás. 

Pensemos aqui, friamente:

- O São Paulo chegou a uma semifinal de Libertadores - foi o melhor time do Brasil na competição e foi mais longe que clubes na crista da onda (River Plate, Corinthians, Rosario Central e Palmeiras, além de ter parado na mesma fase do Boca Juniors). O Tricolor só foi eliminado pelo campeão Atlético Nacional de Medellín, e após duas partidas com erros absurdos de arbitragem

- Apesar de por vezes flertar com a Zona de Rebaixamento, o São Paulo não encerrou nenhuma rodada no Z4 - algo até surpreendente para quem veio de um 2015 tão ruim
(Créditos: Rubens Chiri/Saopaulofc.net)
- O São Paulo fez 4x0 no Corinthians, dando um troco moral no maior rival no chamado "M4jestoso da Cuevadinha" - que teve, além de tudo, no mínimo duas expulsões claras não executadas pelo árbitro e que prejudicaram o resultado final do jogo

- O São Paulo manteve o tabu ante o Palmeiras (outro grande rival) no Moumbi: o time alviverde não ganha do Tricolor fora de casa desde 2002. O lance teve o épico lance no qual Kelvin entortou Zé Roberto

- Tão criticado por muitos (não sou desse grupo), o técnico Edgardo Bauza deixou um legado no São Paulo: a fortíssima defesa. O SPFC acabou o Brasileirão com a quinta melhor defesa do campeonato: apenas trinta e seis gols sofridos. O sistema consagrou Maicon, que logo tornou-se ídolo da torcida
(Créditos: SPFC.net/Reprodução)
- Depois de anos e anos, um antigo pedido da torcida e da diretoria foi atendido: a valorização das categorias de base. Dos quarenta e um jogadores utilizados só no Brasileirão, quinze vieram do tão falado CT de Cotia

- Se a diretoria seguiu trazendo jogadores que em nada agregaram e não pôde fazer muito quanto a craques que saíram (sobretudo Ganso e Calleri), dois caíram como uma luva no time: Christian Cueva e Maicon

Tragédia? Como pode ver, o são-paulino tem que agradecer aos céus pelo 2016 que teve. Foi muito melhor que a encomenda. E, vale dizer: 2017 ainda não vai ser o ano do Tricolor, que precisa se reconstruir e voltar a ser protagonismo. Vale dizer sempre que, até 2005, o São Paulo bateu na trave desde 2002, no mínimo.
(Créditos: Mauro Horita/Estadão Conteúdo)
O ano é 2018. Se o clube seguir controlando bem o dinheiro (dos poucos pontos positivos da gestão do presidente Leco), o Tricolor pode voltar a sonhar com algo grande em dois anos. Jamais apostaria em Rogério Ceni para 2017, mas obviamente vou torcer para que ele consiga bons resultados. 

Que 2017 seja surpreendentemente positivo, bem como 2016. E sem deixar margem para dúvida. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O 2017 do São Paulo começa em 2011 - e tem tudo pra seguir sendo ruim

(Créditos: Ariovaldo Maia/Reprodução)
O São Paulo, dos únicos seis times que nunca foram rebaixados na história do Campeonato Brasileiro, assegurou a permanência na Série A de 2017. A ~conquista~, porém, não foi alcançada por méritos próprios, mas sim por conta da derrota do ameaçadíssimo Internacional para o Corinthians. 

A situação, aliás, é uma ótima síntese do que foi boa parte de 2016 do São Paulo. Uma campanha horrível no Paulistão (levando quatro gols do surpreendente Audax nas quartas-de-final, ficando de fora das semifinais do Estadual pela segunda vez nos últimos três torneios e jogando fora de casa a partida eliminatória por ter ido pior que o time de Osasco na primeira fase); uma eliminação vergonhosa para o Juventude na Copa do Brasil, perdendo em pleno Morumbi para um time que não conseguiu chegar nem na final da Série C; e um Campeonato Brasileiro quase sempre na metade de baixo da tabela - isso com a sexta maior folha salarial do país. Um desastre completo.

Ao contrário de tudo isso, não sou dos torcedores que acham o ano inteiro ruim. Acho o segundo semestre tenebroso, mas o primeiro teve, se deixar, mais altos que baixos. Tudo por conta da campanha monumental na Libertadores, quando o desacreditado time suou sangue para chegar até a semifinal e ser eliminado de maneira bem controversa pelo campeão Atlético Nacional de Medellín. Uma Copa dessas, amigo, vale demais.

O que, então, deu certo na Libertadores e falhou tão retumbantemente no resto do ano? Podemos dividir essa explicação em alguns tópicos:
(Créditos: Leandro Martins/Estadão Conteúdo)
- Importância da competição: a Libertadores é o torneio mais importante da América do Sul. Mais do que isso, o torcedor do São Paulo nunca escondeu o quanto gosta do torneio e faz questão que o time vá bem nela - mesmo que, pra isso, escanteie outros certames

- Técnico: Edgardo Bauza, então técnico são-paulino conhece a Libertadores - levou duas equipes que nunca tinham vencido o torneio (LDU, em 2008; e San Lorenzo, em 2014) ao título. O estilo de jogo implementado por Patón, privilegiando a defesa, também contou pontos

- Calleri e Ganso: o argentino foi o artilheiro da Libertadores, enquanto o meia foi o jogador que mais deu assistências para os companheiros. Tudo isso sem jogar a final. 

- Trujillanos: antes de enfrentar o time venezuelano no Morumbi e humilhar os Guerreros de la Montaña por 6x0 (maior goleada da Libertadores de 2016, junto com a vitória do Corinthians sobre o Cobresal), o Tricolor tinha uma derrota (em casa) e dois empates. O triunfo fez o clube, que corria seríssimo risco de cair na primeira fase da Copa pela primeira vez desde 1987, reagisse.

- Luiz Cunha: o diretor de futebol conseguiu blindar o elenco e dar uma paz pouco vista ao grupo de jogadores desde o trágico terceiro mandato de Juvenal Juvêncio, iniciado em 2011. Com ele, tudo era feito na surdina e não vazava para a imprensa - algo muito bem quisto. 

O ciclo sem fim começa, justamente, na eliminação com uma série de erros de arbitragem do São Paulo pela Libertadores. Sem a competição preferida da torcida, Calleri e Ganso foram vendidos. Bauza saiu pouco depois. Luiz Cunha já havia saído no espaço entre a classificação heroica contra o Atlético Mineiro e a eliminação para o Atlético Nacional. E, bem, no Brasileirão não existem times tão fracos como o Trujillanos. 
(Créditos: Fabio Suzuki/Lancenet)
Erros foram se sucedendo no segundo semestre. Da eliminação na Libertadores até agora, foram sete vitórias, sete empates e dez derrotas - aproveitamento de 38,8% dos pontos, que colocaria o São Paulo atrás do Vitória no Brasileirão, último time fora da zona de rebaixamento. Como você pode ver, nada é por acaso.

O planejamento foi inteiramente bagunçado. Ao todo, chegaram trinta e três jogadores e saíram trinta e um - sendo que onze chegaram e logo saíram, e três tiveram pelo menos duas transferências. Um clube que tem a média de mais de cinco mudanças no elenco por mês pode tudo, menos ter um bom ano. 

A própria diretoria também mudou bastante. Nomes como o do próprio Luiz Cunha, Gustavo Vieira de Oliveira, Rubens Moreno, Ataíde Gil Guerreiro, José Alexandre Medicis da Silveira e José Jacobson Neto se revezaram em duas ou três funções, que não foram bem explicadas para ninguém até hoje. 

E é a diretoria o ponto nevrálgico dessa situação toda. 

Desde o já citado terceiro mandato de Juvenal Juvêncio, as diretorias do São Paulo não cansam de errar. De 2011 para cá, um dos clubes mais vitoriosos do Brasil ganhou apenas um título - muito mais pela união do grupo de 2012, que queria dar um troféu para coroar o ciclo de Lucas Moura no SPFC. Até mesmo uma impensável renúncia aconteceu, tudo marcado por denúncias de corrupção e bravatas que pouco combinam com o histórico das diretorias tricolores. 
(Créditos: Reprodução/Gazeta Press)
Carlos Augusto de Barros e Silva, o popular Leco, entrou em 2015 para estancar a sangria da tenebrosa gestão de Carlos Miguel Aidar. De lá para cá, empenhou-se em votar o novo estatuto do clube - que, ao menos em tese, traz o São Paulo para o século XXI. Seria lindo se, no caminho, não fossem vários casos que serviram apenas para irritar o torcedor e conturbar o ambiente

Em uma dessas lástimas que só o São Paulo é capaz de proporcionar, a eleição interna acontece em abril - com a temporada já a pleno vapor. O planejamento feito pode muito bem ser rasgado por caprichos de um mandatário ou de uma diretoria de oposição. E, como se a situação já não fosse ruim o bastante, 2017 é ano eleitoral. Ou seja: se 2017 começar bem, tudo pode mudar; se começar mal, pode ser que fique ainda pior - ou você realmente acha que, na atual situação, o São Paulo pode voltar às boas a curto prazo? 

No futebol, a diretoria é de um papel tão lastimável que nos lembra porque boa parte dela é amadora. Para substituir Edgardo Bauza veio Ricardo Gomes, que estava prestes a entrar na zona de rebaixamento com o Botafogo. O time carioca não poderia fazer muito mais que isso e o que o substituto Jair Ventura faz com o time é magnífico, mas claramente faltou ambição ao São Paulo. 

Como os resultados obviamente não vieram, a diretoria ficou espremida entre as críticas e bancar o treinador. Quatro manchetes ilustram a situação de maneira perfeita:

Já tínhamos ao menos um bom nome no mercado - se não para aquele momento, para o próximo ano. A vitória sobre o Fluminense veio, em uma partida que diz muito sobre a equipe: um primeiro tempo medonho; uma segunda etapa que, a partir de um erro clamoroso do adversário, fez o time voar em campo


Ricardo Gomes estava garantido, ao menos, até o fim do ano. Mesmo assim, convivia com a pior concorrência que alguém pode sofrer: o maior ídolo da história do clube, que estudava para se tornar técnico de futebol - e, obviamente, não tem nenhuma experiência no cargo.


Após a inesquecível goleada no Majestoso, o presidente decide apostar no técnico para o próximo ano. Eu mesmo pedia para que o treinador ficasse até o fim do ano por uma série de motivos, mas jamais o queria em 2017


É isso mesmo: oito dias (e um empate e uma derrota) depois de ser garantido para o ano seguinte, Ricardo Gomes foi sumariamente demitido da maneira mais vexatória e antiprofissional possível. 
(Créditos: Reprodução/Gazeta Press)
Não é possível confiar numa diretoria dessas, que em pouco mais de um mês erra ao menos quatro vezes (cada manchete representa pelo menos um erro, como pode ver) e muda o destino do clube ao sabor do resultado e da pressão da torcida, não do trabalho realizado. Seja com Ricardo Gomes, com Rogério Ceni ou com Jesus Cristo.

A chegada de Rogério Ceni, aliás, merece uma menção especial. Ela não pensa no futuro do clube, mas sim em atender à pressão da torcida (que precisa se sentir identificada com o time em campo) em ano eleitoral. Os cartolas fizeram o que a torcida querida: se der errado, a culpa é dos jogadores, e não deles. Politicamente brilhante - e de uma canalhice sem tamanho, já que o goleiro-artilheiro jamais treinou sequer uma equipe de juniores. Portanto, pro mais fã que eu seja de Rogério Ceni (é impossível ser são-paulino e não ser), sou contra a chegada dele nesse momento. Não me peçam pra bater palmas nem pra comemorar isso. Vou torcer, óbvio, mas o potencial de dar errado é imenso.

Não espere que 2017 seja muito diferente do que foi 2016 para o São Paulo. Títulos só com um elenco bem aguerrido (qualificado é algo bem difícil), um ou outro jogo memorável, algumas derrotas doloridas. 

Mais um ano na pasmaceira. Enquanto a diretoria não for mudada ou mudar de atitude, teremos vários 2016 nos próximos anos. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A direita à direita

(Créditos: AFP/Reprodução)
PS: esse texto busca fazer uma análise, e não uma crítica. Não é o que o blogueiro está acostumado a fazer - é, na verdade, quase um desafio. Nem de longe o blogueiro compactua com esse tipo de pensamento (é, aliás, muito combatido e criticado por ele), mas analisar também faz parte do processo racional - até para poder criticar com mais conhecimento da causa e sem falar asneiras. 

Como boa parte de tudo que diz respeito à civilização como conhecemos hoje, o conceito do que é "esquerda" e "direita" na política surgiu na Revolução Francesa. Na Assembleia Nacional Constituinte, que buscava limitar os poderes do rei e tornar a sociedade mais justa (tanto que originou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão), existiam três grupos, sendo dois mais famosos:

- Girondinos: representantes da alta burguesia, que se sentavam à direita do rei
- Jacobinos: representantes da média e baixa burguesia, que se sentavam à esquerda do rei

(Créditos: Domínio Público)
Consolidou-se, então, o que era direita e esquerda no espectro político. O blogueiro confessa que odeia essa classificação por achar que existem várias nuances e pensamentos que não podem ser rotulados em apenas dois grupos, mas por vezes é necessário usá-los para ser entendido mais facilmente. 

Nos últimos tempos, a chamada direita cresceu de maneira exponencial em todo o mundo. Talvez o primeiro movimento a se fazer notado nas urnas (não se sabe se é causa ou consequência do aumento desse pensamento) foi o Tea Party, que surgiu em contraposição às medidas assistencialistas do presidente Barack Obama. 

Convém falar, porém, que o pensamento rapidamente se espalhou mundo afora - não só em eleições. O crescimento de grupos neonazistas (sobretudo na Europa) fala melhor que qualquer outra atitude. Uma das facetas mais controversas de quem partilha desse pensamento é a aversão aos migrantes - que, para quem não compactua com esse pensamento, chega a patamares xenófobos. Os tantos árabes que morrem e/ou ficam em condições sub-humanas (como esquecer da foto do garoto morto na Turquia?) mostram as consequências práticas que essa aversão pode ter quando levado a níveis extremos. 

(Créditos: Getty Images/Reprodução)
Alguns grupos de mídia também não escondem seu ar bem conservador. Mundialmente, a Fox News talvez seja o caso mais conhecido. No Brasil existem várias polêmicas que versam sobre um suposto favorecimento a quem tem viés mais de direita - como a edição do Jornal Nacional do último debate presidencial de 1989 ou a cobertura da Operação Lava-Jato pela grande mídia brasileira. Por aqui, a revista Veja e, mais recentemente, a rádio Jovem Pan são tidas como porta-vozes do pensamento conservador.

Embora não possa ser definido apenas por conta de eleições, é nas urnas que a direita mais cresceu - e mais chamou a atenção. Na Europa, países de todos os cantos (do Leste, do Centro, do Oeste, do Reuno Unido e até da Escandinávia, região tida como tradicionalmente social-democrata) apresentam grande crescimento dos partidos de extrema direita. Isso inclui países muito importantes para a geopolítica mundial, como a França e a Inglaterra. 

O Reino Unido, aliás, foi o palco de uma das grandes demonstrações de força do novo pensamento radical de direita. A consumação do BrExit, que tira o país da União Europeia, é a uma vitória da extrema direita - que, entre suas principais características, contém o nacionalismo e a vontade de se livrar cada vez mais da garra do Estado, seja ele qual for. Tais atributos atraíram os ultraconservadores britânicos, que venceram o pleito.

O grande salto mundial da extrema direita, porém, foi a recente eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Após oito anos de governo democrata, os americanos escolheram pelo polêmico candidato republicano - que, inclusive, venceu em redutos tradicionalmente rivais, como os estados de Wisconsin, Ohio e Michigan. 

(Créditos: Mike Segar/Reuters)
No Brasil, a parelha eleição presidencial de 2014 já foi uma prévia de que o pensamento de direita/extrema direita tinha ressurgido (para muitos, resultado das Jornadas de Junho), mas foi em 2016 que os candidatos dessa corrente ideológica se destacaram. O forte pensamento antipetista após o impeachment catapultou candidatos do PSDB (principal força da direita brasileira) e de tendência conservadora nas eleições municipais do país.

Donald Trump, João Dória Jr. (eleito prefeito de São Paulo em primeiro turno, primeiro candidato a cosneguir isso na história da Nova República), o BrExit e a extrema direita eurocêntrica têm alguns pontos em comum. 

- A rejeição do rótulo de político, apresentando-se muito mais como um gestor e/ou empresário de sucesso
- As críticas ao sistema político e ao establishment
- Ideias neoliberais, como privatizações e fim de programas assistencialistas
- Valorização do povo local, desprezando quem é de fora dos limites do espaço a ser governado
- Crescimento ao aproveitar uma rejeição de seus adversários políticos, por fatores característicos de cada região

(Créditos: Democratize Mídia/Reprodução)
É óbvio que os fatores particulares de cada uma das situações apresentadas é de fundamental importância para cada eleição. Mas é curioso notar que, em pleitos tão distintos, existem pelo menos cinco pontos de convergência. 

Também é importante dizer que, como quase tudo na história, a política é um pêndulo. O pensamento conservador voltou à baila após ano de ostracismo. Daqui um tempo deve voltar à penumbra, e assim sucessivamente. Isso é democracia

O que choca muitos, porém, é o quanto os novos pensamentos conservadores vão de encontro a ideias que estavam muito enraizadas e começavam a se tornar até mesmo verdades absolutas: globalização, livre fronteira, livre comércio, rejeição a qualquer tipo de fobia social. Mais que qualquer ideia econômica, talvez sejam essas questões que entram até mesmo no estilo de vida de cada pessoa que irritem e causem tantos arrepios quando se pensa no futuro da política.

(Créditos: Twitter/Divulgação)
Os expoentes da nova extrema direita de hoje em dia, se estivessem na Revolução Francesa, talvez nem se sentassem na Assembleia Nacional Constituinte por terem ideais que, de tão conservadores, mais se assemelhem à Monarquia que à República ou à burguesia. Talvez eles se sentassem ainda à mais direita dos girondinos. Cabe à sociedade de hoje, que se julga tão aberta, saber aceitar e dialogar mesmo com quem, por vezes, não parece tão disposto a isso.

A política do século XXI ganhou um grande desafio. Vamos ver qual vai ser a reação a ele.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Trilogia do Golpe - antes, depois e protestos

Sim, o blog está inativo há bastante tempo. Não pense que o blogueiro está contente com isso. Falta, basicamente, tempo para escrever. A postagem aqui no Blogger é bem mais burocrática que no Medium, por exemplo - genial ferramenta interligada ao Twitter. 
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O blogueiro quer voltar a postar no blog. Mas, enquanto isso não se concretiza, estreei meu Medium com três postagens acerca da situação política no país. A primeira, que antecedeu a consumação do Golpe em algumas horas; a segunda, mostrando o caminho das pedras para cassar o presidente Michel Temer; e, a terceira, mostrando uma linha cronológica de alguns fatos muito estranhos que ocorreram após o absurdo impeachment que o Brasil viveu.
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Para ler cada um desses textos (publicados de uma vez pois os três já perderam o timing para ser postados na íntegra), basta clicar nos links abaixo - que são os títulos de cada um deles. 
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Ademais, fica a saudade do blogueiro. A saudade da íntegra Dilma Rousseff, da democracia brasileira - que nos deixou na última semana, mas que torcemos e lutaremos para que volte. E, claro: fica aqui o repúdio e a promessa de que o governo que usurpou o poder que não é dele não terá descanso. 

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A demissão em nove minutos diz muito sobre o Cruzeiro de 2015

Cresci vendo o Cruzeiro forte. Em 1998 (primeiro ano que lembro de acompanhar futebol mais de perto), a Raposa foi vice-campeã brasileira e vice da Copa do Brasil. Vi o time campeão de tudo em 2003, vice da Libertadores em 2009, vi jogos que fizeram páginas heróicas e imortais - como bem diz o hino do clube. 
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Créditos: Leonardo Bastos/Twitter
Mas aquele time, mantido pelos irmãos Perrella, precisava sabidamente vender um atleta titular por ano para se manter financeiramente. O time perdia, claro; mas se mantinha forte ano após ano - o Cruzeiro ganhou pelo menos um título entre 1993 e 2005, uma sequência impressionante.
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O sucessor dos Perrella foi eleito em 2012: Gilvan de Pinho Tavares, que assumiu o clube após um 2011 desastroso - que quase culminou no até hoje inédito rebaixamento cruzeirense. O presidente arrumou a casa em 2012 e conseguiu o bicampeonato brasileiro em 2013 e em 2014 - além do estadual de 2014 e de resultados expressivos no atletismo e no vôlei, principalmente. 
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O grande mentor do futebol cruzeirense no bicampeonato era Alexandre Mattos, que foi para o Palmeiras em 2015. A diretoria, até outrora poupada (e até elogiada), passou a ser exaustivamente criticada nesse ano. Com toda a razão.
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Créditos: Daniel Teobaldo/Estadão
Toda a base do time bicampeão nacional foi negociada: Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Lucas Silva, Egídio e Nílton - pra ficar nos que atuavam com frequência entre os titulares. Outros tantos chegaram, mas não se encaixaram no esquema do ótimo técnico Marcelo Oliveira. Ótimo, mas que não é perfeito: um de seus principais problemas é a falta de variação tática, viciando a equipe no 4-2-3-1 com as mesmas características.
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É um tanto quanto óbvio que um time remodelado precisa de tempo - ainda mais com um treinador com dificuldade para mudar algumas aspectos táticos. A diretoria não teve essa paciência: após chegar às quartas-de-final da Libertadores (!) e ganhar do River Plate no Monumental de Nuñez (!!), Marcelo Oliveira foi demitido após o 3x0 sofrido no jogo de volta - que custou a eliminação celeste na Copa. 
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Foram menos de seis meses de trabalho para Marcelo Oliveira em 2015. Vinte e sete jogos, com doze vitórias e 53% de aproveitamento - o que colocaria o Cruzeiro na sexta posição do Brasileirão, bem longe dos atuais 35% da Raposa na liga nacional. 
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Créditos: Rodrigo Clemente/EM/D A. Press
Não foi só isso. Além de não olhar os números, a diretoria cruzeirense não teve o menor senso ao deixar o técnico sozinho, visivelmente abatido, na coletiva de despedida da equipe. O time, que já tinha suas fragilidades, degringolou de vez com Vanderlei Luxemburgo - que há tempos vive apenas de seu passado e segue encantando alguns dirigentes brasileiros. 
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Hoje, dia que marcou a demissão de Vanderlei Luxemburgo (após dezenove jogos e menos de três meses no cargo - e a indagação de como um trabalho pode ser medido com tantos jogos e tão pouco tempo) e de Isaías Tinoco (diretor de futebol, que ficou menos de um mês (!) no Cruzeiro), a cartolagem celeste mostrou o quão amadora é. Às 16h43, a diretoria garantiu Luxemburgo para a ESPN. Nove minutos (NOVE MINUTOS) depois, foi anunciada a demissão do técnico no SuperEsportes. É amadorismo puro.
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Créditos: Washington Alves/VIPCOMM
Dá toda a impressão que a diretoria se perdeu sem Alexandre Mattos - de competência indiscutível. Mas... como um clube consegue se perder tanto em tão pouco tempo? Será que Mattos é tão espetacular? Um dos elencos mais numerosos do Brasil não consegue render porquê?
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Tem algo de muito errado com o Cruzeiro - fora de campo, que respinga no gramado. E é necessário acordar logo.

sábado, 9 de maio de 2015

O Brasileirão vai começar, mas a ciranda de técnicos já está ativa

Maior torneio do futebol nacional e maior liga do tradicional futebol sul-americano, o Brasileirão de 2015 hoje. Com apenas um time do Nordeste e outro do Centro Oeste; quatro times de Santa Catarina; cinco de São Paulo; sem Botafogo e com Vasco e Palmeiras; chama a atenção um dado muito pouco animador: a rotação de técnicos entre os clubes que disputam o torneio.
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Créditos: http://migre.me/pN90k
É uma lista difícil de se fazer pelo número de treinadores demitidos, encerrando trabalhos que sequer puderam ser avaliados e ter resultados. Interessados apenas no agora, os dirigentes não pensam a longo prazo e fazem do futebol brasileiro uma ciranda de técnicos - e uma piada, também.
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Abaixo, listo os técnicos demitidos e os clubes que fizeram uma alteração em sua casamata na temporada 2015 - que, vale lembrar, começou há apenas três meses:
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Atlético Paranaense: Claudinei Oliveira, Enderson Moreira
Avaí: Geninho
Fluminense: Cristóvão Borges
Goiás: Ricardo Drubscky, Wagner Lopes
Santos: Enderson Moreira
São Paulo: Muricy Ramalho
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Créditos: http://migre.me/pN8Zq
É incrível como um time consegue avaliar o trabalho de um profissional, em um torneio que os próprios dirigentes falam que "não vale nada" - os estaduais. Talvez eles sejam milagreiros e descubram quem faz bem seu papel ou não, talvez. A lista esconde casos absurdos, como a demissão de Enderson Moreira do Santos ainda invicto, assim como as passagens relâmpagos do próprio treinador pelo Atlético Paranaense e de Wagner Lopes pelo Goiás. Imagine, então, avaliar o trabalho de dois técnicos em três meses - como fizeram o Furacão e o Avaí. Ou os cartolas tem uma bola de cristal ou são incompetentes. Fica ao seu critério escolher.
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Nada mais nada menos que 40% dos técnicos empregados em times da Série A em 2015 foram demitidos. O 7x1 não para de se justificar.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O que os estaduais significam para os campeões?

Esse final de semana marcou o final da maioria dos campeonatos estaduais - ao menos os que tem equipes nas Séries A e B do Brasileirão. Cada torneio reflete sua província, portanto é um microcosmo dentro de si. Até por isso, cada torneio significa algo (e muito) para cada equipe campeã - seja por simplesmente mostrar força, seja por aspectos específicos de cada time. 
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Falar que os estaduais são chatos e a maioria é longa demais é clichê. Eu mesmo sou um ardoroso defensor desses campeonatos, mas quero a reforma deles. Seja como for, eles seguem importantes. A importância deles para cada um dos campeões segue abaixo:
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CAMPEONATO PAULISTA
Santos: a remontagem
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Créditos: http://migre.me/pIQLW
O Santos parecia tranquilo em 2014. Eis que o Peixe perdeu o Paulistão de forma dramática para o Ituano e se viu em meio a uma crise institucional e financeira imensa. Terminou dignamente o Brasileirão e perdeu vários jogadores importantes para 2015 - Arouca, Aranha, Thiago Ribeiro, Eugenio Mena, Edu Dracena, Leandro Damião e Rildo dentre os principais. De maneira absurda, o time demitiu Enderson Moreira enquanto estava invicto no Paulistão e manteve o interino Marcelo Fernandes para comandar atletas do calibre de Ricardo Oliveira, Robinho e Elano. O Santos não tem elenco (nem dinheiro) talvez nem para brigar pela Libertadores no Brasileirão, mas encontrou um time equilibrado e forte - o que já é muito para quem começou o ano cotado para o rebaixamento.
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CAMPEONATO CARIOCA
Vasco: a confiança
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Créditos: http://migre.me/pIQO9
O Vasco voltou à Série A vaiado pela própria torcida em 2014. Pior: viu Eurico Miranda, o mais nefasto cartola brasileiro, voltar à presidência. Isso quer dizer que o time cruzmaltino não vai correr grande risco de cair enquanto ele estiver no cargo - o problema vai ser quando ele sair, como 2008, Roberto Dinamite e as monstruosas dívidas mostram. Mas o time caiu no gosto da torcida - principalmente o sistema defensivo, com Martín Silva pegando demais no gol, Rodrigo seguro na defesa e nas cobranças de falta, Pablo Guiñazu encantando com sua raça, Rafael Silva como talismã e Dagoberto e Gilberto como dupla de ataque de impor respeito. O estadual devolveu a confiança aos torcedores do clube que não gritava "é campeão" no próprio estado desde 2003 - era a maior fila de um grande clube brasileiro nos estaduais.
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CAMPEONATO MINEIRO
Atlético: a mística
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Créditos: http://migre.me/pIQQM
O ano de 2012 marca a a volta da grandeza (até então adormecida) do Atlético Mineiro. O Galo ganhou o terceiro estadual em quatro anos de um adversário com muito menos tradição, mas que deu um trabalho fora do comum ao clube: a Caldense de Léo Condé, que tomou seis gols em quinze jogos - dois desses hoje. Mas, bem... o Atlético parece gostar do imponderável e não acreditar no impossível - o gol no final de praticamente todos os jogos decisivos que disputou de 2012 para cá prova bem isso. A final contra a Veterana provou mais uma vez a mística atleticana: gol com menos de quinze minutos para acabar a final marcado de joelho (e impedido) por Jô, que não marcava gols há mais de um ano. Erros à parte, isso que é sorte de campeão.
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CAMPEONATO GAÚCHO
Internacional: o protocolo. 
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Créditos: http://migre.me/pIQSD
De 2002 para cá o Internacional conquistou 11 Gauchões, enquanto o Grêmio ficou com três. O título vencido hoje marcou o pentacampeonato estadual do Colorado, que já comemorou um tetra entre 2002 e 2005. Ganhar o Gauchão virou rotina para o Inter, que se reestruturou demais com a virada do milênio, tem o maior número de sócios do Brasil e se reacostumou a levantar taças após grandes dificuldades nas décadas de 1980 e 1990. O título também vale muito para cada um dos técnicos: Diego Aguirre, o contestado uruguaio comandante colorado, venceu o ídolo tricolor Luiz Felipe Scolari.
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CAMPEONATO CATARINENSE
Joinville: a revanche
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Créditos: http://migre.me/pIQVx
O Joinville conquistou brilhantemente a Série B do ano passado e garantiu a vaga no Brasileirão - que jogou pela última vez em 1987. Mas ainda faltava algo para coroar o excelente momento vivido pelo JEC: o troco no Figueirense, que venceu uma tumultuada final estadual contra o clube do norte catarinense no ano passado. De maneira não menos tumultuada (uma pendenga judicial por conta da escação irregular do lateral-direito André Krobel pode tirar o caneco do JEC na terça-feira, no tribunal), o Joinville deu o troco no rival de Florianópolis (em um estado marcado pela rivalidade entre os clubes da capital e do interior) e conquistou o título que não vinha desde 2001. 
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CAMPEONATO PARANAENSE
Operário: a força do interior - e a história
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Créditos: http://migre.me/pIR4f
Há alguns anos o Atlético Paranaense disputa o estadual com uma equipe sub-23 - isso explica a fila desde 2009 do Furacão. Nos últimos dois anos, o próprio Coritiba passou a entrar com times mistos e reservas para a disputa do certamen. O resultado não tardou: após o tetra do Coxa, 2014 foi marcado pela volta dos títulos do Londrina em uma final contra o Grêmio, da cidade inimida de Maringá - maior rivalidade do rico norte paranaense. Em 2015 a tragédia foi ainda maior: o Atlético disputou o quadrangular do rebaixamento e o Coritiba avançou até a final - ambos com os times titulares. O que ninguém esperava é o título do Operário de Ponta Grossa, com um categórico 3x0 no Couto Pereira. O título do Fantasma também faz uma justiça histórica: o time tinha inacreditáveis catorze vice-campeonatos, mas o primeiro caneco veio só em 2015. 
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CAMPEONATO GOIANO
Goiás: a sequência
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O futebol de Goiás nunca teve dois grandes com destaque no cenário nacional. Até a década de 1960 quem mandava no estado era a dupla Atlético e Goiânia, mas sem destaque no restante do Brasil. A década de 1970 fez surgir o Vila Nova, que passou a alternar bons momentos com o Goiás a partir da década de 1980. Hoje, porém, quem manda é o Esmeraldino, que conquistou seu terceiro título em quatro anos. A novidade foi a campanha ruim do Atlético (que não passou da primeira fase) e de outros times de renome, como o CRAC e a Anapolina - a vice-campeã foi a Aparecidense. Vila Nova e Goiânia? Na Segunda Divisão. 
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CAMPEONATO BRASILIENSE
Gama: a volta
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Você não deve ter boas lembranças do Gama - o próprio blogueiro acha o time antipático por conta de toda a confusão que culminou na Copa João Havelange de 2000. Após o rebaixamento da equipe, no Brasileirão de 2002, não se ouviu mais falar da equipe em âmbito nacional. Mesmo no Distrito Federal o Verdão não teve mais sucesso (apenas um título candango, em 2003), vendo o crescimento avassalador do rival Brasiliense - que chegou a ser hexacampeão estadual, somando oito conquistas em dez anos. Em 2015, o Gama se consolidou como maior campeão estadual (11° título) e deu o ingrato tri-vice ao Brasília. 
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CAMPEONATO BAIANO
Bahia: a redenção
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O blogueiro nasceu em uma época na qual o Bahia era apenas mais um time do nordeste, enquanto o pai do mesmo sempre reconheceu a força do Tricolor da Boa Terra. Diretorias nefastas minaram um dos clubes mais populares do Brasil, que vez por outra consegue renascer das cinzas - momentaneamente, apenas. Após mais um rebaixamento nacional em 2014 (o terceiro em doze anos, com direito a três passagens pela Série C), assumiu a presidência do clube o jornalista Marcelo Sant'Ana, após uma intervenção do Ministério Público e um mandato tampão de Fernando Schmidt. Apesar das evidentes limitações, o Bahia parou apenas nas semifinais da Copa do Nordeste e tomou um 3x0 do Vitória da Conquista no primeiro jogo da final. O Baêa fez 6x0 no jogo da volta e comemorou seu 46° título estadual - segunda maior marca no país. Pra melhorar, o arquirrival Vitória foi eliminado nas quartas-de-final do Baianão, para o Colo-Colo de Ilhéus. 
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CAMPEONATO SERGIPANO
Confiança: a confirmação
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O ano de 2014 foi histórico para o Confiança. O Dragão foi campeão estadual e, de quebra, conquistou o acesso para a Série C - após a quarta colocação na Série D. Em 2015, a confirmação da boa fase: bicampeonato estadual, jogos ao longo de todo o ano e uma campanha ruim do arquirrival Sergipe, que ficou na primeira fase. 
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CAMPEONATO PERNAMBUCANO
Santa Cruz: a loucura
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Em um estado com três times grandes, o Santa Cruz venceu um clássico, perdeu outro e empatou dois confrontos. Ruim, óbvio. O time coral viu o Sport fazer vinte e cinco pontos em trinta possíveis no hexagonal - o Central, vice-líder, teve catorze. O time de Ricardinho só foi emplacar na semifinal, após fazer seis gols em dois jogos no Central. O time também comemorou a eliminação do Sport na outra semifinal, para o Salgueiro. Após um sofrido 0x0 no primeiro jogo, Anderson Aquino fez o gol do quarto título do Santinha em cinco anos - para a loucura se instalar no Mundão do Arruda.
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CAMPEONATO POTIGUAR
América: a joia do centenário
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O campeonato potiguar de 2015 seria histórico por si só: os três maiores times do estado (ABC, América e Alecrim) fariam seu centenário e disputariam a taça com unhas e dentes. Na final, Clássico-Rei com empate na Arena das Dunas e vitória por 1x0 do América sobre o ABC em pleno Frasqueirão - casa do rival. O Mecão vai forte para a disputa da Série C, mas já tem um grande motivo para se orgulhar no seu centenário. 
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CAMPEONATO CEARENSE
Fortaleza: o basta
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De 2011 para cá, o Ceará nadou de braçadas no futebol quando comparado ao arquirrival Fortaleza. Disputou a Série A, a Copa Sul-Americana e foi tetracampeão cearense. O Fortaleza, por outro lado, mal chegou às finais em dois desses quatro campeonatos e ainda foi rebaixado para a Série C. O capítulo mais dramático da história do recente do Esquadrão de Aço foi a perda da vaga na Série B no Castelão lotado ante o inexpressivo Macaé, em 2014. Após vencer o rival (campeão da Copa do Nordeste) por 2x1, o gol de Cassiano garantiu o empate por 2x2 e o título do Leão do Pici - em uma competição em que chegou a ser eliminado e rebaixado no tribunal
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CAMPEONATO MARANHENSE
Imperatriz: o inacreditável
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Vencer o único time do estado que está presente na Série B e que é o maior campeão estadual nunca é uma tarefa fácil - ainda mais para um clube que tinha apenas um título, há mais de dez anos. Pior: no primeiro jogo, vitória do rival por 2x1. O Imperatriz não esmoreceu e venceu o Sampaio Corrêa por 3x1, dando a vaga para a Série D ao Cavalo de Aço - com direito ao estádio Frei Epifânio lotado.
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CAMPEONATO PARAENSE
Remo: o ano
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O futebol (e as diretorias do clube) tem sido ingratos demais com o tão tradicional Clube do Remo, rebaixado para a Série C em 2004 e que desde então corre riscos de ficar sem calendário no segundo semestre de cada ano. Entre tantas decepções azulinas, 2015 reservo ao menos um período para o torcedor afogar as mágoas: eliminação do arquirrival Paysandu nas semifinais da Copa Verde e na final da Taça Estado do Pará (segundo turno do Parazão), título do Parazão contra o Independente de Tucuruí e taça encaminhada na Copa Verde contra o Cuiabá. Agora, mais do que garantir a participação na Série D de 2016, o clube se garantiu na Copa Sul-Americana de 2016.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Kiwi: mais uma rede social estragada pelos brasileiros

Brasileiros tem um dom natural para estragar praticamente tudo - as exceções, infelizmente, apenas confirmam a regra. O péssimo hábito social dos brasileiros na internet é famoso em jogos online mundo afora - mas não só neles, infelizmente. 
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Créditos: Reprodução
Até mesmo as redes sociais, tão queridas e interessantes, sofrem com esse efeito devastador que é a invasão brasileira. Última rede social que explodiu em solo brasileiro, o Kiwi se tornou mais uma vítima da deturpação que usuários do país conseguem executar com tanta perfeição. 
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A ideia do Kiwi é ótima: fazer uma plataforma de perguntas e respostas (como os antigos Formspring.me e Ask.fm) com a possibilidade de se conhecer novas pessoas (já que conta com um botão "Descobrir", similar à opção "Atividade" no Twitter e no Instagram) e de curtir determinadas respostas.
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Os problemas da rede social, que rapidamente tornou-se entediante, é o uso que os brasileiros fazem dele. Cada vez mais me parece que, aqui, redes sociais servem apenas para auto-promoção - e fazer novos amigos, cultivar amizades antigas e ter algum debate construtivo, ficam relegados ao último plano de cada uma delas. 
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Créditos: http://migre.me/pEPma
Focando apenas no Kiwi, encontramos fatos comuns em outras tantas plataformas: logo criou-se uma espécie de casta que reúne grupos de várias pessoas e que logo monopolizam as perguntas. Esses grupos fazem contas e, quando seguidos, mandam questões para quem os segue. Cada indivíduo desse grupo se identifica de alguma maneira. 
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Até aí, nenhum problema. O problema mora nas perguntas. Pra começar: muitas delas nem são perguntas. Por que alguém manda como pergunta um "Bom dia"? Por que inventam tantas histórias mirabolantes? Isso sem contar nas perguntas cretinas e sem criatividade. 
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Esses grupos são cada vez mais comuns justamente porque tem quem os sigam. E os "usuários comuns", obviamente, tem sua parcela de culpa. 
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Não só por seguir esses grupos. A disposição de responder perguntas de uma maneira interessante é nula em muita gente. Respostas apenas com emojis, com um "sei lá", "não sei" ou com risadas são infindáveis. É realmente necessário responder essas perguntas, sejam de grupelhos que só querem se promover ou de anônimos? Não seria muito melhor apenas apagar a pergunta, impedindo que ela floode todo o Kiwi alheio?
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Créditos: http://migre.me/pEPnV
Muitas pessoas também passar a seguir várias contas de maneira desenfreada, para ter mais seguidores e aumentar sua visibilidade. Em geral, essas pessoas já tem alguma popularidade em outras redes sociais (usando de artifícios semelhantes aos que fazem no Kiwi) e deixam de seguir quem haviam seguido tempos depois. Pra finalizar, as pessoas do penúltimo parágrafo também costumam se encaixar nesse grupo. 
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Sim, eu tenho um Kiwi - mas cada vez mais fico desmotivado em usá-lo. Mais uma ótima ideia que, pelo uso erro, é mal aproveitada.