sábado, 19 de maio de 2012

Faculdades vermelhas

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Sempre tive a impressão que, historicamente, faculdades e universidades eram redutos de pensamentos que não eram colocados em práticas pela sociedade moderna. Isso na política, nas artes, na cultura, no cotidiano e assim vai. A veia política desse meu achismo foi confirmada, ratificada e cresceu muito aqui na América Latina conforme as ditaduras militares iam ascendendo ao poder. As faculdades tornaram-se, então, antros socialistas na região. Aqui no Brasil não foi diferente.
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A USP sofreu com o governo militar o que jamais outra instituição educacional no país sentiu na pele. O caso de Vladimir Herzog, jornalista preso pelo DOPS e que foi assassinado (enquanto os milicos diziam que ele havia se suicidado e forjaram a cena da morte de maneira risível) ilustra bem isso. Desde então, quase todas as faculdades do país com alguma veia política aderiram ao socialismo. 
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Não digo que acho isso ruim nem bom, não é essa a minha intenção aqui. Inclusive, acho que o debate puro entre correligionários de duas formas de governo é superficial e bem chato. Mas fica a minha percepção e, porque não, sugestão: as faculdades deveriam abrir suas portas ao pensamento neoliberal. 
Estou longe de ser neoliberal, muito longe mesmo. Mas sou romântico ao ponto de enxergar a faculdade como a casa do saber. Um saber amplo e de toda e qualquer forma, sem distinção ou censura alguma. Centralizar seus pensamentos políticos em apenas uma forma de governar, por mais utópica que ela seja, é um erro. 

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Hoje, tudo o que é considerado "de direita" em muitas faculdades é visto como o diabo. Não são poucos os que torcem o nariz e recusam-se até mesmo a discutir a viabilidade de uma discussão contemporânea entre socialismo e capitalismo. Todos perdem com isso. 
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Todas as faculdades ensinam Marx, Engels, Webber e Hegel. Todas, sem exceção. Acho esses nomes, como vários outros de tendência esquerdista, muito importantes para o desenvolvimento intelectual de qualquer pessoa - falei sobre isso aqui. Mas quantas faculdades lecionam Adam Smith, John Locke e David Hume ? Quantas vezes já ouviu-se falar da Escola Austríaca, de Ludwig von Mises, de Friedrich Hayek ou de Carl Menger ? Contrapondo duas visões tão distintas, os alunos sairiam muito mais críticos e poderiam ter uma visão bem mais ampla do que estão discutindo, o que abriria mentes e criaria ótimos debates acadêmicos, lições que seriam levadas por toda a vida. 

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Aqui, há uma exceção, mas da pior maneira possível. Mais que ensinar vários autores neoliberais, o Mackenzie fecha as portas para os pensadores e alunos de tendência socialista. Isso cria alienados e universitários que não sabem discutir, outro desserviço para a sociedade. Vale ressaltar que o Mackenzie é, até hoje, reduto de jovens reacionários, os mesmos que apoiavam a ditadura e todas as agruras que ela fez o Brasil enfrentar. 
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Ainda sonho ver faculdades que sejam, de fato, a casa do livre pensamento. Mais do que isso: quero ver faculdades onde todo e qualquer pensamento seja aceito e discutido. 
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