domingo, 30 de novembro de 2014

"O Chaves morreu"

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A primeira vez que ouvi o título desse post foi há menos de dois anos, no dia 5 de março de 2013. Embora Roberto Gomez Bolaños já não fosse o mais altivo dos homens, nada indicava que ele faleceria de uma hora para a outra. Mesmo assim, quando minha mãe falou, eu empalideci. Minha infância tinha sido arrancada sem mais nem menos.
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O que eu não lembrava é que Hugo Chávez estava internado há algum tempo, tratando de um câncer. Sequer pensei no então presidente venezuelano. Quando eu disse que sentiria falta do Chespirito, minha mãe me alertou:
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- Willian, não foi esse Chaves que morreu. Foi o Hugo Chávez.
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A notícia já era esperada e não me surpreendeu tanto assim. O que me deixou assustado foi ver o quanto um dos personagens de Bolaños era importante para mim. Querendo ou não, as séries protagonizadas por ele estão presentes demais na minha memória afetiva, a ponta de buscá-lo mesmo diante de um fato que estava sendo esperado por pessoas do mundo inteiro.
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Lembro também de uma professora de Geografia do meu cursinho que explicava o Golpe de 2002 na Venezuela de um jeito pueril demais. Ela dizia que, "após o golpe, todos imitavam a abertura do seriado do SBT e cantavam 'Queremos Chávez, Chávez, Chávez'", antes de rir - e fazer todos rirem junto. Quem já fez cursinho sabe que esse tipo de humor infantil é muito comum nos cursinhos Brasil afora por ~quebrar o gelo~ e por fixar alguns conceitos quaisquer. Essa piada não me atraía (nem a professora, pra ser sincero), mas dessa piada eu ria.
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(O golpe tem um ótimo documentário, aliás. Vale a pena ver "A Revolução Não Será Televisionada", abaixo:)
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Ria não porque achava engraçado, mas porque a simples lembrança do Chaves era tudo o que eu precisava naqueles agoniantes dias de cursinho, no qual eu me sentia atrasado em relação ao mundo. Eu precisava de algo inocente, que me fizesse esquecer de resultados, notas de corte, estudos e pressão. E Chaves era o melhor que existia nesse aspecto.
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Na sexta-feira, logo após um cochilo, fui acordado novamente com essa frase pela minha namorada. Agora, porém, não tinha escapatória: era Roberto Gomez Bolaños quem tinha morrido. Boa parte da minha infância, no qual eu via Chapolin e Chaves logo depois de "Punky, a Levada da Breca" também.
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O que me consola é que ele nunca vai ser esquecido. Não só por mim, mas tantos que cresceram vendo suas micagens e piadas na televisão, que não cansa de mostras incessantemente suas séries - que bom, aliás. E que assim continue por muito tempo.
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Um detalhe que não poderia deixar passar, por não saber se as pessoas sabem: vi muitas pessoas postando o final da segunda parte do episódio "Os Farofeiros", a tão famosa música em tom triste que encerra a série de três episódios da turma da vila em Acapulco. Esses foram os três últimos episódios de Carlos Villágran (o Quico) na série, todos gravados em 1978. A música foi composta pelo próprio Bolaños, para homenagear e agradecer o amigo.
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