domingo, 26 de dezembro de 2010

Palavras de mãe

>
Em muitas casas, em troca da confiança dos filhos, as mães falam coisas do gênero " Pode confiar em mim filho, eu não vou te decepcionar ". Na imensa maioria das vezes elas conseguem o que querem, para o bem de seu rebento. Ele merece, é o queridinho... enfim, esse tipo de papo. Em algumas casas, a confiança por vezes é traída, uma ou duas vezes. Mas, aqui na minha casa, a palavra da minha mãe não tem valor nenhum.
.
Por inúmeras vezes ela me promete algo e não cumpre. Coisas simples, como comprar uma sobremesa qualquer. Coisas necessárias, como remédios. Coisas importantes pro meu futuro, como treinar a direção. Coisas das mais variadas, como me permitir ir a algum lugar com meus amigos ou com qualquer outra pessoa. Ela fala algo e depois desdiz-se.
.
Já cansou de voltar átras, prometer algo, dizer que sim mais de uma vez, pra depois dizer que não é nada disso e que não vai deixar nada. Isso acontece com uma frequência incrível, e me irrita. Não dá mais pra acreditar nela.
.
Hoje, por exemplo. Falei desde o começo do ano pra treinarmos nesse dia 26, historicamente morto, indo pra algum lugar mais distante. Ela falou alguns nomes, eu falei outros e fechamos na Avenida Paulista. Iríamos e voltaríamos comigo na direção. Hoje, ao acordar, perguntei que horas iríamos e veio a desculpa:
.
" -Hoje não vai dar. Vou ver a Dna. Terezinha no hospital.
- Mas mãe, porque você não me acordou antes, então ? Você falou a semana inteira ! "
.
Silêncio. A falta de argumentos dela novamente mostrou-se.
.
Após o almoço, enquanto eu estava puto da vida, ela, com a maior cara de pau, me diz que vai dormir. Será que dormir é mais importante que dar ao filho a chance de guiar um pouco ? Aliás, custa ser menos carrasca e entender que eu já sei dirigir e só ela não percebe isso ?
.
Tirei minha carta em Setembro. Amigos meus que a tiraram mais cedo já pegam a Anchieta como se entrassem na garagem de casa, sozinhos. E eu nunca fui muito além do centro de São Caetano até em casa com a mãe na carona. É ridículo, é absurdo essa atitude imatura da minha própria mãe. Porra, eu cresci !
.
E não é a primeira vez que ela troca alguns instantes de sono por mim. Lembro-me dum projeto no Objetivo no qual eu fui prestigiar meus amigos e minha namorada, e ela havia me dito pra eu liga-la na hora de vir me buscar. Ao ligar, a surpresa:
.
" -Você não pode voltar de ônibus ? Tava dormindo.
-Oi ? Mas voc...
-Tu, tu, tu... "
.
Custa falar que ela não se importa comigo ? Fala logo na cara, a recíproca é verdadeira e não me fará mal algum. Mas deixe claro. E, principalmente, me deixa crescer, me deixa viver a vida.
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário :