domingo, 20 de maio de 2012

Tabelão dos estaduais

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No começo do ano o fã de futebol já sabe: antes do nacional, os estaduais dão sua cara. Hoje maltratados, eles deram a cara do futebol brasileiro e ainda são importantes, mesmo necessitando urgentemente de modificações em suas fórmulas e datas. Vamos especificar cada campeonato:
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PAULISTÃO
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A cara do estadual mais forte do país foi definida desde cedo. Os 4 grandes mais Ponte Preta, Guarani, Bragantino e o surpreendente Mogi-Mirim íam pra próxima fase; a dupla Come-Fogo, XV de Piracicaba, Catanduvense e a surpresa negativa do Paulistão, a Portuguesa, estavam sempre ameaçados. Os demais lutavam pelo Troféu do Interior, se é que isso é motivo de alguma briga que se preze. A surpresa veio no final da chatíssima primeira fase, com o rebaixamento da Lusa. Nas quartas-de-final, o Corinthians sucumbiu em casa ante a Ponte Preta e o Palmeiras perdeu para um espetacular Guarani em Campinas. Nos dois clássicos das semifinais, Bugre e Peixe deram um sacode em Ponte e São Paulo, respectivamente, e fizeram uma inédita final estadual. Com Neymar, Ganso, Arouca e cia., ficou fácil pro Santos vencer o coletivo bugrino, digno de muito respeito após um 2011 difícil. Tricampeonato santista com todo o mérito.
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Campeão: Santos (20° título)
Vice: Guarani
Campeão do Interior: Mogi-Mirim
Rebaixados: Portuguesa, Guaratinguetá, Catanduvense e Comercial. 
Classificados para a série D: Mogi-Mirim e Mirassol
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CARIOCA
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Não há muito o que dizer, como sempre. O estadual mais charmoso do Brasil há muito sustenta-se apenas por sua fórmula de disputa repleta de finais e jogos decisivos. Mas, como sempre, os 4 grandes estaduais deram de braçadas. Nem mesmo o Bangu, que tirou o campeão Fluminense da Taça Rio, deu graça ao frio campeonato. No final das contas, o Flamengo decepcionou demais e o Fluminense mostrou que tem o melhor time do Rio de Janeiro, com alguma sobra. Também devemos destacar o ótimo trabalho do técnico botafoguense Oswaldo de Oliveira, que deu uma cara pragmática ao Botafogo e foi longe, mantendo uma grande invencibilidade mesmo com um time inferior aos seus grandes rivais. Mas, na final, prevaleceu o melhor.
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Campeão da Taça Guanabara: Fluminense 
Campeão da Taça Rio: Botafogo
Campeão: Fluminense (31° título)
Campeão do Troféu Edilson Silva: Nova Iguaçu
Campeão do Troféu Luiz Penido: Fluminense
Rebaixados: Americano e Bonsucesso.
Classificados para a série D: Friburguense (via Copa Rio) e Resende
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MINEIRO
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Quando eu comecei a ver futebol, no final dos anos 90, o campeonato mineiro era demais. Além de Cruzeiro e Atlético, o América vivia surpreendendo e ainda tínhamos o Villa Nova de Nova Lima, conhecida pedra no sapato dos grandes. Com o tempo, América e Atlético tornaram-se sombras do Cruzeiro. Times movidos por dinheiro externo, como Boa Esporte e Tupi, surgiram, mas não conseguiam ser páreo para a equipe celeste. O Ipatinga chegou a ganhar um estadual, mas não teve continuidade - hoje está no Módulo II, segundo divisão estadual. Após a final da Libertadores de 2009, em que o Cruzeiro tomou a virada e perdeu o tri continental para o Estudiantes de La Plata, a Raposa perdue força. O golpe veio após a eliminação na Libertadores de 2011 para o Once Caldas, após ser o melhor time da primeira fase da competição. Desde então, o Cruzeiro perdeu força. O estadual sentiu isso na edição de 2012. Sem nenhum time com potencial, ganhou o menos pior. O Galo nem foi tudo isso, mas venceu o aguerrido América, que tirou o Cruzeiro nas semifinais. Destaque também para o Nacional de Nova Serrana, que disputou pela primeira vez a primeira divisão, quase foi para a smeifinal (foi vencido pelo Tupi na disputa) e vai para a série D de 2012. Pelo bem da tradição do futebol mineiro, o Villa Nova, ameaçado desde o começo da competição, ficou. O Galo tornou-se ainda mais hegemônico em Minas Gerais, mas o que fica do estadual de 2012 é o péssimo nível técnico. 
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Campeão: Atlético (41°título)
Vice: América
Rebaixados: Democrata e Uberaba
Classificados para a série D: Nacional e Guarani
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GAUCHÃO
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Retomando o mineiro: o campeonato das Alterosas ficou um tempo considerável com um time hegemônico. É isso que anda acontecendo no extremo sul do país. Com a queda vertiginosa de qualidade do Grêmio nos últimos tempos, o Internacional tornou-se o grande papão gaúcho de títulos - não só dentro como fora do estado. Esse ano isso ficou ainda mais evidente ao vermos que a final do Gauchão foi Inter e Caxias. O Bepe venceu uma improvável final da Taça Piratini ante o Novo Hamburgo, após o time de Caxias do Sul eliminar o Grêmio, que havia tirado o colorado nas quartas-de-final. Na Taça Farroupilha tudo voltou ao normal: Gre-Nal na final e vitória vermelha na decisão. Na finalíssima o Caxias assustou demais o Inter, mas o time colorado, muito superior, prevaleceu. 
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Campeão da Taça Piratini: Caxias
Campeão da Taça Farroupilha: Internacional
Campeão: Internacional (41° título)
Campeão do Interior: Veranópolis
Rebaixados: Avenida e Ypiranga
Classificados para a série D: Juventude (via Copa Dra. Laci Ughini) e Cerâmica.
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CATARINENSE
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As federações estaduais parecem querer acabar com seus campeonatos país afora, mas a Federação Catarinense está de parabéns por conseguir levar com sobras o troféu de campeonato mais ridículo do país - e olha que os concorrentes eram fortes. O Figueirense venceu os dois turnos do campeonato e mesmo assim teve que disputar uma bizarra segunda fase, sem critério algum, contra o Joinville. A final foi contra o Avaí e, pasmem, o Figueira perdeu as duas partidas e foi vice-campeão estadual após dar de braçadas na primeira fase. Ridículo.
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Campeão: Avaí (16° título)
Vice: Figueirense
Rebaixados: Marcílio Dias e Brusque
Classificados para a série D: Metropolitano e Marcílio Dias (via Copa Santa Catarina)
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PARANAENSE
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Dois turnos, o campeão do primeiro e o campeão do segundo enfrentado-se na final. Simples, mas chato demais. E a final, como é rotineiro no Paraná, deu-se entre Atlético e Coritiba. Nas finais, dois empates: 2x2 na Vila Capanema (adotada como casa do Furacão graças ao término das reformas da Arena da Baixada para a Copa do Mundo) e 0x0 no Couto Pereira. Nos pênaltis, Guerrón perdeu e o Coxa foi campeão. Destaque para as ótimas campanhas de Cianorte e do tradicional Londrina, e a surpresa Arapongas, que venceu o campeonato do interior. Faltou o Paraná na disputa, que disputa a série Prata do paranaense.
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Campeão: Coritiba (36° título)
Vice: Atlético
Campeão do Interior: Arapongas
Rebaixados: Roma Apucarana e Iraty.
Classificados para a série D: Arapongas e Cianorte
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GOIANÃO
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Fica cada vez mais nítido o quanto Goiás e Atlético Goianiense são reis de Goiás. As duas equipes colocaram 16 e 15 pontos, respectivamente, sobre os outros dois melhores times da primeira fase, CRAC e Vila Nova - que, aliás, está em queda livre, infelizmente. O campeonato, porém, tem suas doses de equilíbrio: do terceiro até o sexto, apenas três pontos de diferença. Do sétimo ao nono (que seria rebaixado), apenas dois. Falando em rebaixamento, é triste ver a situação da Anapolina, que foi lanterninha e está na segunda divisão estadual. A Xata de Goiás, que já foi um grande incômodo a níveis nacionais, também segue ladeira abaixo, tal qual o Vila, que perdeu as duas partidas para o arquirrival Goiás no Derby do Cerrado semifinal. Na outra perna, destaque para os incríveis 8x0 do Dragão no CRAC, após um já sonoro 4x1 na primeira partida. Nas finais, dois empates: 1x1 e 2x2, respectivamente. Por ter a melhor campanha na primeira fase, o Goiás levou a melhor sobre o Atlético, impedindo o tricampeonato do Dragão. 
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Campeão: Goiás (23° título)
Vice: Atlético
Rebaixados: Morrinhos e Anapolina
Classificados para a série D: CRAC e Aparecidense
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BAIANÃO
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Mais um estadual que tornou-se sem graça graças à supremacia dos grandes. Ou melhor, a supremacia de um dos grandes. O Bahia foi um dos times mais sensacionais do país, com 57 gols marcados em 22 jogos e um aproveitamento de pontos incrível de quase 79% dos pontos. O Vitória também foi bem, mas foi engolido pelo Tricolor de Paulo Roberto Falcão. Nas semifinais, dois sustos para os gigantes: Vitória da Conquista e Feirense venceram a dupla BaVi, respectivamente. Nos segundos jogos, 1x0 e 3x2 e a classificação dos grandes, muito suada. Nos clássicos finais, dois empates em 0x0 e um espetacular 3x3 deram o título pro segundo maior campeão estadual do país. Destaque também para o maior artilheiro dos estaduais Brasil afora: Neto Baiano, do vice-campeão Vitória, com incríveis 27 gols.
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Campeão: Bahia (44° título)
Vice: Vitória
Rebaixados: Camaçari e Itabuna
Classificados para a série D: Feirense e Vitória da Conquista (via Copa Estado da Bahia)
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ALAGOANO
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Dois times mais fortes do estado atualmente, CRB e ASA decidiram o estadual e deixaram o gigante CSA de fora - que foi até a final do segundo turno, mas foi batido pelo time de Arapiraca. Um dos estaduais que mais sofreu com a derrocada dos times grandes (de 2000 até 2011 os grandes venceram apenas duas vezes), Alagoas viu uma classe média de times muito forte surgir. ASA (conhecido nacionalmente após eliminar o Palmeiras da Copa do Brasil de 2002), Murici e Corinthians são campeões surgidos dessa nova leva. Outro dessa classe que surgiu e decepcionou demais esse ano foi o Coruripe, rebaixado para a segunda divisão. 
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Campeão: CRB (26° título)
Vice: ASA
Rebaixados: Coruripe e Penedense
Classificado para a série D: CSA
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PERNAMBUCANO
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Pernambuco tem dois times na série A do Brasileirão, Sport e Náutico. Pois bem, quem venceu o estadual ? Sim, o Santa Cruz, da série C nacional. Com um dos campeonatos de maior peso no país, o estado viu um campeonato sem muitas emoções, mas com alguns destaques. O Náutico chegou a ficar 6 partidas sem vitória, uma enormidade num campeonato com um nível técnico tão deficiente. O destaque negativo fica por conta do tradicional América, 6 vezes campeão estadual e que ficou um bom tempo na série A2. No ano de seu retorno para a primeira divisão, rebaixamento. O Sport dominou a primeira fase, como é comum. Santa Cruz e o sempre surpreendente Salgueiro se degladiavam pela segunda colocação, que ficou com a cobra coral. O Náutico até chegou a correr algum risco, mas ficou com a quarta vaga. Como era de se esperar, o Timbu não foi páreo para o Leão, bem como o Santa passou pelo Salgueiro. Na reedição da final do ano passado (que tirou o inédito hexacampeonato rubro-negro), o Santa Cruz foi até a temida Ilha do Retiro e fez 3x2 no Sport, ganhando um bicampeonato que não vinha desde 1989 - quando o venceu derrotando o mesmo Sport. Destaque para Dênis Marques, artilheiro do estadual com 15 gols, um ídolo instantâneo coral.
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Campeão: Santa Cruz (26° título)
Vice: Sport
Rebaixados: Araripina e América
Classificados para a série D: Petrolina e Ypiranga
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PARAIBANO
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Campeonato pouco falado, mas bem disputado. A maior surpresa aconteceu nas semifinais, onde o Sousa eliminou o Treze, dos maiores times da Paraíba. Na final, porém, o pequeno não foi páreo para o Campinense, de peso bem maior. O equilíbrio foi a marca do estadual, com os cinco primeiros separados apenas por três pontos. 
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Campeão: Campinense (19° título)
Vice: Sousa
Rebaixados: Esporte e Flamengo
Classificado para a série D: Sousa
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POTIGUAR
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Simples e rápido, como todo estadual deveria ser. Dois turnos (que poderiam ser menores, mas enfim), semifinais e finais de cada um, os dois vencedores se enfrentam na final estadual. Dessa vez, os dois gigantes do Rio Grande do Norte se sobrepuseram aos demais: o ABC no primeiro turno e o América no segundo. Na final, duas vitórias do Mecão sobre o arquirrival, maior vencedor de estaduais do país. 
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Campeão: América (34° título)
Vice: ABC
Rebaixado: Caicó
Classificado para a série D: Baraúnas
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CEARENSE
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Longos 24 jogos até acontecer o que todo mundo já sabia: Clássico-Rei na final. Em nenhum momento Ceará e Fortaleza foram barrados pelos pequenos, que sequer chegaram a assustar. Nem mesmo tiems de maior peso como Ferroviário, Icasa e Guarany de Sobral assustaram esse ano. Na final, os dois empates por 0x0 e 1x1 deram o caneco para o Vôzão, de melhor campanha na primeira fase.
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Campeão: Ceará (41° título)
Vice: Fortaleza
Campeão da Taça Padre Cícero: Horizonte
Rebaixados: Trairiense, Cratéus e Itapipoca
Classificado para a série D: Horizonte
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PARAENSE
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Por fim, um dos estaduais com um dos regulamentos mais escrotos que eu conheço. O primeiro turno, chamado de Taça ACLEP, tem 8 times do segundo escalão. Essa fase, quase preliminar, dá duas vagas diretas na segunda divisão e duas vagas para o restante do campeonato. A Taça Cidade de Belém dava uma vaga na finalíssima, obtida pelo Cametá, após final contra o Águia de Marabá. Nessa fase, ninguém foi rebaixado. Já na Taça Estado do Pará, que teve o Remo como campeão em novo vice-campeonato do Águia de Marabá, um time cairia, e a vítima foi o tradicionalíssimo Tuna Luso, mesmo tendo campanha melhor que o São Raimundo e idêntica ao Independente. Você entendeu ? Pois bem, nem eu. No final das contas, o Cametá passou pelo Remo e, de maneira inédita e surpreendente, venceu o Parazão. 
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Campeão: Cametá (1° título)
Vice: Remo
Rebaixados: Tuna Luso, Ananindeua e Sport Belém
Classificado para a série D: Remo.
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DEMAIS ESTADUAIS
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CAPIXABA: Campeão -> Aracruz (1°título)
SUL-MATOGROSSENSE: Campeão -> CENE (4° título)
MATOGROSSENSE: Campeão -> Luverdense (2° título)
BRASILIENSE: Campeão -> Ceilãndia (2° título)
MARANHENSE: Campeão -> Sampaio Corrêa (30° título)
SERGIPANO: Campeão -> Itabaiana (10° título)
TOCANTINENSE: Campeão -> Gurupi (5° título)
AMAZONENSE: Campeão -> Penarol (2°título)
Os demais estaduais ainda não terminaram. Pasmem, alguns sequer começaram, ainda. Apesar disso, os estaduais não podem morrer. Devem sim ser (muito) modificados, mas a paixão brasileira por futebol começou aqui, bem como diversas rivalidades aqui se mantém. É história e tradição demais para acabar melancolicamente.
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